quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Lobotomia na alma

Já faz muito tempo que ouvi falar de Jung pela primeira vez, e foi quando conheci a tal da “sincronicidade”, que, trocando em miúdos, é uma lei do universo que diz que “aquilo que você procura também procura você”.

 Foi com Jung que aprendi outra coisa muito legal: se a gente deseja a mudança, deve começar a mudar... e se não dá pra mudar nada no momento, devemos ir por onde é possível, nem que seja botar as meias na gaveta dos pijamas e os pijamas na gaveta das calcinhas (ou das cuecas, dependendo do que você use).

Tudo na vida pode um dia amanhecer estragado, igualzinho o jantar de ontem que ficou no fogão por causa da nossa preguiça em lavar a louça. Até o que nos gratifica hoje pode apodrecer amanhã: paixões avassaladoras, amores inesgotáveis, missões de vida, projetos maravilhosos, desejos irresistíveis, escolhas que deveriam ser eternas, certezas absolutas, verdades inquestionáveis... quem é que está livre de se cansar? De mudar? De virar outra pessoa?

Quando isso acontece, não tem jeito: mesmo que a gente não queira, nem sob ameaça, lavar aqueles pratos sujos lá na cozinha da nossa alma, e finja que está tudo bem apesar da bagunça e da sujeirada, sempre chega o momento em que torna-se insuportável conviver com os insetos que vão aparecendo, com o mau-cheiro que toma conta de tudo, com a falta de pratos limpos no armário, com a terrível rotina de comer aquela comida mofada...

Então, num esforço mitológico, a gente pode obrigar-se a sofrer de indigestão todos os dias, a viver como bicho e a devorar as baratas; a nadar contra a corrente da natureza humana e se afogar no veneno da apatia... viver assim, num sufocamento constante do fogo criativo que nos move, inconscientes do mal ao qual nos submetemos. A gente pode sintonizar a frequência equivocada e se acostumar a qualquer coisa, fazer uma lobotomia no espírito, estar em sincronia com o desperdício e abandonar o leme da nossa vida: a frustração também está aí para quem a queira, incluída na teoria da sincronicidade do grande Jung. É quando a gente se pergunta:

-- Mudar?! Pra quê?!

É que viver, viver de verdade... é coisa pra poucos porque exige mesmo  muita disposição.


9 comentários:

  1. Oi Fernanda! Ja estava com saudades !!!!!

    Mudancas e dificil, mas no final vale a pena, nao e mesmo. Adorei o video, quantas vezes nao coloquei e coloco musica e comeco a dancar sozinha pela casa rsrsrsrs. Concordo com o Jung, "aquilo que voce procura tambem procura voce" por isso todo cuidado com os pensamentos .....e a mudanca comeca por nos mesmos ...... sabias palavras, Bjs

    Felicidades,

    Gilda Bose

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    1. Oi, Gilda, que bom que sentiu minha falta! Fico contente que tenha gostado do vídeo, eu acho este ator um charme e me amarro no jeito que ele dança. Bjos!

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  2. Sinceramente entendo pouco de Jung e tenho meus motivos. Minha primeira mulher resolveu estudar psicologia e vinha sempre com Jung. O resultado foi desastroso e acabou em divórcio. Ontem ouvi a Nicetti Bruno dizer que "Quanto mais se vive mais se enxerga"; Isto, para mim nos últimos anos, tem se tornado uma verdade muito grande. O mais interessante é que até hoje, la se vão 30 anos, nos chamamos de amor.

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  3. Tb estava com saudades! E esse seu texto me serviu como uma luva hoje! Obrigada por compartilhar esse dom que Deus te deu! Beijos, Fabiana (UVA)

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    1. Obrigada, Fabi! Iluminou meu dia saber que toquei seu coração. bjos!

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  4. Seu post está indefectível e não só tocou meu coração,fazendo tica, tica, bum!!! como atiçou o meu "pitacar"... para não perder o (mau) hábito rs. O apetite é tão voraz e considero mudança tão seminal e cármico...que farei dois comentários.
    Aviso aos navegantes: os raros mais pacientes que não gostarem do primeiro, poupem-se da chatice caudalosa ou incômoda do segundo, "marrelógico" rs.

