Não só Frau Frida, a heroína austríaca de Gabriel García Márquez, e de cuja história tirei o nome deste post, bem, não só ela vive de sonhos... mas todos nós. Daí o sucesso das artes adivinhatórias, dos jogos de azar e do “171”, o tipo que vive de dar corda em sonhadores que crêem no dinheiro fácil e acabam na rua da amargura.
Nunca o mercado dos “cursos de especialização” cresceu tanto! E o “facilitador”, à frente da platéia, me faz pensar em Silvio Santos vendendo o carnê do Baú da Felicidade. Ao lado dos preparatórios para concursos públicos, a indústria dos cursos movimenta rios de dinheiro: quem não sonha com um salário gordo e estabilidade no empregão? O povo vai em massa, mas passar na prova é que são elas.
Sabe de uma coisa? Não é o sexo que move o mundo, nem o dinheiro. O que faz a gente sair da cama todas as manhãs e enfrentar um a um os desafios do dia (do trânsito à arrogância do chefe; da falta de grana à falta de perspectivas)... são os sonhos.
Da “chave do céu”, vendida pelo Pastor Waldomiro no balcão de sua igreja televisiva, à promessa das revistas femininas, de fazer da leitora uma mulher linda, chique, bem sucedida e terremoto na cama, tudo é sonho. Inclusive a novela, que lobotomiza a família inteira e o comércio, com suas modalidades cada vez mais elásticas de pagamento: todo mundo pode ter bolsa Louis Vuitton, todo mundo pode ter carrão 4X4, e no sonho de ser eternamente jovem, todos podem parcelar o pagamento das plásticas, preenchimentos e Botox, não importando muito o resultado real desses procedimentos... o que importa é fugir da realidade.
Do mesmo modo, o tão valioso sonho de ser feliz no amor muitas vezes nos enterra em relacionamentos "impossíveis", aqueles que jamais nos trarão a felicidade desejada, mas que nos prendem pulsos e tornozelos com as correntes da ilusão. E pior: a ilusão consentida por nós mesmos, que preferimos sonhar com um pássaro doente na mão, em vez de ter todos os saudáveis voando (e quem sabe pousando em nosso ombro, por espontãnea vontade). E já que o assunto é amor e sexo, nas academias de ginástica vemos o quanto o sonho de virar deus grego reduz a rapaziada a um filé... tudo em nome do consumo imediato de quê? De sonhos.
Quanta gente sonha, e sonha tanto, que acaba deixando de lado a realidade dos fatos e acreditando na vida não como ela é, mas como ela bem poderia ser... e no final das contas, a gente se vê num pesadelo sem fim.
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
domingo, 26 de fevereiro de 2012
Assombração sabe pra quem aparece
Fui visitar minha chapa Magali, que insistiu em me apresentar o namorado.
Confesso que cheguei lá de má-vontade, porque já sabia, pelas histórias dela, que o tipo era um machista inveterado. Quanto sacrifício a gente não faz pelas amizades... sorri para a figura que nem se deu ao trabalho de vestir a camisa quando entrei e dei dois beijinhos nas bochechas suadas.
Copo de cerveja numa mão, cigarro na outra e olho grudado no programa sensacionalista da TV, ele puxou assunto falando alto, como se eu fosse repórter policial e ele fosse o entrevistado. Desandou a criticar a violência do Rio, a superlotação dos presídios e a suposta amizade entre bandido, polícia e imprensa.
-- Tem que dar pau nessa gentalha!
Suspirei, dei um sorrisinho amarelo e decidi não surfar na onda dele, que, mais desagradável impossível, entrou de sola.
-- Tudo drogado! Só gente safada! Gente do capeta, que puxa fumo!
Incrédula, caí na armadilha e comecei uma frase incendiária, mas fui interrompida pela Magali, que me conhece muito bem e tentou entrar na roda, enquanto servia um prato de salgadinho.
-- Eu acho...
-- Você não acha nada! – cuspiu o brutamontes, e ela se calou com um meio-sorriso de compreensão, como se ele fosse uma criança birrenta que a mãe atura por falta de opção melhor. E ele ordenou: – Esquenta o salgadinho.
-- Não liga não, Fernanda, ele está de mau-humor porque não gostou da minha roupa.
-- Este vestido é de vagabunda! – rosnou o neanderthal. – E pra quê esse esmalte vermelho? –
-- Pra te agradar – foi minha vez de rosnar.
-- Ô Magali! Você arranjou advogada! E como é sua amiga nem vai te cobrar – ironizou o coisa horrorosa.
Guardei a educação na bolsa, pus o dedo na cara dele e achei que fosse apanhar. Soube depois, que meu interlocutor levou um susto e pensou que eu fosse bater nele. Nem me lembro como acabou a visita, só sei que o curupira botou o galho dentro e pude sair de lá com dignidade.
