terça-feira, 3 de janeiro de 2012

A íntima escravidão de todos nós

Este ano eu JURO que vou tirar o cartão de crédito da bolsa. E vou até anotar, num bloquinho comprado só para este fim, toda a economia que estarei fazendo, só por deixar de comprar por impulso... 

E tem mais: decidi que é hora de mudar RADICALMENTE minha alimentação. Foi nisso que deu o gorducho saudável que veio de Marte (para quem não sabe, estou falando do meu marido) me levar à força para o tal spa, semanas atrás. Saí de lá com a cabeça feita, na verdade feitíssima, porque caí na real e me convenci de que, depois dos 40, não dá pra continuar comendo como se eu fosse uma magrela de 20.

E, para provar minhas reais intenções, tcham-tcham-tcham-tcham.... olha o almoço natureba que eu preparei hoje! Troquei a salsicha pela abobrinha e usei macarrão de arroz!!!


 Olha, vou contar uma coisa: no fim de semana assisti mais um capítulo óóóótimo da “novela das oito” aqui de casa, ou seja, um documentário da TV a cabo. Desta vez, falava sobre meu assunto predileto no momento: comida. E a nutricionista “xiita” inglesa desceu o cacete no açúcar, no sal, na farinha branca, no álcool e no refrigerante, aliás, o vilão número 1. Não pretendo virar xiita também, primeiro porque tenho preguiça, segundo porque Deus, pra mim, só Jesus Cristo, e terceiro porque eu ADORO uma pequena transgressão.

Mas ando pensando em como a gente se entope de comida porcaria, na maioria das vezes quando nem mesmo estamos com fome. Comemos por hábito, gula ou simples falta do que fazer, já percebeu? E não deixa de ser um absurdo a gente se empanturrar quando, neste exato momento, milhões de pessoas estão passando fome no mundo. Não, isso não é baboseira não, é verdade mesmo. E, simultaneamente, é neste exato momento também que nosso organismo pede clemência e faz um esforço danado pra dar cabo das gorduras, açúcares, corantes, conservantes e eticétera que botamos pra dentro, como se nosso corpo fosse, em vez de um templo, uma usina de lixo.

 Juntei alhos com bugalhos e acabei me lembrando do meu tio Sergio, uma das pessoas mais incríveis que já conheci. Ele era de uma simplicidade tão impressionante que, quando morreu, deixou um mínimo de coisas materiais para trás... quando minhas tias foram desfazer a casa dele, se deram conta de que quase nada havia para ser desfeito, porque ele vivia com o essencial. Eu era bem nova, mas nunca me esqueci deste exemplo que ele nos deixou.

Ando pensando, pensando... por que será que hoje em dia as pessoas precisam de tanto pra viver? O que estamos compensando? Que buraco interior tentamos tapar com a comida e com o consumo? Que prisão é esta que construímos para nós mesmos, cujas grades aparecem em forma de quilos extras, problemas de saúde, contas a pagar e um cansaço enorme, já que não sabemos mais como parar e mudar o rumo?

No passado (e não faz tanto tempo assim) nossos pais viviam com muito menos, e eram felizes. Gastavam menos dinheiro, consumiam menos, comiam menos, ostentavam menos... e, por isso mesmo, eram mais livres que nós, escravos da insatisfação.

Leia também:
Fui pro spa e pirei na batatinha... pena que não era frita!


Conheça Gillian Mckeitha, a nutricionista inglesa que falei:





7 comentários:

  1. Queria que vc desse uma olhada no reality Mulheres Ricas, na Band, e fizesse alguns comentários sobre elas. Aliás, mal posso esperar.

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  2. Resumindo Fernanda,somos todos reféns da tecnologia.Hoje ninguém consegue viver sem celular,sem tv por assinatura,sem computador,sem carro,sem cartão de crédito,e etc.É difícil imaginar como nossos pais viviam sem essa tecnologia,que hoje é tão necessário nas nossas vidas,e como vc bem falou,eles conseguiam ser felizes assim mesmo... Bjs.

    Monica.

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  3. Então: Chegou a hora de parar de fumar, de entender que aos 40, é quase tarde para começar a se cuidar de verdade e, chegou a hora de comer polenta. Angu é um digestivo dos que viveram mais de 100, que a medicina não explica. O SPA provavelmente não fala disto, mas angu, feito a moda italiana, da roça, é talvez o maior benfeitor alimentício do Brasil. Local e barato, daí, desprezado.

