Desejo que em 2012 a gente entenda que todo dia é dia de celebrar o “ano-novo". A gente se esquece, mas todo momento pode ser um maravilhoso recomeço ou uma libertação. Dezembro não é o fim de nada; janeiro não é o único recomeço, porque o tempo passando no relógio e o coração batendo no seu peito já são, verdadeiramente, a oportunidade do renascimento.
Quer vencer este medo que te paralisa? Mudar o curso das coisas? Seguir outra estrada? Fazer dieta? Parar de fumar? Buscar seu sonho? Reencontrar aquele amigo? Pedir um velho perdão? Fazer aquela viagem? Ser alguém melhor? Começar a pintar? Aventurar-se na dança flamenca? Fazer novos amigos? Aprender sobre a generosidade? Deixar o passado para trás? Enterrar as mágoas? Li-ber-tar-se?
Todo dia é dia de mudança; toda manhã é uma nova estrada que se abre; todo minuto novo é um convite à transformação. Você só precisa ter fé em sua capacidade de regeneração, compreender que “mudar” é “renascer”; ser outra pessoa, deixar a alma velha para trás e recomeçar... consciente de que esta renovação nem sempre é fácil, e portanto exige esforço permanente... além de um novo olhar sobre si mesmo, sobre os outros e sobre o mundo. Experimente olhar-se livre da certeza de que se conhece muito bem... e quem sabe começará, de fato, a conhecer-se? Quem sabe ficará até surpreso ao descobrir que gosta de berinjela, que no fundo não tem dificuldades para falar em público e que conta com um talento incrível para contar piadas? Talvez descubra também que Fulano não é o chato que você pensava, e que o mundo é muito maior, muito mais lindo e cheio de possibilidades do que você jamais imaginou.
Mas não espere que tudo seja um mar de rosas. Os recomeços sempre doem, sempre ardem, apertam o peito, sempre são dolorosos, sei lá por quê. Não espere que a felicidade chegue à sua porta como um delivery, nem que as oportunidades toquem muitas vezes a sua campainha e, caso você tenha preguiça de abrir a porta, que elas se sentem à soleira para esperar, e até durmam ali, se for preciso.
Não tenha ilusões de que a vida lhe oferecerá quantas chances forem necessárias, até que você decida a qual senhor servirá: à alegria ou ao infortúnio.
Tenha em mente que o ano-novo está sempre no passo seguinte. No instante seguinte. Na decisão seguinte. No gesto seguinte.
O ano-novo está em suas mãos. Valorize-o e seja feliz!
Às vezes a gente só precisa abrir o portão
sexta-feira, 30 de dezembro de 2011
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
Sobre as naus que não chegam a lugar nenhum
Obrigada, Danilo, pelas palavras de Jorge de Lima, que me pegaram de surpresa como um soco no estômago. A poesia é, ao meu ver, o que há de mais "fino", de mais elevado entre as criações humanas; é a única coisa, além da verdadeira caridade, que faz de nós uma sombra tímida de Deus.
"Também há as naus que não chegam
mesmo sem ter naufragado:
não porque nunca tivessem
quem as guiasse no mar
ou não tivessem velame
ou leme ou âncora ou vento
ou porque se embebedassem
ou rotas se despregassem,
mas simplesmente porque
já estavam podres no tronco
da árvore de que as tiraram".
"Também há as naus que não chegam
mesmo sem ter naufragado:
não porque nunca tivessem
quem as guiasse no mar
ou não tivessem velame
ou leme ou âncora ou vento
ou porque se embebedassem
ou rotas se despregassem,
mas simplesmente porque
já estavam podres no tronco
da árvore de que as tiraram".
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
O melhor do Natal são as pessoas
Não, não mudei. O natal não me anima nem um pouco... não entro na piração dos presentes; não mergulho no prato das rabanadas e não finjo gostar de quem não gosto. Pra piorar, também de-tes-to esse negócio cafona de “enterrar os ossos” no dia seguinte. Meu estômago lá é coveiro, por algum acaso?
Coveiro ou não, ele trabalha muito nesta época, e apenas para digerir a realidade... e jogar já nem sei quantas pás de cal sobre o tempo que nos afasta daqueles natais da infância, quando tudo era diferente de agora e a casa seguia feliz e iluminada, madrugada adentro, mesmo que os vizinhos todos já estivessem em silêncio. Havia presentes coloridos sob a árvore, uma ceia sem exageros sobre a mesa, na melhor louça, e uma oração que rezávamos, de mãos dadas, à meia-noite, para o Menino Jesus.
O meu estômago dói, então eu penso que o tempo passa, que continua passando, e que ainda há gente viva ao meu lado, para ser celebrada. Os mortos... digo a mim mesma que os mortos não existem, sobretudo no natal: festejam lá em cima, vivíssimos entre as nuvens... e vez por outra nos olham, aqui embaixo, enquanto cada um de nós segue adiante.
Entre a tristeza e a alegria, pensei bem e decidi festejar os vivos, agradecer por ainda estar aqui e por ter ao meu lado todos os que cá estão... inclusive os amigos do blog, muitos deles desconhecidos para mim, outros tantos que às vezes se mostram e, finalmente, os que sempre aparecem. Monica, Marcos Lúcio (e sua turma), Danilo, Mauro Pires Amorim, Gilda Bosé, Paulo (de Friburgo), André, Alfredo, Marcelo... agradeço a cada um pela companhia no decorrer do ano, pelas palavras trocadas, pela força e pelo carinho que fizeram tanta diferença nos meus dias.