-- Mas Magali! Como é que você se envolve com um homem desses?! – perguntei, no dia seguinte.
-- Ah, Fernanda, coitado! Ele é assim mas é gente fina, e me adora! Além do mais, vem de uma família horrível, ninguém liga pra ele. Tenho pena de terminar...
Calei a boca. Olhei pra ela e fiquei triste, porque ainda ia sofrer muito nas mãos daquele poço de estupidez “gente fina” que a tratava sem respeito nenhum. E dei razão ao meu pai, que costumava dizer que assombração sabe pra quem aparece... E não é que sabe mesmo?
Confesso que cheguei lá de má-vontade, porque já sabia, pelas histórias dela, que o tipo era um machista inveterado. Quanto sacrifício a gente não faz pelas amizades... sorri para a figura que nem se deu ao trabalho de vestir a camisa quando entrei e dei dois beijinhos nas bochechas suadas.
Copo de cerveja numa mão, cigarro na outra e olho grudado no programa sensacionalista da TV, ele puxou assunto falando alto, como se eu fosse repórter policial e ele fosse o entrevistado. Desandou a criticar a violência do Rio, a superlotação dos presídios e a suposta amizade entre bandido, polícia e imprensa.
-- Tem que dar pau nessa gentalha!
Suspirei, dei um sorrisinho amarelo e decidi não surfar na onda dele, que, mais desagradável impossível, entrou de sola.
-- Tudo drogado! Só gente safada! Gente do capeta, que puxa fumo!
Incrédula, caí na armadilha e comecei uma frase incendiária, mas fui interrompida pela Magali, que me conhece muito bem e tentou entrar na roda, enquanto servia um prato de salgadinho.
-- Eu acho...
-- Você não acha nada! – cuspiu o brutamontes, e ela se calou com um meio-sorriso de compreensão, como se ele fosse uma criança birrenta que a mãe atura por falta de opção melhor. E ele ordenou: – Esquenta o salgadinho.
-- Não liga não, Fernanda, ele está de mau-humor porque não gostou da minha roupa.
-- Este vestido é de vagabunda! – rosnou o neanderthal. – E pra quê esse esmalte vermelho? –
-- Pra te agradar – foi minha vez de rosnar.
-- Ô Magali! Você arranjou advogada! E como é sua amiga nem vai te cobrar – ironizou o coisa horrorosa.
Guardei a educação na bolsa, pus o dedo na cara dele e achei que fosse apanhar. Soube depois, que meu interlocutor levou um susto e pensou que eu fosse bater nele. Nem me lembro como acabou a visita, só sei que o curupira botou o galho dentro e pude sair de lá com dignidade.
-- Mas Magali! Como é que você se envolve com um homem desses?! – perguntei, no dia seguinte.
-- Ah, Fernanda, coitado! Ele é assim mas é gente fina, e me adora! Além do mais, vem de uma família horrível, ninguém liga pra ele. Tenho pena de terminar...
Calei a boca. Olhei pra ela e fiquei triste, porque ainda ia sofrer muito nas mãos daquele poço de estupidez “gente fina” que a tratava sem respeito nenhum. E dei razão ao meu pai, que costumava dizer que assombração sabe pra quem aparece... E não é que sabe mesmo?
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
O mal é o que sai da boca do homem
-- Deixe que o silêncio repouse em sua boca.
Volta e meia minha mãe recorria ao conselho de Santa Clara, na tentativa de me fazer ficar quieta. Lembro do dia em que, lá pelos cafundós da infância, perguntei à dona Fulana de Tal, uma parenta distante e de seios enoooooooormes saltando pelo decotão:
-- Isto é a sua bunda?
Tenho passagens ainda mais constrangedoras no currículo e um talento terrível para dizer coisas imperdoáveis no calor de uma discussão. Por isso mesmo, tento seguir o conselho de Santa Clara e cultivar o silêncio.
Nem sempre dá... nem sempre consigo: às vezes as palavras fervem na minha boca, e depois parecem descer ao peito e acelerar o batimento cardíaco. Chego a pensar que, se engoli-las, posso ter um ataque do coração! Então cuspo as frases e respiro em paz... para arriscar-me à frustração de mais uma batalha perdida comigo mesma, ou ao arrependimento sem cura por ter ferido alguém. Como diz o velho provérbio, a palavra dita é uma das três coisas que não têm volta nesta vida.
Mas tudo é questão de treino, inclusive o silêncio. Treinando, percebemos o quanto quase todas as palavras ditas ou ouvidas são dispensáveis. O quanto falamos mais por preguiça de não falar, de diminuir nossa velocidade interna e criar um outro tipo de diálogo com as pessoas e com o mundo: um diálogo baseado nas atitudes.
Quem não sabe que mais vale um gesto do que mil palavras?
