segunda-feira, 16 de julho de 2012

Procura-se uma testa para colar um rótulo!

-- Nooooossa, eu te achava tão chata e metida, mas você é muito legal!!!!!!!!!!

Esta é uma das frases que mais ouvi na vida, e desde quando era "criança pequena lá em Barbacena", como dizia o velho comediante mineiro (e pai da Glória Pires).

Lá pelos dez ou onze anos, eu ficava feliz e aliviada diante destas palavras: uma pessoa a menos no universo da cidadezinha do interior já não me achava uma chata. Anos depois, confortável em ser quem eu era, comecei a rir desta situação... e a dar de ombros frente ao julgamento alheio, porque se tem uma coisa que ninguém consegue ser neste mundo, é uma unanimidade.

Julgar é um perigo. Um risco muito grande, já que na maior parte das vezes é também uma porta aberta ao equívoco... quase sempre que julgamos alguém apenas com base em nossos sentimentos, julgamos mal, já percebeu?  

Não sei exatamente por quê, mas baseamos nossa vida no julgamento contínuo; julgar é um ato inconsciente e automático em nossa mente. Um vício que, como todos os vícios, faz com que a gente perca muita coisa boa, porque toda dependência é burra e limitante.

No dia a dia da vida é tão dificil assim entender que as coisas (ou as pessoas) nem sempre são o que parecem? E que aquela ofensa dolorosa pode estar no seu ouvido, e não nas palavras que lhe foram ditas? Ou que a antipatia de alguém pode estar nos seus olhos, e não na pessoa que você está mirando? E que aquela velha dificuldade pode estar na sua maneira de entender uma situação, e não na situação em si?

Hoje em dia chego a me divertir quando alguém que não me conhece quase nada bate o martelo do julgamento e pronuncia a sentença. Esta semana mesmo, de quinta a domingo, ouvi de quatro pessoas legais e de bom coração (mas que mal sabem o meu nome) que sou assim ou assado, que faço isso ou aquilo por esta ou aquela razão... ouvi tudo com muita atenção, e mais uma vez ficou claro pra mim o quanto julgamos o outro a partir dos nossos próprios preconceitos. E é aí que está a nascente do erro. Pra dar certo, o julgamento tem que partir de atitudes, fatos, verdades irrefutáveis. E não de impressões.

Não, não nascemos com talento para juízes. Intuição, percepção, inteligência, experiência de vida, sabedoria... tudo isso nos auxilia a viver. Mas é bem diferente de colar um rótulo na testa das pessoas, simplesmente porque nossos próprios preconceitos, preferências, gostos, ideias, medos, repulsas, frustrações, simpatias e antipatias fazem com que nos sintamos incomodados diante delas.


Um leitor anônimo me mandou este vídeo, e achei que tem tudo a ver com o assunto.

13 comentários:

  1. Fernanda,

    Que beleza de texto .......gostaria de enfatizar o paragrafo que voce diz:"que o julgamento e um vicio que, faz com que a gente perca muita coisa boa ...". Barbaro !!!!!!

    Uma das regras para quem quer ser feliz, e parar de julgar os outros ..... e dificil, porque esta muito forte em todos nos .....mas nao impossivel.

    Quanto ao video eu a do rei ...... nao poderia ser melhor.

    Parabens pela materia.

    Beijos

    Gilda Bose

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  2. É, Gilda, seria bom a gente fazer o exercício de tentar não julgar. Acho que todos sairíamos ganhando. Também adorei o vídeo! bjo!

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  3. Julgar as pessoas é feio mesmo, mas eu adoro ficar sentado num shopping, olhando as pessoas passarem e...

    Duilio

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  4. Como adorei o texto e o video da troca dos rótulos aparentes pela realidade, principalmente do garoto diagnosticado com transtorno de personalidade, ofuscando o verdadeiro filósofo para o qual a sua existência foi talhada, não posso deixar de citar o Sêneca, um dos meus preferidos:
    "As coisas que nos assustam são em maior número do que as que efetivamente fazem mal, e afligimo-nos mais pelas aparências do que pelos fatos reais".

