Minha vida já deu guinadas tão inacreditáveis que passei a respeitar um pouco mais os roteiros rocambolescos das novelas. E, quanto mais me abro às mudanças de rumo, às possibilidades (ainda que remotas) e até mesmo aos sonhos impossíveis, percebo que novas guinadas podem vir a acontecer __ou a murchar__ como se fossem ondas no mar. Inclusive porque desistir é uma arte e faz parte da vida tanto quanto lutar.
Acho que é uma conseqüência natural: a gente se abre pra vida, a vida vem.
Houve uma época em que eu tinha todo o futuro esquematizado na cabeça, mas o tempo foi passando enquanto a realidade parecia me empurrar para outros caminhos, porque por mais que eu me esforçasse, aquele roteiro que eu tinha traçado para mim estava longe de se concretizar. Um dia, entendi que ela, a vida, tem mais imaginação que eu. E aceitei que precisava aprender a “deixar pra trás”.
Amizades infrutíferas, sonhos ou projetos que não se realizam, amores que não evoluem, carreiras que não alavancam, convivências impossíveis, promessas que não se concretizam...
Aprenda a deixar para trás. Aceite que, talvez, seu destino esteja em outro lugar... sem deixar-se cair na armadilha de crer no "destino traçado", porque aí se esconde o perigo de, simplesmente, não agir, não buscar, não desistir, não partir pra outra. Mas é preciso reconhecer que, da mesma maneira que algumas coisas parecem fazer uma força danada para acontecer, outras... não acontecem! Em alguns casos, portanto, desistir pode ser uma atitude sábia, em vez de covarde. E que exige muita força, porque desistir dói.
Mas entenda que o desapego, muitas vezes, é a melhor alternativa, inclusive para que a vida flua, em vez de tornar-se cada vez mais estéril ou frustrante. Deixar para trás nos liberta e nos abre portas inimagináveis para destinos que, antes, nos pareceriam impossíveis.
Aprenda a seguir adiante, e com as mãos vazias, para que possa enchê-las de novo...
Novas amizades, nova carreira, novos sonhos, relacionamentos, oportunidades e todo o resto que faz a vida ser maravilhosa estão ao nosso alcance por toda parte, mas às vezes a gente precisa, antes de estender a mão e agarrar o “novo”, fazer uma reforma íntima e ajustar o foco do nosso olhar sobre nós mesmos: abrir o coração e a vontade para receber o dia e o que ele trouxer na bagagem e usar a inteligência para entender que, para mudar as coisas e o rumo dos acontecimentos, temos antes que mudar a nossa cabeça e desprogramar aquelas ações e reações destrutivas que trazemos gravadas em nós, sem que nos demos conta:
“Eu não mereço”. “É demais pra mim”. “Não pode ser verdade”. “Ah, se eu pudesse...” “Não consigo”. “Felicidade é para os outros”. “Fulano é fdp”. “A vida é dura”. “O ser humano é mau”. “Desconfie sempre”.
Temos que nos desarmar porque não estamos em combate com a vida: ela de um lado no ringue, e nós do outro, lutando para impor nossa vontade diante de um inimigo perigoso de modo que não precisemos desistir de nada.
Sei que não é fácil mudar nosso olhar e nosso comportamento, ou deixar de brigar com a vida e com as pessoas. Mas só assim conseguimos de fato abrir mão do que não frutifica, por mais que nos pareça impossível, e mudar o plantio, cultivar outro futuro.
Viver um namoro com o tempo, com o mundo. Deixar pra trás o lema de que a vida é uma batalha.
A gente tem que abraçar a vida e fazer amor com ela.
Abrace e beije a vida, pra que ela te abrace e te beije de volta!
Parabens Fernanda Dannemann, por estar com sasa nova. Eu adoro tudo que vc escreve . Alias eu adoro ler e comentar depois. E vc eu acho maravilhosa, pq seus temas são sempre bem atuais e de facil entendimentos para todos. Isso e o que nos importa. Ler, gostar e saber entender. Abraços para vc. Vou continuar sendo sua fã.
ResponderExcluirDesculpe, pensei que vc havia mudado de endereço pra se livrar de mim. Se foi, vai ter que mudar-se novamente.
ResponderExcluirFernanda, os assuntos "chutar o balde" e "Saber desistir é uma arte", da maneira como vc colocou, tem correlação. No primeiro vc cita "Um dia de fúria", filme que também gostei. Nele, o personagem principal, é americano branco, protestante, corretinho, engenheiro bélico (lembra? no filme ele está desempregado porque acabou a guerra do Vietnã e ele ficou sem função), cabelinho escovinha, lembra a música boxes (letra de Nara Leão: "Uma caixa/ bem na praça/ uma caixa bem quadradinha/... tic tac...jogam golf/ etc). Como disse acabou a guerra e ele foi descartado pela sociedade que abraçou sem nunca questionar. Sem renda, tem uma esposa desesperada e uma filha assustada... e, um carro velho (um horror pra um americano). Dai que tudo aquilo que ele suportou durante a vida e estava represado, rompeu-se... e ele até tinha razão em rebelar-se... mas não faz de modo civilizado. Do outro lado, o policial que o caça, tem uma esposa chata, que cobra a sua aposentadoria, pra que ele tenha mais tempo pra ela. Ela a todo momento o chama pra enquadra-se, pra deixar de ser ele, pra se tornar uma outra pessoa. No filme, são dois personagem extremos. O policial desiste da aposentadoria. Ele ensina a desistir. Desistindo torna-se mais ele próprio. Temos que aprender a desistir... como direi? ... "ouvir a voz da natureza"... o nosso interior... o que é melhor pra nós.
Ótimo blog, ótima arte, continue assim.... espero ter elogiado. Como todo mundo, vc gosta de um elogio, como eu também gosto... consigo até viver uma semana com um bom elogio... depois preciso de um novo. Um anbraço. (Sidney - desculpe, preciso aprender essas coisas da internet))
Bernadette e Sidney! Que bom que vocês vieram, a porta da casa estará sempre aberta! Obrigada e abraços!
ResponderExcluirEu também vim!
ResponderExcluirEU"MEIRE" APRENDIR AMAR VC FERNANDA, COM O MEU AMOR SERGIO PATAKI.SUA COLUNA É ABSOLUTA. E NUS FASEM REFLETIR SEMPRE,PARABÉNS QUE DEUS ILUMINE SEUS PENSAMENTOS!!!
ResponderExcluirMuito bonito. Mas um pouco difícil de fazer comentários. (Vou Contigo)
ResponderExcluirExcelente!
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