É realmente muito bom ter vocês por perto. Obrigada por tudo! Feliz Natal!
Coveiro ou não, ele trabalha muito nesta época, e apenas para digerir a realidade... e jogar já nem sei quantas pás de cal sobre o tempo que nos afasta daqueles natais da infância, quando tudo era diferente de agora e a casa seguia feliz e iluminada, madrugada adentro, mesmo que os vizinhos todos já estivessem em silêncio. Havia presentes coloridos sob a árvore, uma ceia sem exageros sobre a mesa, na melhor louça, e uma oração que rezávamos, de mãos dadas, à meia-noite, para o Menino Jesus.
O meu estômago dói, então eu penso que o tempo passa, que continua passando, e que ainda há gente viva ao meu lado, para ser celebrada. Os mortos... digo a mim mesma que os mortos não existem, sobretudo no natal: festejam lá em cima, vivíssimos entre as nuvens... e vez por outra nos olham, aqui embaixo, enquanto cada um de nós segue adiante.
Entre a tristeza e a alegria, pensei bem e decidi festejar os vivos, agradecer por ainda estar aqui e por ter ao meu lado todos os que cá estão... inclusive os amigos do blog, muitos deles desconhecidos para mim, outros tantos que às vezes se mostram e, finalmente, os que sempre aparecem. Monica, Marcos Lúcio (e sua turma), Danilo, Mauro Pires Amorim, Gilda Bosé, Paulo (de Friburgo), André, Alfredo, Marcelo... agradeço a cada um pela companhia no decorrer do ano, pelas palavras trocadas, pela força e pelo carinho que fizeram tanta diferença nos meus dias.
É realmente muito bom ter vocês por perto. Obrigada por tudo! Feliz Natal!
segunda-feira, 19 de dezembro de 2011
Carolina, a mulher invisível que existe em mim
-- Vai desregistrar essa menina!!!
Foi assim que meu pai recebeu a notícia de que sim, eu era Fernanda, como ele queria. Mas era também a Carolina que a minha mãe sonhava.
Fui registrada aos sete anos, quando a burocracia da escola pediu minha certidão de nascimento. Minha mãe deu um pulinho no cartório e resolveu a situação. E foi à noite, quando os casais conversam as amenidades do dia, que ela contou ao meu pai, num tom bem corriqueiro, que finalmente tinha registrado a menina.
Ela não tentou, mas nem que tivesse tentado: o cartório não ia mesmo rasurar o livro e muito menos arrancar a página do dia anterior... e fiquei com este nome composto que não combina com nada, e que fez com que tanta gente, vida afora, exclamasse surpresa.
-- Feio nada! É nome de princesa!
Falou agora a minha tia querida, defensora leal e perseverante de todos os nomes esquisitos da família.
O engraçado é que, embora eu sempre tenha sido a “Fernanda” que ele queria, ou a “Dannemann” que era o nome dele, foi justamente o próprio a única pessoa neste mundo a me chamar pela alcunha estranhamente composta, e que virou, em sua boca, uma série de marchinhas carnavalescas inventadas de improviso. Ou, simplesmente, fui para ele a “Carolina”, que muitas vezes saía pela metade e virava “Carol”.
E minha mãe, que sonhou ter Carolina como filha, mas sempre me chamou pelo primeiro nome (arriscando, no máximo, um “Carol”, nos momentos de maior ternura) um dia me disse pra prestar atenção naquela música que tocava.
-- Não vai fazer igual, e deixar o tempo passar na janela...
E eu, que sempre fui Fernanda, quase secretamente Carolina, pela pura questão de que os nomes compostos são em geral amputados no dia a dia, defendi minhas raízes no guichê do cartório, em pleno casamento, quando o escrivão deu a chance:
-- Aproveita que a hora de mudar este nome é agora!
-- Obrigada, mas não quero adicionar o nome do meu marido não.
-- Eu tô falando é do “Fernanda Carolina”.
Esse negócio de nomenclatura é uma coisa curiosa, porque o nome acaba se ajustando à pele da gente, à ossatura, ao fígado, até. E por mais que você mude tudo lá no cartório, nunca deixará de ser aquela pessoa de antes, aquela identidade essencial, aquele primeiro nome que fez de você uma pessoa. Eu sou Fernanda Carolina, e nada pode mudar isso.
E agora que chega o Natal, e este é o primeiro Natal de plena orfandade que estou vivendo, sinto a tristeza sem remédio de já não ser Carolina pra ninguém.
Foi assim que meu pai recebeu a notícia de que sim, eu era Fernanda, como ele queria. Mas era também a Carolina que a minha mãe sonhava.
Fui registrada aos sete anos, quando a burocracia da escola pediu minha certidão de nascimento. Minha mãe deu um pulinho no cartório e resolveu a situação. E foi à noite, quando os casais conversam as amenidades do dia, que ela contou ao meu pai, num tom bem corriqueiro, que finalmente tinha registrado a menina.
Ela não tentou, mas nem que tivesse tentado: o cartório não ia mesmo rasurar o livro e muito menos arrancar a página do dia anterior... e fiquei com este nome composto que não combina com nada, e que fez com que tanta gente, vida afora, exclamasse surpresa.
