domingo, 14 de agosto de 2011
Eu não sou Will Smith !!!
Várias pessoas já me disseram, com ares de saudosismo ou frustração, que “todos os amigos de verdade a gente encontra na infância”... porque depois disso o ser humano fica ruim demais para fazer amigos.
Não sei da sua infância, caro Leitor, mas no caso da minha, salvo umas três ou quatro amiguinhas, com as quais perdi contato, o resto, confesso, era um bando de coisinhas horrorosas, do tipo comum que a gente mais encontra vida afora.
Não, a infância não é um mar de rosas, e quem acredita que toda criança é um anjo realmente não entende nada de crianças. Muitas são, simplesmente, do mal: cruéis, debochadas, insolentes, egoístas, opressoras, manipuladoras e invejosas. Estão aí os professores, para atestar o que digo.
A questão é que, desde a barriga da mãe, já somos o que de fato seremos por toda a vida. Alguém aí já leu aquela história incrível do Machado, “Esaú e Jacó”, os gêmeos que quase saíram no tapa em plena gestação?
Pra piorar a situação, além de desconfiada e exigente que sou (será a mineirice?) ainda me meti com uma profissão que favorece o contato com o que o que há de pior no ser humano, seja entre os colegas ou entre as histórias que acabamos assistindo diariamente. Resultado: em um quadro destes, o indivíduo começa, realmente, a crer que o mundo só tem fdp.
Foi triste, mas vivi assim durante anos: para onde quer que olhasse, estava lá um coisa horrorosa, pronto para dar o bote.
Desisti da melhor oportunidade profissional que tive justamente por causa disso. Rompi “amizades”, risquei alguns parentes do meu caderninho, cortei pela raiz possíveis roteiros amorosos... tudo para evitar os fdps.
Então aconteceu o lance cinematográfico: em um curto espaço de tempo, quase todos os meus amigos de verdade (que eram uma meia-dúzia de três ou quatro), estavam mortos. Restou-me apenas uma, para contar a história. Aos trinta e poucos, me vi em uma solidão tão absoluta e concreta, que adoeci de corpo e alma.
Realmente acredito que o pior da pobreza nada tenha a ver com dinheiro, porque este foi um momento de pobreza financeira e afetiva, e o que mais me doeu e assustou foi a consciência de estar só no mundo, este mundo que, para piorar tudo, só tinha fdps! Me senti o próprio Will Smith naquele filme de terror, “Eu sou a lenda”... sozinha em um mundo povoado por zumbis. Por sorte sou da vida, caso contrário teria pulado da ponte Rio-Niterói...
Então resolvi mudar meu foco. Os livros que lia, os filmes que via, os pensamentos que alimentava. Cortei as manchetes de jornal e a TV e, por isso, tive que buscar um outro tipo de jornalismo. Voltei para o consultório do analista, para encontrar alguma coisa boa dentro de mim mesma e tentar jogar fora o que não prestava. E, como tão bem aconselha o Frejat, deixei de passar a mão na cabeça de quem me sacaneava.
Já se passaram alguns anos, e vejo que os fdps continuam por aí. A diferença é que agora consigo ver que o mundo também tem muita gente boa, e que elas estão por toda parte: aqui mesmo, neste blog, volta e meia tenho boas surpresas.
O mundo está diferente, mas de fato mudou? Não. Quem mudou fui eu. E é aí que está o grande segredo de toda esta história.
Eu já não vivo mais assim!!!
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Só discordo quanto às crianças. Todas são do bem. O problema são sempre os adultos.
ResponderExcluirAcontece que quem apresenta o mundo para as crianças somos nós adultos. Criança até uma certa idade é uma esponjinha, quem vive próximo à ela é que vai influencia-la mais.
ResponderExcluirSergio.
Marcelo: Não! Índole difícil, diferente, com país incapazes de lidar com certas diferenças, país que não percebem, que julgam pelo foram julgados. O mundo sempre entrou pelas janelas e frestas e os país, não podem impedir o mundo. O mundo de hoje,... muito mais, como se sabe. Quando filhos são bebes, tudo é bonitinho e tal, quando crescem, palmadas, não são esquecidas e em muitos casos, procuram vingança inconsciente. Regra nº 1, não bata nas crianças. Crianças são seres humanos que já vêm com “vergonhometro” instalado Outro dia perguntei pra minha filha: __Já deu uma palmada na Xurupita (minha neta) Resposta: __Tá doido pai!
