Uma vez li, em algum lugar, a frase fatídica:
"Mulher não toma remédio; toma atitude!".
Eu ainda era jovem e inocente, e não sabia que essas frases feitas são como um jeans 36, que não serve em quase ninguém. Então achei o máximo e entrei numas de que queria ser igual à distinta senhora autora das célebres palavras. E radicalizei: não punha nem Aspirina na boca, que dirá Neosaldina! Dipirona? Never! Antibiótico? Só em casos gravíssimos, e antiinflamatório eu risquei do meu caderninho.
Dor nas costas? Caía de cama e botava aquele emplastro Sabiá, conhece? Não resolvia o meu problema, mas eu sofria com dignidade e esperava a dor passar.
Se o drama fosse cólica menstrual, apelava para a velha bolsa de água quente. Dor de garganta, corria com a receita da minha mãe e botava um lenço com álcool enrolado no pescoço... e dá-lhe tosse! Cof! Cof! Cof!
Dor de estômago era combatida com um copinho de leite morno... e anos depois minha amiga enfermeira disse que isso é o pior que a gente pode fazer diante da gastrite. E foi categórica:
-- Doeu? Vai ao médico!
Nervosismo e afobação, fui resolver na escola de ioga, e realmente ajudou e muito! Mas nada dava jeito na insônia que veio morar aqui em casa, depois que meu pai mudou-se para outro planeta. Contei carneirinho, tomei chá de camomila, tentei ler “Em Busca do Tempo Perdido”, passei madrugadas assistindo Discovery e escutando meu marido ronronar no travesseiro ao lado. Só não fiquei totalmente maluca a ponto de ir limpar a casa no meio da noite... e olha que andei sem faxineira, hein?
Com o sono atrasado, comecei a mudar de personalidade: um dia me peguei xingando um taxista no trânsito. Outra vez, encerrei uma discussão com a flanelinha, reles desconhecida, gritando (com o dedo em riste):
-- Vai morrer com a boca cheia de formiga!!!!!!!!!!!!!!
Foi neste momento infame da minha existência, quando, no exato instante em que xingava, também me dava conta do absurdo, que dei o braço a torcer: eu não era (e jamais seria) durona como a tal mulher das palavras macabras lá de cima. Recolhi-me à minha insignificância e admiti que precisava DEMAIS de um remedinho. Dias depois, já medicada, voltei ao tal estacionamento e procurei a flanelinha com quem havia discutido. Ao vê-la, entrei de sola:
-- Minha querida, vim te pedir desculpas!
Ela me olhou surpresa:
-- Desculpas por quê?
Levei um susto: então ela não se lembrava da nossa terrível discussão? E expliquei, quase didaticamente:
-- Porque outro dia você me tratou mal e eu briguei com você. Eu estava nervosa, sabe? Mas fiquei arrependida e vim aqui pedir para sermos amigas!!! Não gosto de ser mal-educada com ninguém!!!
-- Aaaaahhhhhh, a senhora é aquela que disse que eu nunca vou conseguir ter um filho?!
Ôpa! Ela misturou as bolas. Parece que não sou a única maluca desvairada que anda à solta por aí. Ou então o problema é com ela mesmo, que briga com todo mundo.
-- Nãããããão !!!!!!!!!!! Imagina se eu ia dizer uma coisa horrorosa dessas! Falei só que você ia morrer com a boca cheia de formiga...
E encerrei a questão com um abraço bem festivo, dois beijos nas bochechas e ainda mandei um "eu te amo, querida, que bom que fizemos as pazes!". E tratei de sair logo dali. Saí sem olhar para trás e nunca mais voltei lá, mas acho que ela ficou me olhando de longe e pensando que, realmente, eu sou muito mais doida do que pareço.
Por estas e outras, que agora eu não saio de casa sem o meu melhor amigo. E, dependo da situação, já vou logo avisando:
Fernanda,
ResponderExcluireu estou resistindo bravamente a tomar o RIVOTRIL ....... me vi na cara do cachorrinho da foto!!!! que horror!!
Vou seguir seu conselho.....
Um grande abraço,
Mercedes
Fernanda,se vc não faz academia,procure um tempinho na sua agenda,pelo menos por uma hora 3 vezes por semana,e junte a essa prática uma alimentação balanceada,e vc verá que tudo mudará para melhor,inclusive a qualidade do sono. Bj.
ResponderExcluirMonica.
