Veja você que eu, que sempre achei ridículo homem vestido de mulher no Carnaval, justamente na tarde do sábado anterior à festa, me vi dentro do meu carro, cercada por uma horda de rapazes bem jovens, todos fantasiados de Minnie (a namorada do Mickey)!
Entrei na onda da brincadeira e enquanto eu sorria para a rapaziada, achando tudo o maior barato, a coisa subitamente mudou... a turma começou a bater na lataria, com força, e gritar, "dinheiro! dinheiro!"...
Meu co-piloto, mais esperto que eu, me avisou logo:
-- Pisa no acelerador e vamos sair daqui!
Foi quando dei por mim e vi que aquelas Minnies fofas não estavam sorrindo... elas estavam arreganhando os dentões, bem ao estilo predador para o queijo... e o queijo, na dita situação, éramos nós, dentro do carrinho que não é blindado nem lá grandes coisas, nesta cidade que já virou Terra de Marlboro faz é tempo...
Acelerei o quanto pude, enquanto meu coração tentava sair pela goela, e fui abrindo caminho em meio às Minnies batedoras de carteira. Com a graça de Deus conseguimos sair dali.
Foi o bastante para eu me enclausurar em casa durante a "festa".
Mas do Bloco das Rodadas eu gosto. Aliás, quero uma camiseta!
Sabe, acho maravilhoso a gente poder abrir a boca pra gritar contra o machismo. Penso nas tantas mulheres submetidas aos horrores da ignorância machista que ainda impera no mundo, e não só em absurdos como o ritual de passagem ainda praticado no Oriente Médio e na África, de retirada do clitóris, que impede o prazer sexual. E os casamentos forçados? E o impedimento ao estudo ou à religião? E a falta de liberdade para qualquer coisa? E a condenação ao afastamento da família?
E a sentença à infelicidade, que muitas mulheres, mesmo aqui, no Brasil, são submetidas por homens machistas e estúpidos, carrascos ou matadores, que exploram a dignidade de suas companheiras dentro de casa durante anos, impunemente?
E quando um homem posta na Internet que "não merece mulher rodada"?
E logo eu, que sempre achei ridículo homem vestido de mulher no Carnaval, desta vez achei lindo: homem vestido de mulher no Bloco das Mulheres Rodadas teve tudo a ver porque teve significado, foi político, não foi simplesmente brincadeira gratuita, muito menos motivo para soltar a franga de uma violência íntima e viral.
Mulheres Rodadas! Ano que vem eu vou!
Mas não vai de Minnie!
ResponderExcluirVou de Maga Patalógika!
ExcluirEu nao conhecia este bloco... Legal!
ResponderExcluirFernanda,
ResponderExcluirEu ja cheguei a sair em alguns blocos ..... anos atras.....rsrsrsrs e era bacana. Eu dancava, pulava, era uma bricadeira alegre e sadia ...... nunca gostei de confusao ......fico longe quando vejo alguma.....passo reto. E isso que aconteceu com voce e muito triste e desagradavel..... uma violencia ........ fez muito bem de ficar em casa .....
Felicidades,
Gilda Bose
Tomara que não desista de sair no bloco, ano que vem, se Deus quiser.Adoooooro e saio em alguns deles, apesar de velhim, porém , animadim rsrs.
ResponderExcluirA jornalista Renata Rodrigues teve a ideia de fazer um bloco para sair no carnaval de 2015, e organizou o projeto junto com os amigos Débora Thomé e Diogo Vianna.A ideia é zoar esse negócio de mulher rodada colocado nas redes por uma página intitulada “Jovens de Direita”. É surreal que hoje em dia ainda exista isso, querer dividir as mulheres entre quem é rodada e quem não é. Até porque esse preconceito só existe para a mulher, o homem pode tudo — afirma Renata.
Com bambolês, saias rodadas, pernas de pau e muita purpurina, homens e mulheres levavam em punho cartazes com dizeres como “Somos todas rodadas”, “Tire o sexismo do caminho que eu quero passar com meu amor”
Sei não, mas o idiota inspirador...que postou a foto com o ridículo e misógino cartaz 'EU NÃO MEREÇO MULHER RODADA"...na verdade não merece mulher alguma, posto que deve ter problema de disfunção erétil, timidez excessiva, ou pênis de pequenas proporções rsrs, enfim, um reacionário, fascistoide e escroto que não se garante ou é mal resolvido sexualmente.
"A mulher rodada nunca terá uma chance no coração dos seguidores dos Jovens de Direita, nem de Babacas da Esquerda, Direita ou de Cima do Muro. Terá que se contentar com um cara que não seja um troglodita, com cérebro de minhoca.
Eu sou uma mulher rodada. Seja uma você também. #sourodada "
Mariliz Pereira Jorge é jornalista e roteirista. Já trabalhou na Folha e na TV Globo e escreveu para as revistas "Veja", "Men's Health", "VIP", entre outras.
Santé e axé!
Venha, sim! Foi lindo. E vamos fazer outras coisas ao longo do ano, não só no carnaval!
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