Dia desses, vi um programa na TV sobre um ciclista que bateu o recorde de velocidade: 267 km/h.
Eu teria achado coisa de outro mundo, não fossem as condições:
A pista era de gelo; a bicicleta era especial, o percurso foi realizado com um carro à frente, puxando uma “casinha” . Dentro dela, o ciclista pedalava totalmente livre da resistência do ar. Havia outras condições, mas bastaram estas para eu perder meu interesse e mudar o canal.
Então eu soube de três mulheres que disputam o recorde do alpinismo mundial: a que escalou mais picos o fez com ajudantes para carregar a bagagem, oxigênio extra etc... as outras, que até o momento escalaram menos, não levaram ajudantes nem balões de oxigênio.
Perdoe-me o ciclista e a tal alpinista, mas não vejo valor nenhum em seus recordes.
Aliás, casos como estes me fazem pensar na minha amiga, que pagou (e muito bem) pelo diploma de faculdade.
E em outras situações: o escritor medíocre que vira imortal da ABL porque é presidente da república; o corredor de Fórmula 1 que é campeão do mundo porque tem um carro superior; o funcionário público que entrou na empresa pela janela; o concorrente que leva o prêmio porque é o “queridinho” de alguém importante; a miss que está entupida de silicones; o plágio; o casamento de interesse, o emprego que se mantém à base de puxassaquismo... e etc... etc...
Qual o valor de um recorde ou de uma conquista feita nessas bases?
Há quem se contente em, simplesmente, acreditar nas aparências: que é o tal, é o campeão, o rei da cocada preta ou seja lá o que for. Mas no fundo, acredito que
tais “vencedores” precisam esforçar-se demais para convencer-se a respeito do próprio valor. E jamais conseguem.
Vivem no esforço permanente e secreto que, certamente, é ainda maior que aquele que não foi feito, e que poderia ter mudado todo o curso da história, mesmo que os resultados não fossem bons...o esforço para chegar a algum lugar, para fazer algo, para conquistar algo... com as próprias e reais condições. No final das contas, a consciência dessa busca pessoal é que faz a vida valer mesmo a pena.
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
domingo, 27 de novembro de 2011
Shopping center para as brancas, violência para as negras
Estou sempre dizendo que uma das melhores coisas de ser jornalista é poder telefonar para alguém que a gente admira e marcar um bate-papo. Numa dessas, uma vez conversei com a escritora de livros infantis Ruth Rocha, criadora de histórias deliciosas, que também ensinam adultos a olhar o mundo de um jeito melhor.
Naquela conversa, dona Ruth, uma senhora muito refinada, disse uma coisa que nunca saiu da minha cabeça:
-- Às vezes, pessoas desonestas ou que já te fizeram mal entram na sua casa pela porta da frente, se sentam à sua mesa para jantar. Por que é que a sua empregada, que limpa a sua sujeira, cuida do seu filho e faz a sua comida entra pela porta dos fundos e come na cozinha?
Nunca mais me esqueci destas suas palavras sobre a amizade __nem sempre reconhecida ou valorizada__ entre patroa e empregada.
Muitos anos depois, após fugir do marido violento com a roupa do corpo e quatro filhos na bagagem, veio parar à minha porta a Juliene, para quem entreguei a minha casa. Tão humilde quanto digna, esta moça negra, de 33 anos, já passou por faltas e horrores que nós, mulheres da classe média, sequer imaginamos em nossos piores pesadelos, e sozinha, sem ajuda de psicanalistas ou calmantes, deu lá seu jeito de não olhar para trás.
Fome, injustiça, ameaças, violência e humilhação fazem parte do cotidiano das mulheres negras e pobres tanto quanto restaurante, shopping center, avião e perfumes (que eu aliás detesto) constituem a vida das brancas do asfalto. Mas quem é que pensa nisso? “A vida é assim”, costumamos dizer, e bola pra frente.
Depois de três anos pegando pesado na faxina, sem ajuda de família ou pensão de ex-marido, Juliene outro dia foi abrir uma poupança no banco, porque quer comprar uma casinha. Fui junto para participar de um momento tão especial, em que os primeiros tijolos do sonho dela estavam ali, amassados entre os dedos, na forma de duas notas de cem reais.
Fechamos os olhos para a má-vontade do atendente, até que ele se negou a abrir a conta porque o comprovante de residência não servia, e encerrou a conversa. Pedi, implorei. Lá pelas tantas, disse que só o gerente podia resolver.
Mas o gerente... era uma mulher de perfume caro e salto alto! Depois de várias negativas dela, tentei um último lance: olhei fixamente nos olhos vivos daquela loura com ares de executiva, de pele muito tratada, e pedi baixinho:
-- Olha pra ela.
Juliene estava sentada diante do balcão, com seus duzentos reais amassados na mão, junto com os documentos, com cara de quem considera a derrota normal.
-- A vida dela é muito difícil. Tudo é muito difícil para ela – murmurei, como se estivesse me referindo a um ser de outro planeta, totalmente diferente de nós duas.
Vi quando os olhos da gerente pararam sobre Juliene. Não sei o que se passou em sua cabeça naqueles segundos em que ela ficou olhando, mas o que quer que tenha sido, me pareceu despertar nela uma luz de identificação. E acabei lembrando da conversa com a Ruth Rocha.
-- Abre a conta – ela disse, decidida, diante da surpresa do atendente e da própria Juliene.
Enquanto voltávamos para casa, e Juliene comemorava os primeiros tijolos de sua casa, pensei naquelas três mulheres tão diferentes e senti meu coração aquecido pela convicção de que um ser humano, quando realmente olha para outro, é capaz de deixar brotar o bem em seu coração. Será assim que nos tornamos iguais?
Naquela conversa, dona Ruth, uma senhora muito refinada, disse uma coisa que nunca saiu da minha cabeça:
-- Às vezes, pessoas desonestas ou que já te fizeram mal entram na sua casa pela porta da frente, se sentam à sua mesa para jantar. Por que é que a sua empregada, que limpa a sua sujeira, cuida do seu filho e faz a sua comida entra pela porta dos fundos e come na cozinha?
Nunca mais me esqueci destas suas palavras sobre a amizade __nem sempre reconhecida ou valorizada__ entre patroa e empregada.
Muitos anos depois, após fugir do marido violento com a roupa do corpo e quatro filhos na bagagem, veio parar à minha porta a Juliene, para quem entreguei a minha casa. Tão humilde quanto digna, esta moça negra, de 33 anos, já passou por faltas e horrores que nós, mulheres da classe média, sequer imaginamos em nossos piores pesadelos, e sozinha, sem ajuda de psicanalistas ou calmantes, deu lá seu jeito de não olhar para trás.
Fome, injustiça, ameaças, violência e humilhação fazem parte do cotidiano das mulheres negras e pobres tanto quanto restaurante, shopping center, avião e perfumes (que eu aliás detesto) constituem a vida das brancas do asfalto. Mas quem é que pensa nisso? “A vida é assim”, costumamos dizer, e bola pra frente.
