segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

O silêncio nos dias

Peço perdão aos amigos do blog pelo silêncio de semanas.

Talvez eu estivesse mudando a plumagem. Ou de estação: silenciei de repente, um vazio interno e abissal, uma falta do que pensar e dizer. Então não pensei e nem disse.

Deixei-me levar pelo silêncio como se fosse um rio, daqueles bem tranquilos, em pleno verão tropical. Boiando sobre ele, deslizei pelos dias numa frugal ausência de palavras. Foi quase meditação. Foi quase transcendência.

Já nasci feita de palavras. Como se frases cobrissem os ossos e, dentro das veias, corressem rimas. E a minha alma, a alma sempre molhada, que voa presa ao varal... a minha alma é de sentido!

Mas até quem é feito de palavras é também feito de silêncios, de pausas, de nada a declarar.

Então às vezes me calo, encho a boca de reticências e é como se um sono de princesa amaldiçoada se deitasse sobre mim.

Durmo. Espero. Deixo passar o vazio interno, esta necessidade de estar só como em um salão de baile sem orquestra ou convidados... apenas a voz do pensamento vago, errante, disperso: um encontro de dias entre mim e minha consciência, esta que se achega repentina e exige tempo, exige calma, exige mesmo a sabedoria da qual não disponho.

É o silêncio que faz pensar no que jamais pensamos, porque maltrata, fere, exige, impõe.

Um silêncio que toma tudo; a casa, nas tardes abafadas. O quarto, nas noites vagarosas. O fim de ano, com suas cores falsas.

Até que um dia as palavras brotam, lentamente, ou o desejo simples de dizê-las... como se ali, do outro lado da janela, o meu jardim anunciasse a primavera.



4 comentários:

  1. A talentosa abelha blogueira, pelo tempo que não voou, produziu, em contrapartida, um excelente texto.Acredito convictamente nas reflexões (que considero os melhores lavamentos de almas)e nas fundamentais pausas. Faço minhas, então, as palavras sapientíssimas, neste excerto do rabino Nilton Bonder, a seguir:

    "Muito além de uma proposta trabalhista, entendemos a pausa como fundamental para a saúde de tudo o que é vivo.

    A noite é pausa, o inverno é pausa, mesmo a morte é pausa. Onde não há pausa, a vida lentamente se extingue.

    As paradas estão por toda a caminhada e por todo o processo. Sem acostamento, a vida parece fluir mais rápida e eficiente, mas ao custo fóbico de uma paisagem que passa. O futuro é tão rápido que se confunde com o presente.

    Parar não é interromper. Muitas vezes continuar é que é uma interrupção. O dia de não trabalhar não é o dia de se distrair literalmente, ficar desatento. É um dia de atenção, de ser atencioso consigo e com sua vida.A pausa é que traz a surpresa e não o que vem depois. A pausa é que dá sentido à caminhada.

    A prática espiritual deste milênio será viver as pausas. Não haverá maior sábio do que aquele que souber quando algo terminou e quando algo vai começar."

    Santé e axé!

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  2. Adoooorrro o Rabino Bonder. E estava com saudades destes pitacos... kkkk

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  3. Fernanda,

    Peco desculpas, pois nao tinha lido seu post, impecavel..... um poema ...... do qual A DO REI !!!!!!
    Realmente voce nasceu feita de palavras ......lindo ....... e todos nos temos a fera dentro de si,.....(como voce mostra na foto), do qual muitas vezes precisamos de nos silenciar ...... e aprender a observar .......a tudo que esta acontecendo ao nosso redor. Feliz daquele que se sente confortavel de ficar em silencio consigo mesmo (a).....

    Beijos

    Felicidades,

    Gilda Bose.

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  4. Vou te ajudar dessa vez:
    Visões
    Essa noite passada tive uma visão de um grande pedaço da minha vida.
    Tenho tido lapsos de visões em sonhos e também quando me ponho a pensar. Minha vida volta em visões ao passado e vi como num filme: Vi de novo o dia em que machuquei bastante meu dedão do pé quando pulei para dar uma tapa numa placa de propaganda numa calçada da minha cidade de origem. No pulo acabei batendo o dedão numa quina da calçada e o estrago foi grande. Isto foi o que me lembrei agora e meus filmes têm sido bem grandes.
    Na minha vida, nada foi extraordinário e as vidas são assim, sem importância maior na medida em que não avançamos em relação a DEUS. Vivemos num tempo em que o melhor é o mais caro. Mai caro é que tem valor e a simplicidade virou sinônimo de fracasso. Nesse tempo não é mais preciso DEUS. DEUS é coisa do passado, ultrapassado e agora tudo se pode produzir, comprar e vender. Não interessa ao futuro da humanidade, nada que não seja prazer e conforto. Não interessa pensar e não interessa a invisibilidade imediata de DEUS. As TVs, de telas cada vez maiores ensinam as melhores traições e libertinagens além de qualquer imaginação e por fim, concluo que a palavra libertinagem já é ultrapassada, pois o sexo em prodígios, agora depende de instrumentos modernos de locomoção e comunicação.
    Como entender que não há nada de extraordinário nestas vidas tão modernas? É simples: Entrega a DEUS a sua vida e passe a estudar a Palavra de DEUS. A Bíblia é o nosso primeiro refúgio contra o mau.
    O mundo transformou-se numa máquina descomunal dirigida pelo poder do capital e segue numa velocidade imensa em direção ao fim do estoque. Países do oriente produtores de petróleo estão com seus estoques praticamente esgotados e seus povos, em revolta invadem a Europa, ainda de modo ‘pacificado’. Mais: O meio ambiente não permite mais o aumento sistemático da temperatura global e... Em que pensar? Pensar que vamos indo bem? Pensar que vamos controlar a temperatura? Ah! Algumas pessoas pensam logo em ar condicionado nas suas casas, como se o assunto fosse de tão pequena importância. É o medo, o pavor do Apocalipse. Intuitivamente sabemos que o nosso fim, não é simplesmente a nossa morte. O nosso fim ainda será continuado e isto povoa a cabeça mais perversa. Povoa todas as cabeças da humanidade, porque quanto menos sabemos a respeito de DEUS e o Seu verdadeiro poder, mais em dúvida ficam os aflitos desconfortados em suas vidas ocas,... Sem propósito.
    Os amigos que “tenho”, são muito mais amigos de seus bens materiais do que qualquer outra coisa e desafio a qualquer um deles a me provar ao contrário. Mal sabem eles que não é preciso montar uma banqueta numa esquina e sair doando o que têm, porém nessa mesma banqueta, meus amigos poderiam sim enriquecer para sempre, se ao contrário de doar, pedissem para si o conforto de DEUS. A humildade é um dos segredos desse negócio. Pedir, para eles, os meus amigos, atinge em cheio o seu orgulho, sua invulnerável situação financeira e isto é impossível para eles, mesmo sabendo o que lhes espera diante de DEUS. Julgo que ficar rico é uma condenação e talvez o maior desafio do ser humano. Melhor é ter um provento que nos conforte e desdobrar o conhecimento que chega em ondas, nas leituras e palestras. O rico, que olha de um envidraçado qualquer o miserável passar vira a face ‘ofendido’ porque o seu campo de visão foi contaminado pela passagem daquele. O rico, por essas e outras razões acaba investindo em seu próprio campo de visão, com muros altos e soberbos para simplesmente manter o mais longe possível, àquele que o ameaça com a grande realidade humana. Qual é essa grande realidade humana? É o caminho na direção de DEUS. O caminho é um caminho maravilhoso de se trilhar, porém requer amar a DEUS, seguir Seus preceitos e ordens contra o mau.

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