sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

"Justiça" para os ricos, barbárie para todo o resto

Não acredito na justiça do homem. Só creio (e cegamente) na justiça de Deus.

Já vi gente da pior espécie levar a melhor diante do juiz, enquanto que, na condição de “réu”, também vi gente honesta ser castigada pelo martelo de juízes que mal tiveram tempo ou paciência para conhecer muito bem os autos e tentar chegar à justa decisão. Muita burocracia, poucos magistrados e leis que nem sempre funcionam. Não bastasse isso, existe também a corrupção.

E fazer o quê? Reclamar com o Bispo?

Por um fio, numa votação apertadíssima dos próprios magistrados, o Conselho Nacional de Justiça poderá investigar juízes suspeitos de desvio de conduta. E o presidente do Supremo, Cezar Peluso, foi contra...

Alguém pode me dizer que fim levaram todas as 120 famílias que tiveram a vida arrasada em 1998, junto com o Palace II, que Sergio Naia morreu sem indenizar? Resta-nos rezar para que o mesmo não aconteça com todos os que tiveram uma vida inteira de trabalho lançada ao chão, sob o Edifício Liberdade. Porque para os que foram mortos sob os escombros da irresponsabilidade, não há indenização que dê jeito.

E por falar em liberdade, vejo Salvatore Cacciola todo sorrisos, numa festa pré-carnavalesca para ricaços, em Ipanema. Vejo pela foto do jornal, é claro, porque este tipo de programa não é para o meu bico classe-média. O ex-banqueiro, condenado em 2005 a 13 anos de prisão por crimes contra o sistema financeiro, e que causaram prejuízos de R$ 1, 5 bilhão aos cofres públicos, está em liberdade condicional por já ter cumprido 1/3 da pena: mais ou menos quatro anos. Não ficarei surpresa se qualquer dia vir a foto de Susane Von Richthofen saindo da prisão. Daniela Perez morreu para sempre, mas seus assassinos tiveram sua segunda chance.

Enquanto isso, quanta gente pobre, negra, nordestina e ignorante mofa nas cadeias brasileiras, odiada pela sociedade pelo simples fato de estar ali, e esquecida pelo Judiciário... pagando com anos e anos pelo que, diante dos crimes em Brasília, seria considerado roubo de galinhas, ou morrendo na prisão, sem direito a uma cama e um banheiro, que dirá a luxo na cela, condicional ou tentativa de fuga para o exterior?

Ao contrário do que disse o ministro Peluso, não somos uma nação suicida e estamos longe de querer degradar o Judiciário. Mas diante de tanta corrupção, impunidade e corporativismo à nossa volta, a gente facilmente se convence que, se ainda não estamos na "barbárie" citada por sua excelência, falta muito pouco pra chegarmos lá.

Enquanto a ministra Eliana Calmon disse que havia "bandidos escondidos atrás da toga", penso naqueles que se vêem acima do bem e do mal. Chegando à porta do Céu, Deus haverá de lhes fazer prestar contas, ao que certamente responderão:

-- Mas o que é isso?! Está querendo me desmoralizar?! Sou juiz!

5 comentários:

  1. Fernanda,

    Nao sei se o problema e o meu computador, ou tem gente boicoitando os meus comentarios e de muitas outras pessoas .....misterio. Por mais de duas vezes apos eu escrever, na hora de enviar....o sistema para ......(veja bem nao estou falando de voce).

    Impunidade, impunidade, impunidade......tem que ser rico para ter dinheiro para pagar os bons advogados .....

    Felicidades,

    Gilda

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  2. Já passou da hora de moralizar o Judiciário e mudar o Código Penal, raízes da impunidade que mina a sociedade brasileira

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  3. Não Fernanda,essas criaturas que se acham acima do bem e do mal,responderão a Deus assim:
    "O Senhor sabe com quem está falando?"
    Pois é dessa forma que se comportam,quando são abordados no trânsito. Bjs.

    Monica.

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  4. Para não parecer agressivo ou "descompensado" , ou "egóico pitiáco"kkk, porque IN(justiça) é coisa séria e deixa tannnnnnnto a desejar.... recolher-me-ei, queriDanneman, à minha insignificância, poupando-a das minhas sandices ou tonterias kkk, mas não sem antes fazer minhas, suas sempre bem traçadas linhas.
    Abraço forte.
    Marcos Lúcio

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  5. Mauro Pires de Amorim.
    A verdade é que nosso judiciário é imagem e semelhança da separação que faz no Brasil entre Estado e sociedade.
    Típica alusão referencial autocrática, algo bem característico de sistemas de sociedades segregacionistas, dos modelos monarquistas absolutistas e ditaduras, sendo o poder portanto auto-referencial e voltado aos interesses daqueles que detêm o Estado ou que à ele são ligados. Eis aí a explicação para a existência dos foros privilegiados, exclusivos e consequentemente, de uma cidadania também privilegiada, exclusiva, uma vez que para o restante da cidadania comum, existe outro procedimento e garantias, diante das mesmas situações jurídicas ou legais.
    Nossa democracia e o Estado democrático de direito ainda são incipientes e engatinhadores. Temos em nossa história, especialmente a mais recente, sobretudo do século XX e início do XXI, muito pouca prática histórica democrática e de Estado democrático de direito, dada a forte tradição autocrática presente.
    Nas democracias e Estados democráticos de direito bem mais consolidados, Estado e sociedade não são vistos separadamente, uma vez que o Estado é parte da sociedade, sendo referido como tal, por não haver diferenciação no tratamento, garantias legais e constitucionais aos membros do Estado e demais cidadãos, Todos são vistos como cidadãos, independentemente de seu estamento social.
    Outro exemplo de privilégio de cidadania concedida aos membros do Estado brasileiro, é a interpretação que se dá aquí da Imunidade Parlamentar.
    Enquanto em países de tradições democráticas e Estado democrático de direito mais consolidados que o nosso, tal instituto é conferidor de autoridade aos parlamentares, sendo portanto válido e aceito somente no exercício de atos lícitos no exercício da atividade lícita parlamentar. Em nosso país, tal instituto vira privilégio para o protecionismo de parlamentares envolvidos em ilicitudes, uma vez que é exigida a autorização corporativista de seus pares de mesmo nível social e função, para o acionamento judicial. Algo bem autocrático.
    Felicidades e boas energias.

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