Todos falam, falam, falam... Temem o silêncio porque é aí que a nossa alma murmura, e muitas vezes diz coisas que não queremos escutar. Quando sozinhas, as pessoas ligam o rádio, ligam a televisão ou ligam pra alguém, com a desculpa de “conversar”. Não: elas querem é fugir.
Rebobine só um pouco a fita da sua vida... quantos males teriam sido evitados se você tivesse ficado calado? Quantos desentendimentos teriam deixado de acontecer, quantas mágoas teriam deixado de nascer, quanto arrependimento você não teria se livrado de carregar?
Fiquei pensando em tudo isso depois de ver "O artista", e me lembrei de outra pérola silenciosa, o "Primavera, verão, outono, inverno... e primavera", que nos
mostra que bem poderíamos falar menos (e talvez a vida fosse até melhor ou mais fácil).
Tenho pra mim que Deus inventou as palavras para nos ensinar sobre a moderação. Mas esta foi mais uma aula que a gente deixou de assistir.
Volta e meia minha mãe recorria ao conselho de Santa Clara, na tentativa de me fazer ficar quieta. Lembro do dia em que, lá pelos cafundós da infância, perguntei à dona Fulana de Tal, uma parenta distante e de seios enoooooooormes saltando pelo decotão:
-- Isto é a sua bunda?
Tenho passagens ainda mais constrangedoras no currículo e um talento terrível para dizer coisas imperdoáveis no calor de uma discussão. Por isso mesmo, tento seguir o conselho de Santa Clara e cultivar o silêncio.
Nem sempre dá... nem sempre consigo: às vezes as palavras fervem na minha boca, e depois parecem descer ao peito e acelerar o batimento cardíaco. Chego a pensar que, se engoli-las, posso ter um ataque do coração! Então cuspo as frases e respiro em paz... para arriscar-me à frustração de mais uma batalha perdida comigo mesma, ou ao arrependimento sem cura por ter ferido alguém. Como diz o velho provérbio, a palavra dita é uma das três coisas que não têm volta nesta vida.
Mas tudo é questão de treino, inclusive o silêncio. Treinando, percebemos o quanto quase todas as palavras ditas ou ouvidas são dispensáveis. O quanto falamos mais por preguiça de não falar, de diminuir nossa velocidade interna e criar um outro tipo de diálogo com as pessoas e com o mundo: um diálogo baseado nas atitudes.
Quem não sabe que mais vale um gesto do que mil palavras?
Todos falam, falam, falam... Temem o silêncio porque é aí que a nossa alma murmura, e muitas vezes diz coisas que não queremos escutar. Quando sozinhas, as pessoas ligam o rádio, ligam a televisão ou ligam pra alguém, com a desculpa de “conversar”. Não: elas querem é fugir.
Rebobine só um pouco a fita da sua vida... quantos males teriam sido evitados se você tivesse ficado calado? Quantos desentendimentos teriam deixado de acontecer, quantas mágoas teriam deixado de nascer, quanto arrependimento você não teria se livrado de carregar?
Fiquei pensando em tudo isso depois de ver "O artista", e me lembrei de outra pérola silenciosa, o "Primavera, verão, outono, inverno... e primavera", que nos
mostra que bem poderíamos falar menos (e talvez a vida fosse até melhor ou mais fácil).
Tenho pra mim que Deus inventou as palavras para nos ensinar sobre a moderação. Mas esta foi mais uma aula que a gente deixou de assistir.
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
A arte de dar a volta por cima
De todas as artes possíveis na vida, a que mais me sensibiliza é, de longe, a de dar a volta por cima... e seguir adiante, feliz e contente, sem fazer de si mesmo uma vitima dos acontecimentos.
É sobre isso que trata o filme “O artista”, que mesmo sem a ajuda do som e das cores, e sem a mágica da computação gráfica, faz a gente viajar no sorriso canastrão do personagem principal... e que sorriso, que sorriso aquele homem tem!
O filme conta a história de um ator em decadência, mas é de todos nós que ele fala... daqueles nossos momentos em que tudo parece perdido e a gente já bebeu toda a água do fundo do poço... e um tiro na boca pode até parecer solução diante de tanta desesperança. Quem é que nunca passou por isso? Quem não passou... vai passar, não tem jeito.
Mas o filme também fala do orgulho, aquele péssimo conselheiro que sempre insistimos em ouvir antes de cometer uma grande burrada. E fala de amizade, o lampejo divino que faz de qualquer criatura uma centelha de Deus. E é claro, fala de amor, porque nem só de orgulho e amizade vive o homem!
Ao retratar questões tão humanas, e com uma graça ingênua diante do espetáculo estressante que virou o cinema, “O artista” nos leva a rir dos personagens e de nós mesmos, que acabamos nos identificando com eles: seja a mocinha que quer vencer, o galã vaidoso, o cachorro fiel, o empresário que só pensa em dinheiro, o motorista que joga nas onze e “ataca” de mordomo... todos nós somos um pouco de tudo isso... e apesar de qualquer revés, sempre ganhamos o Oscar no final.
