quinta-feira, 14 de março de 2013

Invasão também é violência contra a mulher

Coisas de Brasil: no mesmo dia em que a presidente Dilma anuncia a “tolerância zero” para a violência contra a mulher, o edital para um concurso público para cargos de delegada, escrivã e investigadora na Bahia pede avaliação ginecológica e exames como colposcopia às candidatas. Para evitar os exames (mas só eles, porque da avaliação ninguém escapa) as moças terão que apresentar atestado de virgindade.

Volto à Brasília para repetir aqui as palavras da presidente Dilma:
“Ter tolerância zero significa combater todas as formas de violência, desde as mais abertas, como a violência doméstica e o estupro, até outras com conteúdos mais disfarçados, porém igualmente dolorosos e igualmente inadmissíveis, como a discriminação no trabalho, no salário, a educação discriminatória e, sobretudo, a baixa estima decorrente da violência”.
Mas sob que aspecto uma avaliação ginecológica e um atestado de virgindade seriam importantes em um concurso para delegada, escrivã e investigadora?  E já que tais questões em nada têm a ver com o exercício das funções do tal concurso, por que é que o edital enveredou por este caminho?
Se isto não é violência contra a mulher, invasão, desrespeito, discriminação e coação... então eu não sei mais o que é violência. É inadmissível que um edital para concurso público faça uma exigência desta natureza, e lamentável que as candidatas não tenham vindo a público para invalidá-lo, numa passeata com direito a bandeira, faixa e megafone. Que tipo de controle, vigilância ou interesses pode ter motivado um edital como este?
A liberdade permanece como luxo para muitas mulheres do mundo, incluídas as que vivem em países democráticos: o papel aceita tudo, da utopia ao absurdo, e não fica de fora aquele onde está escrita cada palavra da Constituição e aquele outro, o do dito edital.
É no cotidiano da sociedade que a liberdade se legitima, e, obviamente, no modo como esta sociedade se comporta. A aceitação de uma invasão deste nível traz à luz a fragilidade das conquistas femininas a respeito de sua autonomia e direitos. É através de situações como estas que a gente conhece a realidade de um país. E descobre que, lamentavelmente, podemos estar muito mais atrasados do seria de se supor.

6 comentários:

  1. Fernanda,

    Como faz falta o conhecimento e saber das leis, nao e mesmo. Pois bem, se fosse comigo (vamos supor que eu tivesse filhos) sabe o que eu faria: Entregava o atestado de virgindade, se pergunta-se como !!!! se a senhora tem dois filhos? Eu responderia pois e obra do "espirito Santo" vai perguntar para o Papa, e entrava com uma acao no setor publico. Ia a todos os meios de comunicacao: escrita e falada....enfim revolucionava esta cidade da Bahia e no final, apos algum tempo entreva para a politica rsrsrsrs Para falar a verdade, eu nao sei se e o caso de rir ou de chorar ......

    Felicidades,

    Gilda Bose

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  2. Fernanda, isso e apenas um exemplo do porque a Presidenta esrta preocupada com este assunto.

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  3. Eu soh queria saber o nome do "genio" que incluiu isso no edital e o de quem aprovou.
    Nao basta a retirada desse absurdo: uma punicao se faz necessaria!

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  4. A situação ou o fato é de uma estupidez tão maracanânica que vou poupar os distintos leitores, pois a vontade que tenho, diante de qualquer tipo de discriminação, é de dizer "muitas e boas", de baixar o sarrafo, como se dizia em tempos de antanho rsrs.Não posso nem devo parecer deselegante...nem idade para revolta possuo rsrs. A talentosa blogueira está pletora de razão "comme d'habitude".
    Excelente finde!
    Santé e axé!!!
    Marcos Lúcio

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  5. Pelo menos, nossa indignação valeu prá que fosse revogada a exigência absurda desse exame.
    Também considero que tal medida, ainda fica aquém do desrespeito e constrangimento causado ás mulheres. Ignoro como, mas alguma punição deveria ser aplicada aos dinossauros que elaboraram esse edital.

    ANTONIO CARLOS

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