quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Não há direitos humanos nas sucursais de Guantânamo

Estou longe de ser diplomata, e mais longe ainda de conseguir ficar calada diante do absurdo. Por isso mesmo ainda não fui a Cuba, onde vive um povo que eu bem gostaria de conhecer.

Mas fico pensando... como eu me sentiria se fosse proibida de freqüentar a praia aqui pertinho de casa, cujas águas e areias pudessem, somente,  receber os turistas que viessem ao Rio gastar o seu dinheiro? (Um dinheiro, aliás, que passaria bem longe do meu bolso, já que meu salário seria, no máximo, cerca de vinte dólares por mês?).

Isto é Cuba, não apenas segundo o que a gente lê nos jornais, mas também o que amigos meus, que por lá se aventuraram, viram de perto. Diante disso, ainda não me animei a entrar no avião para descer em Havana.

Falam tanto de Guantânamo... mas o cárcere em que vivem os cubanos também tem que acabar! Onde já se viu, em pleno século 21, toda a população viver prisioneira de um ditador que se considera dono do país, como se ele fosse seu latifúndio herdado por direito? E dono das pessoas, como se elas fossem a manada da qual ele dispõe, e cujo destino cabe a ele decidir? Conheço gente que toma o caminho mais fácil e usa o embargo econômico para justificar a pobreza do povo. Mas olha, Fidel Castro já caiu de moda há séculos, tanto quanto qualquer tipo de autoritarismo... só que é muito fácil bancar o fá do Fidel morando aqui no Brasil.

Enquanto tento engolir o silêncio da nossa presidente junto aos irmãos Castro, a respeito dos direitos humanos que ela tanto diz defender, dou uma olhada no jornal de ontem e fico sabendo da moça assassinada em Cabul, pelo marido e pela sogra, por ter dado à luz uma menina. Veja do que é capaz um regime gerado na violência em estado bruto: a sogra parece ter se esquecido de que é mulher e que vem sofrendo, por toda a sua vida, os horrores de uma opressão sem pé nem cabeça. Esqueceu-se, ao que parece, além de ter perdido a mínima capacidade de sentir empatia por sua igual... ou terá apenas dado vazão ao seu horror interno assassinando a nora?

Mais abaixo, no jornal, vejo o casal afegão que, com a ajuda do filho, matou três filhas adolescentes no Canadá, porque elas estavam "ocidentais" demais. No grampo telefônico, o pai foi pego dizendo “espero que o diabo defeque sobre seus túmulos”.

Ouso dizer que o maias erraram em suas previsões: o fim do mundo já chegou.

  
E muitos não enxergam a liberdade que há em botar um biquíni e ir à praia!

12 comentários:

  1. Ainda bem que "o grande nome da imprensa brasileira" - o bizarro do bidê - não a fez desistir da carreira. Cheguei até aqui através do Blog RIO ACIMA e tornei-me leitora assídua. Impressionante a imediata identificacão com os temas abordados no ALMA LAVADA. Em tempo: Já fui fã de carteirinha do Fidel Castro, pena ter preferido a pecha de ditador ao invés do grande herói, temos que reconhecer os grandes benefícios da Revolucão cubana. Abracos, Vólia Nielsen

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  2. Vólia, seja muito bem-vinda! Contentíssima com sua visita, estarei sempre à sua espera. Abraços!

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  3. Tudo bem, Fernanda, ir à praia pode ser uma preocupação sua, assim como poder viajar para os EUA pra fazer umas comprinhas... mas se você estivesse passando fome e com a filha recém nascida prester a morrer de inanição daria um pouco mais de valor ao único país da América Lartina que acabou com a desnutrição infantil. Se você não tivesse um plano de saúde, louvaria um país onde há hospitais de primeiro mundo e gratuitos para toda a população, com remédios que nos Estados Unidos custam 500 dólares dados de graça. São questões de prioridades, coisas sem valor para os jornais e revistas que você e seus amigos estão acostumados a ler.