Depois de três anos pegando pesado na faxina, sem ajuda de família ou pensão de ex-marido, Juliene outro dia foi abrir uma poupança no banco, porque quer comprar uma casinha. Fui junto para participar de um momento tão especial, em que os primeiros tijolos do sonho dela estavam ali, amassados entre os dedos, na forma de duas notas de cem reais.
Fechamos os olhos para a má-vontade do atendente, até que ele se negou a abrir a conta porque o comprovante de residência não servia, e encerrou a conversa. Pedi, implorei. Lá pelas tantas, disse que só o gerente podia resolver.
Mas o gerente... era uma mulher de perfume caro e salto alto! Depois de várias negativas dela, tentei um último lance: olhei fixamente nos olhos vivos daquela loura com ares de executiva, de pele muito tratada, e pedi baixinho:
-- Olha pra ela.
Juliene estava sentada diante do balcão, com seus duzentos reais amassados na mão, junto com os documentos, com cara de quem considera a derrota normal.
-- A vida dela é muito difícil. Tudo é muito difícil para ela – murmurei, como se estivesse me referindo a um ser de outro planeta, totalmente diferente de nós duas.
Vi quando os olhos da gerente pararam sobre Juliene. Não sei o que se passou em sua cabeça naqueles segundos em que ela ficou olhando, mas o que quer que tenha sido, me pareceu despertar nela uma luz de identificação. E acabei lembrando da conversa com a Ruth Rocha.
-- Abre a conta – ela disse, decidida, diante da surpresa do atendente e da própria Juliene.
Enquanto voltávamos para casa, e Juliene comemorava os primeiros tijolos de sua casa, pensei naquelas três mulheres tão diferentes e senti meu coração aquecido pela convicção de que um ser humano, quando realmente olha para outro, é capaz de deixar brotar o bem em seu coração. Será assim que nos tornamos iguais?
sábado, 26 de novembro de 2011
Vai procurar a sua tribo!
Ganhei umas linhas lá no Barão Sacoheiro, o blog do Alfredo (clique para ver em Interpretação: China ou Blog? ).
E ninguém imagina a surpresa que foi, quando por lá cheguei e, no meio da leitura, vi que a "Fernanda" era eu. Um susto, um presente, uma alegria... e não precisei ir à China, como o Alfredo, para pensar nos mistérios da amizade, que são muitos, e insondáveis.
Há anos venho matutando: o que é que acontece que a gente conhece uma pessoa desde que nasce, vive perto dela a vida inteira e a amizade não frutifica? Às vezes, nem o laço de sangue, inquebrável, é forte o bastante para dar conta deste recado, e o amor incondicional entre pais e filhos, ou entre irmãos, ou entre o que quer que seja, não se transforma, nunquinha da Silva, no querer-bem espontâneo e simples da amizade. Vá entender isso!
Misteriosamente, este tal "querer" entra no nosso coração quando a gente menos espera: é só encontrar alguém da nossa tribo, alguém que tenha, nas veias do espírito, o mesmo e primordial sangue que nos constituiu. São os irmãos de alma, aquelas pessoas que nos conquistam imediatamente porque falam a nossa língua e entendem os nossos silêncios. Eles sabem, telepaticamente, parece, o que vai na nossa cabeça e no nosso coração, e nos respeitam amorosamente porque nos conhecem muito bem, mesmo que a gente nunca tenha se visto, nem feito confissões, nem contado a ladainha da nossa vida. Eles nos conhecem porque sempre estiveram por perto, sei lá como, sei lá de que maneira, só sei que, quando finalmente aparecem, em carne e osso, o tempo desaparece, perde totalmente seu valor. É que o tempo e as convenções sociais não são nada diante do que é verdadeiro e simples.
já tive a sorte de reencontrar vários irmãos da minha tribo original, e não me calei diante deles: tratei logo de dizer que os reconhecia, e de agradecer pelo reecontro que o Universo havia preparado. Incrivelmente, todos eles tiveram, em momentos cruciais da minha vida, um valor inestimável e funções muito bem desempenhadas de apoio e solidariedade. Sem eles, meu caminho teria sido de muitos espinhos.
E fico pensando, volta e meia, em todos aqueles que ainda hei de reencontrar por esta vida e pelas outras que virão. É uma saudade singular esta que sinto, de gente que eu ainda não "(re)conheci". E uma gratidão imensa aos que já chegaram, reconheceram e foram reconhecidos... porque vêm caminhando lado a lado comigo, através de um tempo tão longo, mas tão longo, que nem mesmo nós somos capazes de imaginar.
E ninguém imagina a surpresa que foi, quando por lá cheguei e, no meio da leitura, vi que a "Fernanda" era eu. Um susto, um presente, uma alegria... e não precisei ir à China, como o Alfredo, para pensar nos mistérios da amizade, que são muitos, e insondáveis.
Há anos venho matutando: o que é que acontece que a gente conhece uma pessoa desde que nasce, vive perto dela a vida inteira e a amizade não frutifica? Às vezes, nem o laço de sangue, inquebrável, é forte o bastante para dar conta deste recado, e o amor incondicional entre pais e filhos, ou entre irmãos, ou entre o que quer que seja, não se transforma, nunquinha da Silva, no querer-bem espontâneo e simples da amizade. Vá entender isso!
Misteriosamente, este tal "querer" entra no nosso coração quando a gente menos espera: é só encontrar alguém da nossa tribo, alguém que tenha, nas veias do espírito, o mesmo e primordial sangue que nos constituiu. São os irmãos de alma, aquelas pessoas que nos conquistam imediatamente porque falam a nossa língua e entendem os nossos silêncios. Eles sabem, telepaticamente, parece, o que vai na nossa cabeça e no nosso coração, e nos respeitam amorosamente porque nos conhecem muito bem, mesmo que a gente nunca tenha se visto, nem feito confissões, nem contado a ladainha da nossa vida. Eles nos conhecem porque sempre estiveram por perto, sei lá como, sei lá de que maneira, só sei que, quando finalmente aparecem, em carne e osso, o tempo desaparece, perde totalmente seu valor. É que o tempo e as convenções sociais não são nada diante do que é verdadeiro e simples.
já tive a sorte de reencontrar vários irmãos da minha tribo original, e não me calei diante deles: tratei logo de dizer que os reconhecia, e de agradecer pelo reecontro que o Universo havia preparado. Incrivelmente, todos eles tiveram, em momentos cruciais da minha vida, um valor inestimável e funções muito bem desempenhadas de apoio e solidariedade. Sem eles, meu caminho teria sido de muitos espinhos.
E fico pensando, volta e meia, em todos aqueles que ainda hei de reencontrar por esta vida e pelas outras que virão. É uma saudade singular esta que sinto, de gente que eu ainda não "(re)conheci". E uma gratidão imensa aos que já chegaram, reconheceram e foram reconhecidos... porque vêm caminhando lado a lado comigo, através de um tempo tão longo, mas tão longo, que nem mesmo nós somos capazes de imaginar.
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
Se a cigarra erra, a formiga prepara o castigo
Eu era bem pequena, devia estar pelos cinco anos, quando bati os olhos na ilustração daquela fábula. Foi num volume da inesquecível Coleção Fantasia que, pela primeira vez, identifiquei um indivíduo que achei fdp: o que, para mim, significa mesquinho, ávido por acumular e, finalmente, vingativo.