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  4. Fernanda,

    Como sempre voce para mim vai ali, direto no ponto critico. Alimentacao, consumo, bens materiais.....
    Outro dia escutei num seriado uma pessoa falando para a outra que tentava fazer dieta: "nao e o que voce come e sim o que esta comendo voce" ....
    como voce mesma escreveu:"que buraco interior tantamos tapar" ..... isso e serio e devemos prestar mais atencao em nos mesmos.
    Na minha opiniao, os nossos pais eram mais felizes pois nao existia a "midia" violenta que existe hoje em dia que faz a cabeca do consumidor em adquiir mais e mais..... de um jeito que nunca estamos satisfeitos com o que temos ...
    Quanto a comida, era totalmente cazeira, fast food nao existia e se existia era em pequenas quantidades.
    Hoje em dia ninguem tem tempo para nada...ficando assim mais facil comer fora, comprar comida congelada, refrigerantes, etecetera e tal.
    Como voce mesma diz, mudar nao e facil, mas temos que tentar.

    Felicidades,

    Gilda Bose

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  5. Fernanda,o Spa funcionou mesmo,fiz a receita do olho de tomate seco com damasco...Uau..muito bom! Gostei do teu alerta sobre porque as pessoas precisam de tanto para viver. O negócio mesmo é trabalhar desapego. Ficamos bem mais leve e de alma lavada quando tiramos o velho para deixar energias novas entrarem.
    bjs

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  6. Antes que seja tarde ou que complique ou fique muito dificultoso, considero bastante oportunas e lúcidas suas decisões, FCqueriDannemann. De fato,reeducar-se na alimentação (sim, somos o que comemos, o que lemos, o que ouvimos, o que vestimos, etc.) para manter a saúde e evitar engordar é muiiiio mais fácil do que ralar, posteriormente, para emagrecer.

    A partir da percepção de que menos pessoas eram bonitas, inteligentes, ricas, cultas, sensíveis artisticamente, etc., não tive dúvida: o que é bom é privilégio de poucos e, ato contínuo, menos é mais. Simplificar para facilitar e arejar a vida e as idéias, é sabedoria. Acumular, seja o que for(exceto conhecimento), é o cúmulo da insensatez ou do insustentável.Provado está que só se leva desta vida as experiências vividas e nada mais.

    Sou um et em quase tudo. Para ficar somente em três exemplos, não possuo carro, celular e nem vejo tv. E não quero mais do que um imóvel residencial. Se alguém presentear-me com mais um..."pas de probleme"...vendo-o e torro tudo_contentíssimo_ em um tour "basiquim" pela Europa.

    O que não podemos é ser ingênuos e supor que uma simples e racional decisão é suficinte para mudar desaconselháveis , insatisfatórios ou prejudiciais estilos de vida. O livre-arbítrio, inclusive, não passa de uma armadilha ou quimera, pois como disse Freud, "o eu não é mais senhor em sua própria casa".Não é a razão, mas o desejo, SIM!, a essência do homem, como sabia o Spinoza. Somos, antes, desejantes , depois, racionais e quase nunca os dois estão bem casados (assim , também, todo bom casamento, como o da talentosa blogueira, é exceção).

    Não é desestímulo , mas conscientização, se possível e sem pretensões, pois adoro compartilhar: não se pode ir contra a natureza humana, por mais que se acredite (duvidar e perguntar é sempre mais interessante) que a vontade é livre, existe uma montanha intransponível, que inpossiliita a pessoa de ir contra si mesma. Quem força a natureza gera depressão ou crise e não basta força de vontade, auto-ajuda, neurolinguística, etc., para tentar ser feliz.

    É fundamental descobrir e entender o que em você causa a infelicidade e, verdadeiramente, o que motivaria ou deixaria mais realizado.A liberdade de melhores escolhas só realiza mudanças consistentes, se coincidir com o conhecimento real dos afetos/desejos.Esta loiberdade tem de coincidir consigo mesmo, com o próprio destino. Não adianta impor a vontade racional, contra o desejo afetivo emocional.

    Então, se pretende parar de fumar, urge pensar quais são os afetos/psiquismos que levam a fumar, para combater estas motivações. Se conhecemos a maneira como somos afetados (e a psicanálise pode ajudar muito), como funcionamos, como reagimos e como nos motivamos, este conhecimento providencial terá poder, controle e domínio sobre nossos desejos, paixões e ações. Consequientemente, a mudança, com efetividade, terá todas as chances concretas de acontecer. Se tudo é impermantente , diverso e muda o tempo todo... mudar é necessário e preciso, para estarmos paripassu com a lei da vida, enquanto, e se não houver um corte epistemológico nesta evidente questão.
    Boas mudanças, vibrações e energias + santé e axé!!!.

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  7. Querida Margot, seja bem-vinda ao blog! E aproveita e me passa essa receita que você fez!!! Beijão e volte sempre!

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