É sobre isso que trata o filme “O artista”, que mesmo sem a ajuda do som e das cores, e sem a mágica da computação gráfica, faz a gente viajar no sorriso canastrão do personagem principal... e que sorriso, que sorriso aquele homem tem!
O filme conta a história de um ator em decadência, mas é de todos nós que ele fala... daqueles nossos momentos em que tudo parece perdido e a gente já bebeu toda a água do fundo do poço... e um tiro na boca pode até parecer solução diante de tanta desesperança. Quem é que nunca passou por isso? Quem não passou... vai passar, não tem jeito.
Mas o filme também fala do orgulho, aquele péssimo conselheiro que sempre insistimos em ouvir antes de cometer uma grande burrada. E fala de amizade, o lampejo divino que faz de qualquer criatura uma centelha de Deus. E é claro, fala de amor, porque nem só de orgulho e amizade vive o homem!
Ao retratar questões tão humanas, e com uma graça ingênua diante do espetáculo estressante que virou o cinema, “O artista” nos leva a rir dos personagens e de nós mesmos, que acabamos nos identificando com eles: seja a mocinha que quer vencer, o galã vaidoso, o cachorro fiel, o empresário que só pensa em dinheiro, o motorista que joga nas onze e “ataca” de mordomo... todos nós somos um pouco de tudo isso... e apesar de qualquer revés, sempre ganhamos o Oscar no final.
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
É mais fácil encontrar um marido do que uma empregada doméstica
Ao ver ‘Histórias cruzadas”, que fala da vida dura das empregadas domésticas negras em pleno Mississipi nos anos 60, lembrei de quando a Isabel, que passava roupas aqui em casa, contou sobre a ex-patroa que lhe mandava tirar dois bifes para o almoço: um para ela mesma e outro para o filho. E a Isabel almoçava só quando chegava em casa, lá pela hora do jantar.
Cansadas de serem tratadas como escravas por patroas egoístas e sem-educação (e cada vez mais dependentes dos seus serviços, porque não sabem lavar um banheiro e muito menos fritar um ovo), as empregadas domésticas estão indo pelo mesmo caminho do mico-leão-dourado e entrando em extinção.
Até minhas amigas solteiras concordam comigo e dizem que, hoje em dia, é mais fácil achar um bom casamento do que arranjar uma boa empregada. E olha que, pelo que andam me dizendo, até namorado mequetrefe virou artigo de luxo: quem tem, aposta todas as fichas pra não perder, e quem não tem já está rezando de vela acesa pra ver se o milagre acontece.
Procure alguém para trabalhar na sua casa, mesmo com a carteira assinada, e entenderá o que digo. Vai aparecer todo tipo de gente para um “teste”, como dizem as candidatas, mas dificilmente entrará pela porta alguém que você queira que volte no dia seguinte.
Dia desses, finalmente me apareceu uma, a quem propus salário acima de média e com carteira assinada, férias, décimo terceiro e uma carga horária tão leve que eu mesma pensei em aceitar o emprego.
-- Tem almoço?
-- Tem.
-- Fim de semana livre?
-- Sim.
-- Não preciso passar roupa nem cozinhar?
-- Não.
-- Nem lavar as janelas?
-- Não.
-- Tem TV na cozinha?
-- Tem.
-- Sem criança e sem cachorro?
-- Ok.
-- A senhora paga a passagem?
-- Pago.
-- Se eu precisar faltar a senhora entende?
-- Entendo.
-- A senhora ajuda com o meu plano de saúde?
-- Posso pagar metade.
-- Tá certo. Então eu vou pensar e ligo pra senhora na semana que vem.
Neste ponto, nem eu, que sou uma santa, resisti:
-- Mas você toca piano?
E dei o golpe fatal:
-- É que, pra trabalhar aqui em casa, eu só aceito quem sabe tocar piano.
Cansadas de serem tratadas como escravas por patroas egoístas e sem-educação (e cada vez mais dependentes dos seus serviços, porque não sabem lavar um banheiro e muito menos fritar um ovo), as empregadas domésticas estão indo pelo mesmo caminho do mico-leão-dourado e entrando em extinção.
Até minhas amigas solteiras concordam comigo e dizem que, hoje em dia, é mais fácil achar um bom casamento do que arranjar uma boa empregada. E olha que, pelo que andam me dizendo, até namorado mequetrefe virou artigo de luxo: quem tem, aposta todas as fichas pra não perder, e quem não tem já está rezando de vela acesa pra ver se o milagre acontece.
Procure alguém para trabalhar na sua casa, mesmo com a carteira assinada, e entenderá o que digo. Vai aparecer todo tipo de gente para um “teste”, como dizem as candidatas, mas dificilmente entrará pela porta alguém que você queira que volte no dia seguinte.
