Talvez por serem, os três filmes, inspirados em
histórias reais de personagens de carne e osso, o resultado tenha sido tão inspirador. Em “Nascido...”, Tom Cruise é o soldado que volta paraplégico
da guerra do Vietnã e se transforma em ativista político. Em “Meu pé...”, Daniel Day-Lewis conta a vida de
Christy Brown, o escritor e artista plástico portador de paralisia cerebral que
consegue expressar-se e tornar-se reconhecido movimentando apenas o dito pé. Em
“As sessões”, John Hawkes dá vida ao jornalista Mark O’Brien, que contraiu
pólio na infância, só move a cabeça e necessita viver quase que todo o tempo
dentro de uma máquina que o ajuda a respirar.
Pois então um dia este rapaz, de 38 anos, decide que
quer perder a virgindade e experimentar o prazer que há no sexo. Contando com a amizade generosa de um padre sábio, com quem conversa livre de preconceitos e tabus, ele contrata uma
terapeuta sexual para ajudá-lo.
É a partir daí que o filme, assim como os outros
dois citados, fala da conquista em um
âmbito muito amplo: a conquista do medo e da autoestima, a conquista de si
mesmo e dos preconceitos, a conquista do outro e da alegria da vida. Mas “As
sessões” vai além ao abordar, também, o amor e a aceitação, o erotismo em seu
estado mais puro.
Nossa sociedade tende a ver os deficientes como
invisíveis. Pior: como vítimas que nada têm para oferecer. E é contra tudo
isso que o filme fala, ao mostrar um homem de corpo extremamente debilitado,
mas capaz, na mesma proporção, de enfrentar sua tragédia e de sair vencedor, o
que faz dele um conquistador extremamente apaixonável e cativante; conquistador
em essência, de si mesmo e de quem se dispuser a olhá-lo sem piedade.
Amor e sexo são, antes de qualquer coisa, sentimentos de natureza fina. Muitas vezes as pessoas se esquecem disso e "coisificam" seus relacionamentos amorosos, sem dar-se conta
da raiz sutil que tem o desejo espiritual e carnal pelo outro: o desejo simples e natural de estar com o outro pelo que ele é realmente, e não pelo que ele representa ou aparenta; não pela relação de "troca" que não raro se estabelece. O filme faz um resgate da maravilha da entrega total entre duas
pessoas, do encontro genuíno e poderoso que transforma toda uma vida.
O filme ainda se supera ao falar de
aceitação, em vários níveis: a aceitação do próprio corpo, da realidade, a aceitação
do outro e de tudo o que a vida pode proporcionar. E é uma bela comprovação, sem
pieguice, ao contrário, de que sempre temos algum poder sobre o destino...
ainda que estejamos, literalmente, de pés e mãos amarrados. Como diz o padre, em determinado momento da história, "o amor é uma jornada". Ao que completo: o amor por nós mesmos e pelo outro também.
A jornada do AMOR, é de nunca ter fim. Os filmes citados evidenciam essa verdade cristalina. A jornada do amor, principia e termina em nós mesmos.Nessa jornada, encontramos, perdemos e desencontramos parceiros. Tem gente que está do mesmo lado que você, mas, deveria estar do lado de lá. Tem gente que machuca os outros, tem gente que não sabe amar, canta renato Russo.
ResponderExcluirCaso portadores de diferenciais físicos/ mentais, olhos de não-ver, invisibilísa-nos enquanto seres desejantes, ou seja, decretam nossa morte. Quer nos filmes, qoer na vida vivida, podemos, quase sempre, revogar tal decreto pela transcendência dos limites, desvelando um céu para voar.
ANTONIO CARLOS
Você é poeta, Antonio Carlos...
ExcluirNada. Ainda assim, grato.
ExcluirANTONIO CARLOS
Considero quase obrigatório este ótimo filme:uma ode ao EROS.Seu inspirado, bem sacado e bem traçado post não conflita com minha modesta sugestão.
ResponderExcluirDotado de um fino senso de humor, excepcional inteligência, exímio xavequeiro rsrs, e talento artístico-suas poesias são brilhantes-o jornalista Mark , que justamente por isto...irresistível para a quase totalidade das mulheres... conquista uma das suas belas cuidadoras.
É por causa dela que ele vai falar de suas agruras e vontade de experimentar o sexo, com ninguém menos que um padre católico, o ótimo ator William H. Macy, que, muito humano e acolhedor, o ajuda a pensar.
Depois de algumas dificuldades, Mark vai parar nas mãos de uma terapeuta que muda a vida dele.
Para nós brasileiros, soa estranha essa profissão. Mas nos Estados Unidos, a partir dos anos 70, ela é legalmente exercida por profissionais qualificados. Uma delas, Cheryl Cohen, inspirou a fundamental personagem de Helen Hunt.
Numa entrevista, ela explica como trabalha:
“São oito sessões, em cada uma há experiências diferentes, não só sexuais. Ajudo a pessoa a relaxar. Ao tocar um cliente pela primeira vez, não quero que a pessoa pense em ereção. O ponto é fazer com que se conheça e se abra para o prazer.”
Para Mark, o personagem do filme, estar com Cheryl ajudou-o a recuperar a auto-estima e o sexo tornou-se mais fácil e recompensador para ele (sexo, para a maioria absoluta dos homens, é quase uma obsessão rsrs).Não consigo imaginar uma história similar no caso da deficiente ser do sexo feminino.Vou pesquisar...
Mas é complicado. Esse tipo de relação envolve forçosamente um vinculo afetivo entre os envolvidos. E pode trazer mais complicação do que solução.
A superação é uma árdua jornada que, neste filme, chega, literalmente, ao ápice do prazer carnal despertando, ainda, o amor eros da terapeuta, numa inversão de expectativa das sessões.Recomendadíssimo.
Santé e axé.
Marcos Lúcio
Eu sabia que você ia gostar deste filme!!!!
ExcluirVocê sabe de muitas coisas, marrelógico!!! Como diria minha amiga portuguesa...GOSTEI IMENSO, deste filme.Beijão.
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