-- Feio nada! É nome de princesa!
Falou agora a minha tia querida, defensora leal e perseverante de todos os nomes esquisitos da família.
O engraçado é que, embora eu sempre tenha sido a “Fernanda” que ele queria, ou a “Dannemann” que era o nome dele, foi justamente o próprio a única pessoa neste mundo a me chamar pela alcunha estranhamente composta, e que virou, em sua boca, uma série de marchinhas carnavalescas inventadas de improviso. Ou, simplesmente, fui para ele a “Carolina”, que muitas vezes saía pela metade e virava “Carol”.
E minha mãe, que sonhou ter Carolina como filha, mas sempre me chamou pelo primeiro nome (arriscando, no máximo, um “Carol”, nos momentos de maior ternura) um dia me disse pra prestar atenção naquela música que tocava.
-- Não vai fazer igual, e deixar o tempo passar na janela...
E eu, que sempre fui Fernanda, quase secretamente Carolina, pela pura questão de que os nomes compostos são em geral amputados no dia a dia, defendi minhas raízes no guichê do cartório, em pleno casamento, quando o escrivão deu a chance:
-- Aproveita que a hora de mudar este nome é agora!
-- Obrigada, mas não quero adicionar o nome do meu marido não.
-- Eu tô falando é do “Fernanda Carolina”.
Esse negócio de nomenclatura é uma coisa curiosa, porque o nome acaba se ajustando à pele da gente, à ossatura, ao fígado, até. E por mais que você mude tudo lá no cartório, nunca deixará de ser aquela pessoa de antes, aquela identidade essencial, aquele primeiro nome que fez de você uma pessoa. Eu sou Fernanda Carolina, e nada pode mudar isso.
E agora que chega o Natal, e este é o primeiro Natal de plena orfandade que estou vivendo, sinto a tristeza sem remédio de já não ser Carolina pra ninguém.
sábado, 17 de dezembro de 2011
Fui pro spa e pirei na batatinha (pena que não era frita!)
Imagino a cena assim: eu já estava ali, na fila pra nascer, quando Deus olhou pra mim e disse, de sopetão:
-- Ah, pra essa aí... que presente eu vou dar? Ela vai ser... deixa eu ver... rica? Linda? Um gênio da música? Da literatura? Não... ela vai ser... hum... já sei! MAGRA!
Assim sendo, imagine você o susto que tomei quando o "garçon" do hotelzinho simpático que eu pensava estar, nas montanhas, me serviu o almoço:
-- Você pode por favor me trazer umas torradas?
-- Não. Só às seis horas.
Chocada, comecei a cair na real: qual o único lugar do mundo inteiro que o cliente pede uma torrada para o garçon e ele diz que não?
Num spa. E quem é que disse que prato colorido é a coisa mais legal do mundo? Prefiro um tricolor, que vem com feijoada, arroz e couve. Sim, eu mesma não sei como, mas o fato é que caí no conto do vigário e fui parar em um spa, quando imaginava estar indo para um hotel-fazenda. E foi lá que tive uma pálida ideia do que é a gente ser meio doido e tentar convencer alguém de que é normal:
-- Eu não estou de dieeeeeeeeeta !!!!!!!!!!!!! Me dá uma comidinha aí pelo amor de Deus !!!!!!!!
E os funcionários te olham, com uma mistura de riso e pena nos olhos, e dizem, simplesmente:
-- Não posso.
-- Mas olha como eu sou magra! Você acha que eu preciso emagrecer?! Estou aqui só pra acompanhar meu marido!!! Eu PRECISO de um carboidrato e de uma colher de açúcar no meu chá, antes que eu tenha um treco!!! (Aliás, não tem aí um café com leite não?).
Mas não há argumento que dê jeito na situação, e o quadro surreal faz a gente pensar em coisa pior: será que eles têm camisa-de-força para os clientes mais rebeldes?
Apelei para a gerente.
-- Querida, presta atenção, porque ninguém aqui me escuta. Se eu emagrecer, desapareço. Só estou aqui para "viver a experiência", que foi o que o meu marido (gorducho, diga-se de passagem), me disse. Preciso comer comida de verdade, senão passo mal e desmaio. Sou jornalista. Isso aqui é só um "laboratório", saca?
-- Lamento, mas aqui só temos um cardápio.
-- Ok, e o que é que vocês, funcionários (alguns bem gordinhos, inclusive), comem?
-- Comida normal.
-- Tô dentro. Faz um pratinho pra mim que eu como com vocês lá na cozinha.
E finalmente, quando chegou o jantar...
Quer achar alface uma delícia? Coma um pepino antes. Desanimada depois da janta, meu marido tentou me animar e perguntou, de chofre:
-- Olha! Temos um calendário de atividades! Vamos nos divertir um pouco! Será que tem partida de peteca?
E eu:
-- Às seis temos uma torrada pra comer!!
A primeira noite foi mal-dormida, mas acordei desesperada pelo café da manhã. No refeitório, cadê o café com leite? Cadê o pão com manteiga? Só quem deu as caras foi um copo de suco verde, aquele que te dá uma dor de barriga da-que-las TODAS AS MANHÃS, mas pelo menos faz com que a sua pança vá cantar em outra freguesia.
