A casa, repentina, se apequena;
paredes alvas tornam-se castanhas
e da janela vejo a noite antes da hora.
Faço um poema, penso em ir embora
mas onde for serei a mesma,
uma estranha.
A casa faz-se outra sem aviso:
pequena é, mínima se torna;
É o silêncio que devora as traças
das tantas dores que onde for, não lanço fora.
(Fernanda Dannemann)
Mais um belo cometimento seu.Por um outro viés, remeteu-me, imediatamente, à pouco lida e fabulosa escritora Hilda Hilst, em seu excelente e ousado livro "Tu não te moves de ti":
ResponderExcluir"Pra onde vão os trens, meu pai? Para Mahal, Tamí, para Camirí, espaços no mapa, e depois o pai ria: também pra lugar algum meu filho, tu podes ir e ainda que se mova o trem, tu não te moves de ti".
Na verdade, os personagens destas três extraordinárias novelas se movem ilusória e imaginariamente apenas na linguagem. Não conseguem se mover na vida real...fato que acontece, desde sempre, com a maioria absoluta das pessoas por uma suposta zona de "conforto" ou por medo do novo, ou conformismo, ou imaturidade, ou covardia, ou repetindo modelos equivocados de comportamento apreendidos na infância, ou, ou... "E la nave va..."
Santé e axé!