domingo, 31 de julho de 2016

Um trem para Viena

 
 
Comprados os bilhetes ainda no Brasil, pela Internet, estávamos tranquilinhos da Silva rumo à nossa próxima parada: a cidade de Freud, de Mozart, de Klimt, da Sissi e das mil-folhas de creme mais deliciosas do planeta. Tudo na santa paz de Deus, os bilhetes marcados para 10 da manhã indicavam uma parada em algum lugar do meio do caminho, que não entendemos muito bem. Embora devessem ser quatro (dois para o primeiro trecho, e dois para o segundo), somavam apenas três, sendo um deles sem nome de qualquer passageiro.

Na estação central de Veneza, Santa Lucia, descobrimos que precisávamos chegar (de trem urbano) à cidade de Mestre, de onde seguiríamos de ônibus até a fronteira da Itália com a Áustria, num trajeto de aproximadamente quatro horas. E somente lá, na fronteira, pegar o tal do trem rumo a Viena.
Chegando a Mestre, a dificuldade foi encontrar o lugar onde pegar o ônibus, pois não há uma estação. Você desce do trem e segue para uma rua ao lado na qual ônibus que vão para os mais diferentes destinos dão uma breve paradinha, na calçada da direita e na da esquerda, para que os passageiros subam. Para quem está acostumado deve ser moleza... mas para turistas novos, é uma doideira total. Qual o lado certo da rua?  Eu diria que a possibilidade de perder o ônibus, é imensa.
 
Por sorte, encontramos em algum ponto da rua, esta pequena plaquinha, que nos salvou.
 
 
O trajeto leva o tempo quase exato para chegar à estação de trem da fronteira. Nós chegamos dez minutos antes da partida.

 
 
O caminho para Viena é monótono, passando por pequenas vilas povoadas por trabalhadores em fábricas locais. A paisagem lembra as velhas embalagens de chocolate, que mostram um campo verde com casinhas ao fundo e vacas pastando, sabe como?


Na chegada, o trem nos deixa em um moderna estação que conta também com ônibus, metrô e bondes, de onde é muito fácil chegar a qualquer ponto da cidade. Foi ali, no momento da compra dos bilhetes de metrô, que conhecemos o Daniel, o primeiro cidadão, entre muitos, que demonstraram uma gentileza tremenda em lidar com turistas.
Viena é uma lindeza de cidade, com um povo gentilíssimo e acolhedor e farta de prazeres para a alma.  Aguaaaaaaardem...

segunda-feira, 25 de julho de 2016

As irmãs Murano e Burano

Enquanto o vaporetto singra pelas águas azuis (do verão) rumo a Murano, a gente vê que o mar, nas imediações de Veneza, foi transformado em autopista, todo demarcado por estacas de madeira que delimitam as diferentes pistas por onde circulam lanchas de todos os tamanhos.

Quando nos aproximamos da famosa Murano, o que vemos primeiro é esta imagem, onde está o ponto inicial do vaporetto na ilha:


Mas a dica é descer no ponto do Farol, onde está o buxixo (e de onde tornaremos a pegar o vaporetto para seguir para Burano):


Confesso que eu esperava algo bem diferente do que encontrei. Por tudo o que já havia visto sobre Murano em documentários de TV, imaginava um local cheio de artistas e ateliês, onde a gente pudesse ver, in loco, o trabalho do famoso vidro que dá nome à ilha, e adquirir uma bela peça para decorar a casa e lembrar da viagem.
Uma ilha que tivesse bons restaurantes, pra gente comer uma legítima refeição italiana, com um vinho bom e barato, e um queijo que derretesse na boca...

Mas infelizmente não é nada disso. Murano é uma ilhota cheia de lojinhas para turistas, com artigos caros e, na minha opinião, bregas. Não há restaurantes nem cafés na cidade. Enfim... um passeio frustrante, que faz a gente lamentar ter deixado Veneza para trás. Tem,  é claro, seus encantos, e um povo simpático, mas isso é o mínimo, não é mesmo?




E então seguimos para Burano, que é, sem dúvida, mais encantadora e mais bem cuidada que a irmã mais famosa devido ao vidro que a nomeia.  Aqui, pode-se  comprar peças de renda confeccionadas por senhoras que costuram nas próprias lojinhas,  máscaras de todos os tipos, e também incontáveis artigos de murano (de decoração ou bijuterias muito finas). Os preços variam, mas em geral é tudo muito caro.  Você está em Burano, meu bem, os artigos vêm com selo garantindo sua origem. Vai querer pechinchar? Lamento... não vai rolar...






Claro que vale a pena ir a Murano e Burano uma vez na vida, para conhecer. Mas ao menos em mim, ficou aquele lamento íntimo de ter deixado Veneza para trás. Coisa que, te garanto... não farei nunca mais...

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Museu Guggenheim de Veneza

A entrada parece tudo, menos de museu.


Mas a gente nota, nos detalhes, que a moradora tinha um bom-gosto bem peculiar. Saca só esse portão! Estiloso, hein?



E quando você chega ao jardim, encontra as primeiras obras de arte, espalhadas ao relento... todas bem diferentes entre si, mas que formam um belo conjunto...

 
 

Neste trono eu não resisti... e me sentei! (Não falei que Veneza tem alguma coisa de Game of Thrones?)