Dia desses, finalmente me apareceu uma, a quem propus salário acima de média e com carteira assinada, férias, décimo terceiro e uma carga horária tão leve que eu mesma pensei em aceitar o emprego.
-- Tem almoço?
-- Tem.
-- Fim de semana livre?
-- Sim.
-- Não preciso passar roupa nem cozinhar?
-- Não.
-- Nem lavar as janelas?
-- Não.
-- Tem TV na cozinha?
-- Tem.
-- Sem criança e sem cachorro?
-- Ok.
-- A senhora paga a passagem?
-- Pago.
-- Se eu precisar faltar a senhora entende?
-- Entendo.
-- A senhora ajuda com o meu plano de saúde?
-- Posso pagar metade.
-- Tá certo. Então eu vou pensar e ligo pra senhora na semana que vem.
Neste ponto, nem eu, que sou uma santa, resisti:
-- Mas você toca piano?
E dei o golpe fatal:
-- É que, pra trabalhar aqui em casa, eu só aceito quem sabe tocar piano.
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
Só as ovelhas negras são livres
Fui ver “O homem que não amava as mulheres” e adorei a atuação da Rooney Mara, que interpreta uma jovem cheia de atitude e bem fora dos padrões. Causar incômodo pode ser mesmo muito bom, tanto quanto sentir-se incomodado. È que isso significa que, dependendo do contexto, a gente é um bicho estranho e bem diferente do que estiver à volta. Se você parar pra pensar, vai ver quanta liberdade existe nisso!
Saca a ovelha negra? Ela tem muito mais a ver com o mundo do que com a família. Na tribo familiar, cujo cacique é o DNA, as ovelhas são, na verdade, bem mais iguais do que parecem (ou admitem). Por mais “rebelde” que a gente seja dentro de casa, os grandes e reais incômodos começam a aparecer é quando cruzamos a porta da rua.
É na vastidão do mundo que a gente se liberta ou se aprisiona, e nesta hora, nossa cabeça é mesmo nosso guia... TODAS as ovelhas estão "perdidas e procurando se encontrar", inclusive as brancas. E quase todas, em algum momento da vida, acabam mudando de cor. Não há ovelha que aguente ser branca ou negra o tempo todo, né?
Conto uma situação em que me senti completamente fora do esquadro, ovelha negra total... ou verdadeiro extra-terrestre em planeta desconhecido: foi na única vez em que me meti a fazer matéria de política e tive que entrevistar o então candidato a nem me lembro mais o quê, o jovem Sergio Cabral, com quem eu me afinava só porque ele era o “defensor dos velhinhos”. A mágica aconteceu num salão da extinta TV Tupi, na Urca, um lugar cheio de lixo e entulho, que caía aos pedaços e cheirava a mofo e a cocô de gato: parte do tal salão havia sido “maquiado” para a gravação do vídeo de campanha, e saí de lá com a sensação de ter participado de uma festa a fantasia onde nada era de verdade, e absolutamente tudo (inclusive eu, como repórter de política) era fake.
Já visitei planetas estranhíssimos e conversei com E.T.s dos mais variados, o que algumas vezes fez com que eu me considerasse até normal demais. Duvida? Então passe uma semana inteira dentro de um sexyshop, observando tudo e colhendo material para escrever um artigo, e entenderá o que estou dizendo...
Uma outra viagem interplanetária me colocou diante de um senhor de alta patente, que se ofendia depois de cada pergunta e me gritava ameaças veladas, do tipo “sabemos onde você mora”... ao mesmo tempo em que humilhava os subalternos. Na saída, dois deles vieram me pedir desculpas pelo absurdo da situação.
Na galeria dos horrores, lembro da moça que contou, na maior naturalidade, que fez aborto aos sete meses de gravidez, no quartinho em que dormia na casa da patroa... que via a novela das oito lá na sala, no melhor dos mundos da TV Globo.
-- Era um menino, ainda estava vivo. Minha amiga botou num saco de lixo e foi embora.
-- E o que você sente, quando pensa nisso?
-- Ah... que eu quero muito ter uma menina!
Se há um lado bom em tudo isso, é que a ovelha negra sempre vai embora para nunca mais voltar. Sábia Rita Lee!
Saca a ovelha negra? Ela tem muito mais a ver com o mundo do que com a família. Na tribo familiar, cujo cacique é o DNA, as ovelhas são, na verdade, bem mais iguais do que parecem (ou admitem). Por mais “rebelde” que a gente seja dentro de casa, os grandes e reais incômodos começam a aparecer é quando cruzamos a porta da rua.
É na vastidão do mundo que a gente se liberta ou se aprisiona, e nesta hora, nossa cabeça é mesmo nosso guia... TODAS as ovelhas estão "perdidas e procurando se encontrar", inclusive as brancas. E quase todas, em algum momento da vida, acabam mudando de cor. Não há ovelha que aguente ser branca ou negra o tempo todo, né?