Lamento decepcionar alguns leitores __porque muita gente admira esta figura__ mas estou falando da Formiga que mandou a Cigarra morrer de fome e de frio em pleno inverno europeu. “Ah...” dirão alguns. “Mas a Cigarra cantou o verão inteiro!”. Como se este motivo justificasse a falta de generosidade da outra.
Como ainda não sabia ler, e dependia de alguém para me contar a história, muitas vezes tive que me contentar em apenas olhar as figuras, das quais me lembro até hoje em detalhes. Lembro do lenço vermelho de bolinhas brancas que a Formiga usava, e do seu indefectível avental... da cara sempre séria que ela tinha, típica de gente que só pensa em trabalho e leva a vida a sério demais... tão a sério que jamais se permitiria tirar um dia pra curtir o verão. Perdoar um erro? Ela não perdoa não, porque é perfeita demais e se dá o direito de exigir que os outros sejam iguais a ela.
E é claro que lembro da Cigarra! Do chapelão azul marinho, da viola na bolsa de tecido verde, dos sapatos aparentemente folgados nos pés (sim, deviam ser velhos, porque ela não ligava pra essas coisas). E lembro da ingênua alegria com que cantava, enquanto o verão ia passando... da inocência de quem ainda não aprendeu que a vida é linda mas também é dura... da fé inconsciente na generosidade do mundo.
E lembro do inverno. Da Formiga em sua casa com lareira e comida, dando lição de moral na Cigarra, que não passou da soleira, e, incrédula, ficou com os olhos marejados enquanto a outra lhe negava abrigo e soltava aquele veneno que a gente conhece:
-- Enquanto eu trabalhava, você cantava...
O resto da frase, que não estava no livro, era “e agora morra de fome e de frio!”.
Lamento que muita gente que leu esta história na infância, tenha crescido achando que a lei da Formiga está correta. O velho “olho por olho, dente por dente” que faz do ser humano um bicho desprezível. Ou será que a Formiga era juíza acima do bem e do mal, e tinha o direito e o dever de julgar os outros, condenando ao pior castigo __que é não receber ajuda de quem pode ajudar__ o indivíduo que não teve maturidade para entender que a vida é difícil?
Não teria sido melhor para todos __inclusive para os leitores__ se ela tivesse explicado à Cigarra que sim, na vida existe o erro e a conseqüência, mas existem também a generosidade, a amizade e as boas pessoas que, naqueles momentos em que estamos no fundo do poço, nos estendem a mão?
Se tivesse feito isso, quem sabe o mundo fosse um pouco melhor, porque as gerações que tiraram o pior ensinamento desta fábula talvez tivessem aprendido a ser menos egoístas e revanchistas. E talvez ela mesma, a Formiga, tivesse aprendido com a outra a curtir um pouco mais a vida; a ser mais leve e mais alegre; a dar menos valor ao “acumular”. De repente, tinha até aprendido a tocar violão...
Durante toda a minha vida, nunca me esqueci desta história nem das imagens que ela me deu, no livro e na imaginação. A cigarra de costas, indo embora tão triste, com a neve cobrindo parte do seu chapéu e da viola, guardada na bolsa de tecido verde.
Para quem não tem criatividade ou esperança, só há uma certeza: ela morreu sozinha, de frio e de fome.
Pois o meu amigo Luis foi quem me deu a notícia:
A Cigarra ganhou o Grammy!
É, meu caro... eu também levei um choque e custei a acreditar! Mas a
Cigarra encontrou quem a ajudasse, afinal nem só de Formigas é feito o mundo... ela aprendeu a importância do trabalho, mas nunca abdicou do seu sonho e do seu talento...
E a verdadeira moral da história é que a maravilha da vida é justamente que a vida dá voltas inacreditáveis... e a felicidade existe!
Qual instrumento você escolhe pra tocar a vida?
Lamento decepcionar alguns leitores __porque muita gente admira esta figura__ mas estou falando da Formiga que mandou a Cigarra morrer de fome e de frio em pleno inverno europeu. “Ah...” dirão alguns. “Mas a Cigarra cantou o verão inteiro!”. Como se este motivo justificasse a falta de generosidade da outra.
Como ainda não sabia ler, e dependia de alguém para me contar a história, muitas vezes tive que me contentar em apenas olhar as figuras, das quais me lembro até hoje em detalhes. Lembro do lenço vermelho de bolinhas brancas que a Formiga usava, e do seu indefectível avental... da cara sempre séria que ela tinha, típica de gente que só pensa em trabalho e leva a vida a sério demais... tão a sério que jamais se permitiria tirar um dia pra curtir o verão. Perdoar um erro? Ela não perdoa não, porque é perfeita demais e se dá o direito de exigir que os outros sejam iguais a ela.
E é claro que lembro da Cigarra! Do chapelão azul marinho, da viola na bolsa de tecido verde, dos sapatos aparentemente folgados nos pés (sim, deviam ser velhos, porque ela não ligava pra essas coisas). E lembro da ingênua alegria com que cantava, enquanto o verão ia passando... da inocência de quem ainda não aprendeu que a vida é linda mas também é dura... da fé inconsciente na generosidade do mundo.
E lembro do inverno. Da Formiga em sua casa com lareira e comida, dando lição de moral na Cigarra, que não passou da soleira, e, incrédula, ficou com os olhos marejados enquanto a outra lhe negava abrigo e soltava aquele veneno que a gente conhece:
-- Enquanto eu trabalhava, você cantava...
O resto da frase, que não estava no livro, era “e agora morra de fome e de frio!”.
Lamento que muita gente que leu esta história na infância, tenha crescido achando que a lei da Formiga está correta. O velho “olho por olho, dente por dente” que faz do ser humano um bicho desprezível. Ou será que a Formiga era juíza acima do bem e do mal, e tinha o direito e o dever de julgar os outros, condenando ao pior castigo __que é não receber ajuda de quem pode ajudar__ o indivíduo que não teve maturidade para entender que a vida é difícil?
Não teria sido melhor para todos __inclusive para os leitores__ se ela tivesse explicado à Cigarra que sim, na vida existe o erro e a conseqüência, mas existem também a generosidade, a amizade e as boas pessoas que, naqueles momentos em que estamos no fundo do poço, nos estendem a mão?
Se tivesse feito isso, quem sabe o mundo fosse um pouco melhor, porque as gerações que tiraram o pior ensinamento desta fábula talvez tivessem aprendido a ser menos egoístas e revanchistas. E talvez ela mesma, a Formiga, tivesse aprendido com a outra a curtir um pouco mais a vida; a ser mais leve e mais alegre; a dar menos valor ao “acumular”. De repente, tinha até aprendido a tocar violão...
Durante toda a minha vida, nunca me esqueci desta história nem das imagens que ela me deu, no livro e na imaginação. A cigarra de costas, indo embora tão triste, com a neve cobrindo parte do seu chapéu e da viola, guardada na bolsa de tecido verde.
Para quem não tem criatividade ou esperança, só há uma certeza: ela morreu sozinha, de frio e de fome.
Pois o meu amigo Luis foi quem me deu a notícia:
A Cigarra ganhou o Grammy!