No spa é o seguinte: todo mundo demonstra uma animação muito grande, todo mundo faz mil atividades, tira fotografia, coisa e tal... mas quando toca o sino que anuncia a vitamina, é um Deus-nos-acuda desgraçado, sai todo mundo correndo, inclusive eu. E o que dizer do "energético", um copinho daqueles de cachaça com uma mistura de limão, gengibre, guaraná em pó e sei lá mais o quê, que eu, em sã consciência, na minha vida normal, JAMAIS tomaria... mas aqui, onde a gente até finge que está com a pressão baixa só pra faturar duas azeitonas, na hora do energético é uma felicidade geral, e o povo faz até fila pra pegar o seu.
O caso é que ninguém me convence que os hóspedes estão mesmo curtindo adoidado as férias saudáveis. Só o chato do meu marido é que acha tudo um barato, mas ele é ponto fora da curva porque nasceu em Marte.
O fato é que, com menos de 24 horas hospedada num hospital disfarçado de spa, eu já estava quase precisando mesmo era de um hospício, e tratei de
procurar o telefone mais próximo (porque nem o celular funciona lá no meio daquele mato) pra pedir socorro ao meu amigo de todas as horas, o velho Migliaccio, fiel e incansável defensor das pizzas, feijoadas e cachorros-quentes... mas eis que meu marido, o gorducho-saudável que veio de Marte, me pegou em flagrante:
Para manter a perfeita paz conjugal, ele tratou de correr comigo para a padaria mais próxima, onde mandei ver num chocolate cremoso com um francês caprichado na manteiga. Pasmem! E não é que minha cara-metade ficou só olhando e não comeu nadica de nada?!
Então, depois de mandar brasa, voltei para o jantar natureba, feliz da vida com a barriga saliente... e forrada. E dá-lhe na caminhada, debaixo de chuva mesmo, que é pra queimar as calorias do lanche e o peso na consciência... porque não é que a gente acaba entrando numa de que precisa mesmo emagrecer???
-- Ah, pra essa aí... que presente eu vou dar? Ela vai ser... deixa eu ver... rica? Linda? Um gênio da música? Da literatura? Não... ela vai ser... hum... já sei! MAGRA!
Assim sendo, imagine você o susto que tomei quando o "garçon" do hotelzinho simpático que eu pensava estar, nas montanhas, me serviu o almoço:
-- Você pode por favor me trazer umas torradas?
-- Não. Só às seis horas.
Chocada, comecei a cair na real: qual o único lugar do mundo inteiro que o cliente pede uma torrada para o garçon e ele diz que não?
Num spa. E quem é que disse que prato colorido é a coisa mais legal do mundo? Prefiro um tricolor, que vem com feijoada, arroz e couve. Sim, eu mesma não sei como, mas o fato é que caí no conto do vigário e fui parar em um spa, quando imaginava estar indo para um hotel-fazenda. E foi lá que tive uma pálida ideia do que é a gente ser meio doido e tentar convencer alguém de que é normal:
-- Eu não estou de dieeeeeeeeeta !!!!!!!!!!!!! Me dá uma comidinha aí pelo amor de Deus !!!!!!!!
E os funcionários te olham, com uma mistura de riso e pena nos olhos, e dizem, simplesmente:
-- Não posso.
-- Mas olha como eu sou magra! Você acha que eu preciso emagrecer?! Estou aqui só pra acompanhar meu marido!!! Eu PRECISO de um carboidrato e de uma colher de açúcar no meu chá, antes que eu tenha um treco!!! (Aliás, não tem aí um café com leite não?).
Mas não há argumento que dê jeito na situação, e o quadro surreal faz a gente pensar em coisa pior: será que eles têm camisa-de-força para os clientes mais rebeldes?
Apelei para a gerente.
-- Querida, presta atenção, porque ninguém aqui me escuta. Se eu emagrecer, desapareço. Só estou aqui para "viver a experiência", que foi o que o meu marido (gorducho, diga-se de passagem), me disse. Preciso comer comida de verdade, senão passo mal e desmaio. Sou jornalista. Isso aqui é só um "laboratório", saca?
-- Lamento, mas aqui só temos um cardápio.
-- Ok, e o que é que vocês, funcionários (alguns bem gordinhos, inclusive), comem?
-- Comida normal.
-- Tô dentro. Faz um pratinho pra mim que eu como com vocês lá na cozinha.
E finalmente, quando chegou o jantar...
Quer achar alface uma delícia? Coma um pepino antes. Desanimada depois da janta, meu marido tentou me animar e perguntou, de chofre:
-- Olha! Temos um calendário de atividades! Vamos nos divertir um pouco! Será que tem partida de peteca?
E eu:
-- Às seis temos uma torrada pra comer!!
A primeira noite foi mal-dormida, mas acordei desesperada pelo café da manhã. No refeitório, cadê o café com leite? Cadê o pão com manteiga? Só quem deu as caras foi um copo de suco verde, aquele que te dá uma dor de barriga da-que-las TODAS AS MANHÃS, mas pelo menos faz com que a sua pança vá cantar em outra freguesia.
No spa é o seguinte: todo mundo demonstra uma animação muito grande, todo mundo faz mil atividades, tira fotografia, coisa e tal... mas quando toca o sino que anuncia a vitamina, é um Deus-nos-acuda desgraçado, sai todo mundo correndo, inclusive eu. E o que dizer do "energético", um copinho daqueles de cachaça com uma mistura de limão, gengibre, guaraná em pó e sei lá mais o quê, que eu, em sã consciência, na minha vida normal, JAMAIS tomaria... mas aqui, onde a gente até finge que está com a pressão baixa só pra faturar duas azeitonas, na hora do energético é uma felicidade geral, e o povo faz até fila pra pegar o seu.