    Não querer mudar ou não aceitar as inevitáveis mudanças é dizer não para a vida e, infantiloidemente, querer mudar a história ou o rumo natural das coisas. Debalde, pois a natureza sempre vence.

    Evidente está que nascemos, primeiramente, para mudarmos nossa natureza corpórea pela espiritual. E todos mudaremos a nossa condição de vivos pela futura condição de mortos, democraticamente e sem exceções.Estão na cara -no duplo sentido- as mudanças de bebê para criança, adolescente e, depois, adulto , embora a maioria insista em ser criança "forever" ...resultando em previsível desastre evolutivo.

    Pelo pouco que pude observar enquanto vivente (morro de medo de somente existir...), aprendi que mudar , a gente querendo ou não, é condição sine qua non da vida posto que ela é pura impermanência. Até as células dos nossos ossos- dentre outras mais-modificam-se constantemente.
    Portanto a mudança ocorre até mesmo à revelia , porque é característica da existência não deixar ninguém por muito tempo "parado à beira do caminho". Ou a gente muda e volta ao (outro) caminho ou somos mudados.

    A vida é movimento ininterrupto, tanto que trocamos de endereço, de estado civil ,de trabalho, de escola, de religião, de estilo e tais e quais. O genial Chico Buarque sacou, aos vinte e um anos (pasme!) que por mais tempo cultivemos a mais linda roseira que há, eis que chega a RODA VIVA e carrega a roseira pra lá. E adianta não aceitar fatalidades ou imposições ou imperativos da natureza? Aos teimosos ou birrentos, só lhes resta cair na real ou "aprender a andar por cima do leite derramado", ainda segundo o gênio aqui citado.

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  5. Continuação da saga para os mais corajosos ou complacentes, então.

    A questão é não se enganar. É difícil um processo de mudança e quanto mais realista a pessoa é , mais sucesso na empreitada. Sabedora das dificuldades, a pessoa se esforça mais e se convence da necessidade disso, de verdade.

    De nada adianta tentar parar de fumar só porque é mais valorizado socialmente. Resultados acontecem somente através de uma motivação consciente, intrínseca e pessoal , prevalecendo a vontade real e não por aspectos sociais com os quais não se concorda. O maior inimigo das mudanças é o cérebro bastante conservador.Em anos de evolução nossa mente foi treinada para evitar qualquer esforço que pareça desnecessário. Por isto ele tem preguiça de esforçar-se para aprender a mesma coisa de forma diferente.Só quando exergamos uma real vantagem é que o esforço parece valer a pena.

    Muitos dos nossos comportamente diários são automáticos, levando-nos à nefasta acomodação.

    Como somos guiados tanto pela razão quanto pela emoção (e a maioria sobrecarrega mais neste lado da balança até nas importantes tomadas de decisões), somente depois de convencer estes dois lados a trabalhar por ela, é que a mudança realmente se faz possível. Penso que o maior perigo é a associação do mau hábito com o benefício imediato, como o cigarro que pode acalmar. A dificuldade em avaliar os males futuros, com os "benefícios" do presente, provém da nossa mente que está mais convencida dos "ganhos" a curto prazo do que das perdas a perder de vista.

    Como somos o que sentimos, podemos pensar uma coisa e fazer outra oposta. É o nosso lado emocional nos impelindo em direção ao prazer , à recompensa mais imediata...e nos afastando da dor, do esforço. Acontece, então-proporcionalmente à imaturidade-, a autosabotagem: nosso cérebro emocional ignora a decisão do nosso cérebro pensante, favorecendo esse tal prazer imediato ou a segurança ou o conforto dos velhos hábitos.
    Aí a vaca vai pro brejo rs.

    Tendo a atenção voltada aos nossos comportamentos, e como a aliada mais importante, é possível manter as emoções sobre controle, para poder alterar nossos padrões insatisfatórios. Só quem está no controle da situação pode definir metas e estratégias efetivas de mudança.Não por acaso Jung afirmou: "Quem olha para fora, sonha... quem olha para dentro, acorda".

