Estou entre os milhões de brasileiros contentíssimos
devido à postura do ministro, que não se deixa abater ou constranger, e acredito
que o Brasil nunca mais será o mesmo depois deste julgamento.
O Mensalão deu oportunidade ao Brasil de
aproximar-se daquela sigla antes tão distante do cotidiano do povo: STF. E
aproximou-nos também dos ministros, que deixaram de habitar um mundo mítico
onde são “Vossas Excelências”, com suas togas negras e vocabulário
incompreensível para a maioria de nós, cidadãos comuns. E foi aí que o
ministro Joaquim Barbosa entrou para o imaginário popular como o brasileiro
que, assim como Lula, “chegou lá”: negro e de origem pobre, como a grande massa
deste país continental, ele está moralizando o Brasil.
Tá bom. Até aí eu vou, mas então vem aquele papo de
povo sofredor que merece e carece de um salvador... e isso aí não me convence. Creio
que existam outros povos mais sofredores que o brasileiro, e acho também que
nós precisamos é tomar consciência da nossa força e ir à luta, em vez de
esperar que um Jânio, um Tancredo, um Ulysses, um Collor, um Lula ou um Joaquim
Barbosa venha nos salvar de uma já histórica trajetória de corrupção. E olha
que citei só alguns dos heróis que tiveram (ou têm) sua época no cenário da
nossa política...
Admiro a coragem do ministro Barbosa, mas o que não
curto muito é o frenesi que se formou em torno do homem, uma adoração, quase um
desespero de náufragos que se agarram ao tornozelo dele como a uma tábua de
salvação. O ministro virou o Capitão América brasileiro.
Aí alguém vem dizer que precisamos de homens
honestos, precisamos de heróis em quem confiar, necessitamos urgentemente de um
salvador que nos livre das garras desonestas de uma política que já cansou a
nossa beleza.
Sei... mas o caso é o seguinte: o ministro Joaquim
Barbosa está fazendo, simplesmente, o trabalho dele; um trabalho para o qual é
pago com o dinheiro do povo. Em outras palavras, ser honesto, firme e dedicado
é sua obrigação como ministro do Supremo. Fico até um pouco constrangida por
toda esta idolatria. Se chegamos ao ponto de nos sentirmos gratos a um juiz apenas
porque ele corresponde às expectativas do cargo... . é porque o Brasil mergulhou
tão fundo na corrupção e na desesperança, que a honestidade tornou-se artigo excessivamente
raro e luxuoso, do tipo que a gente mal acredita quando vê... virou
milaaaagre!
Gente, vamos tratar esta carência com um psicólogo! Não faz muito tempo o Wagner Moura, protagonista de “Tropa de Elite”, reinava neste trono que hoje é de Joaquim Barbosa: teve gente que chegou a dizer que
queria o Capitão Nascimento disputando as eleições!
Quanto ao mensalão, convenhamos: Joaquim Barbosa não
está sozinho nas vitórias do povo lá no julgamento. Outros ministros, honestos
e dedicados como ele, estão lá. Podem não ser relatores, mas seus votos também
definem os rumos da história. Ou não? E
o trabalho incansável de todas as outras pessoas que fizeram deste julgamento
uma realidade, como políticos, policiais, investigadores e jornalistas? Estes
também não são heróis?
Idolatria é um perigo muito grande, principalmente
quando dirigida a homens de carne e osso. “Errar é humano”, já dizia o filósofo
Sêneca, dois mil anos atrás. O heroísmo pode ser um fardo excessivo até para um
ministro do STF. Melhor seria admirá-lo sem querer fazer dele um deus.
Vamos manter os ídolos na ficção...
Fiquei tão feliz que cheguei a ficar bobo. Vejam só: Ela escreveu rapidinho só porque eu... Solicitei! Quando a princesa Isabel aboliu a escravidão, D.Pedro declarou a independência do Brasil e agora, tão importante quanto, o ministro Joaquim Barbosa, mantém firme o leme do STF o Brasil da um solavanco em frente e, em que pese os entraves, ainda estamos na vantagem de continuar um povo sem guerras, tratando nossos rapazes, mesmo os que não prestam, até com bons salários de presidiários. Os salários dos Genuínos então, são tão bons que a Dilma nem aceita os devidos pedidos fajutos de demissões. Tudo para inglês ver. Esse negócio de inglês ver ta ficando muito antigo,... Tal como eu.