Mercedes e Monica... às vezes, um Rivotrilzinho é a paz na Terra! Cansei de tentar tirar forças de onde não tem e estou bem aliviada! Beijão!
ResponderExcluirHahahahahahahahaha. Não acredito que você foi procurar a guardadora!!! Sensacional
ResponderExcluirRacca!!!!!!!!!!!! Que bom te ver aqui, mulher! Beijos!
ExcluirAcho triste vc ter incorporado uma química tão forte à sua rotina. No dia que faltar o Rivotril vc vai arrastar correntes. Siga o conselho da Monica, faça ginástica e se alimente bem. Eu nunca tomo remédio, espero meu corpo reagir e tomar conta da situação. Até agora resisti bem à dor e ao mal estar. Bj
ResponderExcluirÉ, Marcelo, não tomar remédios é para poucos. Tomara que você jamais precise. Bjs!
ExcluirConcordo om você, queriDannemann, que o mais fino possível a ser feito pelo homem é a poesia e, como ainda... sou mais Platão e menos Prozac ou Rivotril rsrs(longe de mim desmerecer a utilidade deles)...tomara seja oportuna esta madura reflexão, na minha modesta avaliação, desta grande poetisa, a seguir:
ExcluirNÃO SEI...
Não sei... se a vida é curta...
Não sei...
Não sei...
se a vida é curta ou longa demais para nós.
Mas sei que nada do que vivemos tem sentido,
se não tocarmos o coração das pessoas.
Muitas vezes basta ser:
colo que acolhe,
braço que envolve,
palavra que conforta,
silêncio que respeita,
alegria que contagia,
lágrima que corre,
olhar que sacia,
amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo:
é o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
não seja nem curta,
nem longa demais,
mas que seja intensa,
verdadeira e pura...
enquanto durar."
Cora Coralina
O que mais impressiona-me, é não conseguirmos a felicidade, em que pese estarmos acostumados a "falar" com o
mundo em segundos, a transitar , ciberneticamente , neste universo quase sem fronteiras, onde a polavra convence,
vende, ilude, ensina, confunde e, até, transforma.
Descobrimos muito do universo e ainda não identificamos a riqueza daqueles que passam todos os dias ao nosso lado.
Ainda somos o velho "serumano" com dificuldade de admitir que erra e a anos luz de "amai-vos uns aos outros".
Urge redescobrir a simplicidade que comunica, a mão que toca e diz mais do que palavras, o abraço sincero que reconforta, enfim , o imenso tesouro dos semelhantes que compartilham nossa rápida trajetória.
Por que não fazer de cada dia um encontro, de cada momento o único (cada instante é irrecuperável e irrepetível) e de cada pessoa um companheiro? (pelo menos, empaticamente, o máximo possível). Na verdade, o mais importante do destino, não é a chegada, mas , sim, a viagem. Poder compartilhar a paisagem do caminho, então, é o máximo!.
Quem ainda não entendeu que nascemos para aprender, dividir, partilhar e conviver, construindo a felicidade que emana desta arte de viver, só está existindo...ainda não esta vivendo.
Boas vibrações, santé e axé!!!
Abração
Marcos Lúcio
EstiMarcos, você já é um companheiro!!! Bjs!
ExcluirMauro Pires de Amorim.
ResponderExcluirSei de que ser um Gandhi, um Buda, é bem difícil e complicado, especialmente vivendo no mundo e sociedade da mentalidade reinante de máquina de moer gente.
Também tenho meus momentos de nervosismo e irritação, afinal, somos humanos. O que procuro aprender com tais momentos adrenalíticos, que, posteriormente e invariavelmente nos aumentam o mal-estar físico e psíquico anterior, é monitorar suas causas e constâncias de ocorrências.
Em termos de nominações pragmáticas e etimológicas, podemos referir isso como sendo "inteligência emocional". Sei também que trabalhar isso não é nada fácil, especialmente quando se está atolado(a) de preocupações. Mas por outro lado, de nada adianta o desgaste físico e psíquico excessivo, vez que, as questões específicas que nos preocupam, continuarão existindo da mesma forma. É preciso se desenvolver formas de auto-preservação para não se deixar virar uma pilha e depois um pandareco, em total estado de desequilíbrio.
Portanto, procuro ter uma vida mais equilibrada possível, bem previsível e rotineira.
"Nossa, que mediocridade!", dirão alguns(mas).