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  4. Marcelo, nem todos os meus amigos lêem os mesmos jornais: você é um deles. O caso vai muito além de ir à praia ou fazer comprinhas nos EUA, coisas que eu gosto mesmo, aliás, e das quais não me envergonho. Acabar com a desnutrição infantil e oferecer hospitais de Primeiro Mundo não dá a nenhum governo o direito de ser DONO do cidadão. Liberdade, pra mim, é mesmo uma questão de prioridade, e eu jamais trocaria meu direito de dizer o que penso, de ir onde quiser, e de ser quem eu sou, em troca de um prato de comida ou de uma caixa de remédio.

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    1. Isso você fala de barriga cheia. Quero ver se, com fome, você iria pensar na liberdade dos burgueses... no capitalismo só tem liberdade quem tem dinheiro, esses, inclusive, têm tanta liberdade que nem para a cadeia quando roubam vão.

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    2. Marcelo, é como eu disse: é muito fácil amar Fidel Castro enquanto pedala livremente pelas praias do Rio e dispõe de conforto, liberdade e geladeira cheia aqui no Rio. Sugiro que você vá a Cuba antes de continuar defendendo tão cegamente um país que, na verdade, nem conhece, e de onde nos chegam notícias de gente que morre ou é torturada simplesmente por discordar do regime, e que às vezes tem apenas só uma batata para o jantar, coisa que nos remete à Europa da Segunda Guerra. Vá ver de perto o que tanto admira e converse com as pessoas. Aproveite e passe pela Venezuela, outro lugar que você tanto gosta, sem também conhecer de perto.

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  5. Duilio

    Tenho um amigo argentino que viajou para Cuba com seus dois jovens filhos, fanáticos por Che e Fidel, para tirarem suas conclusões sobre a revolução cubana. Resultado, desde então os dois rapazes esqueceram de seus ideais e passaram a se dedicar mais aos estudos.

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  6. Eu crescí,ouvindo o meu pai falar sempre de uma forma estarrecida,quando o assunto era Cuba e o regime comandado pelo Fidel. Talvez por conta disso,eu nunca tive a menor vontade de conhecer aquele País...

    Monica.

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  7. Concordo com a talentosa blogueira, em parte, porque o tripé fundamental para a existência, na minha modestíssima avaliação, é ter saúde, amigos e LIBERDADE ("otras buenas cositas más", também são bem-vindas, claro!).
    Parte do que ficou nos meus registros , neste caso a feliz visita , no séc. passado, à peculiar e colonial HAVANA (que nome sedutor!), à belíssima praia de Varadero , e à praia de Cayo Largo _quase virgem_ talvez a mais bela que conheço, o Caetano traduziu, brilhantemente:

    MAMÃE EU QUERO IR A CUBA
    QUERO VER A VIDA LÁ
    LA SUEÑO UNA PERLA ENCENDIDA
    SOBRE LA MAR
    MAMÃE EU QUERO AMAR
    A ILHA DE XANGÔ E DE YEMANJÁ
    YORUBÁ IGUAL A BAHIA
    DESDE CÉLIA CRUZ
    CUANDO EU ERA UN NIÑO DE JESUS
    E A REVOLUÇÃO
    QUE TAMBÉM TOCOU MEU CORAÇÃO
    CUBA SEJA AQUI
    ESSA OUVI DOS LÁBIOS DE PETI
    DESDE O CHA-CHA-CHA
    MAMÃE EU QUERO IR A CUBA
    E QUERO VOLTAR

    Desde adolescente (há séculos kkk), a música cubana , que adoro e vibro com ela_ quase tanto quanto o bom samba_ tomou-me a alma. Um dos shwos de variedade mais incríveis e profissionais que assisti na vida, foi no lendário TROPICANA, inclusive pela arquitetura do local, até com árvores naturais como parte do cenário), teto retrátil, sim, embaixo das estrels do céu, com belíssimas e calientes mulatas, que, de fato, são as tais. E mais: a Omara Portuondo , que adoro, era a estrela da noite. Tenho de registrar que os deliciosos "mojitos" e a saborosíssima culinária do local, tornaram a noite mais inesquecível e incomparável.