É, meu caro... eu também levei um choque e custei a acreditar! Mas a
Cigarra encontrou quem a ajudasse, afinal nem só de Formigas é feito o mundo... ela aprendeu a importância do trabalho, mas nunca abdicou do seu sonho e do seu talento...
E a verdadeira moral da história é que a maravilha da vida é justamente que a vida dá voltas inacreditáveis... e a felicidade existe!
Qual instrumento você escolhe pra tocar a vida?
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Pra ser feliz, mulher não precisa ser Maravilha nem Bombril
-- Sabe o que eu desejo pra você? Três filhos, porque dois é muito pouco; uma casa na praia, com varanda de ponta a ponta e uma boa empregada, pra que você não precise limpar tudo sozinha... e um marido que chegue todas as noites com uma garrafa de vinho debaixo do braço.
Eu tinha mais ou menos vinte anos quando minha mãe me disse estas palavras, e estava naquele momento da vida em que a gente é muito jovem e quer conquistar o mundo com a faculdade, o diploma, a força de vontade e o futuro incerto e cheio de surpresas... no qual a gente só enxerga oportunidades.
Outros vinte anos se passaram, eu não tive os filhos, não tenho a tal casa na praia nem a super empregada que ela sonhou pra mim. Passei a maior parte deste tempo correndo atrás dos tais “ganhos” que, dizem os mais experientes, as perdas nos presenteiam... quando a gente sabe (e está a fim de) brincar de “biscoitinho queimado”.
Alguém se lembra dessa brincadeira, o biscoitinho queimado? Lá em Minas era muito comum na Páscoa, quando os pais escondiam os ovos e, enquanto a criançada procurava pela casa inteira, eles iam sinalizando:
-- Tá frio! Agora tá esquentando... tá quente... tá fervendo!!! Achou!
Então, escolhi uma profissão que me ajudasse nessa minha busca pessoal, já que os jornalistas podem dar um jeito de entrevistar quem quiserem. E foi assim que me aproximei de muitas daquelas pessoas cujos livros eu lia, desde a adolescência, e admirava. Como minha primeira entrevistada, pra um jornal literário que já não existe mais, escolhi uma escritora feminista que eu adorava... e foi uma decepção, porque descobri que ela, na verdade, era rude e preconceituosa. Além de me tratar rispidamente e apontar todos os erros que eu cometia durante a entrevista, disse que, se sua filha quisesse ser uma simples dona de casa, ela teria um treco, acharia um absurdo e um desperdício!
Saí da casa dela sem saber onde estava aquela mulher incrível que eu lia nos livros, e que escrevia sobre a liberdade com a mesma paixão com que dissertava sobre o amor... o que teria havido com ela? Eu era novinha, mas apesar da minha juventude, questionei aquilo: quer dizer que a gente agora tem a obrigação de “usufruir” dos direitos a vestir o uniforme de executiva, trabalhar, botar dinheiro dentro de casa? E temos, obrigatoriamente, que ser “independentes”? Ser dona de casa virou coisa de gente “menor”? Optar por uma vida sem o “glamour” dos terninhos, das reuniões, da agenda lotada, do estresse, do salário e da falta de tempo pra mais nada é “desperdício”? Em nome de uma “carreira”, devemos mesmo deixar que as babás ou as creches criem nossos filhos, e que eles nos considerem um parente distante em vez daquela mãe presente com a qual todos nós, lá no fundo, sonhamos?
Talvez eu já tenha contado isso em algum post, mas uma vez, conversando com o escritor Fernando Sabino, ele disse que a única coisa que as mulheres tinham conquistado com a Revolução Feminista era o direito de ficar de pé no ônibus. Nós rimos, e eu rio disso até hoje, porque entendo o que ele quis dizer, e realmente acho que, de certa forma, tinha razão: por mais que os homens estejam se tornando “femininos”, participativos e eticétera e tal, as obrigações domésticas e relacionadas aos filhos ainda são, sim, das mulheres. Se o menino ficar doente e um dos dois tiver que faltar aquela reunião importantíssima no trabalho, não se engane: será a mãe.
Vou te dizer uma coisa: ganhar seu próprio dinheiro é sim, fundamental, e é maravilhoso. Ser dona do seu nariz, ser livre, ser autônoma. Mas olha, a verdade, mesmo, é que a autonomia está na cabeça e pouco tem a ver com tutu. Já vi mulheres duras e realmente livres e independentes; já vi as que ganharam muito dinheiro trabalhando e que piraram quando o marido partiu pra outra. A mulherada hoje em dia parece ter vergonha de bater um bolo, de fazer um café para o marido, de deixar que ele pague as contas da casa, e até de ser mulher em tempo integral, sem essa de bancar a Mulher Maravilha, que também é Bombril e tem mil e uma utilidades. Não pense que para ser respeitada por um marido (ou por quem quer que seja) você precisa ter dinheiro: você precisa, sim, é ter dignidade.
Outro dia ouvi de uma amiga, separada e rica:
-- Tá vendo, Fernanda? Tenho este tremendo apartamento, posso viajar pra onde quiser. Mas à noite, não tenho ninguém pra me fazer um cafuné.
Saber que casamento não é profissão e marido não é parente (minha mãe também me disse isso) e ter nossa própria vida, nossos sonhos, planos, projetos, profissão, dinheiro, autonomia... nada disso impede que a gente tenha, também, um prazer imenso em ser mulher dentro de casa e mulherzinha quando o marido chega. A mulher que tem vergonha de ser o que é e de desempenhar, feliz da vida, o seu papel, está condenada, lamento muito, a ser infeliz... porque amar é bom, namorar é ótimo e “cada um no seu quadrado” é uma verdadeira delícia! Esta foi a grande lição de felicidade que a minha mãe, sábia mulher, me ensinou, e que realmente vem sendo decisiva para minha plenitude e alegria. De tudo o que ela sonhou pra mim, conquistei o mais importante, e esta é a minha grande vitória como mulher.
Este aqui eu entrevistei também, e ele sabe das coisas:
Eu tinha mais ou menos vinte anos quando minha mãe me disse estas palavras, e estava naquele momento da vida em que a gente é muito jovem e quer conquistar o mundo com a faculdade, o diploma, a força de vontade e o futuro incerto e cheio de surpresas... no qual a gente só enxerga oportunidades.
Outros vinte anos se passaram, eu não tive os filhos, não tenho a tal casa na praia nem a super empregada que ela sonhou pra mim. Passei a maior parte deste tempo correndo atrás dos tais “ganhos” que, dizem os mais experientes, as perdas nos presenteiam... quando a gente sabe (e está a fim de) brincar de “biscoitinho queimado”.
Alguém se lembra dessa brincadeira, o biscoitinho queimado? Lá em Minas era muito comum na Páscoa, quando os pais escondiam os ovos e, enquanto a criançada procurava pela casa inteira, eles iam sinalizando:
-- Tá frio! Agora tá esquentando... tá quente... tá fervendo!!! Achou!
