quarta-feira, 30 de maio de 2012

Brucutu e a cultura brasileira

Aconteceu comigo, numa fila de portaria de prédio comercial. O sujeitinho quase se colava às minhas costas, e não adiantava eu desviar porque ele vinha atrás, fazendo-me pensar no programa que passou no Discovery, e que dizia que fila apertadinha é coisa típica de chinês: faz parte da cultura deles não deixar espaço nem pra um vôo de mosquito entre uma pessoa e outra, quando o assunto é fila. E o tal chato, que não tinha nada de chinês, mas tudo de inconveniente, lá pelas tantas engatou uma conversa ao Nextel, literalmente gritando ao pé do meu ouvido.

Dei graças a Deus quando mudei para a fila do elevador e me livrei daquele encosto, mas eis que ele logo estava ali, bem atrás de mim, novamente. Com gente assim, não tem jeito. O negócio é abstrair e pensar em alguma coisa boa, como o último pedaço daquele doce de abóbora que você vai comer quando chegar em casa. Infelizmente não agüentei, reclamei e tive que mandar, goela abaixo, a resposta que o figurinha me disse em tom ameaçador.

-- Os incomodados que se mudem! Tá pensando que eu tô dando em cima de você, meu bem?

Suspirei e me fiz de morta. Eu é que não vou dar mole pra Kojak e discutir com um Brucutu do século 21. Tenho uma pose a manter, afinal de contas!

Aqui nestas terras tropicais respeito é artigo de luxo, e mesmo que todas as classes sociais do alfabeto ganhem muito dinheiro, educação infelizmente é coisa que não se compra. Deve ser mesmo cultural pensar assim: “Eu, desligar meu celular no cinema?! Nem pensar! E se o presidente dos Estados Unidos me telefonar?”. Ou: “Respeitar lugar na fila?! Pra quê, se eu posso pedir pra algum idiota guardar o meu lugar?”. E ainda: “Ser gentil no trânsito?! Ah, mas o Speed Racer aqui não pode deixar ninguém passar!”.

E então lembro de outra história que tem a ver com esse lance "cultural": um grupo de amigos meus curtia um sol, numa praia da Grécia, quando uma das moças resolveu entrar na onda das europeias e tirar o biquíni. O marido mandou logo:

-- De jeito nenhum, mulher! Tá doida?

E ela, cheia de si:

-- Ai, que caretice, Fulano! Nudismo é uma questão cultural!

E o maridão acertou naquela mosca que, lá na China, não conseguiu espaço na fila:

-- Cultural pra elas! -- respondeu, ao mesmo tempo em que apontava a mulherada.
-- No seu caso, é sem-vergonhice de brasileira mesmo!

7 comentários:

  1. Querida Fernanda,

    Voce para mim e incrivel, e nao e confete ,nao.

    O estoria do Brucutu, foi demais.... digo isso, porque eu ja estava me imaginando no seu lugar ....eu tenho pavor de estar numa fila e sentir a respiracao do outro (a) atras de mim....esse e o puro caso: "o que o que da pra rir, da pra chorar" ...como no seu caso: chorar...
    Confesso que ri muito, nao do fato, mas do seu jeito peculiar de contar o ocorrido.....

    Voce jamais vai falar ou escrever para as paredes.

    Beijos

    Gilda Bose

    ResponderExcluir
  2. Ah, Gilda, minha flor, fiquei tão contente com as suas palavras!!! Beijão!

    ResponderExcluir
  3. Wilma Oliveira Infelizmente vivemos num nundo onde as gentilezas e boas maneiras fazem parte do tempo da vovó (isso é se também existiam). Por conta disto, quando encontramos um rapaz gentil, já ficamos desconfiadas

    ResponderExcluir
  4. A Gilda tem toda razão. Embora eu naõ seja e nem queira ser rsrs...a fabulosa atriz Marisa Paredes (xodo , ou fetiche do Almodovar?), eu mudaria meu nome para Maros Paredes,
    somente para você dizer: escrevo para as/os Paredes, como o Marcos.

    Adooooorro... o "não vou dar mole pra Kojak"kkkkk. Mineiros de boa cepa, como "nosotros", não competimos para ver quem é pior, nem nos rebaixamos, "bien sûr".

    E você, minha nega,
    como boa filha da Chiquita Bacana...não cai em armadilha de BRUCUTU ou de idiotas truculentos.

    Realmente, falta muita educação, tanto intelectiva quanto social, em muitos lugares da cidade maravilhosa. Muitas pessoas nem supõem que estão incomodando.Atendem celular no cinema, conversam durante a sessão , falam alto no aparelho na maioria dos locais, não pedem licença, empurram, etc.E o próximo que se dane. São inúmeros os exemplos de mau comportamento . Respeito que é bom e sensato...ignoram solenemente.

    O pior é que sobra esperteza, o querer levar vantagem, o se dar bem. Só que o jogo social, desta forma estúpida, fica empacado e a civilidade vai para as cucuias (para aquele endereço-que deveria ser a casa do... deste povinho mal criado... não vou digitar...tenho, "taliquali" à civilizada blogueira, uma pose a manter , ainal de contas).

    Mas fique tranquila..."eles passarão e nós passarinhos"
    Beijão
    Marcos Lúcio

    ResponderExcluir
  5. Independente do fato de eu ter me afastado da humanidade, mantenho distância na fila, por educação.

    Aí vem sempre um chinês pentelho:

    - Vc tá na fila?

    E eu em pensamento: - Não, tô na p******.

    Mas verbalizo: - É, tô sim.

    Um pentelho é sempre um pentelho, chinês ou não:

    -Então por quê não chega mais à frente?

    Drum

    ResponderExcluir
  6. Hoje,quando um homem faz uma gentileza para uma mulher,(coisa rara)os modernos do século XXI,falam que ele é um trouxa,um babaca,que ele merecia levar um chifre pra deixar de ser otário,e por aí vai.

    Monica.

    ResponderExcluir
  7. Fernanda,

    Eu ja faco parte das pessoas, que quando um homem me faz uma gentileza, agradeco e conforme a gentileza ainda digo: um verdadeiro cavalheiro, ou gentleman .....

    Educacao e Respeito, eu aprecio e gosto.

    Bjs

    Gilda Bose

    ResponderExcluir

Dicas para facilitar:
- Escreva seu nome e seu comentário;
- Selecione seu perfil:----> "anônimo";
- Clique em "Postar comentário";
Obrigada!!!!!