O filme rolou e, de repente, percebi que se os
cabelos da Sandra não flutuaram na gravidade zero, isso não tinha a menor
importância.
É o seguinte: eu não estava vendo um documentário do
Discovery nem da BBC, daqueles extremamente realistas e que buscam a verdade
escrita nas estrelas. Não. Eu estava vendo uma fábula sobre viver e morrer;
uma metáfora sobre o valor da vida sobretudo quando a gente está mergulhado na
tristeza.
Os dois personagens do filme, interpretados por Sandra e George
Clooney, têm visões diferentes da vida, da morte, do espaço, da Terra lá
embaixo... do trabalho e do desespero.
Ele, ao que parece, gosta de viver, coleciona
histórias pra contar, se deslumbra diante da paisagem espacial. Consegue rir
nos momentos mais críticos e, talvez por isso mesmo, é capaz de abrir mão da
vida quando percebe que não há outro jeito. Ok, ok, ele é um astronauta experiente e
treinado, e sabe que a morte pode ser uma de suas missões. Olha para ela com certa intimidade, portanto.
Sandra não é exatamente uma astronauta, mas uma especialista
convidada, e então vê a morte como todos nós, que também não fazemos parte
do clube dos super-heróis treinados pelo governo americano. É uma mulher comum
que perdeu a filha de quatro anos e está deprimida e sem gosto pelo futuro. Mas, quando se vê diante da real possibilidade de
morrer, ela enfrenta sua verdadeira batalha no espaço: a escolha entre insistir
ou desistir.
Apesar de ser filme praticamente de um ator só, “Gravidade” não
cansa, não deixa nem que a gente se mexa na poltrona... e olha que não sou
chegada a este tipo de cinema. Mas além do visual, incrivelmente bonito
principalmente no cinema 3D, também é bonito ver a moça se virando lá em cima,
numa solidão tão total e absoluta e num combate corpo-a-corpo consigo mesma:
seu medo, seu desespero, seu luto, sua fragilidade física. E a gente entende que, em momentos realmente críticos e difíceis da vida, estar igualmente pronto para viver ou para morrer pode significar exatamente a mesma coisa: a conquista de uma transcendência antes inimaginável. O nome disso é libertação.
A solidão espacial é coisa sem comentário, alias, sem mais nada e muito além da minha coragem que não suporta uma viagem de avião. Duas coisas que me apavoram o imaginário; Avião caindo e ondas do mar... Um calhau de 15 metros (lindo) me dá a sensação (em foto), de que estou lá em baixo. Só de falar sinto calafrios. Acho que alguns dos caldos que levei na Copacabana antiga, bem ali perto do bar Bolero (Quem se lembra do Bolero?)(Posto 3) na Atlântica me deixaram assim. A vida, apesar de tudo não tem preço. Sou medroso por natureza e nem sei como vou fazer pra morrer, por isso, fico sempre que posso, longe dele... O fim, o derradeiro.
ResponderExcluirFernanda: Por favor, faça uma visitinha ao meu blog. Minhas duas últimas três postagens. http://alfredo-modelosnavais.blogspot.com.br/
ResponderExcluirAlfredo... Então vc voltou a escrever? Isso êh bom! Vou lá visitar.
ExcluirJogue as cartas, leia a minha sorte, tanto faz a vida como a morte... o pior de tudo eu já passei
ResponderExcluirRaul Seixas
Linda critica. Decidi ver o filme.
ResponderExcluir