Então, escolhi uma profissão que me ajudasse nessa minha busca pessoal, já que os jornalistas podem dar um jeito de entrevistar quem quiserem. E foi assim que me aproximei de muitas daquelas pessoas cujos livros eu lia, desde a adolescência, e admirava. Como minha primeira entrevistada, pra um jornal literário que já não existe mais, escolhi uma escritora feminista que eu adorava... e foi uma decepção, porque descobri que ela, na verdade, era rude e preconceituosa. Além de me tratar rispidamente e apontar todos os erros que eu cometia durante a entrevista, disse que, se sua filha quisesse ser uma simples dona de casa, ela teria um treco, acharia um absurdo e um desperdício!
Saí da casa dela sem saber onde estava aquela mulher incrível que eu lia nos livros, e que escrevia sobre a liberdade com a mesma paixão com que dissertava sobre o amor... o que teria havido com ela? Eu era novinha, mas apesar da minha juventude, questionei aquilo: quer dizer que a gente agora tem a obrigação de “usufruir” dos direitos a vestir o uniforme de executiva, trabalhar, botar dinheiro dentro de casa? E temos, obrigatoriamente, que ser “independentes”? Ser dona de casa virou coisa de gente “menor”? Optar por uma vida sem o “glamour” dos terninhos, das reuniões, da agenda lotada, do estresse, do salário e da falta de tempo pra mais nada é “desperdício”? Em nome de uma “carreira”, devemos mesmo deixar que as babás ou as creches criem nossos filhos, e que eles nos considerem um parente distante em vez daquela mãe presente com a qual todos nós, lá no fundo, sonhamos?
Talvez eu já tenha contado isso em algum post, mas uma vez, conversando com o escritor Fernando Sabino, ele disse que a única coisa que as mulheres tinham conquistado com a Revolução Feminista era o direito de ficar de pé no ônibus. Nós rimos, e eu rio disso até hoje, porque entendo o que ele quis dizer, e realmente acho que, de certa forma, tinha razão: por mais que os homens estejam se tornando “femininos”, participativos e eticétera e tal, as obrigações domésticas e relacionadas aos filhos ainda são, sim, das mulheres. Se o menino ficar doente e um dos dois tiver que faltar aquela reunião importantíssima no trabalho, não se engane: será a mãe.
Vou te dizer uma coisa: ganhar seu próprio dinheiro é sim, fundamental, e é maravilhoso. Ser dona do seu nariz, ser livre, ser autônoma. Mas olha, a verdade, mesmo, é que a autonomia está na cabeça e pouco tem a ver com tutu. Já vi mulheres duras e realmente livres e independentes; já vi as que ganharam muito dinheiro trabalhando e que piraram quando o marido partiu pra outra. A mulherada hoje em dia parece ter vergonha de bater um bolo, de fazer um café para o marido, de deixar que ele pague as contas da casa, e até de ser mulher em tempo integral, sem essa de bancar a Mulher Maravilha, que também é Bombril e tem mil e uma utilidades. Não pense que para ser respeitada por um marido (ou por quem quer que seja) você precisa ter dinheiro: você precisa, sim, é ter dignidade.
Outro dia ouvi de uma amiga, separada e rica:
-- Tá vendo, Fernanda? Tenho este tremendo apartamento, posso viajar pra onde quiser. Mas à noite, não tenho ninguém pra me fazer um cafuné.
Saber que casamento não é profissão e marido não é parente (minha mãe também me disse isso) e ter nossa própria vida, nossos sonhos, planos, projetos, profissão, dinheiro, autonomia... nada disso impede que a gente tenha, também, um prazer imenso em ser mulher dentro de casa e mulherzinha quando o marido chega. A mulher que tem vergonha de ser o que é e de desempenhar, feliz da vida, o seu papel, está condenada, lamento muito, a ser infeliz... porque amar é bom, namorar é ótimo e “cada um no seu quadrado” é uma verdadeira delícia! Esta foi a grande lição de felicidade que a minha mãe, sábia mulher, me ensinou, e que realmente vem sendo decisiva para minha plenitude e alegria. De tudo o que ela sonhou pra mim, conquistei o mais importante, e esta é a minha grande vitória como mulher.
Este aqui eu entrevistei também, e ele sabe das coisas:
domingo, 20 de novembro de 2011
Em queda livre, no espaço sideral
Sabe, a gente passa a vida sem entender nada do que realmente faz a diferença na “hora H”. A gente acorda cedo, tem que aprender a se “socializar” e a ser “aceito” (ai, que saco!), tem que entender os mistérios da Química, da Gramática e da Língua Estrangeira... tirar documentos... encontrar uma carreira e ser bem-sucedido (não só pra ganhar dinheiro, mas pra calar a boca dos idiotas que pensam que, se você não tem uma “carreira”, você não é nada...).
E tem que arranjar a vida afetiva, seja num namoro, num casamento, numa amizade colorida... ou aprender a ser feliz com a solidão dos casos ocasionais... e tem que fazer mágica e sacrifícios em nome da convivência com a família, os amigos e os agregados... e tem que entrar na fila para pagar as contas e não ficar com o nome sujo, e tem que encarar o ambiente selvagem do mercado de trabalho... e inventar coragem pra sair todos os dias de casa, porque a gente nunca sabe se volta...
E tem que cuidar da saúde, malhar o “corpinho”, vigiar o colesterol e as doenças hereditárias... e tem que ler o jornal, estar em dia com os últimos lançamentos literários... driblar o tédio... fingir que curte muito as festas de fim de ano, mesmo que fique triste nesta época... e atuar pra nós mesmos, porque encarar de frente as próprias infelicidades e frustrações é batalha para poucos... e fechar os olhos para as crises existenciais que sim, todos nós sofremos em algum momento da vida...
E eis que, de repente, a gente entende na carne e na alma que fez tudo direitinho, que foi responsável, que estudou, que não roubou o namorado de ninguém, que pagou as contas, que trabalhou, que ajudou quem pôde, que rezou todas as noites, que tomou banho, escovou os dentes e passou hidratante... que tomou os remedinhos na hora certa, correu na orla todos os dias dos últimos dez anos, comprou apartamento, guardou dinheiro no banco, fez plástica e viajou pela Europa inteira...
Mas alguma coisa falta.
Sabe, a gente passa a vida toda cumprindo com todas as obrigações, menos com o que realmente importa e faz a diferença na hora H... que é quando nos falta aquela coisa tão preciosa e essencial, na qual nos agarramos para não cair vertiginosamente no espaço sideral... a morte, o divórcio, a solidão, o desemprego, a doença... os verdadeiros desafios da existência acabam chegando para todos nós em algum momento, e então a gente descobre que a segurança é uma mentira contada por alguém que morria de medo de viver.
A gente faz tudo direitinho, mas se não encontrou uma boa academia para malhar o espírito e desenvolver os músculos da força interior... não somos nada, não temos nada, só as lágrimas pra chorar e aquela tristeza tão funda, tão funda... na qual jamais deixaremos de estar eternamente em queda.
E tem que arranjar a vida afetiva, seja num namoro, num casamento, numa amizade colorida... ou aprender a ser feliz com a solidão dos casos ocasionais... e tem que fazer mágica e sacrifícios em nome da convivência com a família, os amigos e os agregados... e tem que entrar na fila para pagar as contas e não ficar com o nome sujo, e tem que encarar o ambiente selvagem do mercado de trabalho... e inventar coragem pra sair todos os dias de casa, porque a gente nunca sabe se volta...