ResponderExcluirDe fato, acredito mesmo que a corrupção na política esteja sofrendo um golpe e isto anima a luta contra a sujeira instalada pelo homem show da conversa fiada.
Tá vendo só a sua força neste blog, Alfredão? (Mas você não respondeu ainda por que é que não tem escrito nada lá no Barão... tô esperando a explicação).
Excluir“Errare humanum est, perseverare autem diabolicum” (errar é humano, mas persistir é diabólico), além de: "Muito poucos acertaram antes de errar", de autoria do grande Séneca, lembraram-me desta:
ExcluirErrar é humano: mais humano ainda é atribuir o erro aos outros.
Anton Tchekhov
Como desconfio de quase tudo e todos, tomara que o ministro seja o que parece...em que pese eu desconsiderar ou prescindir ou descrer de heróis, salvadores da pátria, ídolos e tais e quais.
Li no JB: Joaquim Barbosa, afirmou que votou no PT nas eleições presidenciais de 2002, 2006 e 2010, mesmo já trabalhando como relator do processo do mensalão nas duas últimas - e concluindo que vários membros da alta cúpula do partido devem ser condenados. "Eu não me arrependo dos votos (em Lula em 2002 e 2006), não. As mudanças e avanços no Brasil nos últimos dez anos são inegáveis. Em 2010, votei na Dilma", analisou, em declaração publicada na Folha de S. Paulo .
Barbosa disse ter, inclusive, votado em Lula contra Collor, em 1989, e defendido o ex-presidente no exterior no início do seu primeiro mandato. "Vou te confidenciar uma coisa, que o Lula talvez não saiba: devo ter sido um dos primeiros brasileiros a falar no exterior, em Los Angeles, do que viria a ser o governo dele. Havia pânico. Num seminário, desmistifiquei: 'Lula é um democrata, de um partido estabelecido. As credenciais democráticas dele são perfeitas'", relatou.
Barbosa já disse que a imprensa "nunca deu bola para o mensalão mineiro (também chamado de "mensalão tucano" por envolver membros do PSDB)", ao contrário do que faz exclusivamente com o do PT.
O ministro acredita que a mídia, como as forças dominantes do país em geral, é racista e conservadora: "a imprensa brasileira é toda ela branca, conservadora. O empresariado, idem. Todas as engrenagens de comando no Brasil estão nas mãos de pessoas brancas e conservadoras", disse. O racismo se manifesta em "piadas, agressões mesmo". "O Brasil ainda não é politicamente correto. Uma pessoa com o mínimo de sensibilidade liga a TV e vê o racismo estampado aí nas novelas", acusa.
Neste caso, como não vejo tv, graças a Deus, não sei se é verdade...
Também li um comentário ( anônimo) que julgo interessante:
"Condenando sem provas, o STF corromperá a própria justiça.
Se (quando !) o STF condenar J. Dirceu sem provas, sinalizará a todo o judiciário que os juízes tem o poder supremo. Poderão qualquer coisa. Os processos não valerão nada.
Só a Inquisição teve tanto poder. A caça às bruxas estará apenas começando. Ninguém nem instituiçao alguma estará à salvo de injustiças. O STF não estará dando um exemplo de justiça à sociedade, mas de desapego à Lei. A jurisprudência parece estar formada – logo juízes inferiores usarão os mesmos recursos, para privilegiar interesses, válidos ou escusos. A justiça estará irremediavelmente corrompida. E ninguém poderá mudar isso.
Que corrupção é maior que essa ?"
"Entonces"...quem viver verá(?!).
Santé e axé!
Marcos Lùcio
O ministro Barbosa apenas esta fazendo o seu trabalho. A questao esta exatamente ai: ele esta fazendo o que tem que ser feito. Como isso eh uma coisa rara ele galgou uma posicao extra no coracao do povo.
ResponderExcluir"Normal" na nossa Terra Brasilis tem um significado um pouco diferente... "Sabe com quem voce esta falando?" embora tenha diminuido continua em pauta. Decisoes como as tomadas por juizes no caso do menino de pai americano e mae brasileira que deu um 171 no corno e se mandou para o Brasil e juntou os trapos com um "eminente" advogado cujo pai foi ministro eh um bom exemplo para entendermos um pouco do "normal" nacional...
