Acendo um cigarro. E outro, e outro. O papo com as minhas amigas, as risadas que damos, o café delicioso... tudo isso me faz esquecer que recaída é assim, é triste assim; a gente fuma e não se importa que fuma; depois volta pra casa tão triste e amargo como o alcóolatra que se deixou levar pela ilusão de um golinho só ao lado dos amigos no bar... e cai no vão sem fundo da noite, onde o brilho dos copos é tudo o que há, além do prazer irresponsável do vício. O vício de se deixar cair.
Cair de novo na ilusão. E pode ser ilusão em qualquer coisa, não precisa ser, necessariamente no cigarro, como é o meu caso. Eu gosto de pitar um cigarrinho com as amigas, de vez em quando, tomando um café quentinho, batendo um papo, e tal... mas depois sempre me arrependo. Quero fazer ginástica, ter os pulmões limpos e leves, a consciência tranquila de quem não se sacaneia.
Mas recaída é assim, deve ser mesmo pulsão de morte... o que me faz pensar na minha amiga, que é tão bonita e jura que sonha com felicidade, mas deu de presente o coração para um homem que a trai repetidas vezes... porque não consegue ser fiel. E ela não consegue partir pra outra, mesmo sofrendo tanto: se ele recai na traição, ela recai em voltar pra ele, só de pensar em ir embora...
Se a gente parar pra pensar, vai perceber que a recaída está em tudo, está nas mínimas coisas, e o futuro é quem mais perde com isso porque o futuro é só uma promessa, uma miragem, uma alucinação. A gente só tem o hoje e entrou numas de que quer ser feliz aqui e agora, porque quase perdemos a fé nesta veleidade que o futuro se tornou em tempos de consumismo tão voraz e absoluto. Então a juventude bebe vodca até morrer, porque a vida não tem mais sentido, ou talvez nunca tenha tido.
A recaída é o xis da questão de nós, que nos sentimos eternos.
quarta-feira, 18 de março de 2015
quarta-feira, 4 de março de 2015
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