segunda-feira, 20 de abril de 2015

Não olhe para trás

Al Pacino é sempre irresistível com aqueles olhões caídos e aquele charme de italiano feiosão. Quem é que resiste?

Mas o filme "Não olhe para trás", embora prometa, com seu roteiro baseado em fatos reais... só me conquistou mesmo na cena final... que eu não vou contar porque não sou estraga-prazeres.

Músico que parou no tempo e enriquece com meia-dúzia de baladas recebe, 40 anos depois, carta de John Lennon, seu ídolo, elogiando seu talento.

E dai se instaura a crise: o cara quer correr atrás do tempo e do talento perdidos. Quer escrever as músicas que não escreveu, tocar o que não tocou, ser o que não foi... quer mudar tudo, porque o afago de John Lennon lhe mostra o que ele já sabia: passou os últimos 40 anos desperdiçando sua vida e seu talento.

Obviamente que se o filme fosse sério, teria se desenrolado de outra maneira, não importa o que aconteceu com o tal que serviu de base e inspiração para o roteiro. Mas como foi rodado em Hollywood, virou filminho e perdeu a chance de contar uma boa história.

Nosso herói tenta, mas desiste quando tem a chance de ousar mudar o seu destino. Fez a sua escolha, preferindo permanecer em território conhecido e manter os fãs, em vez de arriscar-se a perdê-los. Com isso, perdeu também a oportunidade de renovar-se, e a partir daí, renovar tudo ao seu redor... inclusive (quem sabe) os fãs. Ter outros, ou nenhum. Nosso herói, portanto, coloca-se mais uma vez como perdedor diante da existência, como um dadinho sem força ou sem vontade própria, que cai aqui ou ali... dependendo de onde as forças externas o queiram conduzir.

Seria ingênuo pensar que somos inteiramente donos do nosso destino; mas daí a desistir sem lutar... são outros quinhentos! A mudança exige desapego, meu bem. Exige que a gente deixe para trás muitas conquistas, troféus, tesouros dos mais variados tipos... é preciso desapegar, porque no "novo mundo" que a nossa "nova pessoa" quer habitar não há lugar para velharias como estas, que o nosso orgulho e a nossa insegurança tratam de juntar vida afora.

Mudar a vida é para poucos. "Não olhar para trás" é para pouquíssimos, porque significa mirar adiante e ter a consciência de que, enquanto vivos, somos sim os donos da nossa vontade, capazes de transformação e conquista. Sem olhar para trás e sem chorar pelos erros cometidos, pois o passado não volta e não se transmuta; o passado é somente um trampolim de onde saltamos para os dias que virão.

2 comentários:

  1. É sempre possível recomeçar, reaprender, reinventar, etc...porque..." Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim".
    Chico Xavier
    Santé e axé!

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  2. Novelas da Globo - vejo pedaços por obrigação da TV ligada... na novela e por isso vi a Débora Bloch olhando para o passado deitado numa cama de hospital e pensei: Uma vez cruzei com a Débora em São Cristóvão - RJ e ela era novinha - muito bonita e quando a vi olhando para o passado, acabei pensando mais: pensei além daquela face.

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