    O que mais impressionou-me, na ocasião, foi a alegria (desconheço algo melhor) perceptível em todas os cubanos que conheci e, mais, o grau de conscientização e boa escolaridade daquela gente. Os papos que tive, inclusive com arrumadeiras de quarto, taxistas e "tutti quanti", não tenho comparação com outro páís. O Balé Nacional de Cuba, para quem aprecia esta fabulosa arte, é irretocável. Ao cair da tarde, músicos (de excelência) tocam em vários locais. Nenhuma criança suja , descalça ou esmolando pelas ruas...nem mendigos (não dei um esmolinha sequer, ninguém pediu).

    Como o espaço parece-me democrático e libertário, um registro que ficou pra sempre e, sincronicamente (salve JUNG) está tocando MORENA TROPICANA na MPB: jamais conheci em minha já quase longeva kkk existência, um povo mais educado, cordial , sensível e com mais pulsão de vida, e mais quente, eroticamente. Foi lá, sem nostalgia, pois vivo só de presente, que a música do Chico " O meu amor..me beija com calma e fundo até minh'alma se sentir beijada", foi melhor vivenciada. Não duvido, entretanto, de que hoje possa estar tudo pior, mas torço pra que esteja similar ou melhor.
    Abração
    Marcos Lúcio

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  8. Não posso deixar de complementar este comentário, ótimo e (quase) íntimo rsrs...do Marcos Lúcido, com uma música composta exclusivamente para o show_ belíssimo e antológico_ que a baianíssima diva Bethânia fez com a cubaníssima diva Omara Portuondo, de quem nossa "abelha rainha" é fã de carteirinha,e eu também, das duas. Realmente a música cubana incendeia, com sua sonoridade magnífica e voluptuosa. Tenho a salsa e/ou a rumba _eros puro, dionisíacas, mesmo!_como das mais belas, pulsantes e sensuais danças que já vi. Possuo, graças a Deus, pulsão de vida e adoro, também, uma boa quadra de escola de samba, of course!

    Com a palavra, então, a nossa grande compositora Joyce, com sua deliciosa e inspirada letra , incorporando o "ethos" ou o c clima tropicaliente da famosa (mítica soa melhor) e singularíssima(para o bem e para o mal) ilha caribenha.

    Havana-me
    Joyce

    Havana-me
    Não esqueço teu povo em momento algum
    Cubana-me
    Me convida a dançar, quebra o meu jejum
    Serena-me
    Me lambuza de cana, tabaco e rum, havana-me

    Havana-me
    Bota uma cubalibre, limão e sal
    Cubana-me
    Me carrega em teu ritmo sensual
    Irmana-me
    Nossa música tem sangue tropical, havana-me

    Tira-me pra bailar,
    Quero ouvir teu som caribenho
    Por ti, mestiço, eu tenho amor
    Me pega pelo quadril
    Teu par ainda é o brasil, havana-me

    Adorei o post e envio abraço afetuoso para a melhor blogueira que conheço.
    Danilo.

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  9. Fernanda: Não consigo entender, desde de sempre, como pessoas conseguem defender regimes fechados - de prisões, como solução melhor do que democracia. Quando eu morava no Grajaú e passava pela Tijuca a caminho de casa, pela Barão de Mesquita (se não me engano- memória) e, mais nitidamente, quando o trânsito engarrafava nas imediações do quartel da PE, ouvia-se os gritos (de prepósito?) dos prisioneiros submetidos ao regime, que ainda tem infeliz pedindo pra voltar. Viva a Coca Cola e suas mazelas. Fico imaginando o que vai acontecer com blogueira cubana que tentou sair do país aproveitando a visita da Dilma, que pelo que sei, nem charuto fuma.

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