Lembro quando, numa viagem de férias, eu, que estava
aprendendo a ler, achei que alguém havia cometido um erro de grafia. Apontei a
placa e perguntei:
-- Mãe, o que é motel?
E ela, bicha expert em responder a crianças curiosas,
mandou esta:
-- É hotel em inglês.
Muitos anos depois, fiquei sabendo que motel não
tinha nada a ver com inglês, e tudo a ver com outras coisas...
Eis que um dia a notícia correu solta na cidade em polvorosa! Não é que bem ali pertinho, numa das muitas curvas da estrada, foi inaugurado
o “Gold Star Motel”???
Àquela época seria impensável para mim, dar um pulo
até lá pra conhecer: imagine se eu fosse vista por algum mineiro fofoqueiro!
Cairia na boca do povo e de lá jamais sairia. Além do mais, meu pai era uma
fera cheia de dentes e acho que seria capaz de “acabar com a minha raça”, como
dizia minha mãe, quando queria impressionar e botar medo na gente.
Assim sendo, eu morria de curiosidade mas nunca tive o prazer de conhecer o “Golde”,
como acabou apelidado pela turma. Também não tive notícias de alguém que lá
tivesse ido... porque quem ia não contava pra ninguém.
E quando algum maledicente queria sujar a imagem de certa
pessoa, lançava logo as palavras malignas:
-- Disseram que Fulana foi vista entrando no
Golde...
Prooooonto! A reputação da Fulana caía em descrédito, e ela passava a ser olhada com desconfiança:
-- Bem que eu sempre achei que ela tinha cara de biscatinha!
Quando vim morar no Rio de Janeiro, soube que a famosa “Rua
dos Motéis”, na Barra, pertinho do “Bar do Oswaldo”, que vendia as também famosas
batidinhas de cachaça para o aquecimento pré-motel, era quase uma lenda. Lembro
que a gente passava de carro por ali pra ver o movimento e os letreiros
iluminados. Uma vez a turma parou o carro lotado e todos descemos para provar as batidas. Alguém avisou que a de côco era a melhor, mas eu detestei todas e ainda cheguei em casa meio de porre, o que me fez tomar um pito da minha mãe, que só dormia quando todos os filhotes estivessem em suas caminhas.
Mas foi por ali, nas cercanias do Oswaldo, que minha amiga Elaine recebeu uma
Pomba-gira, em sua primeira noite de amor com o André: tudo porque desobedeceu
o Pai-de Santo e foi toda vestida de vermelho. Ele bem que tinha avisado:
-- Elaine, nunca use tudo vermelho, porque a Gira tá
doida pra descer!
E ela foi de vestido vermelho, com calcinha e sutiã da
mesma cor, pra combinar... foi só passar no Oswaldo e tomar uma caipirinha que a Gira desceu
mesmo, e o André achou o máximo...
Também foi por ali que minha outra amiga, a Sandra,
viu a mãe entrando no motel com um digníssimo sr., mas que não era o seu pai. Não pôde dizer nada, já que ela estava saindo do estabelecimento com o
namorado... e a mãe pensava que ela fosse virgem! Elas se entreolharam, enquanto os carros passavam um pelo outro, e nunca tocaram no assunto... a mãe perdeu o respeito e a Sandra caiu na farra de vez, e acho que deve estar farreando até hoje.
Lembro também de um caso famoso nos anos 80: a
madame que foi comemorar o aniversário de casamento num motel badalado do Rio e, na
hora do strip-tease, jogou o sapato pro alto e quebrou o espelho que havia em
frente à cama... do lado de lá, o câmera filmava tudo pra botar no circuito interno
de TV. Foi quando surgiu o terror carioca que acabou virando piada: a mulherada
tinha medo de ser filmada e virar atriz de filme pornô, sem saber.
Tive que recorrer aos motéis numa época em que
estava com obras em casa. Toda noite me mudava para algum aqui das redondezas,
e levava tudo: toalha de banho, lençol, cobertor, travesseiro e sabonete. Acabei virando
chapa de alguns funcionários, que me contavam histórias hilárias, como a do
turista que, ao pagar a conta na manhã seguinte, estava radiante de alegria,
porque a noite havia sido divertidíssima: ele nadou na piscina térmica, fez
sauna a seco e a vapor, curtiu a hidromassagem, adorou os filmes de sacanagem,
achou o espelho no teto o máximo... e disse que em breve estaria de volta! Ao
que o funcionário não aguentou e respondeu:
-- Venha acompanhado que o senhor vai curtir muito
mais...
