sábado, 19 de outubro de 2013

"Gravidade": a escolha de Sandra Bullock

Nos Estados Unidos, os especialistas dão risadas de alguns furos do novo filme de Sandra Bullock, “Gravidade”, em que ela, uma astronauta perdida no espaço sideral, tenta voltar para casa. Fui ver o filme completamente descrente de que pudesse vir a gostar de alguma coisa, mas já comecei encantada com o visual, a Terra vista lá de cima, tão milagrosamente linda.

O filme rolou e, de repente, percebi que se os cabelos da Sandra não flutuaram na gravidade zero, isso não tinha a menor importância.
É o seguinte: eu não estava vendo um documentário do Discovery nem da BBC, daqueles extremamente realistas e que buscam a verdade escrita nas estrelas. Não. Eu estava vendo uma fábula sobre viver e morrer; uma metáfora sobre o valor da vida sobretudo quando a gente está mergulhado na tristeza.

Os dois personagens do filme, interpretados por Sandra e George Clooney, têm visões diferentes da vida, da morte, do espaço, da Terra lá embaixo... do trabalho e do desespero.
Ele, ao que parece, gosta de viver, coleciona histórias pra contar, se deslumbra diante da paisagem espacial. Consegue rir nos momentos mais críticos e, talvez por isso mesmo, é capaz de abrir mão da vida quando percebe que não há outro jeito. Ok, ok, ele é um astronauta experiente e treinado, e sabe que a morte pode ser uma de suas missões. Olha para ela com certa intimidade, portanto.

Sandra não é exatamente uma astronauta, mas uma especialista convidada, e então vê a morte como todos nós, que também não fazemos parte do clube dos super-heróis treinados pelo governo americano. É uma mulher comum que perdeu a filha de quatro anos e está deprimida e sem gosto pelo futuro. Mas, quando se vê diante da real possibilidade de morrer, ela enfrenta sua verdadeira batalha no espaço: a escolha entre insistir ou desistir.
Apesar de ser filme praticamente de um ator só, “Gravidade” não cansa, não deixa nem que a gente se mexa na poltrona... e olha que não sou chegada a este tipo de cinema. Mas além do visual, incrivelmente bonito principalmente no cinema 3D, também é bonito ver a moça se virando lá em cima, numa solidão tão total e absoluta e num combate corpo-a-corpo consigo mesma: seu medo, seu desespero, seu luto, sua fragilidade física.

E a gente entende que, em momentos realmente críticos e difíceis da vida, estar igualmente pronto para viver ou para morrer pode significar exatamente a mesma coisa: a conquista de uma transcendência antes inimaginável. O nome disso é libertação.


5 comentários:

  1. A solidão espacial é coisa sem comentário, alias, sem mais nada e muito além da minha coragem que não suporta uma viagem de avião. Duas coisas que me apavoram o imaginário; Avião caindo e ondas do mar... Um calhau de 15 metros (lindo) me dá a sensação (em foto), de que estou lá em baixo. Só de falar sinto calafrios. Acho que alguns dos caldos que levei na Copacabana antiga, bem ali perto do bar Bolero (Quem se lembra do Bolero?)(Posto 3) na Atlântica me deixaram assim. A vida, apesar de tudo não tem preço. Sou medroso por natureza e nem sei como vou fazer pra morrer, por isso, fico sempre que posso, longe dele... O fim, o derradeiro.

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  2. Fernanda: Por favor, faça uma visitinha ao meu blog. Minhas duas últimas três postagens. http://alfredo-modelosnavais.blogspot.com.br/

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    1. Alfredo... Então vc voltou a escrever? Isso êh bom! Vou lá visitar.

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  3. Jogue as cartas, leia a minha sorte, tanto faz a vida como a morte... o pior de tudo eu já passei

    Raul Seixas

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  4. Linda critica. Decidi ver o filme.

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