Conto uma situação em que me senti completamente fora do esquadro, ovelha negra total... ou verdadeiro extra-terrestre em planeta desconhecido: foi na única vez em que me meti a fazer matéria de política e tive que entrevistar o então candidato a nem me lembro mais o quê, o jovem Sergio Cabral, com quem eu me afinava só porque ele era o “defensor dos velhinhos”. A mágica aconteceu num salão da extinta TV Tupi, na Urca, um lugar cheio de lixo e entulho, que caía aos pedaços e cheirava a mofo e a cocô de gato: parte do tal salão havia sido “maquiado” para a gravação do vídeo de campanha, e saí de lá com a sensação de ter participado de uma festa a fantasia onde nada era de verdade, e absolutamente tudo (inclusive eu, como repórter de política) era fake.
Já visitei planetas estranhíssimos e conversei com E.T.s dos mais variados, o que algumas vezes fez com que eu me considerasse até normal demais. Duvida? Então passe uma semana inteira dentro de um sexyshop, observando tudo e colhendo material para escrever um artigo, e entenderá o que estou dizendo...
Uma outra viagem interplanetária me colocou diante de um senhor de alta patente, que se ofendia depois de cada pergunta e me gritava ameaças veladas, do tipo “sabemos onde você mora”... ao mesmo tempo em que humilhava os subalternos. Na saída, dois deles vieram me pedir desculpas pelo absurdo da situação.
Na galeria dos horrores, lembro da moça que contou, na maior naturalidade, que fez aborto aos sete meses de gravidez, no quartinho em que dormia na casa da patroa... que via a novela das oito lá na sala, no melhor dos mundos da TV Globo.
-- Era um menino, ainda estava vivo. Minha amiga botou num saco de lixo e foi embora.
-- E o que você sente, quando pensa nisso?
-- Ah... que eu quero muito ter uma menina!
Se há um lado bom em tudo isso, é que a ovelha negra sempre vai embora para nunca mais voltar. Sábia Rita Lee!
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
A pureza apareceu pra mim
Creio que a gente é o que é: a mesma pessoa do princípio ao fim, ainda que consigamos domar nossos defeitos de fabricação. Então concordo com Machado de Assis, quando ele diz que “a ocasião não faz o ladrão; o ladrão nasce feito”.
O que eu lamento muito é que a maioria de nós, em algum momento, perde a pureza. Sabe aquela luz que trazemos na infância? E o curioso é que esta luz, não raro, reacende quando estamos já sofridos... acho que é porque a pureza não combina com a arrogância típica dos que não são crianças (e não viram nada) nem velhos (e já viram tudo).
Ontem, bem tarde da noite, a pureza apareceu pra mim.
Em meio a todo o apocalipse da invasão alemã na Bélgica, na França e na Holanda, durante a Segunda Guerra, o povo deixava tudo pra trás, numa fuga desesperançada a Paris. Morte e destruição por todos os lados, cadáveres pela rua, cidades arrasadas, estupros, medo, fome, horror. As imagens do documentário são reais... e se sucedem numa inacreditável amostra da guerra que imaginamos, mas cuja imensidão não podemos alcançar.
No meio de tudo isso, a câmera flagra um menino ferido, e eu, que já quase dormia, acordei de imediato. Nos dois ou três segundos em que mirou o cinegrafista, ele transcendeu. Esqueceu-se da guerra, da cabeça machucada, de tudo o que tinha visto e temido, de tudo o que ainda havia para temer.
Naqueles tão valiosos segundos, a pureza surgiu de relance, mesmo ali, naquele inferno, quando o menino voltou a ser um menino... e sorriu.
Nem Hitler conseguiu acabar com esta luz!
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
"Justiça" para os ricos, barbárie para todo o resto
Não acredito na justiça do homem. Só creio (e cegamente) na justiça de Deus.
Já vi gente da pior espécie levar a melhor diante do juiz, enquanto que, na condição de “réu”, também vi gente honesta ser castigada pelo martelo de juízes que mal tiveram tempo ou paciência para conhecer muito bem os autos e tentar chegar à justa decisão. Muita burocracia, poucos magistrados e leis que nem sempre funcionam. Não bastasse isso, existe também a corrupção.
E fazer o quê? Reclamar com o Bispo?
Por um fio, numa votação apertadíssima dos próprios magistrados, o Conselho Nacional de Justiça poderá investigar juízes suspeitos de desvio de conduta. E o presidente do Supremo, Cezar Peluso, foi contra...
Alguém pode me dizer que fim levaram todas as 120 famílias que tiveram a vida arrasada em 1998, junto com o Palace II, que Sergio Naia morreu sem indenizar? Resta-nos rezar para que o mesmo não aconteça com todos os que tiveram uma vida inteira de trabalho lançada ao chão, sob o Edifício Liberdade. Porque para os que foram mortos sob os escombros da irresponsabilidade, não há indenização que dê jeito.
