quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Barack Obama, Dom Quixote, você e eu




Muito antes de Barack Obama dizer “yes, we can!” um cara meio doido, vestido de cavaleiro andante, já dizia, de cima do seu cavalo, que sim, nós podemos, nós chegaremos lá!

Não é à toa que Alonso Quijano deixou de ser quem era para tornar-se Dom Quixote, um tipo que valorizava, acima de tudo, o esforço próprio, mirando-se nos heróis dos livros de aventura, onde encontrou inspiração para viver.

Não é à toa também que o livro de Cervantes é um best-seller de 400 anos, com fãs ardorosos como Freud e Dostoiévski. Dou de presente a vocês a versão do cavaleiro feita pelo argentino Miguel Rep, para o livro da Editorial Castalla, que por enquanto temos que comprar no exterior.

Embora divida as opiniões, Dom Quixote, para mim, está longe de ser uma comédia. Não consigo rir da tragédia humana, principalmente quando é proveniente da boa-vontade. E nosso herói – apesar da ironia sombria que o cerca, do ridículo de sua bravura – não aceita as realidades da vida porque anseia ser grande... e encontra para si um propósito sublime, ainda que precise recorrer à imaginação para fazer de uma hospedaria um castelo; de algumas ovelhas um exército; daqueles moinhos os gigantes por vencer.

Para mim é elogio ser chamada de “quixotesca”, pois quanta persistência me inspira o personagem!

Aliás, acho que por isso mesmo o livro tornou-se universal: porque o homem, só por ter nascido homem, nasceu um pouco Dom Quixote também.



2 comentários:

  1. Mauro Pires de Amorim.
    Dom Quixote é um personagem de princípios nobres, que depara-se com um mundo em profundas transformações e descontente com as transformações que assiste ao seu redor, resolve resistir e viver segundo seus princípios. Também me identifico com Dom Quixote, pois em nosso mundo atual, não concordo e me desagradam certas transformações ocasionadas, principalmente nas relações humanas e sociais, decorrentes da Era Tecnológica, que ao meu ver deixou as pessoas mais neuróticas e superficiais, embora haja uma demanda de comunicação maior. Segundo minha percepção, hoje em dia, com celulares, computadores e internet, as pessoas estão em contato mais facilmente, ainda que seja um contato virtual, enquanto que antigamente, as pessoas se frequentavam mais pessoalmente, pois só tínhamos disponíveis para nos comunicarmos,
    telefones fixos, telefones públicos e correios de envelopes de papel, sendo portanto o contato pessoal e direto a melhor forma de se demonstrar consideração e afeto por alguém. Portanto, com a banalização dos meios de comunicação, embora ainda seja claro que o contato direto e pessoal seja ainda a maior manifestação de apreço e afeto por uma pessoa, muitas pessoas nessa Era Tecnológica, acham que um contato via celular, internet e computador é o máximo do desenvolvimento das relações humanas e sociais.
    Felicidades e boas energias.

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  2. Miguel de Cervantes SAAvedra (1547/1615). Tenho em minha biblioteca a obra completa em 4 volumes, numa edição de l954. Interessante e emocionante a vida de Cervantes. Numa descrição que fez de si proprio,fala de sua fronte, cabelos, barba ("...as barbas de prata que não há vinte anos foram de ouro; a boca pequena, os dentes nem miúdos , nem crescido, porque não tem senão seis e estes mal tratados e pior colocados, porque não tem correspondência uns com os outros..."). Dificil imaginar a vida naquela época. Mas apesar dos pesares grandes nomes que cruzam os séculos e chegam até nós como motivo de orgulho da espécie humana. Em minha casa tem duas esculturas do "cavaleiro da triste figura". Uma em bronze do artista A.W. Brandão e outra de um artista hespanhol em madeira. Resumindo sou uma grande admiradora desse grande escritor. Yves Rangel.

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