É por essas e outras,que sempre recomendo as minhas amigas o seguinte: Quando vcs forem á determinados lugares,deixem o carro em casa e utilizem um táxi,agindo assim pode-se evitar uma saia justa dessa,que a Sandra passou.
ResponderExcluirAh Fernanda,parabéns,a senhora sua mãe se saiu muito bem na tradução... Bjs.
Monica.
Obrigada, querida! Ela era mesmo ótima na arte de conversar com gente de todas as idades.
ExcluirMauro Pires de Amorim.
ResponderExcluirAdorei seu texto, assim como também os anteriores. Por isso, sempre que tenho tempo disponível, retorno ao seu blog. Eis portanto a explicação do motivo pelo qual andei sumido algumas semanas.
Só por curiosidade informativa, o Motel, é um Hotel mais dinãmico, criado nos EUA, nos anos 50, onde pode-se frequentar de veículo motorizado e com períodos de permanência mais curtos do que o esquema tradicional de diárias dos hoteís.
Assim, necessáriamente, os motéis, não servem somente para saliências sexuais, podendo servir também para períodos de descanço e intimidade mais curtos. Dessa forma, podem servir também para descanço e higiene de pessoas motorizadas, que podem ou não ser viajantes e até mesmo, como hospedagem por período mais longo também, como foi no seu caso. Tudo dependerá do dinamismo administrativo do estabelecimento mediante a necessidade do cliente ou pretenço cliente, já que, no esquema tradicional dos hotéis, a diária é o padrão vigente, sendo portanto, um esquema administrativo mais rígido e tradicional do que o dos motéis.
Felicidades e boas energias.
Caríssimo Mauro!! Pensei que estivesse viajando de férias. Ou que tivesse se cansado do meu blog. Seja bem-vindo de volta!
ExcluirTá uma delícia este texto cheinho de mineirices, tais como: "imagine se eu fosse vista por algum mineiro fofoqueiro! Cairia na boca do povo e de lá jamais sairia. (...) e acho que seria capaz de “acabar com a minha raça”(...) a Sandra caiu na farra de vez, e acho que deve estar farreando até hoje".
ResponderExcluirPois é, queriDannemann...se a Sandra _farreando até hoje segundo você_ lesse este divertido post (a história da pomba-gira é hilária!), certamente ela diria que você é a mineira fofoquerira da hora rsrs, "né messs"???
Adorei o "saliências sexuais" no comentário do sr. Mauro.
Abraço forte!
Marcos Lúcio
É, EstiMarcos... tá vendo só como é a vida? Enquanto a Gira baixou na Elaine, a mineirice baixou em mim!
ExcluirMotel faz parte da nossa cultura. Quem nao foi a um que atire a primeira pedra (ou preservativo?).
ResponderExcluirImagine quantas e quantas historias tristes, hilarias, de amor, de infidelidade,de vinganca, aconteceram naquele quarto que, um dia, um dos leitores estiveram.
A proliferacao que voce constatou denota o aumento de usuarios e confirma o obvio: nao existe crise que afete certas atividades!
Por falar de motel, lembrei-me de uma piada: Um individuo chega a uma farmacia procurando por uma vaselina. Recebe uma do balconista, abre, cheira, testa a textura devolve reclamando que aquilo eh uma porcaria. Que ele quer uma especial pois "Hoje eu vou comer um..!".
O balconista volta com outra, ele testa, devolve e, novamente repete a frase, em alto tom.
O balconista informa que tem uma "de primeira qualidade". Volta com uma latinha miuda, informa que eh bem cara. O cliente testa, gosta, paga sempre "informando" ao balconista sobre o por que dele estar comprando a vaselina.
Cliente sai e o senhor idoso que estava na fila comenta com o balconista: "Esse cara eh gay!" E o balconista, de pronto, discorda: "Nao! O cara veio comprar uma vaselina por que vai comer um.." No que o senhor idoso completa: "Eh gay sim! Voce ja viu alguem se preocupar com o .. alheio?" :-))
Cruzes!!!!!!!!
ExcluirA piada do Sr. Ariel é divertida, nas não corresponde à realidade total , no Patropi.
ExcluirQuem passa,por exemplo, em bancas de revistas, e observa as capas de revistas de nu feminino ou pornô, vê ,claramente, que as mulheres quase sempre estão de costas ou de quatro, enfim, não deixam dúvida de que a bunda é preferência nacional (alguém ainda não sabe disto???).
Este desejo também pela parte posterior do corpo feminino: bunda, ancas, e quadris se evidencia quando, ao vivo, muitos homens esperam a mulher passar... para olhar seu bumbum.