E por falar em liberdade, vejo Salvatore Cacciola todo sorrisos, numa festa pré-carnavalesca para ricaços, em Ipanema. Vejo pela foto do jornal, é claro, porque este tipo de programa não é para o meu bico classe-média. O ex-banqueiro, condenado em 2005 a 13 anos de prisão por crimes contra o sistema financeiro, e que causaram prejuízos de R$ 1, 5 bilhão aos cofres públicos, está em liberdade condicional por já ter cumprido 1/3 da pena: mais ou menos quatro anos. Não ficarei surpresa se qualquer dia vir a foto de Susane Von Richthofen saindo da prisão. Daniela Perez morreu para sempre, mas seus assassinos tiveram sua segunda chance.
Enquanto isso, quanta gente pobre, negra, nordestina e ignorante mofa nas cadeias brasileiras, odiada pela sociedade pelo simples fato de estar ali, e esquecida pelo Judiciário... pagando com anos e anos pelo que, diante dos crimes em Brasília, seria considerado roubo de galinhas, ou morrendo na prisão, sem direito a uma cama e um banheiro, que dirá a luxo na cela, condicional ou tentativa de fuga para o exterior?
Ao contrário do que disse o ministro Peluso, não somos uma nação suicida e estamos longe de querer degradar o Judiciário. Mas diante de tanta corrupção, impunidade e corporativismo à nossa volta, a gente facilmente se convence que, se ainda não estamos na "barbárie" citada por sua excelência, falta muito pouco pra chegarmos lá.
Enquanto a ministra Eliana Calmon disse que havia "bandidos escondidos atrás da toga", penso naqueles que se vêem acima do bem e do mal. Chegando à porta do Céu, Deus haverá de lhes fazer prestar contas, ao que certamente responderão:
-- Mas o que é isso?! Está querendo me desmoralizar?! Sou juiz!
Já vi gente da pior espécie levar a melhor diante do juiz, enquanto que, na condição de “réu”, também vi gente honesta ser castigada pelo martelo de juízes que mal tiveram tempo ou paciência para conhecer muito bem os autos e tentar chegar à justa decisão. Muita burocracia, poucos magistrados e leis que nem sempre funcionam. Não bastasse isso, existe também a corrupção.
E fazer o quê? Reclamar com o Bispo?
Por um fio, numa votação apertadíssima dos próprios magistrados, o Conselho Nacional de Justiça poderá investigar juízes suspeitos de desvio de conduta. E o presidente do Supremo, Cezar Peluso, foi contra...
Alguém pode me dizer que fim levaram todas as 120 famílias que tiveram a vida arrasada em 1998, junto com o Palace II, que Sergio Naia morreu sem indenizar? Resta-nos rezar para que o mesmo não aconteça com todos os que tiveram uma vida inteira de trabalho lançada ao chão, sob o Edifício Liberdade. Porque para os que foram mortos sob os escombros da irresponsabilidade, não há indenização que dê jeito.
E por falar em liberdade, vejo Salvatore Cacciola todo sorrisos, numa festa pré-carnavalesca para ricaços, em Ipanema. Vejo pela foto do jornal, é claro, porque este tipo de programa não é para o meu bico classe-média. O ex-banqueiro, condenado em 2005 a 13 anos de prisão por crimes contra o sistema financeiro, e que causaram prejuízos de R$ 1, 5 bilhão aos cofres públicos, está em liberdade condicional por já ter cumprido 1/3 da pena: mais ou menos quatro anos. Não ficarei surpresa se qualquer dia vir a foto de Susane Von Richthofen saindo da prisão. Daniela Perez morreu para sempre, mas seus assassinos tiveram sua segunda chance.
Enquanto isso, quanta gente pobre, negra, nordestina e ignorante mofa nas cadeias brasileiras, odiada pela sociedade pelo simples fato de estar ali, e esquecida pelo Judiciário... pagando com anos e anos pelo que, diante dos crimes em Brasília, seria considerado roubo de galinhas, ou morrendo na prisão, sem direito a uma cama e um banheiro, que dirá a luxo na cela, condicional ou tentativa de fuga para o exterior?
Ao contrário do que disse o ministro Peluso, não somos uma nação suicida e estamos longe de querer degradar o Judiciário. Mas diante de tanta corrupção, impunidade e corporativismo à nossa volta, a gente facilmente se convence que, se ainda não estamos na "barbárie" citada por sua excelência, falta muito pouco pra chegarmos lá.
Enquanto a ministra Eliana Calmon disse que havia "bandidos escondidos atrás da toga", penso naqueles que se vêem acima do bem e do mal. Chegando à porta do Céu, Deus haverá de lhes fazer prestar contas, ao que certamente responderão:
-- Mas o que é isso?! Está querendo me desmoralizar?! Sou juiz!