Ser chamado de medíocre também não me importa, afinal, etimológicamente, medíocre, significa, mediano, aquele(a) que está na média. Vejo isso como sendo a pessoa comum, simplismente mais um filho ou filha da Terra.
Sinta seu rítimo, não tente viver além dele. Lembre-se do termo "carpe die", no singular mesmo, já que falo para você, uasado em "Sociedade dos Poetas Mortos."
Felicidades e boas energias.
Mauro, todo "pandareco" (adorei!) de vez em quando precisa de um remedinho! bjs!
ExcluirFernanda,
ResponderExcluirNao sou a favor de tomar remedios a toda hora, mas tem casos que somos obrigados a recorrer a um, e isso e natural. Sao pouquissimos seres humanos que conseguem dominar a mente a tal ponto que nao sente mais a dor fisica....mas isso eu deixo para os velhos hindus......
Na meditacao eu encontrei paz interior. Nas caminhadas tambem.
Felicidades,
Gilda Bose
Este não é um recado para a melhor blogueira que conheço. È somente um alerta para quem ainda não sabe dos desdobramentos prováveis dos efeitos colaterais destes "anestésicos" emocionais.Já em 1998, o professor Jesse Ausubel da Universidade Rockefeller alertava que o uso maciço da psico-farmacopéia poderia levar a um gigantesco declínio da libido:
ResponderExcluir"O Prozac é bem conhecido por causar disfunções sexuais, ao mesmo tempo em que atua como um calmante geral(...). Pode ser que a América e outras nações estejam receitando à sua população uma gradual porém gigantesca e fatal perda da libido. Um irônico fim para o século de Freud."
Seja pelo desgosto diante das dificuldades em lidar com as circunstâncias indesejáveis e inevitáveis, ou pelos efeitos colaterais de drogas destinadas a mitigá-las, as mulheres estão renunciando à sua sexualidade. Quando os seres humanos deixam de desejar uns aos outros fisicamente, é por que deixaram de desejar uns aos outros de qualquer outro jeito. As coisas que motivavam muitos a juntarem-se em uma união íntima e permanente, procriando e aculturando a geração seguinte, dão lugar a um puro e tipicamente neoliberal exercício do ego.
Abraço com afeto + excelente finde.
Danilo
Oi, Danilo! Pode ficar tranquilo, porque só apelo para o Rivotril muito raramente... mas que ele agora mora na minha bolsa... ah, isso ele mora! Fico calminha só de saber que posso contar com ele em casos de curto-circuito. beijão e até breve!
ExcluirMauro Pires de Amorim.
ExcluirNão quero me arvorar em porta-voz, aliás, nem tenho procuração para isso. Portanto falo por minha percepção e ela me diz que, tanto eu, como os(as) demais comentaristas, desejamos seu bem e te queremos muito bem.
Ver alguém sofrendo não faz nada bem, embora sempre haja os "espíritos de porco" que regojizam-se com isso. Peço perdão ao animal porco pelo uso de tal metáfora, pois eles conseguem, assim como o restante dos outros animais, serem melhores que pessoas desse tipo. Também sinto pena do(a) cachorrinho(a) neurótico(a) ou neurotizado(a) da foto.
Com isso, em meu nome e dos demais, tenho certeza que eles(as) aprovarão, desejamos seu pronto restabelecimento e retorno à felicidade e boas energias.
Caro Mauro... concordo com você sobre o pobre do porco, bicho simpático que é mesmo incomparavelmente melhor do que pessoas ruins por natureza. Já o cachorro da foto, acho que ele está fazendo pose para o fotógrafo. E, quanto a mim, é o seguinte: estou muito bem, graças a Deus, mas que o Rivotril de vez em quando ajuda... ah, isso ajuda! Abraços!
ExcluirFernanda,
ResponderExcluirApesar da tentação de tomar o Rivotril, só o faço ocasionalmente, quando o coitado do coração já está mais do que apertado e a dor não compensa, inútil sofrer por isso.
Ótimo remédio, pena que, se usado sem parcimônia, pode causar dependência como bem avisa a embalagem.
Abraço
André
André, concordo com tudo o que você disse. A gente não pode abusar, mas sofrer também não dá! Bjão!
ResponderExcluirHahahaaha Adorei Fernanda! Achei super legal voce pedir desculpas, sua cara fazer isso! Beijos, Juliane Pocinhos.
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