No trem da Central, vendedores ambulantes são um show de criatividade e locução. Olha alguns gritos de guerra:
- Super Bonde! Cola TU-DÔÔ!!!
-- Galak 1 Real, ooooi!
-- Vai chocolate? Sufré de dois! Ó o Sufré!!!!!
-- Coca, água, cerveja, águaaaaaaaaaaaa!!!!!!!!!!!!!!
O povo todo compra. Aliás, é impressionante como se come porcaria no trem, e as lixeiras não dão conta de tanta embalagem. A gente olha em volta e vê as mocinhas que voltam do trabalho com o sapato de salto guardado na bolsa e os pés ainda de meia-fina, descansando nos chinelos de dedo.
Vai um tênis aí?
E um galo? Um coelho ou um pato? Alguém me disse que até um bode a gente encontra pra levar pra casa... quase comprei um pra fazer linguiça e dar de presente para o Migliaccio, do Rio Acima, que recentemente experimentou a iguaria no Nordeste e jura que é uma delícia.
-- Pode máquina fotográfica aqui não, ô madame!
Apesar da repreensão dos seguranças, não resisti, como se vê. Olha, achei o pessoal meio bairrista lá em Madu: simpatia não é artigo comum por lá, o que tira muito do prazer que o turista poderia ter no passeio, e isso é uma pena. O clima geral é de desconfiança... pesa uma tensão no ar, sabe como? E você, que não é da área, vira alvo dos olhares que parecem perguntar o que é que você está fazendo ali.
Me fiz de sonsa e continuei o passeio, para descobrir, entre outras coisas, que em Madureira os manequins não são esquálidos, muito pelo contrário. A turma que passa fome pra caber no jeans 38 não tem vez por ali...
Me fiz de sonsa e continuei o passeio, para descobrir, entre outras coisas, que em Madureira os manequins não são esquálidos, muito pelo contrário. A turma que passa fome pra caber no jeans 38 não tem vez por ali...
E as “popozudas” reinam nas vitrines...
-- Posso tirar uma foto? Adorei a loja!!!!!!!
As vendedoras me olharam com cara de desprezo e perguntaram em côro:
-- Jura?!
Na hora do lanche, o povo manda um pastel, recém- fritinho. Eu não me arrisquei: meu estômago não é chegado a aventuras e Madureira não é o melhor lugar do mundo pra gente ter uma dor de barriga súbita. O cozinheiro riu do meu interesse:
-- A senhora vai querer um?!
De repente vejo um rebuliço: com a eleição municipal chegando, a dupla Clarissa Garotinho e Rodrigo Maia estava ali para um comício com o povão. Não voto neles, mas banquei a papagaia de pirata e tirei uma foto com a Clarissa, só pra botar no blog. Fiz a pose para o meu amigo e... cruzes! Os fotógrafos aproveitaram pra disparar seus flashes... Deus me livre sair de “eleitora” no jornal...
No Mercadão, tudo limpinho e organizado. Muita loja de artigos pra macumba, ô!ô!, óia o véio Zuza aê... cada roupa linda.
E tem loja de brinquedos, de festas, de comida e temperos... a gente encontra tudo lá! A noiva de Madureira é fashion:
Se o Gilson Martins der um rolé por aquelas bandas, quem sabe varia nas estampas do Pão de Açúcar em suas bolsas? Vê se esta aí da Pantera não é a cara dele? Custa 40 reais.
Na loja onde comprei um cofrinho para minhas moedas de 1 real, perguntei ao vendedor como é que vou abrir o que estava comprando, que é de plástico. Ao que ele respondeu, com um risinho malicioso:
-- Traz aqui que eu abro pra você...
-- Traz aqui que eu abro pra você...
Mas o presente que eu comprei, e comprei aos montes, para distribuir entre os amigos, foi este aqui, ó:
Depois de tantas emoções, sugiro traçar uma carne assada no restaurante próximo à passarela, e cujo marketing é feito pelo ex-radialista Sandro Madureira, responsável pela publicidade de 28 estabelecimentos das redondezas. Clique aí... e veja como só mesmo no Rio de Janeiro é que a gente vê uma coisa dessas:
Não falei que você iria gostar?