O caso é que ninguém me convence que os hóspedes estão mesmo curtindo adoidado as férias saudáveis. Só o chato do meu marido é que acha tudo um barato, mas ele é ponto fora da curva porque nasceu em Marte.
O fato é que, com menos de 24 horas hospedada num hospital disfarçado de spa, eu já estava quase precisando mesmo era de um hospício, e tratei de
procurar o telefone mais próximo (porque nem o celular funciona lá no meio daquele mato) pra pedir socorro ao meu amigo de todas as horas, o velho Migliaccio, fiel e incansável defensor das pizzas, feijoadas e cachorros-quentes... mas eis que meu marido, o gorducho-saudável que veio de Marte, me pegou em flagrante:
Para manter a perfeita paz conjugal, ele tratou de correr comigo para a padaria mais próxima, onde mandei ver num chocolate cremoso com um francês caprichado na manteiga. Pasmem! E não é que minha cara-metade ficou só olhando e não comeu nadica de nada?!
Então, depois de mandar brasa, voltei para o jantar natureba, feliz da vida com a barriga saliente... e forrada. E dá-lhe na caminhada, debaixo de chuva mesmo, que é pra queimar as calorias do lanche e o peso na consciência... porque não é que a gente acaba entrando numa de que precisa mesmo emagrecer???
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
Breve (e ótima) história sobre a amizade
Eu, que não me iludo com o ser humano, às vezes me encanto com ele: um poema, uma pintura, um filme... uma equação matemática, uma descoberta científica, um gesto de humildade ou compaixão... quando me vejo diante de preciosidades como estas, penso no quanto o homem pode ser incrível e, na melhor das palavras, "gente".
E o que dizer da amizade? Não encontro as palavras! Só sei dizer que justamente elas -- as amizades verdadeiras que encontrei pelo caminho -- é que sempre deram um norte à minha vida; o que me leva a pensar que a vida sem amigos é toda de espinhos.
Divido com vocês este vídeo que alguém nomeou erradamente: ele não tem nada a ver com bebês, e tudo a ver com a amizade... coisa cada vez mais rara no mundo e, por isso mesmo, cada vez mais preciosa.
Clique aqui para rir e se emocionar!
E o que dizer da amizade? Não encontro as palavras! Só sei dizer que justamente elas -- as amizades verdadeiras que encontrei pelo caminho -- é que sempre deram um norte à minha vida; o que me leva a pensar que a vida sem amigos é toda de espinhos.
Divido com vocês este vídeo que alguém nomeou erradamente: ele não tem nada a ver com bebês, e tudo a ver com a amizade... coisa cada vez mais rara no mundo e, por isso mesmo, cada vez mais preciosa.
Clique aqui para rir e se emocionar!
domingo, 11 de dezembro de 2011
Robozinhos feitos em série também sofrem
Começo este post parafraseando o antigo comediante: “quando eu era criança pequena lá em Barbacena”... digo, em Minas Gerais, sempre acontecia de ter a má sorte de encontrar uma outra criança (chata) que saía logo com a pergunta:
-- Mas por que é que você é diferente?
É, a palavrinha desagradável vinha assim mesmo, em itálico, o que lhe dava um tom pejorativo que, aos meus ouvidos infantis e ávidos por aceitação, provocava as mais diversas dores, da rejeição à otite aguda.
Para uma criança, ser diferente dói, e embora eu não conheça Freud de perto, imagino que ele deva ter falado alguma coisa sobre isso. Uma vez, lá pelos meus oito anos, cheguei da escola chorando por causa das minhas botas de plástico amarelas, ridicularizadas naquela tarde de calor, e minha irmã Teresa me contou uma história, passada em alguma cidade do Oriente, onde todo mundo se vestia de azul. Lembro dos desenhos, maravilhosos, das roupas esvoaçantes, em mil tons... de uma mesma cor. Faltava um roxo-batata ali, um vermelhão, um verde-bandeira... pra deixar tudo mais bonito.
-- Tá vendo? Tudo o que esse povo queria era uma bota amarela igual a sua, pra ir pra escola.
E eu lembro do meu coração ficando leve dentro do peito, enquanto a gente ria da situação.
Como não há mal que sempre dure, felizmente a gente cresce e tem a chance de aprender o valor maravilhoso das diferenças. Tenho um amigo, por exemplo, que adora viajar pra lugares inóspitos: a-do-rou dar a volta ao redor de uma montanha no interior da França, num lugar onde não há nada além do pequeno hotelzinho onde se hospedou, só com meia-dúzia de quartos. Um outro, jura que não sai mais dos limites do Rio de Janeiro... e tem ainda um doido que sonha com uma viagem à lua (ele não sabe, mas acho que veio de lá).
Esse negócio de todo mundo igual chega a ser assutador: me dei conta disso vendo um documentário sobre a Alemanha de Hitler... e então pensei na “igualdade” que se vive em lugares como a Cuba de Fidel e o Iraque de Sadam, onde o diferente paga com a vida por sua falta de enquadramento.
