Sabe, a gente passa a vida sem entender nada do que realmente faz a diferença na “hora H”. A gente acorda cedo, tem que aprender a se “socializar” e a ser “aceito” (ai, que saco!), tem que entender os mistérios da Química, da Gramática e da Língua Estrangeira... tirar documentos... encontrar uma carreira e ser bem-sucedido (não só pra ganhar dinheiro, mas pra calar a boca dos idiotas que pensam que, se você não tem uma “carreira”, você não é nada...).
E tem que arranjar a vida afetiva, seja num namoro, num casamento, numa amizade colorida... ou aprender a ser feliz com a solidão dos casos ocasionais... e tem que fazer mágica e sacrifícios em nome da convivência com a família, os amigos e os agregados... e tem que entrar na fila para pagar as contas e não ficar com o nome sujo, e tem que encarar o ambiente selvagem do mercado de trabalho... e inventar coragem pra sair todos os dias de casa, porque a gente nunca sabe se volta...
E tem que cuidar da saúde, malhar o “corpinho”, vigiar o colesterol e as doenças hereditárias... e tem que ler o jornal, estar em dia com os últimos lançamentos literários... driblar o tédio... fingir que curte muito as festas de fim de ano, mesmo que fique triste nesta época... e atuar pra nós mesmos, porque encarar de frente as próprias infelicidades e frustrações é batalha para poucos... e fechar os olhos para as crises existenciais que sim, todos nós sofremos em algum momento da vida...
E eis que, de repente, a gente entende na carne e na alma que fez tudo direitinho, que foi responsável, que estudou, que não roubou o namorado de ninguém, que pagou as contas, que trabalhou, que ajudou quem pôde, que rezou todas as noites, que tomou banho, escovou os dentes e passou hidratante... que tomou os remedinhos na hora certa, correu na orla todos os dias dos últimos dez anos, comprou apartamento, guardou dinheiro no banco, fez plástica e viajou pela Europa inteira...
Mas alguma coisa falta.
Sabe, a gente passa a vida toda cumprindo com todas as obrigações, menos com o que realmente importa e faz a diferença na hora H... que é quando nos falta aquela coisa tão preciosa e essencial, na qual nos agarramos para não cair vertiginosamente no espaço sideral... a morte, o divórcio, a solidão, o desemprego, a doença... os verdadeiros desafios da existência acabam chegando para todos nós em algum momento, e então a gente descobre que a segurança é uma mentira contada por alguém que morria de medo de viver.
A gente faz tudo direitinho, mas se não encontrou uma boa academia para malhar o espírito e desenvolver os músculos da força interior... não somos nada, não temos nada, só as lágrimas pra chorar e aquela tristeza tão funda, tão funda... na qual jamais deixaremos de estar eternamente em queda.
Fernanda,
ResponderExcluirAdorei.
Acredito que exercitando o espirito e a forca interior, temos sim, forcas para aguentar as coisa naturais como a morte, o fracasso, a solidao, etc e tal.
Ja passamos da era de peixes que um segue o outro sem nem saber por que??? Era de aquario libertacao, e o encontro do seu verdadeiro eu.
Acho que tambem estou viajando na maionese ....mais quer saber, e o que eu penso.
Felicidades.
Gilda Bose
Gilda, sabe o que eu acho? Que viajar na maionese é coisa de quem PENSA! Abraços!
ResponderExcluirTudo que vc escreve , me surpreende e me encanta!!!!
ResponderExcluirAndréa, valeu demais o seu retorno, alegrou minha manhã. Apareça sempre!
ResponderExcluirO bom de fazer tudo direitinho ou adequadamente, é que nos livra de uma possível culpa, quando ou se não der certo, queriDannemann.Como a vida tem vida própria e a impermanência é sua caractrística principal, muitas vezes algo vai faltar ou escapar ou não sair como previsto...faz parte do eterno "perdeganha" que é viver. Não podemos esquecer de que somos seres desejantes (mais do que racionais) e a própria natureza do desejo é, de novo e sempre... desejar.Ato contínuo, até a satisfação plena tem prazo de validade. Mais não comento para não cansar os respeitáveis leitores e blogueira, pois já extrapolei a minha cota rsrs...na entrevista.
ResponderExcluirAbraços do Marcos Lúcio.
Fernanda: A Gilda Bose, acho que está usando um teclado alemão, que não tem o (ç). Sendo assim seu blog está em terras com 5 horas de diferença, para mais.
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