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Não há direitos humanos nas sucursais de Guantânamo
Estou longe de ser diplomata, e mais longe ainda de conseguir ficar calada diante do absurdo. Por isso mesmo ainda não fui a Cuba, onde vive um povo que eu bem gostaria de conhecer.
Mas fico pensando... como eu me sentiria se fosse proibida de freqüentar a praia aqui pertinho de casa, cujas águas e areias pudessem, somente, receber os turistas que viessem ao Rio gastar o seu dinheiro? (Um dinheiro, aliás, que passaria bem longe do meu bolso, já que meu salário seria, no máximo, cerca de vinte dólares por mês?).
Isto é Cuba, não apenas segundo o que a gente lê nos jornais, mas também o que amigos meus, que por lá se aventuraram, viram de perto. Diante disso, ainda não me animei a entrar no avião para descer em Havana.
Falam tanto de Guantânamo... mas o cárcere em que vivem os cubanos também tem que acabar! Onde já se viu, em pleno século 21, toda a população viver prisioneira de um ditador que se considera dono do país, como se ele fosse seu latifúndio herdado por direito? E dono das pessoas, como se elas fossem a manada da qual ele dispõe, e cujo destino cabe a ele decidir? Conheço gente que toma o caminho mais fácil e usa o embargo econômico para justificar a pobreza do povo. Mas olha, Fidel Castro já caiu de moda há séculos, tanto quanto qualquer tipo de autoritarismo... só que é muito fácil bancar o fá do Fidel morando aqui no Brasil.
Enquanto tento engolir o silêncio da nossa presidente junto aos irmãos Castro, a respeito dos direitos humanos que ela tanto diz defender, dou uma olhada no jornal de ontem e fico sabendo da moça assassinada em Cabul, pelo marido e pela sogra, por ter dado à luz uma menina. Veja do que é capaz um regime gerado na violência em estado bruto: a sogra parece ter se esquecido de que é mulher e que vem sofrendo, por toda a sua vida, os horrores de uma opressão sem pé nem cabeça. Esqueceu-se, ao que parece, além de ter perdido a mínima capacidade de sentir empatia por sua igual... ou terá apenas dado vazão ao seu horror interno assassinando a nora?
Mais abaixo, no jornal, vejo o casal afegão que, com a ajuda do filho, matou três filhas adolescentes no Canadá, porque elas estavam "ocidentais" demais. No grampo telefônico, o pai foi pego dizendo “espero que o diabo defeque sobre seus túmulos”.
Ouso dizer que o maias erraram em suas previsões: o fim do mundo já chegou.
Mas fico pensando... como eu me sentiria se fosse proibida de freqüentar a praia aqui pertinho de casa, cujas águas e areias pudessem, somente, receber os turistas que viessem ao Rio gastar o seu dinheiro? (Um dinheiro, aliás, que passaria bem longe do meu bolso, já que meu salário seria, no máximo, cerca de vinte dólares por mês?).
Isto é Cuba, não apenas segundo o que a gente lê nos jornais, mas também o que amigos meus, que por lá se aventuraram, viram de perto. Diante disso, ainda não me animei a entrar no avião para descer em Havana.
Falam tanto de Guantânamo... mas o cárcere em que vivem os cubanos também tem que acabar! Onde já se viu, em pleno século 21, toda a população viver prisioneira de um ditador que se considera dono do país, como se ele fosse seu latifúndio herdado por direito? E dono das pessoas, como se elas fossem a manada da qual ele dispõe, e cujo destino cabe a ele decidir? Conheço gente que toma o caminho mais fácil e usa o embargo econômico para justificar a pobreza do povo. Mas olha, Fidel Castro já caiu de moda há séculos, tanto quanto qualquer tipo de autoritarismo... só que é muito fácil bancar o fá do Fidel morando aqui no Brasil.
Enquanto tento engolir o silêncio da nossa presidente junto aos irmãos Castro, a respeito dos direitos humanos que ela tanto diz defender, dou uma olhada no jornal de ontem e fico sabendo da moça assassinada em Cabul, pelo marido e pela sogra, por ter dado à luz uma menina. Veja do que é capaz um regime gerado na violência em estado bruto: a sogra parece ter se esquecido de que é mulher e que vem sofrendo, por toda a sua vida, os horrores de uma opressão sem pé nem cabeça. Esqueceu-se, ao que parece, além de ter perdido a mínima capacidade de sentir empatia por sua igual... ou terá apenas dado vazão ao seu horror interno assassinando a nora?
Mais abaixo, no jornal, vejo o casal afegão que, com a ajuda do filho, matou três filhas adolescentes no Canadá, porque elas estavam "ocidentais" demais. No grampo telefônico, o pai foi pego dizendo “espero que o diabo defeque sobre seus túmulos”.
Ouso dizer que o maias erraram em suas previsões: o fim do mundo já chegou.
E muitos não enxergam a liberdade que há em botar um biquíni e ir à praia!
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