terça-feira, 14 de outubro de 2014

(Sobre) Paula


A saliva amarga o esgar
E sorvo:

Melindre que à tua imagem dói.


Eu, que já fui leve,
Tenho negror na sombra que me segue

Por só viver de um mesmo paladar.


Tudo o que vem de ti,
Em mim corrói,

Agasta, vibra, como um bater de asas;


Tento voar,
Fugir da areia movediça;

Mas o negrume me é bagagem vasta


Toda inveja.


E eu, que já fui livre,
Que já cantei ao sol e amei as cores,

Sufoco sob o véu escuro da cobiça.


Fiz-me corvo.

(Fernanda Dannemann)

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