quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

"Elton Johnson" no conflito de gerações


Falou minha amiga Talita, que bem poderia chamar-se Lolita:

-- Fui ao show do Elton Johnson!

-- De quem?

-- Do Elton Johnson...

Não, leitor, não fique pasmo. É muito comum que uma moça de vinte e poucos anos confunda o nome do Elton John, mesmo sendo ele...  o Elton John.
Fiz uma pausa na conversa e comecei a divagar, coisa que, sabemos, é a minha especialidade:

Não sei se é porque já passei dos 45, mas o fato é que ando reparando que o tempo é bem relativo, a depender da idade que a gente tenha. Veja só: se você tem mais de 70 anos não há de considerar a Segunda Guerra Mundial um evento pré-histórico, e nomes como Hitler, Stalin e Mussolini não lhe hão de soar distantes como "Matusalém", "Maomé" ou "Adão" e "Eva".
Mas se você (como eu) estiver na casa dos 40 ou 50, a Segunda Guerra já lhe trará à mente as velhas aulas de história, as tardes abafadas dos verões da adolescência... o que é bem diferente da Guerra do Golfo, que acompanhamos ao vivo e à cores pela televisão há bem pouco tempo... mas que, para a turma de vinte e poucos anos, é tão longínqua quanto a Segunda Guerra é para nós. Sacou? Experimente falar em Saddam Hussein com um rapaz de vinte anos e ele, muito provavelmente, não saberá de quem se trata.

Rebobinei a memória: dia destes entrei em uma loja e começou a tocar justamente uma daquelas músicas que marcaram a minha juventude. Não me contive e falei para as duas mocinhas no balcão:
-- Aumenta que isso aí é Dire Straits!
-- Quem?!
-- Dire Straits!!!
Elas fizeram cara de descrédito e foram conferir o nome da banda na capa do CD, que era um mix de bandas diversas. E riram:
-- É... é este nome ai mesmo...
Fiquei incrédula:
-- Vocês não conhecem Dire Straits?!
E elas, em côro:
-- Nãããão...
Passados alguns dias, estava eu conversando com outra mocinha quando ela, contando de sua aventura no Rock in Rio, disse que gostou muito de um “velhinho" que ela não conhecia, que tocou um rock maneiro e a pegou de surpresa.
-- Qual o nome dele?
-- Não lembro...
Depois vim a saber que o tal velhinho era ninguém menos que o Bruce Springsteen...
Parei de divagar e voltei ao papo com a minha amiga Lolita, ou melhor, Talita, que foi ver o show do “Elton Johnson”. Mas não me contive:
-- Escuta... você conhece uma música chamada “My Way”? E uma outra, chamada “In the Still of the Night”? Conhece um cara chamado Frank Sinatra? E um tal de Cole Porter?
Ela não se fez de rogada, a danadinha, que é terrível:
-- E você, Fernanda? Conhece o Jack Johnson?
Calei a boca. E, como quem cala, consente, ela aproveitou meu momento de fraqueza para confessar sua mágoa:
-- Ah, Fê, eu nem sabia mesmo quem era o Elton Johnson, mas quando ele cantou a música da Lady Di eu reconheci. Mas eu fiquei na maior frustração porque ele não cantou a outra que eu conheço e que é a minha preferida...
-- Qual? “Don’t Go Breaking my Heart”?
-- Nãããããooooo... esta daí eu nunca ouvi falar. A que eu queria mesmo era a do filme “O Rei Leão”.



17 comentários:

  1. Eh Dannemann, nos somos do tempo que os rapazes corriam atras das mocas e estas se faziam de dificeis...

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  2. O que será que as suas amigas lolitas acham do Aguinaldo Rayol?

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  3. O eterno conflito de gerações... Atire a primeira pedra quem não ouvia o mesmo da sua mãe.

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  4. Tão longe, de mim distante, onde irá, onde irá meu pensameeeeeento…!

    Zé Teresinho

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  5. Sei que existe, é fato inconteste...o tal conflito de gerações. Mas no caso da "Lolita", pareceu-me (sem nenhum juízo de valor ou ética) o grande problema das últimas juventudes: falta de conhecimento geral e/ou alienação ou desatenção. Como uma pessoa vai a um show de um artista que não conhece ou de quem não sabe o nome correto???