Muitas, sabendo disso, deformam o jeito de andar, até prejudicam a coluna rsrs levantando a bunda , e algumas até colocam silicone.
Pode haver homens que não se interessem pela "derrière" feminina...mas desconheço-os, por enquanto. Ainda que o desejo maior seja pela frente...não dispensariam aquela alternativa, se lhes fosse sugerida... embora possam passar sem ela.
Não é comum, mas conheço algumas mulheres que adoram esta prática e até pedem aos seus parceiros... que jamais negam este provocador pedido rsrs.
Então, comprar vaselina, para esta prática heterossexual diferenciada, nem pensar(o correto é um lubrificante à base de água), porque perfura o preservativo , que deve ser lubrificado, assim como a região da parceira. Também é verdade que muitos gays não praticam sexo anal, no papel de passivos.
"Entonces"... homens que sentem desejo por mulher e desejam-na por inteiro, se preocupam sim, e ainda bem, com a retaguarda alheia, pois quem ama cuida.
Santé e axé!
Marcos Lúcio
Mauro Pires de Amorim.
ResponderExcluirAinda a pouco, recebí a notícia de que meu pai partiu.
Ele faria 79 anos, no dia 24 de setembro de 2012. Não estou triste, pois ele nunca desapacerá de minha memória, onde continuará vivo, até que eu parta também. É dessa forma que eu, como agnóstico, pagão, entendo a vida após a morte.
Minha triateza também não se dá, em função dele estar com metástase concerígena e por, durante 2 anos, ter acompanhado seu sofrimento e definho. Portanto, sua partida, morte, foi na verdade um grande prêmio. O direito ao descanço após tamanha luta em vão, já que a doença era terminal.
Recentemente na Argentina, aprovaram a lei da eutanásia. Diante dessa situação familiar pela qual passei, juntamente com a espôsa dele, minha madrastra e minhas duas irmãs. Fora os amigos de nossa família, penso ser hora de no Brasil, se fazer legislação permissiva da eutanásia. Trata-se de uma questão de clemência.
Realmente não entendo religiosos que defendem esse verdeiro purgatório pelo qual pacientes terminais tem que passar, em nome de uma pretença crença religiosa divina e criam grupos de pressão afim de barrar iniciativas legais favoráveis a eutanásia.
Mesmo eu em meu agnoticismo e paganismo, não acredito que Deus deseje a tortura e sofrimento de alguém. No entanto, esse é o problema de certos religiosos. Gostam de se arvorarem em donos da palavra de Deus e dar-lhe a interpretação que lhes for mais conveniente aos seus interesses.
Ninguém fala por Deus, o dia que este tiver algo a dizer, deixem que faça por conta própria!
Ou será que algum desses religiosos que se arvoram de porta-vozes divinos, possuem procuração registrada e com firma reconhecida no Cartório do Divino Espírito Santo, para por Deus falarem?
Felicidades e boas energias.
Querido Mauro... também acredito que seu pai finalmente descansou, que agora esteja livre do sofrimento e em paz. Vou rezar por vocês todos: por ele e por sua família, para que todos sejam reconfortados pela bondade divina. Eu acredito em Jesus e em Nossa Senhora, e acredito que tudo na vida tem suas razões, mesmo que a gente não consiga entender ou enxergar. Imagino o quanto você e sua família estejam sofrendo: dói muito passar por isso que vocês estão passando! A única coisa que me aliviou, quando passei por isso (e me alivia até hoje) é a certeza de que estaremos todos juntos de novo, porque a existência terrena é só uma pequena parte da nossa vida. Eu realmente acredito nisso! Agradeço pela consideração que você teve ao dividir este seu momento aqui com o pessoal do blog. No que depender de mim, estaremos sempre aqui! (Daqui a pouco o Marcos Lúcio, a Gilda e a Monica vão aparecer para dizer algumas palavras, espere e verá. Fica com Deus!
ResponderExcluirMauro Pires de Amorim.
ResponderExcluirAgradeço a solidariedade e peço perdão por minhas palavras por vezes duras e rudes. Essa minha forma troglodita de ser, mas diante dos 2 anos de sofrimento de meu pai, com cãncer metástico, onde não há possibilidade de cura, traqueostomizado, sem conseguir falar oralmente, somente por escrito, alimentando-se por sonda costurada no estômago, ingerindo aquela comida hospitalar do tipo pastosa, usando fraldão, sem sair de casa, caminhando no máximo do quarto para a sala e com seu porte físico digno de um prisioneiro de campo de concentração, tamanho era o estado de definho causado pela doença.