Costumo dizer que aqui, nesse país tão cheio de problemas, a gente pode fugir, se for o caso: esta é a maravilha da democracia, e de poder ser o que a gente é de verdade, sem encenação, sem o desejo terrível de identificação, sem precisar ser um robô recém-saído da fábrica, igualzinho a todos os outros... e justamente por isso aceito na tribo. Esta necessidade infantil de aceitação transforma a vida adulta num inferno, numa eterna maratona a ser vencida, mas cujo pódio fica lá onde o arco-íris finca sua raiz.
Incrivelmente, a maioria, em vez de fazer uso de sua liberdade, faz um esforço danado para ser toda loura de cabelo liso, e ter carrões 4X4 brancos, que é a cor da moda; e usar aquelas roupas iguais, e votar no mesmo candidato, e ver os mesmos filmes e ler os mesmos jornais... e seguir o mesmo caminho, que é ter um emprego estável, casar e ter dois filhos... desfrutar das mesmas férias que os robôs amigos, e gastar os tubos no cartão, sem esquecer de comprar aquela bolsa famosa e aquela lingerie de renda, que vem na sacolinha rosa-choque. E ser da mesma patota, e ter a mesma opinião, a mesma vida, o mesmo futuro e os mesmos dramas... quem sabe até morrer da mesma doença e se tratar com o mesmo médico antes de ir para o mesmo cemitério, depois de passar pelo mesmíssimo hospital.
Se você vive como se tivesse saído de uma linha de montagem, talvez seja hora de olhar-se no espelho e perguntar-se:
-- Mas por que você é igual?
Já pensou se a pêra e o jambo fossem iguais? Ai, pobreza de mundo!
-- Mas por que é que você é diferente?
É, a palavrinha desagradável vinha assim mesmo, em itálico, o que lhe dava um tom pejorativo que, aos meus ouvidos infantis e ávidos por aceitação, provocava as mais diversas dores, da rejeição à otite aguda.
Para uma criança, ser diferente dói, e embora eu não conheça Freud de perto, imagino que ele deva ter falado alguma coisa sobre isso. Uma vez, lá pelos meus oito anos, cheguei da escola chorando por causa das minhas botas de plástico amarelas, ridicularizadas naquela tarde de calor, e minha irmã Teresa me contou uma história, passada em alguma cidade do Oriente, onde todo mundo se vestia de azul. Lembro dos desenhos, maravilhosos, das roupas esvoaçantes, em mil tons... de uma mesma cor. Faltava um roxo-batata ali, um vermelhão, um verde-bandeira... pra deixar tudo mais bonito.
-- Tá vendo? Tudo o que esse povo queria era uma bota amarela igual a sua, pra ir pra escola.
E eu lembro do meu coração ficando leve dentro do peito, enquanto a gente ria da situação.
Como não há mal que sempre dure, felizmente a gente cresce e tem a chance de aprender o valor maravilhoso das diferenças. Tenho um amigo, por exemplo, que adora viajar pra lugares inóspitos: a-do-rou dar a volta ao redor de uma montanha no interior da França, num lugar onde não há nada além do pequeno hotelzinho onde se hospedou, só com meia-dúzia de quartos. Um outro, jura que não sai mais dos limites do Rio de Janeiro... e tem ainda um doido que sonha com uma viagem à lua (ele não sabe, mas acho que veio de lá).
Esse negócio de todo mundo igual chega a ser assutador: me dei conta disso vendo um documentário sobre a Alemanha de Hitler... e então pensei na “igualdade” que se vive em lugares como a Cuba de Fidel e o Iraque de Sadam, onde o diferente paga com a vida por sua falta de enquadramento.
Costumo dizer que aqui, nesse país tão cheio de problemas, a gente pode fugir, se for o caso: esta é a maravilha da democracia, e de poder ser o que a gente é de verdade, sem encenação, sem o desejo terrível de identificação, sem precisar ser um robô recém-saído da fábrica, igualzinho a todos os outros... e justamente por isso aceito na tribo. Esta necessidade infantil de aceitação transforma a vida adulta num inferno, numa eterna maratona a ser vencida, mas cujo pódio fica lá onde o arco-íris finca sua raiz.
Incrivelmente, a maioria, em vez de fazer uso de sua liberdade, faz um esforço danado para ser toda loura de cabelo liso, e ter carrões 4X4 brancos, que é a cor da moda; e usar aquelas roupas iguais, e votar no mesmo candidato, e ver os mesmos filmes e ler os mesmos jornais... e seguir o mesmo caminho, que é ter um emprego estável, casar e ter dois filhos... desfrutar das mesmas férias que os robôs amigos, e gastar os tubos no cartão, sem esquecer de comprar aquela bolsa famosa e aquela lingerie de renda, que vem na sacolinha rosa-choque. E ser da mesma patota, e ter a mesma opinião, a mesma vida, o mesmo futuro e os mesmos dramas... quem sabe até morrer da mesma doença e se tratar com o mesmo médico antes de ir para o mesmo cemitério, depois de passar pelo mesmíssimo hospital.
Se você vive como se tivesse saído de uma linha de montagem, talvez seja hora de olhar-se no espelho e perguntar-se:
-- Mas por que você é igual?
Já pensou se a pêra e o jambo fossem iguais? Ai, pobreza de mundo!
