A saliva amarga o esgar
E sorvo:
Melindre que à tua imagem dói.
Eu, que já fui leve,
Tenho negror na sombra que me segue
Por só viver de um mesmo paladar.
Tudo o que vem de ti,
Em mim corrói,
Agasta, vibra, como um bater de asas;
Tento voar,
Fugir da areia movediça;
Mas o negrume me é bagagem vasta
Toda inveja.
E eu, que já fui livre,
Que já cantei ao sol e amei as cores,
Sufoco sob o véu escuro da cobiça.
Fiz-me corvo.
(Fernanda Dannemann)
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