ResponderExcluirUma peixa fora d´água nos mares de Madureira, é excelente e criativo título, diga-se "en passant".Mas não poderia ser diferente, queriDannemann, por motivos pra lá de óbvios.
ExcluirAs ótimas e realistas fotos e o caricato video do simplório "cantador" (tooodoss são bregas ou bagaceiras , conceitualmente kkkk ), nem com tooooda a compaixão do mundo, dá pra dizer o contrário, sem condenação, please!, pois nem poderia ser de outro jeito.
Os evidentes motivos culturais: escolaridade baixa, ou nenhuma, baixo poder aquisitivo, enfim, ás (más) políticas alimentam este visual de mal gosto , desleixado, ou estas precárias condições.
Certamente, se os de Madu pudessem escolher, claro, seriam chiques ou menos popularescos kkkk. Também lá há exceções, viu, chiques e cultos de Madureira?
Bem sacadíssimo: "Olha, achei o pessoal meio bairrista lá em Madu: simpatia não é artigo comum por lá, o que tira muito do prazer que o turista poderia ter no passeio, e isso é uma pena. O clima geral é de desconfiança... pesa uma tensão no ar, sabe como? E você, que não é da área, vira alvo dos olhares que parecem perguntar o que é que você está fazendo ali".
Não tenho dúvida alguma de que seja assim mesmo, embora eu não tenha dado as caras por lá (só conheço a quadra da Portela, e pela madrugada). Como eles, os suburbanos, geralmente, acham o povo cá de baixo (zona sul) antipático ou metido a besta (ah... inveja!), acabam dando o troco, "na mesma moeda" (lei de causa e efeito?)com esta forma infeliz de se "compensarem" e/ou de se vingarem.
A melhor imagem ou idéia que tenho de Madu, é esta,chiquemente poétizada:
Samba Enredo 2010 - Zaquia Jorge, Vedete do Suburbio, Estrela de Madureira
G.R.E.S. Império Serrano
Brilhando,
Um imenso cenario
Num turbilhao de luz (de luz)
Surge a imagem daquela
Que meu samba traduz
A estrela vai brilhando,
Mil paetes salpicando
No chão de poesias,
A vedete principal
No suburbio da central
Foi a pioneira
E um trem de luxo parte
Para exaltar a sua arte,
que encantou Madureira,
Mesmo com palco apagado
a apoteose é o infinito,
Continua a estrela
Brilhando no céu.
Beijão
Marcos Lúcio
E na maioria das vezes,esse pastel é acompanhado de um copo 300 ml de caldo de cana... E haja estômago.
ResponderExcluirMonica.
Sou amante incondicional de pastel de queijo. Quando tinha uns 8 anos, aguardava com ansiedade o dia da feira livre numa rua proxima a que morava e la ia eu com a minha mae direto na barraca do japones onde ele fritava os pasteis (enormes)na hora. Era o meu "sonho de consumo" (ou gula incontrolavel...): comia UNS e, depois da feira feita, comprava mais alguns que eram devidamente devorados em casa. Saudade!
ResponderExcluirAgora, uma coisa posso dizer: bode, nem pensar! Urggg!
Fernanda,
ResponderExcluirBelissima reportagem, e como sempre seu olho de excelente jornalista foi fundo .....politicamente e socialmente.......
Nao tinha bem certeza, se eu conhecia Madureira, mas gracas ao comentario do nosso estimado presidente do C.P.F.A.S. Marcos Lucio, sobre a Portela, que me lembrei que eu conheci, sim. Fui a um ensaio la, e foi para ela que desfilei pela primeira vez na Sapucai. Gostei, eu precisava desta experiencia, na qual cheguei a conclusao, uma vez basta .....