    Nunca tive tribo, não participei de movimento algum e não segui modismo de qualquer espécie porque a natureza resolveu que, além de ovelha nigérrima rs, eu seria rês desgarrada. Na juventude - sou tão antigo que fui alfabetizado escrevendo foda-se com PH rs, pasme! -, enquanto os amigos iam de Beatles, Rolling Stones etc. (sem desmerecê-los)e, também por não dominar o inglês, eu ficava com a boa e eterna MPB onde minha alma encontrava algum eco (Gonzaguinha, Chico Buarque, Caetano, João Bosco, etc.), além do chorinho, frevo, Mozart, e outras maravilhas sonoras que sempre emocionavam-me e emocionam-me até mais... ainda. Mera questão de afinidade ou de "bater o santo" (ou brasofilia?!) e espontaneidade, sem nenhuma forçação de barra. Sempre gostei de música (só as que considero de qualidade e as ouço todos os dias) e jamais especificamente do meu tempo(meu tempo é hoje), tanto que Dalva de Oliveira, Elizeth Cardoso, Pixinguinha, música medieval , etc. - que não eram da minha geração- e muitos outros da antiga (en)cantavam-me, também.

    Para ter uma pequena noção do que estou cambaiamente tentando explicar deste meu jeito estranho/estúpido rs de ser e com o qual estou em harmonia, abra o link abaixo e terá uma pequena mostra de como a música me aborve e me expõe e me emociona de alguma forma, dentre inúmeros outros exemplos (e também porque estamos às vésperas do carnaval).
    Santé e axé


    http://www.youtube.com/watch?v=ckAQ2SOWjqg

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  6. Agora queremos ir no show do Guns'n'Jonhson!!!

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  7. Fernanda,

    Gosto da musica "Sultans of Swing" do conjunto Dire Straits, acho o Mark Knophler um guitarrista e tanto ...... me fez lembrar do "Slash" ...que tambem e excelente guitarrista .....eu tambem adoro "Mozart" embora nao seja da epoca dele .rsrsrs...
    Musica e universal e atemporal .......

    Felicidades,

    Gilda bose

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    1. É por estas e outras que a grande Gilda é nossa Diretora do C.P.F.A.S.S. Assim como o modesto presidente, ela gosta de música de qualidade, ou seja, universal e atemporal...músicas relevantes que emocionam eternamente. A música cubana, p.ex., assim como a árabe, a cigana (e outras mais), transportam-me para outros paraísos. Mas acredito que eu seja, mesmo, mais da épokkk "mozartiana" (será que o reencarnacionismo explica...ou Freud? rs)... pois ainda o considero imbatível.Abração procê, ilustre diretora.
      M.L.

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  8. Marcos Lucio,

    Obrigada pela dica, entrei no site vi um conjunto super afinado,(nao lembro o nome) eles tocaram um frevo .... turma chic "todos estavam de terno e com sapatos brilhando ....", tambem aproveitei para escutar as musicas de carnaval .... que por sinal conheco todas ......foi muito bom .... voltei no tempo .....(sem estar na maquina do tempo rsrsrs) .... adorei.... obrigadissima, Sr. Presidente da C.P.F.A.S.S.
    pena que muita gente nao conheceu os bailes de carnaval .... para quem nao sabe nos clubes tinham duas matines (das 14:00 as 18:00 hs) e quatro noites (das 11:00 as 04:00.hs.) haja disposicao .....era tao bom, fora os preparativos ....saudades......

    Felicidades,

    Gilda Bose

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  9. Fernanda,

    Onde se le 11:00 o correto e 23:00 hs ,,,,,,,

    Gilda Bose

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  10. Os da nossa geração ou da nossa infância é sempre melhor que da geração atual. Tudo que o jovens gostam é porcaria. As gerações se sucedem mas a ladainha não muda Quantos não foram a um show de alguém de quem não é fã para conhecer? A menina foi assistir ao show de alguém que não conhecia! Muitíssimo bem! Por simples oportunidade, seu vontade, ou para acompanhar alguém? Ótimo! Ela não saber falar inglês permite que vire alvo de chacota? Falaram os doutos. Os sábios zombam! As pessoas criticam os outros, colocam como se seus gostos fossem de melhor qualidade, egocentrismo reina, "eu", "eu", sem respeitar a diversidade, donos de verdades absolutas. Já que só se fala "eu", eu acho Nikita uma baladinha chata, e, assim como a crítica, a Academia e a massa da opinião pública, acho a trilha de Rei Leão um clássico. http://lionking.wikia.com/wiki/Tim_Rice Quem desdenhou de Jack Johnson tomou o cuidado de escutar a sua música? Não sei quem tem razão ou não, mas arrogância abunda.

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    1. Pessoa anônima... Vc leu mas não entendeu. A Talita eh minha amigona e nós demos boas risadas do post.

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    2. A arrogância abunda principalmente no anonimato (aqui só de propósito é só pra contrariar rs) que não respeita a diversidade e até os possíveis egocentrismos.Anônimos se julgam doutos ou sábios e com "coragem" para criticar sem fundamentação. O pior é que são relativistas com com esta estapafúrdia idéia de que todos podem tudo .

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