Meu amigo Marlon, gente finíssima, escuta isso e começa a rir. É um cara inteligente e entende que ando “rebelde”, às vezes raivosa, às vezes... sem boa-vontade com nada nem com ninguém.
Meu marido sempre ri quando diz que sou “horrorozinha” porque me recuso a "dourar a pílula": de vez em quando me manda lavar a alma num blog super legal, o “Alma Lavada”, escrito por uma jornalista ultra zen. E meu grande amigo, o Miglia, é outro que acha graça nas minhas “maldades”... não passo mesmo a mão na cabeça de ninguém. (Nem na minha!).
Pois olha, eu confesso: sou um ossinho duro de roer. Um ossinho que tenta bancar a cartilagem, mas que, lá no fundo, sabe muito bem que é osso mesmo. Então faz psicanálise, reza pra Nossa Senhora, tenta a ioga, a homeopatia, lança blog, elege até o dia do jejum e do voto de silêncio, que é pra ver se sua natureza se adapta... e evolui.
Mas então... no correr eterno do tempo e da natureza... alguma coisa acontece, um tsunami pessoal, um terremoto interno. Agora é que são “elas”: atravessar a fome que pão nenhum aniquila... sem perder a civilidade e o que há de bom no coração.
Por que será que somos assim, meu Deus? Estes gremlins à beira da transformação, cada qual com seu rei dentro da barriga, e com dores que certamente são as maiores do mundo, e com razões que, obviamente, são as mais certas de todas, e com necessidades, claro, mais urgentes entre as possíveis?
Quando pescou o lance, Oscar Wilde nem tinha ouvido falar de gremlin e de Steven Spielberg, mas tratou logo de se adiantar: para tratar das pequenezas da alma, usou seu personagem, o lindo e jovem Dorian Gray, que não envelhecia nem perdia a beleza porque tinha um providencial retrato que pagava o pato em seu lugar... eu, particularmente, acho que os gremlins têm tudo a ver com a alma humana, e bem mais que o nosso Dorian Gray, inclusive por não serem humanos. “Humana”, no sentido pleno e grande da palavra, só a alma da Santa Teresinha do Menino Jesus... nós, aqui bem abaixo, estamos mais é pra gremlim mesmo.
E quando a coisa vai mal e o cinto aperta, ocorre a metamorfose, porque é aí que a gente se dá ao direito de virar uma pessoa pior, já percebeu? Como se o mundo tivesse a obrigação de cantar um “nana, nenê” enquanto a gente faz má-criação... como se o universo tivesse que nos compensar pelo que padecemos.
No caso dos mais evoluídos, a tentativa de sofrer com dignidade periga virar anemia, por causa do esforço extra para sentir dor sem ferir ninguém... ai, o egoísmo!
É muito fácil ficar insuportável, tornar-se amargo, beber o veneno da revolta... e azucrinar o marido, brigar no trânsito, explorar a diarista, xingar o vizinho, bater no filho, chutar o cachorro, estourar o cartão de crédito, comer o estoque inteiro de chocolate das Lojas Americanas.
Difícil, mesmo, é calar a dor de estômago e aceitar a vida como ela é. Pedir desculpas ao marido, domar a besta-fera interior, tranqüilizar as águas da revolta. Entender que sim, somos gremlins, mas nem por isso precisamos entregar os pontos... e virar monstro.
Todo cuidado é pouco pra não ficar assim!
Oi Fernanda!
ResponderExcluirAdorei a relação nós- gremlins, será que a solução é saber qual é a "água" que nos transforma e então ficar longe dela e assim estaremos salvo? Será que teremos um tipo só de "água" que nos transforma ou são 2,3...
As vezes tenho a sensação que alguns de nós vivem mergulhados em suas "águas", "águas" essas que parecem até que foram tratadas por eles mesmos para depois se banharem e continuarem se banhando.... mas se alguem perguntar vão dizer logo que é culpa da "água", não é ele que quer é a "água" que o tira do sério.... ah essas "águas"...
Eu particularmente vivo fugindo das minhas "águas", mas hoje em dia busco encará-las de frente e consigo sentir já a transformação chegando e tento perceber e "controlar"... espero um dia conseguir mergulhar e ficar imune a todas as minhas "águas"!
Paula
Haaaa! esta sim,é a Fernanda que conhecí lá no JB,rs bjs.
ResponderExcluirMonica.
Monica, AMEI seu comentário! bjs!
