sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Rir é a grande dificuldade do mundo adulto

Por que será que uma simples risada é tão difícil para a maioria das pessoas? Ver graça nas coisas, rir de si mesmo, brincar?

 Já reparou?

Eu, por gostar de rir, já fui considerada infantil por muita gente.

E percebi que, em algum momento da nossa existência, o riso torna-se pejorativo, como se ter bom humor fosse sinal de imaturidade, de não levar a vida a sério, de ser irresponsável. Deixar de rir e brincar é como um ritual de passagem para a vida adulta.
Mas desde quando que, para “levar a vida a sério”, a gente precisa ser sisudo, estampar um ar de preocupação no rosto, de preferência andar pela rua olhando para baixo, não perder tempo com coisa tão fútil como uma brincadeira?


Isso me lembra a educação ideal nos tempos da minha avó, quando gargalhar era coisa de gente vulgar, ser feliz em público era falta de educação, demonstrar afeto era quase pecado e – horror! – um arroubo de paixão era a passagem sem escalas para a casa do Cruz Credo!


Sei que diante da multidão de infelizes que há por aí, a alegria alheia arde nos olhos igualzinho a luz na retina da vampirada. O bom-humor ofende, é quase pornográfico, e chega aos ouvidos desse povo com o tom malévolo da ironia, como se fosse um deboche ao seu jeito amargo de vegetar.


Para eles, a alegria é uma afronta: como se estar feliz, hoje em dia, num mundo tão corrupto e mal, fosse displicência, egoísmo ou maluquice.


Pois olha... falta de educação é viver como se a vida fosse um eterno sermão de missa: a seriedade do começo ao fim. Ou um problema de física quântica. Ou um velório, onde tudo é só tristeza e saudade...


O caso é que as pessoas, no decorrer do tempo, se esquecem de rir e de brincar, e acabam acreditando que isso seja coisa da infância. Quando se dão conta, já não sabem mais como é, se esqueceram e precisam mesmo reaprender, fazer o caminho de volta às pequenas alegrias da vida, que são, no fim das contas, as mais importantes.
Se você faz uma brincadeira, elas não entendem e respondem com sua habitual seriedade adulta, e por quê? Uma piada pode virar tese de mestrado ou, na pior das hipóteses, de promotor de justiça. E por quê?


Porque as pessoas levam a vida a sério demais.


O máximo que conseguem é rir dos outros, fazer do próximo um bode expiatório e jogar sobre ele seu sarcasmo... e acreditam, em sua ignorância, que isso seja brincar. Crêem que esse riso, que é de escárnio, seja de alegria. Quando já nem sabem, quase, o que é a alegria.


Cuidado! Não se torne um deles... se tem andado sério demais, agarre-se à lembrança de quando era jovem de alma, e tinha um coração leve e cheio de esperança. De quando seu raciocínio era limpo de julgamentos e de certezas irredutíveis. De quando seu dia era aberto aos novos amigos e aos novos acontecimentos, e rir era tão natural quanto conversar. De quando a diversão era tão simples, que não precisava ser planejada. 


Sua infância passou, mas sua alegria pode ser cultivada e florescer a vida inteira. Isso é ser jovem, o que é bem diferente de ser infantil ou idiota.

10 comentários:

  1. Mauro Pires de Amorim.
    Concordo com você, mas a vida é em função dos esteriótipos de comportamentos e porturas, sisuda, solene, seguindo uma ritualística que externe uma sobriedade emoldurada, rígida, com o intúito de transmitir seriedade. Isso faz parte das máscaras e fantasias sociais que temos que vestir e entender, pois nos são culturalmente transmitidos pela sociedade em que estamos inseridos.
    Lembro igualmente que os maus caracters e corrompidos, valem-se dessa mesma externação de imagem, comportamentos e posturas para ludibriarem as pessoas, camuflando quem verdeiramente são e o que intencionam. Isso faz parte das regras do jogo do aprendizado da vida, que por vezês nos causam danos e decepções, mas que nos ensina também a não julgar as pessoas apressadamente apenas pela primeira aparência, mostrando que mais importante do que deixar-se levar arvoradamente por isso, é refletirmos acerca do conteúdo, afinal e por exemplo, da mesma forma não se deve julgar um livro apenas pela capa ou pela estamparia publicitária que envolve-o, bem como seu autor(a).
    Felicidades e boas energias.

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  2. Veja aí: Mal-humor = INFELICIDADE.

    Monica.

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  3. QueriDannemann...como você repetiu um dos seus posts que mais traduzem a minha estranha forma de ser kkkk, melhor digitando, de vir a ser (completos jamais seremos, podemos, no máximo estar inteiros, íntegros)repito, integralmente o comentário que enviei, na ocasião, por acreditar no poder indestrutível da alegria (me preparo, quando a dor vier...não vai matar minnha alegria, se Deus quiser!). Porém, caudaloso e exuberante, como de hábito kkk, terei de dividi-lo, para somar esforços mais convincentes, digamos assim...