Por essa situação e inclusive por saber que você viveu situação semelhante com entes queridos é que mencionei a questão da aprovação no Brasil, de legislação permissiva à eutanásia, nos moldes argentinos, que segue a tendência mundial dos países com tal instituto permissivo. Seria uma questão de humanidade, de clemência, de direitos humanos.
Mesmo eu não sendo religioso, embora em nada me incomode frequentar templos religiosos em solidariedade na tristeza, consideração e comunhão de alegria de quem me é querido ou querida, tenho certeza, que Deus, aprovaria tal medida. Pois em meu parco conhecimento religioso, acredito que tortura e sofrimento, vão contra a postura divina.
Mais uma vez, obrigado pelos calorosos abraços e afagos solidários. Felicidades e boas energias para todos(as).
Mauro... eu realmente não sei o que Deus acha disso tudo. Mas sei que o sofrimento lapida a alma e o coração do homem. Creio que é a provação que nos ensina alguma coisa nesta vida. Ainda que você não acredite em Deus, tente acalmar seu espírito e aceitar os acotecimentos, porque a revolta só pode nos trazer a dor. Pense que o seu pai está livre agora, e procure esquecer a doença: mentalize a imagem dele feliz, forte, saudável. Isso vai libertar você também, e deixá-lo tranquilo onde ele estiver. Boas energias aí pra você!
ExcluirFaz mais de 30 anos, a minha avo materna (Nona Carola), do alto dos seus noventa e muitos anos, sentada na sua cadeira de balanco, pediu um copo com agua a uma pessoa que a auxiliava. Quando a pessoa retornou, munha avo ja tinha partido...
ExcluirEra o dia 7 de fevereiro de 2012. Meu irmao mais velho, 67 anos, chegou na sua casa apos uma reuniao com amigos, foi dormir e nao mais acordou...
O meu sincero desejo eh de que todos possam ir como eles foram!
Onde vivo a eutanasia nao eh permitida mas os desejos de um paciente sao acatados. Ja tenho um termo informando que, em caso de doenca terminal, nao quero ser resucitado nem receber qualquer tipo de ajuda para prolongar a vida. Quero, apenas, ter a dor controlada dentro do possivel. Bem curto, claro e simples. De quebra, sou um doador de todos os orgaos que possam ser utilizados.
Nao creio em vida apos a morte, ser superior, ceu ou inferno. Creio, simplesmente, no "do po viemos e ao po retornaremos" logo, antes de virar po, que usem as partes disponiveis e queimem o resto.
Uma partida deixa saudade, uma perda deixa dor e isso nao podemos mudar. Temos que conviver e, lentamente, deixar que se va. Lastimavel eh ver um ser que amamos ir lenta e dolorosamente porque assim as normas, sociedade, leis determinam. Eh cruel!
Lastimo pela sua perda ao mesmo tempo em que concordo com a eutanasia que creio, deveria ser repensada pela sociedade pois, lamentavelmente, somente os que sofrem juntos aos seus entes queridos consideram tal opcao o que significa que o que hoje esta "contra" provavelmente mudara de ideia tao logo passe por uma situacao triste e dolorosa como a que voce teve que enfrentar.
Receba a minha solidariedade!
Prezado Sr. Mauro...ainda que só o "conheça" virtualmente, através dos seus comentários sempre intessantes...assim como a talentosa blogueira, faço-me solidário ao seu momento de perda.
ResponderExcluirÉ mais uma das infinitas provas de que o humano é frágil, temporário e limitado. Já perdi meu pai (dentre outras perdas) em situação similar à sua, e concordo absolutamente que não só deveria haver legislação permissiva à eutanásia como, também, que " sua partida, morte, foi na verdade um grande prêmio. O direito ao descanço após tamanha luta em vão, já que a doença era terminal".
Não tenho dúvida de que se fosse comigo, em caso semelhante de doença terminal, a eutanásia seria um bálsamo. Também não duvido de que seu pai, se tiver a possibilidade de ver como você está, certamente vai preferir, por todos os motivos, vê-lo no melhor estado possível. Portanto, a sua tristeza não se dá, pelo exercício lúcido da inteligência emocional, que propicia aceitação e serenidade, com a conciência de ter feito o melhor que pôde.
Abraço
Marcos Lúcio
Como sempre, ótimo. Peguei as palavras e aproveitei pra mim também.
ExcluirMauro Pires de Amorim,
ResponderExcluirMuita Paz e Forca neste momento em que voce e toda sua familia esta passando.
