Do que confesso
Falar de sexo é bom
com quem se quer deitar
Depois, queimar lençóis com o suor do corpo,
trotar na cama as patas invisíveis
do que há de mais humano em ser um par.
É bom falar, deixar-se ouvir;
amar sonoro que depois persiste
e encerra o sono na vigília dos calores.
Falo por mim:
tua palavra é um faquir...
e entre nós, o espaço, como cãimbra,
é quase dor, é quase mar de dissabores;
E de falar, e de ouvir, de desejar,
de ver no teto a silhueta desta fome,
sou quase tua, mesmo que me tome
a consciência de resvalar no erro
O que me abate é a força bruta do desterro:
ter na lembrança do nariz os teus odores...
guardar palavras no ouvido, vãos sabores,
e o colo aos saltos
a repetir teu nome.
(Fernanda Dannemann)
Maravilha! Mais um ótimo poema para minha coleção Dannemann. Na poesia, no cinema, etc., acho o máximo a paixão, mas depois de tanto quebrar a cara, infelizmente, e com a ajuda proverbial da maturidade, tenho conseguido evitar a "doença" da paixão por namorado/amante e etecéteras...Gostar já é suficiente, "me preenche e me basta". Sem ela, estou muiiiiiiiiiito mais feliz.
ResponderExcluirBeijossssssssss
Márcia
Salve o prazer! QueriDnnemann...principalmente quando de comum acordo ou consentimento mútuo dos adultos envolvidos. Se não puser em risco a saúde e se não for um atentado ao pudor (em vias públicas, p.ex.) e não perturbar a paz do entorno/vizinhança...vamos combinar: melhor, impossível!!! Por pura inveja, ou incompetência, ou falso moralismo...sei que há muiitos infelizes discordântes kkk.
ResponderExcluirNão sei por quais cargas d'água, assim que li seu belo e tórrido poema (em que pese_ também com o auxílio luxuoso do auto-conhecimento_ o fato de eu não ter mais idade_ainda bem_ para "o inferno das paixões"... (quase) patológicas, mas que caiu muito bem em Romeu e Julieta:adolescentes kkkk), fiz um link imediato com o maior poeta barroco brasileiro: Gregório de Matos.
Minhas paixões, agora, são muiiiiiiiiito mais avassaladoras, conscientes e sem freios, pois são exclusivamente pelas belas artes, pela exuberante natureza, pelas amizades eternas e ou genuínas e pelos eternos aprendizados e afirmo:as únicas formas de paixão com garantia que conheço (nos últimos 30 anos, nenhuma destas paixões elencadas, trouxeram-me desassossego, "bien sûr!", ao contrário: só podem e só me dão felicidade).Pela época em que viveu´(1633/1696), é surpreendente a ousadia destes versos, não acha?
O Amor”, de Gregório de Matos
O Amor é finalmente
Um embaraço de pernas
Uma união de barrigas
Um breve temor de artérias.
Uma confusão de bocas
Uma batalha de veias,
Um rebuliço de ancas
Quem diz outra coisa, é besta.
(...)
Não resiti à tentação e envio mais um, inpirado e lucidíssimo, para sua apreciação, se ainda não o conhece.
À instabilidade das cousas no mundo.
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém se acaba o Sol, por que nascia?
Se formosa a luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol e na luz, falta a firmeza,
Na formosura não se crê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
Gregório de Mattos
Afetuosamente,
Marcos Lúcio
Marcia e EstiMarcos... e de pensar que tem gente que não gosta de poesia, hein? Não gosta porque não entende, né mesmo? Em breve coloco outra. Não sei o que anda havendo comigo, que sempre morri de vergonha de mostrar minhas mal-traçadas linhas... mas cansei de escondê-las do mundo. Beijos aos dois!
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