De Verona para Florença, meu co-piloto e eu nào conseguimos descer na estaçào por um motivo simples: a parada foi de apenas um minuto e meio! Quando o trem recomeçou a andar, estàvamos com as mochilas nas màos e o desespero no rosto, diante da porta fechada do trem e de um italiano que nos disse, com cara de paisagem:
-- Agora vocès sò descem em Roma, daqui a uma hora e meia.
Jà haviamos perdido nossos assentos para novos passageiros e tratamos de nos sentar em outros, torcendo para que ninguèm reclamasse o lugar. Quando o bilheteiro passou, nào nos cobrou novos bilhetes e nos aconselhou a procurar a assistència ao cliente, là na ferroviària de Roma, e conseguir de graça novos bilhetes para voltar a Florença no trem de dez e meia.
Fizemos tudo isso e, quando chegamos ao trem das dez e meia, quase tive um ataque e pensei em pular na linha do dito cujo. O trem quase caia aos pedaços...
Era apertadissimo, fedido ao extremo e, pra completar, levaria tres horas e meia para chegar a Florença, por causa das paradas. E a bilheteira ainda avisou:
-- Està lotado, talvez voces tenham que viajar de pè.
Entrei para dar uma olhada e vi as cabines cheias de gente de todo tipo. Ciganos, estudantes, africanos, chineses, camponeses... todos com a cara fechada de quem nào quer fazer amigos. Entào entendi que estàvamos no trem mais barato da Itàlia.
Foi como em Veneza: sentei e chorei.
Nos finalmentes, sobraram ali dois lugares numa cabine que dava lugar a seis pessoas, e nos apertamos enquanto eu tentava me abstrair do cheirinho de inhaca que dominava o ambiente. Esta foi a melhor foto que consegui, mas jà dà uma idèia da gravidade da situaçào:
Chegamos a Florença às duas da manhà e eu sò pensava no banho que ia tomar quando chegasse ao hotel.
Jà no quarto, enooooorme, senti um cheiro meio esquisito no ambiente. O teto era muito alto, as cortinas de veludo, os tapetes persa e os mòveis pesados...
Comentei:
-- Hotel meio esquisito, nè?
E meu co-piloto:
-- Meu amor, isso aqui è um castelo! Tem mais de 500 anos!
Entendi de imediato:
-- Entào as mumias estào todas aqui neste quarto com a gente...
E a cama, que beleza! Mas aquecimento, que è bom, zero, porque os italianos desligam os aquecedores à noite! A sorte foi que o meu co-piloto è dublè de MacGyver e resolve qualquer parada... conseguiu descobrir o termostato do aquecedor no hall do elevador e apertou todos os botòes atè ouvir "cleck". Em meia hora o quarto estava quente.
Corri para o banheiro, louca por um banho, e olha que luxo! Duas pias???
E vi a banheira! Uai... mas quede o chuveiro??? Gente, o banho era de bacia!
Tratei de correr para o meu Rivotril e fui dormir para esquecer.
No dia seguinte, conheci melhor o castelào... olha a sala de estar:
Veja a foto tirada da metade da escadaria que leva à torre do castelo, e là embaixo, estou escrevendo justamente este post!
Agora, Florença vista do alto da torre:
Felizmente,vc conseguiu escrever o post com uma pitada de humor.
ResponderExcluirPois qq mortal numa situação dessa,chutava o balde com os dois pés...
Monica.
Monica, sò nào chutei o balde porque nào tinha nenhum por perto... bjs!
ExcluirTente não lembrar do lamentável perrengue italiano, que já passou, como tudo passa intermitentemnte, e desculpe minha empolgação, queriDannemann. É que Firenze deixa-me eriçado.Fiquei quase tonto de emoção com este video, tipo túnel do tempo. Merci.
ResponderExcluirComo sou apaixonadíssimo por arte, passear pela cidade é como percorrer um museu ao ar livre, com uma obra-prima em cada esquina. Há tantos trabalhos magníficos deixados por tantos dos melhores gênios conhecidos, algo raríssimo no mundo, que foi-me impossível conhecê-la sem chorar de emoção (e sem jamais esquecê-la).
Sem saudosismos e nostalgias, convenhamos: outros gênios mesmo, há decadas parecem extintos. Com o acervo/legado imortal que a cidade exibe, orgulhosamente, está preservado parte do melhor que a humanidade pôde produzir, também para a posteridade.
.Obrigatórias são as visitas à Galeria Uffizi, à Piazza della Signoria, ao Museo Casa de Dante (da Divina Comédia), etc.
É imprescindível, entretanto, conhecer, in loco, o símbolo máximo da cidade: o majestosamente perfeito e quase "vivo" David, de Michelangelo, o gigante de Florença,e das mais célebres esculturas do Renascimento (certamente a mais famosa). Com seu impressionante olhar determinado e hipnótico, para admirá-lo extasiadamente, aconselha-se o uso de porta-queixo. O meu, ainda assim, com o providencial recurso...caiu.
Também é importante visitar a Ponte Vechio, o Museo Bergello, os Palazzos Pitti, Strozzi e o Pozzi, além dos deslumbrantes Jardins Boboli.
Para comer, a Tratoria Acqua Cotta ou a Belle Donne, dentre outros "comedores" também deliciosos. Os melhores doces e dos mais diversos tipos e sabores, que você adora, estão na Boutique del Chocolato ou na Pasticeria Luca (vencedora de campeonatos de artesãos_incríveis_ de chocalate). Estas dicas são d'antanho, tomara que ainda válidas.
Para os que veem a vida com olhares poéticos, ouvidos musicais e corações amorosos _e quanto mais sensibilidade e conhecimento das belas artes, na linha cultura geral, melhor, para melhor valorizar_, esta cidade eterna, com seus momentos iluminados de genialidade artística, é o endereço ideal.
Firenze, enfim, é um exemplo vivo do que a espécie humana pode fazer de melhor, quando se dedica a ideais mais elevados.
Deleite-se, pois.
Abraço forte.
EstiMarcos
Mauro Pires de Amorim.
ResponderExcluirPelo jeito, a empresa de perfumes, colônias, desodorantes, sabonetes, talcos, shampoos e cremes capilares Tracco Rabanni, aquela que expressa o odor da natureza humana, anda perseguindo vocês nos trns europeus(risos).
Tá vendo, mesmo sendo advogado, levo algum jeito para publicitário. "Use Tracco Rabanni, o odor da natureza humana"(mais risos).
Felicidades e boas energias.
Salve os trens da Central do Brasil!!!! Eu, como ninguém, imagino você naquele trem sujo e caçando mofo nas paredes do castelo...
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