ResponderExcluirVou Contigo
ResponderExcluirAs pessoas já nascem o que são.
Mauro Pires de Amorim.
ResponderExcluirNão acho que você seja Will Smith! Penso que você não seja ariz ou ator, que por melhor que seja ao representar um papel, vivem essencialmente de representações ou esteriótipos. Imagino que você seja uma pessoa mais complexa, mais completa e mais inteira do que uma "fita banana" editada para duas horas de projeção, inclusive, com fins pecuniários inclusos.
É por isso que eu te considero, caso contrário, jamais gastaria meu parco tempo e palavras em conversas inúteis.
Mas como diz a velha história, é preciso ter a cabeça nas nuvens e até saber dos "pop stars", mas viver verdadeiramente é ter os pés no chão.
Felicidades e boas energias.
Até que provem o contrário, só se vive uma vez. E o pior é que não viemos ao mundo com um manual, logo a coisa é um pouco mais complicada do que parece. A palavra amigo hoje em dia está tão vulgarizado que para muitos basta dividir uma cerveja na mesa de bar que é o suficiente.... vai entender... no mais, acho que Renato Russo tinha razão quando dizia "...eu não sou daqui..." abraços, Jorge
ResponderExcluirPrezadíssima...assim mesmo, no superlativo absoluto sintético. Você tocou em duas questões, dentre outras, que me são caras...amizade e Machadinho (ou artes, de modo geral). Perdi, ainda jovem, de acidente, sem tempo para processar...meu melhor amigo e, provavelmente, a pessoa que mais amei.Se sobrevivi ao baque deve ser porque sou de escorpião (que dizem, renasce das cinzas, como Fênix) e, acredito mais ainda, pela sorte de possuir e saber cativar outros poucos amigos queridos, para onde desviei, parcialmente, as toneladas de afeto que não haviam sido despejadas no inesquecível. Tenho um dom, ou intuição, para fazer, ainda hoje, raros e fiéis amigos (de infância, não tenho nenhum, além de ter mudado de bairro e , depois, da cidade interiorana de Minas). Quem entendeu be, e poeticamente, a questão do mais importante da vida, após a saúde, foi Vinícius de Morais:"Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos".Sobre o bruxo do Cosme Velho, muito da sua admiração vem do fato da sua/nossa mineirice com sua salvadora desconfiança... pois é marca registrada deste que é um dos maiores escritores do mundo, nada afirmar sem, em seguida e intermediando, meter a dúvida ou a basal desconfiança, como prova de lucidez e maturidade, revelando assim, conflitos dissimulados e desejos não realizados, em seus imortais personagen esculpidos em letras de ouro.Raríssimos devassaram ou penetraram a alma humana com tamanha acuidada e exibiram-na tão pormenorizada e opulentamente. Sou dele, um devoto. Em Esaú e Jacó o determinismo demonstrado em seu lapidar axioma:
ResponderExcluir"A ocasião faz o furto; o ladrão nasce feito’, corrobora o que você pensa: "pau que nasce torto...torto morre" rsrs...Sobre a filhadaputagem, relaxe, ela é fato, porém, pessoas como nós -não podemos ser os únicos gente boa_ embora em menor quantidade, existem , equilibram e deixam o mundo, ate´em vantagem, pois um bem vale por infinitos males...a neurociência comprova que um pensamento elevado, positivo, tem mais poder que milhares daqueles outros muquiranas ou baixo astral. A prova é que o mundo ainda está de pé e bem melhor...apesar de... se somos para ele o exmplo da mudança que nele queremos ver ou se fazemos ao próximo o que conosco gostaríamos fosse feito.
Saúde, sorte, alegria, prazer, eternos aprendizados, paz e luz e abraço fortíssimo do Marcos Lúcio.