    Santé e axé!

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  6. Mauro Pires de Amorim.
    Sou uma pessoa realista e organizada. Na noite anterior, bem antes de dormir, verifico meus afazeres do dia seguinte para poder administrar meu tempo no dia seguinte e com isso realizar meus afazeres tranquilamente. Para tanto, tenho o costume de dormir cedo e de acordar cedo, de modo que possa disponibilizar mais dinamicamente dos horários administrativos em vigor em nossa sociedade.
    No entanto, co-habito com minha mãe, que é uma pessoa, em meu ponto de vista, o meu inverso, tendo sempre sido dessa forma já desde antes, quando era mais jovem e agora, aos 76/77 anos de idade, tornou-se uma pessoa extremamente dífícil de lidar, vez que, ela dorme tarde ou melhor dizendo, poucas horas antes de eu acordar e com o avançar da idade, tal característica agravou-se.
    Mas nada contra esse fuso horário dela, afinal, trata-se de seu modelo administrativo. Até aí, nada a opor não fosse o fato de que ela levanta-se praticamente no final da manhã, quase sempre após as 11 hs, vindo a perder o horário de disponibilidade de tempo da manhã para os afazeres, principalmente aqueles que dependem do expediente de horário de funcionamento dos locais, uma vez que resta-lhe somente o período da tarde.
    Resultado, ela não tem conseguido dar conta de seus afazeres. Por inúmeras vezês já me oferecí para cumprir tarefas que são possíveis que outras pessoas realizem por outra pessoa, tais como, fazer compras no supermercado, realizar pagamentos, comprar utensílios que não sejam de uso pessoal e contratar serviços de reparo para os utensílios domésticos, de modo que ela não fique tão sobrecarregada.
    No entanto, de nada adianta esse meu oferecimento de préstimo, com exceção para os pagamentos, pois muitas vezês, os demais ítens e serviços são demasiadamente dispendiosos para minha disponibilidade de capital em conta bancária, pois ela recentemente tem recusado trasferir algum lastro financeiro para minha conta bancária, de modo que eu possa dar vasão dinâmica e realizar as tarefas que me são possíveis realizar, apesar de eu seu uma pessoa honesta e que, anteriormente quando ela realizava a transferência de recurso financeiro para minha conta bancária, eu sempre apresentar a nota do serviço ou item específico afim de ser contrastado com o valor por ela transferido para minha conta bancária e ela, no caso do valor do ítem ou serviço ser superior ao valor por tranferido previamente para minha conta e sendo portanto completado para ser pago com meus recursos financeiros, sempre me re-embolsava o valor que ultrapassase seu depósito prévio em minha conta.
    Para piorar, no caso das compras do supermercado, ela recusa-se que eu as faça sem a presença dela, alegando que eu não sei escolher alguns ítens, principalmente as frutas, legumes e verduras. Tal alegação não é verdade, mas infelizmente, como relatei anteriormente, minha mãe que já era uma pessoa difícil de lidar, por já ter o tipo de personalidade de quem acha que tudo que ela faz é sempre melhor do os outros. Atualmente, ela tornou-se uma pessoa absolutamente impossível de lidar, pois além de tais características, qualquer coisa que outra pessoa realize, inclusive nossa diarista de mais de 20 anos de emprego com ela e que trabalha para minha família desde época passada, quando eu não morava com minha mãe, viram motivo para lamúrias, reclamações e críticas por parte dela e tal característica está tão acentuada, fazendo com que ela tenha uma postura administrativa absolutamente concentrada, gerando uma situação impossível, inviável de ser resolvida por outra pessoa que não viva seus horários e que passe o dia inteiro ao seu dispor, ou seja, simplismente alguém que viva integralmente a vida dela e sob seus aupícios.
    Apesar de eu ser ateu, agnóstico, isso está um verdeiro inferno! Tenho vontade de sair do convívio de minha mãe e morar sozinho, só que minha situação financeira atual não permite tal atitude tão imediatisticamente. Então até lá, vou lidando da melhor maneira que me é possível conviver, com minha insuportável e amargurada mãe.
    Felicidades e boas energias.

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