Cotumo dizer que todo turista é meio ridículo. Já contei aqui, por exemplo, a história do brasileiro que, num restaurante argentino, gabou-se de "arrebentar no portunhol". Vou relembrar o caso em poucas palavras:
Depois de milhões de mímicas, e de frases como "mi filhita ontem comeu su café de la mañana en caderita, donde está la caderita?", e de um esforço enorme da garçonete, ela enfim entendeu que ele queria uma "sijita, ya que ayer la chica había tenido una para el desayuno"...
Bem... apesar do velho dito de que "quem tem boca vai a Roma", está muito enganado quem pensa que o italiano que a gente aprende na novela do Benedto Ruy Barbosa já seja o suficiente para parlare com a italianada. Va bene?
Veja que meu co-piloto já chegou "gastando" o idioma que aprendeu com os pais, italianos que até hoje parlam entre si, em casa. Volta-e-meia alguém mandava um "do you speak english?", e ele ficava uma fera. "No! Io parlo italiano!", dizia, cheio de indignação.
Até que, em uma confeitaria, quando ele disse que queria o mesmo que eu, usando a palavra "medésimo", o rapaz de trás do balcão começou a rir e perguntou logo:
-- Onde você aprendeu italiano?
-- Com os meus pais, no Brasil.
-- Aaaahhh, ok. Agora entendi por que é que você está falando o italiano dos seus avós...
E explicou que "medésimo" perdeu o lugar para "Lo stesso" há déééééécadas atrás, assim como muitas outras palavras que ele andou usando. Algumas poucas guardamos na caixola: "Essa" virou "Lei" (ela); "Pomo" virou "Mela" (maçã); "Magazino" virou "Negozio" (loja) "Moneta" deixou de ser usada para dinheiro em geral, e hoje em dia, as notas são chamadas de "banconote". "Buon ora" virou "presto" (cedo); "Mientre" virou "Quindi" (entâo).
Mas seu linguajar arcaico não o intimidou, ao contrário! E ele dizia mais ou menos assim:
-- A moçoila anseia por uma chávena de chá, por obséquio...
A italianada dava risada, mas como a felicidade não está nem aí para o ridículo, nós dois curtíamos a Itália a mil!
A propósito... com todas estas tampas, alguém pode me dizer como é que a gente faz para escolher o sorvete???
Aponta o dedão pro sorvete, filha!
ResponderExcluirMas vou escolher o sorvete pelo nonme, e sem olhar pra cara dele???
ResponderExcluirJoaninha Curiosa
ResponderExcluirOh, tchiàààà, (rsrsrs) "mentre", ainda se usa... quer dizer: enquanto, até que, no momento em que... Admito!, jà fui adepta do Italianol à la Benedito Ruy Barbosa, mas abandonei as aulas da tv com nome de biscoito (cit. Migliaccio docet). Descobri, por exemplo, que "carcamano", em italiano, nao existe sequer! Pasmei.
Valeu, Joaninha Curiosa!
ResponderExcluirAlegro-me, queriDannemann, e gosto _ mesmo sem conhecê-la_, da "Joanainha Curiosa" (um achado!) que, se fosse fuxiqueira ou fofoqueira, seria insuportável.
ResponderExcluirResolvi, então, curioso que sou... botar mais pimenta no vatapá da cuja dita e informo a quem tiver a felicidade de ser curioso, sem necessariamene ser joaninha rsrs... a origem da palavra carcamano.
A etimologia popular, sem qualquer fundamento científico, credita o termo à expressão "calcar as mãos", popularmente pronunciada "carcá as mano" no dialeto paulistano do início do século XX, em referência a feirantes desonestos que, discretamente, forçavam as balanças com as mãos para que estas registrassem um peso maior para as mercadorias que vendiam. Esperteza vem de priscas eras...
1) No Brasil, genericamente, indivíduo oriundo da Itália ( pejorativo);
2) No Estado do Ceará, vendedor ambulante de tecidos e artigos de armarinho;
3) No Estado do Maranhão, pessoa de origem árabe.
Obs.: o termo 'carcamano' nem sempre é usado, intencionalmente, de maneira pejorativa.
Filme carcamano.
Diretor carcamano.
Restaurante carcamano.
Italiano pertencente a alguma máfia ou ligado a qualquer crime e, quando descoberto ou preso, dizia-se: questo é carca a mano (mete a mão), ladrão.
Realmente os italianos nao são chamados de gringos (essa expressao è usada para os quase sempre cafonas americanos), e isto, também, denota preconceito. O preconceito contra imigrantes, e contra o que foge dos "padrões normativos"... existe desde que o mundo è mundo, infelizmente. São inúmeros os malefícios advindos dos pré-conceitos ou dos pré-juízos. Para citar somente um...a insana e doentia perseguição nazista aos judeus.. que deu no horror que deu.
Beijão procê!
É, EstiMarcos, isso comprova o seu faro para detectar ovelhinhas negras mundo afora... essa Joaninha tem alma de ovelhinha! E ela é danada mesmo... e me contou esta história de "carcar a mão" por telefone, mas ficou com preguiça de escrever para explicar aos leitores. Ainda bem que você, ovelhona-chefe, não é preguiçoso e explicou!!! Beeeeeijos...
ExcluirPois é queriDannemann...senti, com toda sinceridade, seu estilo ímpar e inconfundível e adorável...nas bem traçadas linhas da suposta"Joaninha curiosa". Mesmo não sendo futriqueira ou bisbilhoteira, ela só precisa parar de ver tv, principalmente novelas rasas e alienantes. Este é o programa preferido da "multidão boiada caminhando a esmo".
ResponderExcluirAto contínuo, verdadeira e orgulhosamente, e danada que só...tornar-se-á (ela merece um chique mesoclítico kkkk)o que é de fato: OVELHA NIGÊRRIMA. Se preferir, então, também a divina VACA PROFANA que "põe seus cornos, pra fora e acima da manada", do genial Caê de Canô.
Repito: adooooooooro os comentários da Joaninha Curiosa , talvez por achar joaninha uma das maiores fofuras da natureza e, claro, por admirar profundamente, pessoas que possuem curiosidade de novos, diferenciais e formativos conhecimentos e , claro, novos ares, seres, estares e sentires.
Posso então _ abusadamente_ concluir que, você, Joaninha curiosa e eu, sob certos aspectos, nos afinamos e podemos frequentar tanto o especial clube das ovelhas desgarradas ou o maravilhoso parisino clube da felicidade e da sorte rsrs...não é mesmo???
Abraço apertado e beijo estalado.
EstiMarcos