O que quer que tenha eu vivido
Ficou em mim como chuva mal caída.
Assim é que me sinto:
arada e mal,
quase doída;
porque estou morna,
e este descanso todo
me cansa ainda mais.
Este belo acomentimento poético da blogueira talentosa remeteu-me à Cecília Meireles, que literalmente (trans)bordava para dentro.É que as poesias cecilianas fazem-me lembrar de delicadas rendas francesas...diafanamente bordadas com palavras.Freud explica? rs.Talvez seja, inconscientemente, uma forma de contrapor o (quase) perceptível retorno à barbárie/medievalismo/brutalidade que se avizinha...e que não se imponha, nem se estabeleça, para o bem de todos, se Deus quiser!!! E viva a necessária poesia (mais que)viva, né?
Santé e axé!
Noções
Entre mim e mim, há vastidões bastantes para a navegação dos meus desejos afligidos.
Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos. Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que a atinge.
Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza, só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram.
Virei-me sobre a minha própria experiência, e contemplei-a. Minha virtude era esta errância por mares contraditórios, e este abandono para além da felicidade e da beleza.
Ó meu Deus, isto é minha alma: qualquer coisa que flutua sobre este corpo efêmero e precário, como o vento largo do oceano sobre a areia passiva e inúmera…
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje, Assim calmo, assim triste, assim magro, Nem estes olhos tão vazios, Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força, Tão paradas e frias e mortas; Eu não tinha este coração Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança, Tão simples, tão certa, tão fácil: - Em que espelho ficou perdida a minha face?
Este belo acomentimento poético da blogueira talentosa remeteu-me à Cecília Meireles, que literalmente (trans)bordava para dentro.É que as poesias cecilianas fazem-me lembrar de delicadas rendas francesas...diafanamente bordadas com palavras.Freud explica? rs.Talvez seja, inconscientemente, uma forma de contrapor o (quase) perceptível retorno à barbárie/medievalismo/brutalidade que se avizinha...e que não se imponha, nem se estabeleça, para o bem de todos, se Deus quiser!!! E viva a necessária poesia (mais que)viva, né?
ResponderExcluirSanté e axé!
Noções
Entre mim e mim, há vastidões bastantes
para a navegação dos meus desejos afligidos.
Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos.
Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que a atinge.
Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza,
só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram.
Virei-me sobre a minha própria experiência, e contemplei-a.
Minha virtude era esta errância por mares contraditórios,
e este abandono para além da felicidade e da beleza.
Ó meu Deus, isto é minha alma:
qualquer coisa que flutua sobre este corpo efêmero e precário,
como o vento largo do oceano sobre a areia passiva e inúmera…
Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?