Tambem lembrei dos pasteis em Laranjeiras aonde eu morei, na General Glicerio, tinha e acredito que ainda tenha, uma feira livre aos sabados e que os pasteis eram deliciosos (comia so um).... e tinha ate chorinho ....saudades.
Felicidades,
Beijos
Gilda Bose
Muito estimada Gilda...como sempre, você comprovando a vocação ou o real merecimento para o cargo especial de DIRETORA do C.P.F.A.S. Ter desfilado pela Portela e gostar de chorinho, estes ritmos que são uma das minhas paixões mais avassaladoras( melodia mais chique e vivaz, do que o chorinho, desconheço), já seria suficiente, noves fora suas inúmeras qualificações, especialmente a fina sensibilidade.
ResponderExcluirAcredito que vc goste do chiquérrimo e talentosíssimo poeta Paulinho da Viola... que considero superlativo, absoluto sintético, "d'accord"?
Abraço e felicidades
Marcos Lúcio
Foi um rio que passou em Minha Vida
Se um dia
Meu coração for consultado
Para saber se andou errado
Será difícil negar
Meu coração tem manias de amor
Amor não é fácil de achar
A marca dos meus desenganos
Ficou, ficou
Só um amor pode apagar
Porém, ai porém
Há um caso diferente
Que marcou um breve tempo
Meu coração para sempre
Era dia de carnaval
Carregava uma tristeza
Não pensava em novo amor
Quando alguém que não me
Lembro anunciou
Portela, Portela
O samba trazendo alvorada
Meu coração conquistou
Ai, minha Portela
Quando vi você passar
Senti meu coração apressado
Todo meu corpo tomado
A alegria de voltar
Não posso definir aquele azul
Não era do céu
Nem era do mar
Foi um rio que passou em
Minha vida
E meu coração se deixou levar
Ok Marcos Lúcio,já ví que são dois contra um; Fazer o quê??? rs bjs.
ExcluirMonica.
Mônica...as aparência quase sempre enganam. Na verdade, adoooooooro quase todas as escolas de samba do Rio e não resisto a uma boa bateria...(mais por este motivo minha paixão carnavalesca. Até passista no grupo especial já fui...tive de interromper porque as fantasias começaram a ficar muiiiiiiito pesadas, prejudicando meu show rsrs.
ExcluirDizem que sou bom sujeito, e que ainda não sou ruim da cabeça nem doente do pé. Pelo menos no pé, em que pese a cor branca...mando muito bem, modéstia à parte.
Poranto só referi-me à Portela, por conta da Gilda e do belíssimo samba do Paulinho da Viola.Nem Portela , nem Mangueira são minhas preferidas, então está empatado o jogo enttre vc e ela rsrs.
Beijão "procê".
Marcos Lúcio
Gilda,se a sua primeira vez na Sapucaí tivesse sido pela MANGUEIRA,nunca mais na sua vida vc largaria de desfilar...Palavra de uma autentica VERDE E ROSA hein!
ResponderExcluirBjs.
Monica.
Esse Sandro Madureira é demais!
ResponderExcluirMarcos Lucio,
ResponderExcluirComo sempre muito gentil; gosto do Paulinho da Viola, e esta musica em particular e muito bonita.
Felicidades,
Monica,
Gosto muito das escolas de samba em geral, como nao sei o nome de todas, aqui vai o meu respeito a todas elas.... afinal, o espetaculo que todas elas oferecem e que faz do carnaval brasileiro ser conhecido mundialmente, Bjs.
Felicidades,
Gilda Bose
Joaninha Curiosa
ResponderExcluirIh, colega... pra quem jà comeu muito pf numa birosca chamada: KAMIKAZE, pastél com caldo de cana em Madureira - para o meu estomago à la "Indiana Jones" - é caviar com champagne.
Fê,
ResponderExcluircomo boa suburbana do Méier (primo besta de Madureira), adorei o texto! O que rasga a poesia de Madu é o trânsito enlouquecedor!
bjs
Aline Cleo Rodrigues