segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Nossa Senhora Aparecida está branca na Cinelândia

Tive o privilégio de um encontro com Leonardo da Vinci, Michelangelo, Caravaggio e Bernini, gênios imortais das artes plásticas italianas, trazidos ao Brasilzão pela onda da Jornada Mundial da Juventude. Foi lá no Museu Nacional de Belas Artes, onde até dia 13 está a exposição “A herança do sagrado – obras-primas do Vaticano e de museus italianos”. Pena que não pude tomar um cafezinho, porque a cafeteria do dito museu... fechou! Mas como é que um museu como este não tem cafeteria nem lojinha?! Será por falta de público? Ou por falta de vontade política? Acho que vou organizar uma passeata na Cinelândia só pra reclamar.

Deixando de lado o café, que fui apreciar no museu vizinho, tive o prazer de conhecer Guercino, de quem jamais havia ouvido falar. E foi ele, Guercino, quem me tirou lágrimas dos olhos quando mirei a obra-prima “O filho pródigo”:



Em seguida entendi melhor a “Pietá” de Michelangelo, cujo original já tive a chance de observar de longe, lá no Vaticano, onde o público só pode chegar a alguns metros de distância, por razões de segurança. Aqui, pertinho dela, pude ver a maternidade em sua essência: Nossa Senhora é mais ou menos o dobro do tamanho de Jesus, talvez a simbologia de que, para as mães, os filhos são sempre pequeninos. Ele, embora morto, parece dormir em seu colo, enquanto que Ela transmite em seu rosto uma serenidade que só aqueles que não creem na morte são capazes de ter. Nossa Senhora é, afinal de contas, uma mulher de fé.




Gostaria de ter, na sala da minha casa, esta imagem tão doce de Nossa Senhora Aparecida, aí abaixo... embora não creia na explicação ao lado do quadro, que diz que a Dita Cuja era (provavelmente) branquinha da Silva  antes de ficar tanto tempo sob as águas... não sei de onde saiu esta explicação, mas nem me interessa (perdoem-me os cientistas e os estudiosos... será que ficou lívida diante do que tem visto no Rio de Janeiro?!).
Well... prefiro crer que a Aparecida tenha, como seu nome diz, “aparecido” milagrosamente na rede do pescador. E quer saber? Acho que quem acredita neste papo de “Aparecida branca” tem um pezinho no racismo e não crê em milagres. Mas em respeito à licença poética, rendo-me à beleza da pintura na qual Nossa Senhora, seja preta ou branca, reina absoluta como mãe de gente de todas as cores e de todas as procedências, neste grande milagre que é a vida humana.

3 comentários:

  1. Sem duvida e exposição é imperdível, até para ateus que gostem de arte. Quanto à cor da Aparecida, com todo respeito e consideração à crença da talentosa blogueira , há versões bem interessantes para os mais curiosos, digamos assim.

    A imagem da santa , de cor preta, tem sido objeto de comentários … Na verdade, o fenômeno se explica bem pela longa permanência da estátua dentro da água do rio. Na época da descoberta o fato não deve ter tido a repercussão e importância que hoje lhe querem atribuir.

    O criador o Aparecidismo foi o vigário José Alves Vilela, da seguinte forma:(...) e, jubilosos e na sua crença ingênua, os pescadores mostraram ao padre, misturado na comitiva do Governador, a imagem aparecida na rede.

    Enternecido o vigário pelo sucesso do seu empreendimento, pois ninguém soubera e nem desconfiara de sua ida durante a madrugada ao Portao de Itaguassú para deixar nas águas aquela imagem, despejava suas expressões religiosas e deslambidas acentuando o "fator milagre" daquela descoberta.

    A imagem retirada das águas do rio Paraíba em 1717 mede quarenta centímetros de altura e é de terracota, ou seja, argila. Em estilo seiscentista, como atestado por diversos especialistas que a analisaram ,acredita-se que originalmente apresentaria uma policromia, como era costume à época, embora não haja documentação que comprove tal suspeita. A argila utilizada para a confecção da imagem é oriunda da região de Santana do Parnaíba, na Grande São Paulo. Quando recolhida pelos pescadores, estava sem a policromia original, devido ao longo período em que esteve submersa nas águas do rio. A cor de canela que apresenta hoje deve-se à exposição secular à fuligem produzida pelas chamas das velas, lamparinas e candeeiros, acesas por seus devotos.

    Através de estudos comparativos, a autoria da imagem foi atribuída ao frei Agostinho de Jesus, um monge de São Paulo conhecido por sua habilidade artística na confecção de imagens sacras. O motivo pelo qual a imagem se encontrava no fundo do rio Paraíba é que, durante o período colonial, as imagens sacras de terracota eram jogadas em rios ou enterradas quando quebradas.
    Santé , axé e salve a Padroeira do Brasil!!
    Marcos Lúcio

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  2. Marcos Lucio, e por esta razao que eu te admiro e gosto dos seus comentarios .... sempre acrescentando em suas pesquisas .... Bravo !

    Felicidades,

    Gilda Bose

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  3. Obrigado pela habitual gentileza/ cordialidade...querida Diretora do C.P.A.F.S. Na verdade admiramos coisas e pessoas que possuem algum tipo de afinidade conosco e repelimos/odiamos por motivo similar. Em caso positivo, é o nosso lado luz... em caso negativo é o nosso lado sombra (quase sempre ignorado/desconhecido...e todos o possuímos em certa -ou grande?- medida). Desnecessário dizer que, p.ex., se somos intolerantes às guerras e/ou violência, significa que ainda possuímos bom senso de acordo com o nosso salutar lado luz.
    Abração procê + alegrias , santé e axé!!!
    O humilde presidente.

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