E tem que cuidar da saúde, malhar o “corpinho”, vigiar o colesterol e as doenças hereditárias... e tem que ler o jornal, estar em dia com os últimos lançamentos literários... driblar o tédio... fingir que curte muito as festas de fim de ano, mesmo que fique triste nesta época... e atuar pra nós mesmos, porque encarar de frente as próprias infelicidades e frustrações é batalha para poucos... e fechar os olhos para as crises existenciais que sim, todos nós sofremos em algum momento da vida...
E eis que, de repente, a gente entende na carne e na alma que fez tudo direitinho, que foi responsável, que estudou, que não roubou o namorado de ninguém, que pagou as contas, que trabalhou, que ajudou quem pôde, que rezou todas as noites, que tomou banho, escovou os dentes e passou hidratante... que tomou os remedinhos na hora certa, correu na orla todos os dias dos últimos dez anos, comprou apartamento, guardou dinheiro no banco, fez plástica e viajou pela Europa inteira...
Mas alguma coisa falta.
Sabe, a gente passa a vida toda cumprindo com todas as obrigações, menos com o que realmente importa e faz a diferença na hora H... que é quando nos falta aquela coisa tão preciosa e essencial, na qual nos agarramos para não cair vertiginosamente no espaço sideral... a morte, o divórcio, a solidão, o desemprego, a doença... os verdadeiros desafios da existência acabam chegando para todos nós em algum momento, e então a gente descobre que a segurança é uma mentira contada por alguém que morria de medo de viver.
A gente faz tudo direitinho, mas se não encontrou uma boa academia para malhar o espírito e desenvolver os músculos da força interior... não somos nada, não temos nada, só as lágrimas pra chorar e aquela tristeza tão funda, tão funda... na qual jamais deixaremos de estar eternamente em queda.
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Recuse o convite irresistível do erro
Se há um convite que, à maioria de nós, é quase irresistível, é o convite ao erro. E ele vem vestido de muitas maneiras, confundindo-nos; uma de suas armadilhas mais comuns é chegar na forma de um velho hábito, daqueles que já estão tão arraigados na gente, que nem mesmo percebemos seu domínio ou influência.
No entanto, a sorte de ter um coração e um cérebro acaba jogando luz sobre o quarto escuro da nossa consciência... mais dia, menos dia, uma voz começa a falar dentro da gente, pedindo por nossa libertação. É que, por mais automático que seja um hábito, nossa alma, que é essencialmente pura, deseja a mudança, anseia que nos livremos do comportamento viciado.
Mas vencer a força de um hábito exige muito de nós: mais que à força de vontade, temos que recorrer a todo o nosso potencial de observação, para que possamos cortar o mal pela raiz e adotar outro comportamento no exato instante em que aquela atitude mecânica começa a agir sobre nós. Porque não é você que possui o hábito: ele é que possui você.
O maravilhoso desta luta violenta que travamos dentro de nós mesmos, é que ela realmente pode ser vencida, mesmo que as raízes do hábito estejam pregadas aos nossos ossos... ou à nossa alma, aprisionando-nos. Já vi gente que deixou o álcool, o fumo, a fofoca, a crítica, o consumismo, a preguiça, o ressentimento, a gula e eticétera e tal... em nome da liberdade de viver outra vida e de ser outra pessoa.
Veja que beleza o poema “Autobiografia em Cinco Capítulos”, do tibetano Nyoshul Khenpo:
1) Ando pela rua
Há um buraco fundo na calçada
Eu caio
Estou perdido...sem esperança.
Não é culpa minha.
Leva uma eternidade para encontrar a saída.
2) Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada
Mas finjo não vê-lo.
Caio nele de novo.
Não posso acreditar que estou no mesmo lugar.
Mas não é culpa minha.
Ainda assim, levo um tempão para sair.
3) Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada
Vejo que ele ali está
Ainda assim caio... é um hábito.
Meus olhos se abrem
Sei onde estou
É minha culpa.
Saio imediatamente.
4) Ando pela mesma rua
Há um buraco fundo na calçada
Dou a volta.
5) Ando por outra rua.
A Mafalda, minha chapa argentina, entende bem do que estou falando...
No entanto, a sorte de ter um coração e um cérebro acaba jogando luz sobre o quarto escuro da nossa consciência... mais dia, menos dia, uma voz começa a falar dentro da gente, pedindo por nossa libertação. É que, por mais automático que seja um hábito, nossa alma, que é essencialmente pura, deseja a mudança, anseia que nos livremos do comportamento viciado.
Mas vencer a força de um hábito exige muito de nós: mais que à força de vontade, temos que recorrer a todo o nosso potencial de observação, para que possamos cortar o mal pela raiz e adotar outro comportamento no exato instante em que aquela atitude mecânica começa a agir sobre nós. Porque não é você que possui o hábito: ele é que possui você.
O maravilhoso desta luta violenta que travamos dentro de nós mesmos, é que ela realmente pode ser vencida, mesmo que as raízes do hábito estejam pregadas aos nossos ossos... ou à nossa alma, aprisionando-nos. Já vi gente que deixou o álcool, o fumo, a fofoca, a crítica, o consumismo, a preguiça, o ressentimento, a gula e eticétera e tal... em nome da liberdade de viver outra vida e de ser outra pessoa.
Veja que beleza o poema “Autobiografia em Cinco Capítulos”, do tibetano Nyoshul Khenpo:
1) Ando pela rua
Há um buraco fundo na calçada
Eu caio
Estou perdido...sem esperança.
Não é culpa minha.
Leva uma eternidade para encontrar a saída.
2) Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada
Mas finjo não vê-lo.
Caio nele de novo.
Não posso acreditar que estou no mesmo lugar.
Mas não é culpa minha.
Ainda assim, levo um tempão para sair.
3) Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada
Vejo que ele ali está
Ainda assim caio... é um hábito.
Meus olhos se abrem
Sei onde estou
É minha culpa.
Saio imediatamente.
4) Ando pela mesma rua
Há um buraco fundo na calçada
Dou a volta.
5) Ando por outra rua.
A Mafalda, minha chapa argentina, entende bem do que estou falando...
sexta-feira, 11 de novembro de 2011
A vida sem propósito é uma causa perdida
Estava quase dormindo diante de mais um documentário televisivo sobre a Arca da Aliança, quando aqueles monges muito pobres, da Etiópia, entraram em cena. Magrinhos, humildemente vestidos, vivem em função de guardar um casebre onde, acreditam, repousam objetos que integravam a sala do Templo de Salomão, em Jerusalém, onde ficava a dita arca.
Não são muitos, e pelo que entendi, vivem em permanente rodízio de sentinelas, velhos rifles em punho, guardando o tesouro de sua fé.
O documentário seguiu e, mais adiante, conheci um templo, também na Etiópia, guardado por monges que jamais saem dos limites do prédio, porque ali dizem manter a própria Arca. A entrada é proibida até mesmo para o Papa, e ai de quem ousar teimar com eles...
E fiquei aqui pensando... imagine passar a vida assim, no claustro... sem conforto, sem liberdade pra nada, sem expectativas, planos ou sonhos, com um futuro feito de dias tão iguais...