O jardim é lindo e grande, dá vontade de ficar horas sentado por ali, vendo o tempo passar. E muita gente faz isso mesmo. Mas então a gente resolve entrar na casa onde onde a mecenas Peggy Guggenheim vivia, quando estava em Veneza, e que depois foi transformada em museu. E que hoje guarda obras dos mais diversos tipos, mas que marcaram uma época.







A casa também guarda obras de artistas como Dalí, Chagall, Kandinsky, Pollock, Miró... e outros que eu não conheço, mas que são uma beleza de se ver. E vai além, em uma façanha notável: tem o único quadro feio que Picasso deve ter pintado na vida.  É este aí abaixo:


Mas o Miró é lindo:


E olha a sala que o Pollock ganhou, todinha para ele...


Minha câmera não é "profissa"... será que você consegue ver a textura dessa pintura?


E a casa segue... com uma exposição de móveis e com a varanda onde Peggy tinha o prazer de observar o Gran Canale e tomar chá com os amigos. E onde, claro, ela aproveitou o espaço para colocar outras peças de obras de arte.



A casa, aliás, tem aquela característica que eu gosto: ela, em si, faz parte do show. É uma atração também. Grandes janelas e portas permitem que a luz natural ilumine tudo. Janelas de diferentes formatos e cores nos deixam ver o exterior, sempre em mutação e formando novas paisagens.




E então eis que me deparo com o quadro que mais gosto do meu querido René Magritte: "L`Empire des Lumières". Fiquei tão excitada que dancei em frente à tela, e meu co-piloto capturou o momento com sua câmera. Taí pra vocês!


Além de um espaço para exposições de novos artistas, o museu tem também um café delicioso e uma lojinha encantadora, detalhes fundamentais!



Depois de passar algumas horas agradabilíssimas ali, encontrei na saída um banco no qual estavam gravadas as seguintes palavras:

terça-feira, 19 de julho de 2016

Veneza outra vez

 
 
Eu poderia  começar este post dizendo que Veneza é uma beleza... mas como tenho imaginação, vou dizer apenas que estar no mundo maravilhoso dos canais é como penetrar em um cenário de Game of Thrones, saca? É como se, a qualquer momento, Jon Snow fosse aparecer do nada, com seu exército, dobrando uma ruela, ou a gente fosse se deparar com um dragão da Daenerys voando pelo céu. É isso! Veneza é simplesmente mágica.

Não à toa, caio no choro várias vezes andando pela cidade. Que é boa de ser visitada no verão, mas quando o calor ainda está ameno, de preferência, e as águas estão azuis. Nada de casaco, só um chapéu na cabeça para se proteger do sol que brilha no céu até às dez da noite, e a cidade fervilha de gente de todas as idades e do mundo inteiro. Uma alegria só!




Na cidade tão cheia de detalhes, o melhor programa sem dúvida é caminhar, e caminhar muito. Perder-se pela cidade, de preferência com um mapa de papel, porque o Google Map por ali tem hora que fica meio doido e deixa a gente na mão. Tive a experiência de me perder à noite e confesso que, por viver no Rio de Janeiro, fiquei com medo de ser assaltada ou esfaqueada em alguma viela. Perder-se em Veneza, na escuridão da noite, é literalmente estar em um labirinto.Tétrico. Mas à luz do dia, é uma delícia! Maravilha olhar o povo, os canais, as lojas, os restaurantes...




Uma boa dica para se movimentar pela cidade é ter em mente a Praça San Marco como ponto central, e saber que Rialto fica para um lado e Academia para o lado oposto.


E olhar tudo, porque cada prédio é cheio de minúcias que são verdadeiro deleite para os olhos. Pra você ter uma ideia, eu tinha certeza que os dois aí abaixo, de tão imóveis, eram uma escultura, até que um deles voou, e eu levei um susto...


Olha as campainhas! Não são um luxo?


Passear de gôngola? Acho meio brega. Além de caríssimo. Prefiro olhar o povo, (e em geral quem opta pelo passeio de gôndola são os orientais, que aliás sobram por lá, carregando sacolas de grife, dando suas voltas pelos canais da cidade). E é curioso ver o engarrafamento nas águas, e os estacionamentos. E por falar nisso, Veneza é muito fácil de se locomover. Desta vez tivemos mais tempo para compreender que o vaporetto atua como metrô, e vale demais a pena, para quem quer conhecer bem a cidade, comprar o bilhete para vários dias e circular de uma área para outra através dele. É barato e menos cansativo.



Olha a polícia aê, genteeeeee... (não, não era um policial de verdade, mas um ator que trabalhava em uma filmagem. E igualzinho aqui no Brasil, juntou caipira pra ficar olhando, inclusive eu. A princípio achei que era de verdade, até que o homem empunhou uma lata de cerveja. Mas o fato é que a polícia lá trabalha assim, a bordo de uma lancha. Chique, hein?).


Pode-se comer bem na cidade sem gastar demais, há restaurantes para todos os bolsos, e o velho macarrão impera. Sem falar que é a cidade de Vivaldi, e a gente desfruta de consertos maravilhosos do compositor, em igrejas transformadas em museus ou teatros. Vale demais a pena!

 
 
Mas se há um programa simplesmente imperdível em Veneza, é conhecer a casa de Peggy Guggenheim, transformada em museu, e que tornou-se o meu preferido, entre todos os que conheci até o momento. Imperdível! Mas isso é papo para o próximo post!