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
O rabino Henry Sobel me ensinou sobre o perdão
Já que andamos falando de perdão por estes dias, lembrei de um lance que vale a pena contar. Tive duas oportunidades de entrevistar o rabino Henry Sobel, a quem admiro muito, por ser ele defensor da paz e dos direitos humanos. Na primeira vez, pra uma matéria sobre o perdão, na revista Marie Claire, tive a sorte de ouvir a seguinte história, que ele aprendeu na infância, contada por seu pai:
"O rabino chefe da Cracóvia, importante cidade polonesa, viajava de trem para Varsóvia e estava sentado na cabine lendo um livro. Repentinamente, entraram três vagabundos e começaram a jogar cartas. Convidaram o rabino para se juntar a eles, mas o rabino recusou. Um dos vagabundos levantou-se e jogou o rabino para fora da cabine. E o rabino ficou de pé, no corredor, até chegar ao seu destino. Quando os passageiros desembarcavam em Varsóvia, viram uma grande comitiva esperando o rabino. Então, o vagabundo, o mais agressivo deles, reparou que o rabino era alguém de grande valor. Pediu perdão. Mas o rabino recusou-se terminantemente a perdoá-lo.
-- Mas rabino, perdoar é humano! Eu não sabia que era o senhor!
Ao que o rabino respondeu:
-- Justamente por isso não posso perdoá-lo. Você pensou que eu era outro. Pede então perdão ao outro, porque eu não fui sua vítima."
"O rabino chefe da Cracóvia, importante cidade polonesa, viajava de trem para Varsóvia e estava sentado na cabine lendo um livro. Repentinamente, entraram três vagabundos e começaram a jogar cartas. Convidaram o rabino para se juntar a eles, mas o rabino recusou. Um dos vagabundos levantou-se e jogou o rabino para fora da cabine. E o rabino ficou de pé, no corredor, até chegar ao seu destino. Quando os passageiros desembarcavam em Varsóvia, viram uma grande comitiva esperando o rabino. Então, o vagabundo, o mais agressivo deles, reparou que o rabino era alguém de grande valor. Pediu perdão. Mas o rabino recusou-se terminantemente a perdoá-lo.
-- Mas rabino, perdoar é humano! Eu não sabia que era o senhor!
Ao que o rabino respondeu:
-- Justamente por isso não posso perdoá-lo. Você pensou que eu era outro. Pede então perdão ao outro, porque eu não fui sua vítima."
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Reme contra a maré ou ande para trás
Eu já falei aqui sobre o argentino Miguel Rep, desenhista de quem sou fã: e agora recorro novamente ao trabalho dele para falar do quanto pode ser maravilhoso remar contra a maré.
Eu remo. Já remei muitas vezes e continuarei remando... desde que a causa valha mesmo a pena e o esforço, e mesmo que eu não saia do lugar.
Seja o DNA, sejam as circunstâncias, o percentual de possibilidade, as comprovações, as chances, os indícios... seja o que for... remar contra a maré, às vezes, é a única coisa que podemos fazer, porque em muitíssimos dos casos ficar à deriva significa andar pra trás.
E não falo de lutar guerras perdidas, nem de insistir cegamente no impossível.
Mas note que, no mundo em que estamos, o simples fato de buscar a felicidade já é o mesmo que tentar subir o rio a nado: é que a correnteza do dia a dia e das necessidades fúteis que nos dominam vai rumo ao desequilíbrio e às ilusões mais tristes.
E te digo: se você conseguir ser feliz, vai incomodar tanta gente, mas tanta gente que fracassou nesta empreitada... que seu trabalho para manter-se bem terá que ser redobrado.
Reme contra a maré dos invejosos, dos que não crêem na pessoa que você é, dos que mal disfarçam, em seu olhar, aquela sombra tão nítida da antipatia ou do ódio. Continue nadando, e eles que se afoguem em seu próprio veneno.
E contra a maré das suas limitações mais íntimas, mais secretas: tudo aquilo que você desenvolveu em seu espírito, em sua personalidade e em seus hábitos mais mecânicos, e que o impede de ser uma pessoa melhor, mais livre, mais jovem e contente.
Reme contra a má-educação que recebeu, contra os exemplos negativos que teve. Nade para longe daquilo que assimilou, inconscientemente, e que o impede de ser feliz. Afaste-se de tudo o que o conduz ao redemoinho do fracasso.
E descubra que ser feliz é, acima de tudo, uma opção.
Eram seis os Stromber Carlson
A um, lhe partiu um raio
A outro, lhe caiu em cima um ídolo
Outro não resistiu a uma mistura de aguardente, pistache e quaker
Outro se perdeu definitivamente no metrô
Outro, votou mal pela segunda vez e não se perdoou
E o outro outro outro outro outro outro desfruta desta vida, se cuida, goza os amanheceres e as estrelas, está sempre se apaixonando, não lhe interessa o consumo, fala bem, come de forma saudável, ajuda, faz pão e acredita em um homem melhor. E é a ovelha negra dos Stromber Carlson.
Eu remo. Já remei muitas vezes e continuarei remando... desde que a causa valha mesmo a pena e o esforço, e mesmo que eu não saia do lugar.
Seja o DNA, sejam as circunstâncias, o percentual de possibilidade, as comprovações, as chances, os indícios... seja o que for... remar contra a maré, às vezes, é a única coisa que podemos fazer, porque em muitíssimos dos casos ficar à deriva significa andar pra trás.