Então entendi: é uma questão de propósito.
Quantas vezes já vi gente que tinha “tudo”: saúde, dinheiro, família, juventude, beleza, sucesso... e o último capítulo foi um suicídio. Outras histórias acabaram em tédio, amargura e solidão: sentimentos de quem deixou a vida passar lá fora, em vez de convidá-la a entrar em casa e ficar pra sempre. Em ambos os casos, talvez tenha faltado justamente o que sobra aos monges etíopes: um propósito de vida. Uma causa para abraçar. Uma verdade íntima, plena, uma batalha diária e individual.
E olha, não precisa ser nada sensacional, não, como ganhar o Nobel, matar o Golias ou remar contra a maré. Nem é preciso virar monge... seu propósito pode ser mais modesto, como simplesmente tornar-se uma pessoa melhor ou ser feliz com menos do que você imagina necessitar (ou merecer).
Há grandes propósitos na vida, que não raro nos passam desapercebidos porque a cultura narcisista em que vivemos vem tirando deles seu valor: o propósito de aprender; de desenvolver sua noção de respeito pelos outros e pelo planeta; de vivenciar sua espiritualidade; de amar melhor; de doar seu tempo; de ter um lar saudável; de cultivar a paz interior e o desapego; de ter filhos educados, de agir com integridade e de retribuir ao Criador ao menos um milésimo do que recebemos a todo instante.
Sem um propósito, a existência perde o sentido e tudo se resume à vaidade e ao egocentrismo. A insatisfação domina os sentidos e faz de nós robozinhos viciados em adrenalina e substâncias químicas.
Mas olha, um pouco de cuidado e atenção também é bom, porque reféns que somos da autocomiseração, muitas vezes fazemos da destruição de nós mesmos o nosso grande propósito, muito fácil de ser levado a cabo, aliás, mas tão difícil de aceitarmos quando já está consumado. Quanta gente já vi, amarga e arrependida por ter soltado as rédeas da própria existência, infeliz e frustrada por ter feito pouco caso de tudo o que tinha... e que acabou perdendo. E atente para o risco de acomodar-se ao vazio de um cotidiano sem propósitos, porque a preguiça também crava sobre nós as suas unhas, e pode parecer mais fácil relaxar. Mas a vida não aceita ingratidão...
Abra as gavetas da sua alma e passe em revista seus propósitos, dos mais antigos e esquecidos, lá atrás, àqueles que você mesmo ainda nem conhece. Cole-os nas janelas dos seus olhos e use o seu coração como a bússola que aponta para a felicidade. Agora ordene aos seus pés e à sua vontade que corram, depressa, para lá.
Com propósitos, a vida fica toda azul!!!!!!!!!
Mas pode ficar cor-de-rosa, se você preferir!
Não são muitos, e pelo que entendi, vivem em permanente rodízio de sentinelas, velhos rifles em punho, guardando o tesouro de sua fé.
O documentário seguiu e, mais adiante, conheci um templo, também na Etiópia, guardado por monges que jamais saem dos limites do prédio, porque ali dizem manter a própria Arca. A entrada é proibida até mesmo para o Papa, e ai de quem ousar teimar com eles...
E fiquei aqui pensando... imagine passar a vida assim, no claustro... sem conforto, sem liberdade pra nada, sem expectativas, planos ou sonhos, com um futuro feito de dias tão iguais...
Então entendi: é uma questão de propósito.
Quantas vezes já vi gente que tinha “tudo”: saúde, dinheiro, família, juventude, beleza, sucesso... e o último capítulo foi um suicídio. Outras histórias acabaram em tédio, amargura e solidão: sentimentos de quem deixou a vida passar lá fora, em vez de convidá-la a entrar em casa e ficar pra sempre. Em ambos os casos, talvez tenha faltado justamente o que sobra aos monges etíopes: um propósito de vida. Uma causa para abraçar. Uma verdade íntima, plena, uma batalha diária e individual.
E olha, não precisa ser nada sensacional, não, como ganhar o Nobel, matar o Golias ou remar contra a maré. Nem é preciso virar monge... seu propósito pode ser mais modesto, como simplesmente tornar-se uma pessoa melhor ou ser feliz com menos do que você imagina necessitar (ou merecer).
Há grandes propósitos na vida, que não raro nos passam desapercebidos porque a cultura narcisista em que vivemos vem tirando deles seu valor: o propósito de aprender; de desenvolver sua noção de respeito pelos outros e pelo planeta; de vivenciar sua espiritualidade; de amar melhor; de doar seu tempo; de ter um lar saudável; de cultivar a paz interior e o desapego; de ter filhos educados, de agir com integridade e de retribuir ao Criador ao menos um milésimo do que recebemos a todo instante.
Sem um propósito, a existência perde o sentido e tudo se resume à vaidade e ao egocentrismo. A insatisfação domina os sentidos e faz de nós robozinhos viciados em adrenalina e substâncias químicas.
Mas olha, um pouco de cuidado e atenção também é bom, porque reféns que somos da autocomiseração, muitas vezes fazemos da destruição de nós mesmos o nosso grande propósito, muito fácil de ser levado a cabo, aliás, mas tão difícil de aceitarmos quando já está consumado. Quanta gente já vi, amarga e arrependida por ter soltado as rédeas da própria existência, infeliz e frustrada por ter feito pouco caso de tudo o que tinha... e que acabou perdendo. E atente para o risco de acomodar-se ao vazio de um cotidiano sem propósitos, porque a preguiça também crava sobre nós as suas unhas, e pode parecer mais fácil relaxar. Mas a vida não aceita ingratidão...
Abra as gavetas da sua alma e passe em revista seus propósitos, dos mais antigos e esquecidos, lá atrás, àqueles que você mesmo ainda nem conhece. Cole-os nas janelas dos seus olhos e use o seu coração como a bússola que aponta para a felicidade. Agora ordene aos seus pés e à sua vontade que corram, depressa, para lá.
Com propósitos, a vida fica toda azul!!!!!!!!!
Mas pode ficar cor-de-rosa, se você preferir!
terça-feira, 8 de novembro de 2011
Sofrer antes da hora é coisa de zumbi
-- Não é nada!
O poder incrível destas três palavrinhas, ditas por uma mulher desconhecida, num quarto de hospital, é inimaginável para quem não passou duas semanas temendo a morte próxima e o martírio da doença incurável.
Foi o que aconteceu com minha amiga Cida, que ainda grogue da anestesia exigida por um exame doloroso, viu-se liberta de um futuro tantas vezes imaginado e tantas vezes sofrido: cerca de 15 dias de angústia e horror, de pesadelos apesar da insônia, de medo da morte, enfim.
Quem não tem medo da morte? Quem, por mais espiritualizado que seja, ao menos não lamenta ter que morrer?
-- Ninguém quer morrer – diz meu amigo Fúlvio, médico experiente das emergências cariocas, e que já viu poucas e boas em seus plantões.
