sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

O rabino Henry Sobel me ensinou sobre o perdão

Já que andamos falando de perdão por estes dias, lembrei de um lance que vale a pena contar. Tive duas oportunidades de entrevistar o rabino Henry Sobel, a quem admiro muito, por ser ele defensor da paz e dos direitos humanos. Na primeira vez, pra uma matéria sobre o perdão, na revista Marie Claire, tive a sorte de ouvir a seguinte história, que ele aprendeu na infância, contada por seu pai:

"O rabino chefe da Cracóvia, importante cidade polonesa, viajava de trem para Varsóvia e estava sentado na cabine lendo um livro. Repentinamente, entraram três vagabundos e começaram a jogar cartas. Convidaram o rabino para se juntar a eles, mas o rabino recusou. Um dos vagabundos levantou-se e jogou o rabino para fora da cabine. E o rabino ficou de pé, no corredor, até chegar ao seu destino. Quando os passageiros desembarcavam em Varsóvia, viram uma grande comitiva esperando o rabino. Então, o vagabundo, o mais agressivo deles, reparou que o rabino era alguém de grande valor. Pediu perdão. Mas o rabino recusou-se terminantemente a perdoá-lo.

-- Mas rabino, perdoar é humano! Eu não sabia que era o senhor!

Ao que o rabino respondeu:

-- Justamente por isso não posso perdoá-lo. Você pensou que eu era outro. Pede então perdão ao outro, porque eu não fui sua vítima."

3 comentários:

  1. Me fez lembrar a atitude de uma diretora de colégio quando uma auxiliar lhe contou que uma aluna denunciara a colega que fumava no banheiro. A diretora disse que o mesmo castigo deveria ser aplicado às duas, na fumante e na delatora.

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  2. Nossa! Esse rabino é muito diferente...

    Monica.

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  3. Da entrevista brilhante (Henry Sobel e a liberdade que existe no erro) destaco dois pontos cardeais:
    Perdoar não é esquecer (há muitos anos penso assim e até já postei algo muito similar em comentário anterior, no seu blog, em post seu sobre o perdão).
    O segundo é: talvez um dia eu
    mude os outros, mas nem
    por isso vou deixar os outros
    me mudarem.

    Quanto à resposta que ele deu ao vagabundo, antológica é o mínimo que posso dizer e impensável ou inusitada ou inaugural, além de inesquecível concluo reconhecendo o enorme brilhantismo ou senso de oportunidade histórica deste rabino ímpar.
    Quando eu crescer quero ter esta invejável e mordaz presença de espírito.
    Abração e beijão procê!

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