E não falo de lutar guerras perdidas, nem de insistir cegamente no impossível.
Mas note que, no mundo em que estamos, o simples fato de buscar a felicidade já é o mesmo que tentar subir o rio a nado: é que a correnteza do dia a dia e das necessidades fúteis que nos dominam vai rumo ao desequilíbrio e às ilusões mais tristes.
E te digo: se você conseguir ser feliz, vai incomodar tanta gente, mas tanta gente que fracassou nesta empreitada... que seu trabalho para manter-se bem terá que ser redobrado.
Reme contra a maré dos invejosos, dos que não crêem na pessoa que você é, dos que mal disfarçam, em seu olhar, aquela sombra tão nítida da antipatia ou do ódio. Continue nadando, e eles que se afoguem em seu próprio veneno.
E contra a maré das suas limitações mais íntimas, mais secretas: tudo aquilo que você desenvolveu em seu espírito, em sua personalidade e em seus hábitos mais mecânicos, e que o impede de ser uma pessoa melhor, mais livre, mais jovem e contente.
Reme contra a má-educação que recebeu, contra os exemplos negativos que teve. Nade para longe daquilo que assimilou, inconscientemente, e que o impede de ser feliz. Afaste-se de tudo o que o conduz ao redemoinho do fracasso.
E descubra que ser feliz é, acima de tudo, uma opção.
Eram seis os Stromber Carlson
A um, lhe partiu um raio
A outro, lhe caiu em cima um ídolo
Outro não resistiu a uma mistura de aguardente, pistache e quaker
Outro se perdeu definitivamente no metrô
Outro, votou mal pela segunda vez e não se perdoou
E o outro outro outro outro outro outro desfruta desta vida, se cuida, goza os amanheceres e as estrelas, está sempre se apaixonando, não lhe interessa o consumo, fala bem, come de forma saudável, ajuda, faz pão e acredita em um homem melhor. E é a ovelha negra dos Stromber Carlson.
sábado, 3 de dezembro de 2011
O mais santo dos remédios custa baratinho e não tem contra-indicação
Demorei pra entender, mas entendi: cem anos de ioga não liberam sua respiração se você carrega o peito cheio de mágoas. É que elas pesam tanto, e ocupam tanto espaço, que o diafragma, por mais super-herói que seja, não dá conta de subir e descer... e acaba ali, espremido pela substância invisível que aos poucos entope as veias, seca as artérias, envenena os pulmões, destrói o fígado e paralisa o coração.
Desista dos calmantes, eles também não funcionam. Trazem apenas o engano do alívio imediato; enquanto nossos ossos continuam no caminho que faz deles cada vez mais tortos... e nosso olhar, ai, nosso olhar! Quanta tristeza bóia sobre os olhos de quem padece de mágoa! Quanta tristeza pela beleza da vida que não foi vista (e muitas vezes nem sequer imaginada...). Quanta tristeza pela paisagem que foi sempre a mesma, aquela cena um milhão de vezes revista, aquela cena que deu origem à mágoa!
Beba deste santo remédio, que é o perdão profundo e verdadeiro, aquele que vem da menor e mais fina artéria do seu coração; aquele que nasce autêntico (e tão forte, e tão viril) lá do fundo da sua vontade; aquele que brota tão naturalmente quanto um botão de rosa no seu jardim imaginário.
Beba até a última gota sem esperar ser compreendido ou aceito, sem esperar que o outro o perdoe também: você está livre, e isso já é sua recompensa.
Deixe que o gosto do perdão inspire suas palavras, que o ar invada esta casa triste que tem sido a sua vida, libere todos os bons sentimentos que aguardam, presos e ansiosos, por uma simples oportunidade diante da porta trancada que foi sempre a sua decisão.
E então respire leve... ganhe finalmente o mundo, descanse à sombra de sua liberdade... viva em plenitude a maior prova de amor aos outros e a si mesmo: a maravilha da absolvição.
Desista dos calmantes, eles também não funcionam. Trazem apenas o engano do alívio imediato; enquanto nossos ossos continuam no caminho que faz deles cada vez mais tortos... e nosso olhar, ai, nosso olhar! Quanta tristeza bóia sobre os olhos de quem padece de mágoa! Quanta tristeza pela beleza da vida que não foi vista (e muitas vezes nem sequer imaginada...). Quanta tristeza pela paisagem que foi sempre a mesma, aquela cena um milhão de vezes revista, aquela cena que deu origem à mágoa!
Beba deste santo remédio, que é o perdão profundo e verdadeiro, aquele que vem da menor e mais fina artéria do seu coração; aquele que nasce autêntico (e tão forte, e tão viril) lá do fundo da sua vontade; aquele que brota tão naturalmente quanto um botão de rosa no seu jardim imaginário.
Beba até a última gota sem esperar ser compreendido ou aceito, sem esperar que o outro o perdoe também: você está livre, e isso já é sua recompensa.
Deixe que o gosto do perdão inspire suas palavras, que o ar invada esta casa triste que tem sido a sua vida, libere todos os bons sentimentos que aguardam, presos e ansiosos, por uma simples oportunidade diante da porta trancada que foi sempre a sua decisão.
E então respire leve... ganhe finalmente o mundo, descanse à sombra de sua liberdade... viva em plenitude a maior prova de amor aos outros e a si mesmo: a maravilha da absolvição.
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