Fernanda,
ResponderExcluirO que é fundamental é que somos aquilo de que nos alimentamos. Quando pequenos, quem nos alimentam são os pais e podemos até não ser nenhum modelo de anjos, mas sempre há a possibilidade de um dia assumirmos as rédeas de nossas vidas e dicidirmos que tipo de gente queremos ser. Garanto que a maioria de nós, "seguidores" do Alma Lavada, queremos avaliar, decirdir e sermos felizes, nos esforçarmos para sermos melhores. Alguns estão mais próximos do objetivos, outros mais distantes, mas me parece que todo mundo aqui está buscando esta estrada comum. Cada um com seus passados, manias e convicções, mas tentando a árdua tarefa de nos reconstruirmos. Avançar é bom e quando percebemos que já não somos mais os mesmos de antes, isto é uma realização.
Ainda bem que você não é Will Smith e que você mudou e não vive mais daquele jeito. Sorte sua, resultado de esforço seu... parabéns !!
Marcos Lúcio... como sempre, seu comentário me faz perguntar quando é que vai nascer este blog. Machadinho é o meu preferido, claro, que também gosto muito do Eça. (Aliás, tenho que incluí-los no meu perfil!).E a frase do ladrão é um divisor de águas para mim: ela me explicou tudo sobre o mundo e a natureza humana. Quanto aos bons, graças a Deus descobri que eles existem, porque isso também mudou a minha vida. Abração!
ResponderExcluirFernanda,com todo respeito ao que vc citou aí no 3º parágrafo,eu posso não entender nada de criança (segundo vc)mas acredito de verdade,de verdade mesmo,que todas são anjos enviados por Deus para este planeta,que nós adultos estamos aos poucos matando... bjs.
ResponderExcluirMonica.
Mauro Pires de Amorim.
ResponderExcluirAcabei de ler pela imprensa, na internet, que o ator francês, Gérard Depardieu, urinou no corredor do avião, na frente de outros passageiros, durante um vôo que ia de Dublin, Irlanda para Paris, França. Pois bem, essa notícia, corrobora meu escrito anterior, pois corriqueiramente costumamos confundir as pessoas dos atores com os personagens que interpretam. Portanto se o ator interpreta um sujeito bom caráter, ético, engraçado e boa praça, imaginamos que sejam assim na vida real. Por outro lado, se interpretam o vilão, mau caráter, calhorda e asqueroso, imaginamos que sejam pessoas intragáveis na vida real. Mas tudo não passa de interpretação, movida principalmente, por polpudos cachês, nada tendo a ver com a real personalidade desses artistas na vida real. No caso da urinada de Gérard Depardieu no corredor do avião, segundo uma comissária de bordo, o ator estava visivelmente alcolizado, protagonizando uma cena lamentável e anti-social, só que essa protagonização, foi na vida real, mostrando o verdadeiro personagem Gérard Depardieu.
Felicidades e boas energias.
Fernandíssima...sentir-se lisonjeado por quem a gente admira e possui algumas afinidades eletivas (Nandinho, Machadinho e que tais...), sinceramente., é das melhores coisas deste mundico ao Deus dará ("e se Deus não dá, como é que vai ficar, ô nega...Deus é um cara gozador, adora brincadeira...salve o "Chique" Buarque...).Pois é, o blog, dele ainda não estou convencido da sua real necessidade, a não ser que receba algum convite ou tenha mais tempo/oportunidade...não está, contudo, descartado ou enterrado antes mesmo de abrir "os zoinho" rsrs...Enquanto você, generosamente, permitir, vou pegando carona no estribo do seu demasiado humano e maravilhoso bonde ALMA LAVADA.Considero que você redescobriu que existem os bons através do seu auto-conhecimento (a análise, neste caso, foi sua salvação), ou seja, da redescoberta do bom em você. Complementando a inesgotável ou incontestável genialidade (para quem conhece o verdadeiro significado disto)do Machado, a ótima revista Mente cérebro nr. 223, trouxe uma matéria espetacular, incrível ou extraordinária (apraz-me,deveras, tudo a ele (cor)relacionado), intitulada, na capa, "SAÚDE MENTAL: contos pouco conhecidos de MA antecipam descobertas da ciência".Como se não bastasse tanto talento, ainda foi um prognosticador.No comentário anterior, o atabalhoamento propiciou os erros de digitação: entendeu bem...acuidade...exemplo.Minhas escusas. Fique sempre bem, atenta, forte e com Deus.
ResponderExcluirCsloroso abraço.
Marcos Lúcio