sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Recuse o convite irresistível do erro

Se há um convite que, à maioria de nós, é quase irresistível, é o convite ao erro. E ele vem vestido de muitas maneiras, confundindo-nos; uma de suas armadilhas mais comuns é chegar na forma de um velho hábito, daqueles que já estão tão arraigados na gente, que nem mesmo percebemos seu domínio ou influência.

No entanto, a sorte de ter um coração e um cérebro acaba jogando luz sobre o quarto escuro da nossa consciência... mais dia, menos dia, uma voz começa a falar dentro da gente, pedindo por nossa libertação. É que, por mais automático que seja um hábito, nossa alma, que é essencialmente pura, deseja a mudança, anseia que nos livremos do comportamento viciado.

Mas vencer a força de um hábito exige muito de nós: mais que à força de vontade, temos que recorrer a todo o nosso potencial de observação, para que possamos cortar o mal pela raiz e adotar outro comportamento no exato instante em que aquela atitude mecânica começa a agir sobre nós. Porque não é você que possui o hábito: ele é que possui você.

O maravilhoso desta luta violenta que travamos dentro de nós mesmos, é que ela realmente pode ser vencida, mesmo que as raízes do hábito estejam pregadas aos nossos ossos... ou à nossa alma, aprisionando-nos. Já vi gente que deixou o álcool, o fumo, a fofoca, a crítica, o consumismo, a preguiça, o ressentimento, a gula e eticétera e tal... em nome da liberdade de viver outra vida e de ser outra pessoa.

Veja que beleza o poema “Autobiografia em Cinco Capítulos”, do tibetano Nyoshul Khenpo:

1) Ando pela rua
Há um buraco fundo na calçada
Eu caio
Estou perdido...sem esperança.
Não é culpa minha.
Leva uma eternidade para encontrar a saída.

2) Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada
Mas finjo não vê-lo.
Caio nele de novo.
Não posso acreditar que estou no mesmo lugar.
Mas não é culpa minha.
Ainda assim, levo um tempão para sair.

3) Ando pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada
Vejo que ele ali está
Ainda assim caio... é um hábito.
Meus olhos se abrem
Sei onde estou
É minha culpa.
Saio imediatamente.

4) Ando pela mesma rua
Há um buraco fundo na calçada
Dou a volta.

5) Ando por outra rua.

A Mafalda, minha chapa argentina, entende bem do que estou falando...

6 comentários:

  1. Mauro Pires de Amorim.
    Se a pessoa tem um hábito e a consciência passa a agir contrária esse hábito, na verdade é a constatação de que é a própria pessoa que está alertando-se acerca da prática do hábito e classificando-o como mau-hábito, portanto algo que deva ser abandonado.
    As pessoas não nascem com os hábitos, elas os adquirem e abandonam ao longo da vida.
    Felicidades e boas energias.

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  2. Eu mesmo tô com um hábito danado. Só consigo pensar em postar no meu blog, quando vejo que o seu começou andar de novo. Fico sempre feliz por isso.

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  3. É, Alfredo, andei lá pelas suas bandas ontem e vi que você andou meio parado, assim como eu... beijão!

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  4. Você não poderia ter sido mais feliz no texto. Parabéns

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  5. Sem dúvida o poema é belíssimo . Além disto, é mais do que oportuno, queriDannemann, assim como seu ótimo post, como de hábito.
    Se "tudo muda o tempó todo no mundo", nas palavras absolutamente inegáveis do Lulu Santos, posto que a impermanência eterna é a condição "sine qua non" da nossa fugaz existência, ao invés de mudarmos de hábito, o lógico ou sensato seria... possuir o hábito de mudar, e nos tornarmos nômades existencias por excelência.

    Até concordo que não se deve mexer em time que está ganhando ou em situação que propicie realização combinada com bem estar. Mas fico matutando (mineiros de boa cepa rsrs...adoram esta prática) sobre o preço alto que se paga, ou o desassossego de estar em desvantagem ou em desarmonia com seus reais desejos e necessidades, por puro comodismo, mantendo o "já que está, deixa ficar". Sabe-se que existe, quase genericamente, uma forte compulsão para não se mover uma palha (bem antiga esta rsrs...) pelo temor de enfrentar o âmago das questões mais dolorosas...e elas continuam doloridas e "tudo continua como dantes no quartel de Abrantes".Politicamente, pode ser pior ainda. É celebérrima a frase do Giuseppe di Lampedusa: "para que as coisas permaneçam iguais é preciso que tudo mude".

    Mas o problema maior da mudança é que pesquisadores descobriram , em anos de evolução, que a nossa mente foi treinada para evitar qualquer esforço supostamente denecessário, ou seja, ela não quer perder tempo em aprender de forma diferente, algo sabido.Conservadora em demasia, ela prefere fazer esforço para novos aprendizados. Agirmos, então, no piloto automático, é uma consequência que sedimenta nossos maus hábitos enraizados. Inclusive por oferecerem recompensa ou benefícios imediatos, vícios como cigarro, álcool, doces e otras coisitas más...tão "gostosos" para alguns, ou "aliviantes" para outros,
    estes "saborosos venenos" não deixam de ser nocivos e até perigosos, portanto "proibidas" para quem coloca a saúde no lugar de onde jamais deveria sair: o primeiro.

    Como a emoção nem sempre é nossa melhor amiga e costuma ter a palavra de ordem , além de sermos muito mais o que sentimos do que raciocinamos, a coisa fica mais complexa, ainda, se somos imaturos. Neste caso, ela vai seduzir-nos a fazer exatamente o contrário do que seria o sensato ou adequado ao momento. Por isto muita gente pensa uma coisa e faz outra oposta. Sim, nosso lado infantiloidemente emocional nos conduz, cinicamente, para a direção do prazer já!!!, do mais fácil. Nas novas situações, então, nosso cérebro emocional sabota nosso cérebro racional, e tudo em nome da "sensação do já conhecido" ou do imediatismo prazenteiro e...damos com os burros n"água:voltamos à zona de conforto ou dos insatisfatórios e velhos "malos habitos".

    Não havendo a consciência de que , além de difícil, é necessário mudar, intrinsecamente e com metas plausíveis, não haverá possibilidade de modificação para evoluir ou melhorar. É evidente que quanto mais realista, mais sucesso obterá quem estiver predisposto.Convencida disto e sabendo que terá de se esforçar bastante, a pessoa estará com a faca e queijo na mão. O perigo maior é querer se adaptar à uma mudança que não condiz com seu desejo, com sua realidade psíquica, exclusivamente para se adequar às normas sociais, para fazer parte da "multidão boiada caminhando a esmo". O resultado desta falsa idéia de "pertencimento" , só poderá ser a infelicidade.

    A palavra mágica ou o "abre-te Sésamo" para abrir as portas da mudança é: CONTROLE. Portanto, ter a emoção como aliada e "dominada" é o fator mais decisivo para escolher e sedimentar as metas ou as rotas do novo caminho a trilhar, com grandes chances de chegarmos sãos e salvos ao final da jornada, ainda que cantando: "eu penei, mas aqui cheguei!"
    Rnergias benfazejas e caloroso abraço
    Marcos Lúcio

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  6. Desculpe as falhas na digitação: "prefere NÃO fazer esforço"; "PROIBIDOS" e "ENERGIAS".
    abração.
    Marcos Lúcio

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