ResponderExcluirPois é, queriDannemann Fernanda... por que será que somos, todos, em maior ou menor escala, assim...de altos e baixos?Desde sempre esta pergunta ficará sem resposta plenamente satisfatória, ainda bem, para que as artes_ principalmente a literatura_ tenham materiais substantivos para refazerem-se ou redescobrirem-se, através das infinitas variações sobre o "mesmo" tema, ad eternum. Inclusive para o Alma Levada não ter um ponto final, "bien sûr". Estejamos certos: a mãe natureza, inexpugnável e cheia de caprichos , jamais nos contará os seus segredos, nem a gente dando piti ou ataque de pelanca, ou mesmo ficando louco e tirando a roupa kkkk. Debalde. Os tais dos gremlins, sob outra ótica _ que não seja míope ou reducionista_ foram chamados de Thanatos, por Freud que, assim como os instintos de vida... fazem parte do cotidiano humano de qualquer mortal. Ele foi o primeiro a observar tais aspectos,que chamou de Thanatos (busca da morte) e Eros (luta pela vida). Pendendo mais para um lado ou para o outro, a realidade é que todos nós carregamos esses dois instintos para os quais devemos ficar vigilantes, nas nossa escolhas (in)conscientes, para nos mantermos em equilíbrio.
ResponderExcluirNa verdade eles contrapõem-se e, juntos, dão origem a muitos comportamentos ambivalentes, contraditórios e "esquisitos", comuns na conduta dos humanos; tais como: amor/ódio; alegria/tristeza; atração/repulsão; afetividade/agressividade; sadismo/masoquismo e tais e quais. Para Freud, essas duas tendências opostas já existiriam em nível celular, tendo "Thanatos" a tarefa de desestruturar a célula e "Eros", a de conservá-la.
Thanatos nos induz à solidão e à tristeza. Por que motivo haveríamos de sair de casa, ir ao cinema, ao teatro, ou a um jogo de futebol? Para ele, nada disso faz sentido. Na sua proposta, é preferível permanecer impassível, remoendo ressentimentos ou preocupando-se com o futuro, suas vicissitudes, promovendo desarmonias, inclusive guerras, e focado na provável chegada da morte, a qualquer momento.
Eros estimula-nos a encontrar os amigos, a desfrutar seus talentos, a compartilhar a vida, em toda sua plenitude. Ele incentiva-nos a buscar o prazer, a alegria, a felicidade. Proporciona-nos a inspiração para compor versos, escrever contos ou romances, criar blogs, cantar , dançar, ou tocar algum instrumento musical, etc...
A quem devemos procurar ou, melhor, a quem devemos escolher? Eros? Thanatos? Cada um de nós, de acordo com a própria inclinação/limitação/potencialidade e usando de critériio ou criticidade, deverá aprender a arte de lidar com os (in)evitáveis "esquentas e esfrias" existenciais.
Ainda que endureçamos, não podemos perder a ternura jamais, parafraseando Guevara.Para fazermos revolução na nossa vida, precisamos aprender a olhar para baixo e para os lados e sentir, no coração, a dor dos que precisam do nosso poder de mitigar o sofrimento alheio (tanto quanto o nossa, pois todos somos O OUTRO).Assim, não faremos, respeitosamente, ao próximo, o que conosco não gostaríamos fosse feito.Quem prioriza a gentileza, sai-se muito bem ou muito melhor nesta árdua tarefa e merece nossa profunda admiração, não é mesmo?
Abraço afetuoso "procê".
Fernanda
ResponderExcluirPor razões misteriosas de que só a Internet é capaz, um comentário meu sobre sua lamentável perda não foi publicado e só hoje percebi.Mas fica o registro de meus sentimentos e minha dor solidária.
Adorei seu vídeo, onde fica evidenciado seu charme e doçura.
Paulo- Friburgo
Mauro Pires de Amorim.
ResponderExcluirTodos temos um Gremlin dentro de nós, basta surgir uma situação desconcertante que nosso monstro se manifesta. Penso que o maior segredo é ter consciência do nosso Gremlin, de modo a mante-lo sob controle o máximo possível. Mas mesmo assim, tem gente que faz questão de nos provocar até o limite do descontrole, fazendo que nosso Gremlin aflore e se manifeste. Esse tipo de pessoas, são os recalcados e mau resolvidos, que acham que sendo Gremlins, vão resolver as questões. Essa gente sente um prazer doentio de ser Gremlin, atraíndo energias ruins e problemáticas. O melhor mesmo é perceber esses instigadores de Gremlins e se afastar deles, diplomaticamente, com o velho e bom jargão de que não pode estar junto dela pelo motivo de já ter combinado um programa prévio para a mesma ocasião.
Felicidades e boas energias.
PAULO... seu comentário não chegou. Olha, confesso que estranhei seu sumiço. Mas que bom que você apareceu! Abraços!
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