    A MOÇA(de alma juveníssima) FERNANDA... ACERTOU NA MOSCA, de novo. Como só consigo levar a sério_ porém sem gravidade_ a saúde e a alegria, vou lançar mão do sapientíssimo Sêneca: " A verdadeira alegria, crê-me, é coisa muito séria", sem esquecer do poetinha: "alegria é a melhor coisa que existe"... e a tristeza tem sempre a esperança de um dia não ser mais triste não". Ato contínuo, desconheço energia mais poderosa que a santa alegria interior. Ela detém o mais alto poder de qualquer coisa existente no cosmos, a perfeita força contrária à insegurança, medo, ansiedade, incerteza, enfim, um verdadeiro antídoto e talismã natural , inclusive, contra qualquer seca-pimenteira . Para Shakespeare , " A alegria evita mil males e prolonga a vida", Para a sabedoria polular... Melhor remédio não há. Lembro-me, que ainda criança, naturalmente em tempos de antanho... sempre quis entender, debalde, quando ouvia: Rir desopila o fígado. Finalmente aprendi que desobstruir a energia do fígado é essencial, e que o sorriso traz a harmonia e a paz no coração regulando, assim , a energia do fígado e levando a um estado de contentamento interior. Por outro lado , o mau humor das "gentes casmurras", é de uma grosseria, um despropósito ou de uma estupidez transoceânica, além de uma evidente covardia , desistência ou preguiça. Estamos combinados, então: alegria é pulsão de vida e tristeza, pulsão de morte, com raríssimas exceções. Como a vida é caixa de ressonância, sorria para ela e ela sorrirá para você. Caso de fraque e cartola, com a genial Clarice e suas brilhantes e enfeitiçadas palavras: "Recuso-me a ficar triste. Sejamos alegres. Quem não tiver medo de ficar alegre e experimentar uma só vez sequer a alegria doida e profunda terá o melhor de nossa verdade. Eu estou- apesar de tudo oh apesar de tudo- estou sendo alegre neste instante-já que passa se eu não fixá-lo com palavras".
    Continua no proximo post.

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  4. Continuação do post anterior

    As melhores e mais gostosas lembranças de "nosostros", simples mortais, são os momentos em que estivemos alegres ou de bem com a vida, claro! Simbolizando a alegria mais genuína que existe, que tão bem você pontuou_ a infantil_ o magistral Nandinho Pessoa, no belíssimo poema sobre o "verdadeiro" Menino Jesus, o que fugiu do céu: (...) Depois fugiu para o Sol E desceu pelo primeiro raio que apanhou. Hoje vive na minha aldeia comigo. É uma criança bonita de riso, e natural (...) Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro. Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava. Ele é o humano que é natural, Ele é o divino que sorri e que brinca. E por isso é que eu sei com toda a certeza Que ele é o Menino Jesus verdadeiro". Sou de tempos pristinos onde tudo, no Verdelindo, terminava em samba(oba!) e sabedor de que, na escola de samba da vida, embora, ainda um vigoroso passista, já estou quase desfilando com a velha guardakkk. Lembrando que o champanhe é a propria alegria em forma líquida e borbulhante, e que o samba é ela em forma sonora , (re)aviso aos navegantes: quem não gosta de samba _principalmente os belos sambas enredo_, de fato, bom sujeito não é... "quem samba tem alegria"; "diga, espelho meu, se há na avenida, allguém mais feliz que eu?": "eu sou o samba...sou eu quem levo a alegria, a milhões de corações brasileiros"; "atrás da verde e rosa, só não vai quem já morreu"... etc... Indiscutível que a alegria congrega e transmuta energias, além de ser chave, porta, cama e mesa para o sucesso, e, que a maior manifestação de inteligência do ser humano, é, de longe, o bom humor. Até para a conquista amorosa/sensual, ele é imprescindível. Como tenho desde sempre, graças a Deus, uma quase natural vocação e atenção para a alegria _que considero uma fé atéia ou desapegada de religião_ suponho, então, que mais oportuno seria: CRESCEI-VOS E ALEGRAI-VOS!!!, para que realizemos, gonzaguinhamente , a nossa missão maior, enquanto vivos: "viver e não ter a vergonha de ser feliz e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz".
    Carinhosamente,
    Marcos Lúcio

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  5. A mais charmosa e melhor blogueira que conheço, só justifica meu bom gosto, ainda mais com um texto assim: irrepreensível, para variar, e ainda bem! Realmente, se existe algo para se levar a sério nesta vida, de onde ninguém sai vivo ... é a santa alegria. Com as questõesw restantes, basta termos responsabilidade e cuidados. Desta vez não comentarei o M.L. até porque, sinceramente, as melhores e mais críticas risadas dos últimos anos, daquelas de lavar a alma, a maioria delas foi provocada por este rei_de cetro, capa e coroa_ do bom humor.
    Abraço afetuoso do Danilo

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  6. Adorei seus textos. Identifico-me muito com eles. Claro que em nenhum momento de minha vida, quer seja triste ou alegre, o riso deixou de estar presente pois rir é minha marca registrada. Rir de mim mesma também, rir até dos meus mais desastrosos momentos. Não dispenso um riso por nada. Sua vodrasta

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