    O "serumano" esta o tempo todo emitindo julgamentos, na tentativa ilusória de avaliar qualidades, defeitos e intenções "dozotro". Porém, somos péssimos juízes, e piores, quando de nós mesmo. Nos julgamentos precipitados, quem comanda é a emoção, deixando a razão em segundo plano. Também quando somos racionalistas, erramos ao desconsiderar valores humanos fundamentais e constituidores da integridade da pessoa.

    O problema consiste em fazermos mimetismos para nos enquadrar nas diversas demandas sociais. Enquanto alguns tentam não parecer o que são, outros tantos tentam parecerr o que não podem ser, ainda mais nestes tempos neoliberais alucinados do ter e parecer, em lugar do ser.

    Ato contínuo, resta-nos a prudência em aguçar nossos sentidos (nem sempre confiáveis), prestar a devida atenção aos fatos e aumentar nossa lucidez, posto que pessoas lúcidas julgam menos (ou nem julgam) e, quando o fazem, não recorrem às aparências traiçoeiras.

    Não podemos esquecer, entretanto, de que o mundo é um espelho , lembrando-nos, como tal, de que antipatias gratuitas (e até violentas, às vezes), evidenciam afinidades secretas.

    Dar um tempo antes de emitir um juízo de valor, com a consciência de que eles não serão fidedignos completamente, reforça nossa principal característica: a imperfeição.

    Santé e axé!!!
    Marcos Lúcio

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    1. Sábio, como sempre. (Esse povo que lê filosofia não é mole não...)

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    2. Receber um elogio deste, da minha querida e especial blogueira (sou leitor mais fiel do seu blog e de outras cositas más... do que dos grandes filósofos, até por falta de tempo), faz meu penico que já anda cheio, transbordar rsrs. Merci beaucoup!!!
      Beijão.

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  5. Pra que servem os rótulos afinal?
    Apenas para saciar a eterna busca dos nossos cérebros por um significado. Quando rotulamos algo e estamos fechados para novas avaliações acabamos nos aprisionando em um eterno ciclo de MAIS DO MESMO. Se já temos um conceito ou 'pré-conceito'a respeito o que a vida está nos trazendo perdemos a possibilidade de explorá-la e vivenciá-la com toda a beleza e a magia do momento PRESENTE!
    Adorei o artigo, achei o vídeo ótimo e amei seu blog!!!
    bjusssss
    Ayeza Umpierre

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    1. Ayeza... que bom que você gostou! Então volte sempre! A propósito... estou sentindo um cheiro de PNL no ar...

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  6. Zé Renato recomendou o blog... e eu vim aqui pra dizer que viajei bonito no seu texto + temas. Tão bom encontrar pessoas que sabem combinar talento, sensibilidade e muita destreza no manejo da língua-mãe. Voltarei outras vezes, Fernanda. Prazer em conhecer!

    Helena

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    1. Seja bem-vinda, Helena! A casa estará sempre aberta! Ganhei o dia com suas palavras, obrigada! Estarei te esperando, então. Abraço!

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  7. FERNANDA
    ACHO QUE O JULGAMENTO É INERENTE AO SER HUMANO.ESTAMOS SEMPRE JULGANDO TUDO E , À PRINCÍPIO É O QUE NOS FAZ TOMAR DECISÕES. O QUE REALMENTE NÃO DEVEMOS É CONDENAR.ESSA É A PALAVRA CONDENAR. AÍ SIM MORA O PRECONCEITO,A NOSSA BAGAGEM , INTUIÇÃO ETC....JULGAR NÃO MAS CONDENAR SIM É TUDO DE RUIM.
    UM ABRAÇO........CLAUDIO

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    1. Claudio, você acertou na mosca! Pior que julgar, é mesmo condenar. Agradeço pelo toque. Abraço e espero vê-lo novamente por aqui.

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