Mas o que é o sofrimento por antecipação? De certa forma, um pouco de morte em vida. A Cida, personagem principal desta história, perdeu duas semanas de vida para o desespero... e por nada. No fim das contas, não havia doença nenhuma, para seu alívio e renascimento. Muito bem: ela ficou aliviada e renasceu, mas e os dias que perdeu para a tal doença? E as noites que não dormiu? E todos os momentos de alegria e paz que poderia ter desfrutado... e que foram só de angústia? Todo este tempo foi pelo ralo e não será restituído. Tudo por pavor de um futuro incerto.
Eu mesma já recebi um laudo errado de um laboratório muito famoso e passei seis dias condenada. Estava numa viagem de trabalho, em meio a gente que não conhecia, e tive que lidar com aquele medão de ter as veias transformadas em pasto de agulhas, de ter que dizer adeus ao marido que amava e à vida que ainda pedia pra ser vivida. Que tristeza, que luto, que dor!
Minha angústia chegou a um ponto tal que, quando me vi sobre as areias que margeiam o rio São Francisco, próximo do seu encontro com o mar, não agüentei o desperdício: a tarde era linda demais e minha dor de moribunda não me deixava enxergar mais nada!
Chamei Nossa Senhora num canto daquela paisagem e pedi-Lhe que conversasse lá com Jesus Cristo: minha causa estava entregue, e se tivesse que ser... fazer o quê? Cultivar a paz de espírito.
Depois, aceitei uma água de côco do guia de turismo e fiz ali mesmo, sob um coqueiro, a entrevista sobre o lugar. E foi uma entrevista inesquecível simplesmente porque, naquele momento, deixei de me “ pré-ocupar” com a possível doença mortal. Consegui a graça da libertação. A graça de me concentrar no momento que vivia, e que era maravilhoso. A graça de não viver um futuro incerto, como se fosse certíssimo.
Tentei levar a vida assim, a partir de então, estando mais presente no agora e deixando o futuro pra amanhã. Isso às vezes é dificílimo, mas faz toda a diferença na qualidade de vida porque o futuro realmente não existe, já que ainda não estamos lá.
Entendi que sofrer por antecipação é a pior das mortes, é a morte definitiva da alma, que faz de nós verdadeiros zumbis.
O guia e eu, refletidos nas areias douradas do São Francisco
O poder incrível destas três palavrinhas, ditas por uma mulher desconhecida, num quarto de hospital, é inimaginável para quem não passou duas semanas temendo a morte próxima e o martírio da doença incurável.
Foi o que aconteceu com minha amiga Cida, que ainda grogue da anestesia exigida por um exame doloroso, viu-se liberta de um futuro tantas vezes imaginado e tantas vezes sofrido: cerca de 15 dias de angústia e horror, de pesadelos apesar da insônia, de medo da morte, enfim.
Quem não tem medo da morte? Quem, por mais espiritualizado que seja, ao menos não lamenta ter que morrer?
-- Ninguém quer morrer – diz meu amigo Fúlvio, médico experiente das emergências cariocas, e que já viu poucas e boas em seus plantões.
Mas o que é o sofrimento por antecipação? De certa forma, um pouco de morte em vida. A Cida, personagem principal desta história, perdeu duas semanas de vida para o desespero... e por nada. No fim das contas, não havia doença nenhuma, para seu alívio e renascimento. Muito bem: ela ficou aliviada e renasceu, mas e os dias que perdeu para a tal doença? E as noites que não dormiu? E todos os momentos de alegria e paz que poderia ter desfrutado... e que foram só de angústia? Todo este tempo foi pelo ralo e não será restituído. Tudo por pavor de um futuro incerto.
Eu mesma já recebi um laudo errado de um laboratório muito famoso e passei seis dias condenada. Estava numa viagem de trabalho, em meio a gente que não conhecia, e tive que lidar com aquele medão de ter as veias transformadas em pasto de agulhas, de ter que dizer adeus ao marido que amava e à vida que ainda pedia pra ser vivida. Que tristeza, que luto, que dor!
Minha angústia chegou a um ponto tal que, quando me vi sobre as areias que margeiam o rio São Francisco, próximo do seu encontro com o mar, não agüentei o desperdício: a tarde era linda demais e minha dor de moribunda não me deixava enxergar mais nada!
Chamei Nossa Senhora num canto daquela paisagem e pedi-Lhe que conversasse lá com Jesus Cristo: minha causa estava entregue, e se tivesse que ser... fazer o quê? Cultivar a paz de espírito.
Depois, aceitei uma água de côco do guia de turismo e fiz ali mesmo, sob um coqueiro, a entrevista sobre o lugar. E foi uma entrevista inesquecível simplesmente porque, naquele momento, deixei de me “ pré-ocupar” com a possível doença mortal. Consegui a graça da libertação. A graça de me concentrar no momento que vivia, e que era maravilhoso. A graça de não viver um futuro incerto, como se fosse certíssimo.
Tentei levar a vida assim, a partir de então, estando mais presente no agora e deixando o futuro pra amanhã. Isso às vezes é dificílimo, mas faz toda a diferença na qualidade de vida porque o futuro realmente não existe, já que ainda não estamos lá.
Entendi que sofrer por antecipação é a pior das mortes, é a morte definitiva da alma, que faz de nós verdadeiros zumbis.
O guia e eu, refletidos nas areias douradas do São Francisco
quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Zorba, o grego, e o efeito cascata
-- A pior coisa do mau-humor, é que ele é contagioso.
Acertou na mosca a minha amiga Yvonne, referindo-se à “maçã podre na caixa” que, no caso, era um dos nossos amigos ali presentes à situação: irritadinho, começou a contagiar o grupo todo numa tarde que deveria ser de confraternização.
Nunca mais me esqueci dessas palavras, e simplesmente pelo fato de que são mesmo verdadeiras. Dali em diante, tratei logo de ficar vigilante para não ser contaminada e estragar meu dia, e também para tentar não ser, eu mesma, a tal maçã podre: melhor levar só coisas boas onde quer que a gente vá.
Mas o outro lado da moeda também existe, bendito seja, e os bons sentimentos são tão epidêmicos quanto os ruins, já reparou? A própria Ciência comprova, através de testes (que vi no Discovery, claaaaaro) que o homem é mesmo um macaco de imitação que, inconscientemente, segue a tendência do momento, deixa-se levar, crê muito facilmente, vê o que imagina estar vendo e até mesmo sente o que pensa estar sentindo.
Bem... se o cérebro humano é uma máquina que responde automaticamente aos estímulos, e nem sempre pode ser dominado, nem tudo está perdido, porque a “vontade”, esta sim, o homem pode dominar. Então tudo é uma questão de decisão: atrás de quem (ou de quê) você se permitirá ir?
Lembre-se: seu poder de decisão está no ato de pensar.
Sim, existem os “gatilhos”, aquelas situações que, quando acontecem, detonam em nós, imediatamente, uma reação automática. Mas até mesmo contra isso podemos lutar, e se assim não fosse, o mundo estaria perdido e a civilização também. No entanto, nada é mais forte que a força de vontade. Nada é mais poderoso que a decisão tomada.
Antes de se deixar tomar por um estado de espírito, respire fundo. Conte até cinco enquanto avalia se este ímpeto é um chamado da vida ou do retrocesso. E, ao pensar, poderá decidir se entra mesmo nesta dança ou não.
Clique no link abaixo e entenda melhor o que estou dizendo:
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