Voltando ao Barbosa (ve, ja fiquei intimo!) o que ele REALMENTE representa eh a possibilidade de qualquer um, mesmo de familia de baixa renda, vencer na vida. Eh raro, eh dificil mas que pode pode! Ele eh um exemplo disso e eh por isso que eu realmente tenho o Barbosa como idolo!
Da-lhe Barbosao!!!
Parabéns pela agilidade no atendimento dos pleitos de seus leitores.
ResponderExcluirFernanda, depois de trabalhar 22 anos na Câmara dos Deputados, de ter visto e presenciado tantos acordos, desacordos, traições, puxões de tapetes e tudo que cerca a política, fico pensando cá com meus botões,sem querer tirar o mérito e o compromisso com a justiça dos Ministros: será que o fato das sessões serem televisionadas ao vivo não influenciam, de alguma forma, a atuação deles?
Assistimos ao vivo, do Plenário do STF, a defesa dos réus do Mensalão. Alguns advogados chegaram a ser rídiculos em suas defesas, chegando a citar o Cazuza para se referir ao Advogado Geral da União, Roberto Gurgel: "Sua piscina está cheia de ratos, suas idéias não correspondem aos fatos", além de outras pérolas. Talvez por não conseguirem defender o indefensável, falaram um monte de abobrinhas.
As CPIs são hipócritas e palco de exibição de egos e poder. Se a legislação permite que o convidado tenha o direito de permanecer calado, ele não vai falar nada para não se comprometer e nem comprometer outras pessoas.
A minha experiência me permite desconfiar de tudo, mas continuo dando meus pitacos e continuo apaixonada pela política como ciência e não a política que vem sendo praticada há anos.
A Lei da Escravidão foi abolida. Quem irá abolir a "Lei Gerson" (temos que levar vantagem em tudo, certo?)?
Precisamos evoluir muito ainda, mas muito mesmo.
Gastam-se milhões de reais em campanhas políticas (qual a origem e o custo real desse dinheiro?). Os candidatos, em todos os níveis (federal, estaduale municipal) se agridem, se defendem, prometem o impossível para garantir a vitória e chegar ao poder. O povo acredita em dias melhores e coloca os caras lá. Depois, é outra história que merece ser lavada aqui.
Eu, apesar de tudo, ainda tenho esperança que um dia isso vá mudar. Espero estar viva até lá.
Mercedes
Mercedes, o problema de tudo está na vaidade. Botou um palco na situação, já não confio em ninguém.
ExcluirMauro Pires de Amorim.
ResponderExcluir"Quem dera, o Super-Homem venha nos restituir a glória. Mudando como um Deus o rumo da história.....".
Pois é, também concordo contigo e percebo que muita gente precisa de um ídolo, um herói para se espelhar.
Será por nossa cultura excessivamente mística, religiosa, onde perdura a crença em seres fantásticos, dotados de poderes sobre-humanos, surgem para acorrer, para socorrer, ajudar, os que lhes prestam devoções, fé?
Será por falta de firmeza conceitual do que fazer diante das situações que a vida apresenta?
Será por falta de coragem de ter que assumir seu real posicionamento conceitual diante das situações apresentadas?
Será por se acharem pequenos ou incapezes de resolverem tais questões?
Ou ainda, pelo comodismo consciente e covarde de deixar que outros(as) façam o trabalho que lhe compete, por verdadeiramente, desejar apenas usufruir das benesses e comodidades, sem ter que realizar esforço algum?
Tenho consciência de que, perfeição absoluta não existe, afinal, se tudo estivesse perfeito, nada mais haveria de ser feito. Mas, se cada um de nós fizer o melhor, já vai ser bem melhor e para isso, é preciso amadurecer o conceito de melhor e estar realmente disposto(a) a até mesmo, alterar seus parâmetros posturais e conceituais. O caminho para a evolução segue tal lógica e nesse sentido, entendo o pensamento de Berthold Brecht quando expressou.
"Pobre do povo que precisa de heróis".
Felicidades e boas energias.
Mas e a coragem de dizer NÃO aos generais do poder não conta?
ResponderExcluirAcho que o que conta é a coragem.E é a coragem de enfiar o dedo na cara e dizer (não com essas palavras é claro.) Você ta ferrado!!!
Faça-se a justiça (e foda-se a quem fuder) e pronto................
Oi, Sergio, seja bem-vindo ao blog! Agradeço sua visita e seu cometário. Claro que a coragem conta, e conta muito! Eu também admiro o ministro... o único detalhe é que não o considero um mito acima do bem e do mal. Volte sempre!
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