Obrigada, por compartilhar sua dor e "Lavar a Alma", com todos nos do blog.
Felicidades,
Gilda Bose
Mauro Pires de Amorim.
ResponderExcluirAgradeço a todos(as) o apoio e carinho.
Não estou revoltado, no momento, estou sereno.
Mesmo não sendo religioso, mas sem me preocupar se existe ou não vida após a morte em outra dimensão meta-física. Mas sei que nessa dimensão em que vivo, a forma de continuar dado vida a quem se vai, é sem dúvida, por meio das memórias. Prefencialmente as boas, as melhores, os ensinamentos e aprendizados.
Minha revolta foi aplacada com a partida de meu pai, pois agora ele está livre da dor e sofrimento desnecessários, caso houvesse em nosso país, legislação eutanásica nos moldes argentinos e que segue o modelo de países europeus que admitem tal prática.
No entanto, mentalidades tacanhas, sádicas e mercenárias inssistem em barrar tal proposta. Óbvio, pois, permitir a prática eutanásica no Brasil, abreviaria para cerca de 20 dias de vida o estado de um(a) doente terminal ou incurável. Enquanto que, com a manutenção do atual sistema, pode-se manter o mesmo tipo de paciente 1 ano ou até mais, com milhões de procedimentos médicos, que no final das contas em nada devolverão a saúde ou cura do paciente, mas que, para médicos e profissionais de saúde, garantem verbas e ganhos procedimentais, assistenciais, examinatórios e laboratoriais, ainda que os recursos saiam dos planos de saúde. No entanto, esses planos de saúde, com a manutenção de tal sistema vigente, cada vez mais, necessitarão de mais recursos financeiros, que serão auferidos, com aumentos nas mansalidades de seus inscritos.
Repito mais uma vez, nada contra religiosos(as) que acreditam que só Deus dá a vida, e portanto, só Deus pode tira-la. Esses(as) podem até não optar pela eutanásia, mas ao menos que permita-se a quem quizer a ela recorrer, ter tal opção disponível.
Aventei a hipótese, primeiramente com a espôsa de meu pai (Jane), de leva-lo para a Argentina, caso ele optasse, sem qualquer tipo de pressão pela eutanásia. Para depois comunicar a minhas 2 irmãs (Mariana e Roberta).
No entanto, como a aprovação da eutanásia na Argentina, deu-se muito recentemente. o estado de debilitação física de meu pai (Paulo Marcos), era tamanho, que necessitaríamos de uma ambulância aérea.
Fora tal fato, seria necessário que a junta médica brasileira fosse juntamente, afim de apresentar os devidos laudos e diagnósticos, para comunicar-se com a junta médica argentina, avaliadora da situação e avalizadora da prática eutanásica. Com isso, necessitaríamos de hospedagem e acomodações para todas essas pessoas, inclusive a equipe de técnicos de enfermagem do "home care", que cuidavam de meu pai em sua casa.
Obviamente, que toda essa prática logística, dependeria de aprovação do plano de saúde, que por sua vez, sequer possuí convênio para prática eutanásica.
Logo, de cara, minha pretenção avaliativa de tal possibilidade, caíu por terra. Ainda bem, que isso ficou somente entre eu e minha madrasta. Pois jamais anunciaria para minhas 2 irmãs e muito menos para meu pai, tal possibilidade optativa pela eutanásia, sem antes avaliar sua real viabilização, uma vez que dependeria da interação com o sistema de outro país.
Hoje no fétreo, após sua partida, comuniquei que cheguei a sondar a possibilidade eutanásica, na Argentina, para ele. Minhas duas irmãs entenderam e concordaram com minha pretenção de estudo, em função do tamanho sofrimento pelo qual nosso pai passou.
Mais uma vez, sinceros desejos de felicidades e boas energias para todos(as).
Mauro,eu sei que nesse momento,nem uma palavra vai diminuir a dor que vc está passando,aliás uma dor que eu já conheço... Mas se vc lembrar tudo de bom que ele lhe ensinou,essa dor irá se transformar em agradecimento por ele ter sido seu pai. Fique em paz.
ResponderExcluirMonica.
Mauro Pires de Amorim.
ResponderExcluirAgradeço todo o carinho e solidariedade, mas, minha dor, está aplacada com a libertação de meu pai.
Apenas meus escritos, sugerem que ninguém mais tenha que passar por isso.
Então, velho Paulo, querido pai, Paulo Marcos, que sua existência e especialmente, momento de partida, não tenha sido em vão.
Te amo muito, cara!
Felicidades e boas energias para todos(as).