terça-feira, 20 de setembro de 2011

Alice no País do Facebook

Não faz muito tempo, dei a mão à palmatória e abri uma conta na rede mais badalada do planeta, para divulgar o blog.

Estou quase desistindo: é demais pra mim aquela festa que nunca acaba, aquele Carnaval sem quarta-feira de cinzas, onde todos são lindos, louros, magros e ricos. Por que será que todo mundo é sempre tão feliz no Facebook? E a tristeza, que já foi coisa tão particular, ali ganha ares de novela da Globo?

No palco do Facebook, todo mundo é lindo: quem não é, recorre ao fotoshop ou às imagens alheias. Vale tudo em nome do glamour, das cenas teatrais, da chance de ser protagonista nem que seja por alguns minutos, e em uma rede de relacionamentos tão superficiais.

Sabe aquela coisa muito confortável, chamada “anonimato”? E aquela outra, a tal da “privacidade”? O “Face” está acabando com elas, porque o consenso geral prega que ser anônimo é chato demais!

E vou além... digo que o Facebook é mais uma daquelas invenções que, com o passar do tempo, se revelaram nocivas à humanidade, utilizadas que foram para promover o que há de ruim no coração e nas idéias humanas. Tenho visto gente ser caluniada, agredida, exposta e ridicularizada nas páginas desta rede, a mais “social” que se teve notícias até hoje: esta rede cuja força motriz é a aparência, e quase nada é o que parece.

Talvez o futuro do Facebook não vá longe. Talvez, em algum momento, as pessoas percebam o quanto é desgastante ter que manter a pose o tempo todo, só pra sentir que pertencem a alguma tribo “fashion”, “antenada” ou sei lá o quê. O quanto é cansativo bancar a “celebridade” sem direito a, simplesmente, ser uma pessoa “qualquer”, daquelas que não precisam se iludir com a pretensa “popularidade”, nem ter centenas de “amigos”, nem ter seus “fatos & fotos” publicados na rede da moda... aliás, como escraviza esse negócio de ter que se enquadrar “na moda”! Isso também há de cansar, de esgotar as multidões carentes e necessitadas dos já tão batidos “15 minutos de fama”... (até a frase do Andy Warhol já me parece out, cafona como uma bolsa Louis Vuitton!).

Enquanto a vida é quase um roteiro de “Sex in the City” na tela do Face, a nossa velha conhecida, a Alice, que no começo achava tudo maravilhoso, de repente passa a ver que aquele gato não é tão gente fina assim... e aquele Chapeleiro... bem, ele é bem mais maluco do que se pensava...  



Livro "Alice no País das Maravilhas", de Lewis Carroll, ilustração de Camille Rose Garcia

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O cafofo da Fefa 



12 comentários:

  1. Enquanto viver quero estar protegido pelo bálsamo das suas histórias do interior de Minas, não me preocupando absolutamente com Facebook (Cara do Livro?). O bom do livro, quando é bom, é o que tem dentro e o seu (quando ficar pronto) quero ser um dos primeiros a ter.
    Registros da Alma

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  2. Mauro Pires de Amorim.
    Você tem toda razão, muitas pessoas nessas páginas de perfis de redes sociais, mostram-se sempre perfeitas e felizes. No entanto, a história é outra, pois tenho página no Facebook e meus amigos e parentes, no total das 33 pessoas que tenho adicionadas a relacionadas em minha rede, além de serem pessoas de carne e osso com quem mantenho uma certa proximidade real, não sendo portanto somente pessoas virtuais, dizem e expoem seus pensamentos e sentimentos abertamente, com sinceridade, embora, suspeito eu, que haja uns 4 amigos e amigas, que são exageradamente e forçadamente felizes o tempo todo e suas vidas são sempre perfeitas e felizes, tal qual atores em propaganda televisiva de iogurte ou suco em caixa. Espero que eu esteja errado quanto à minha percepção da encenação para transparecer felicidade e perfeição na vida dessas 4 pessoas, pois nada tenho contra a felicidade e perfeição na vida dos outros, muito menos as invejo. Mas como saber, se a pessoa não se expressa e expoe seus pontos? Afinal, também sou humano e posso estar errado em minha percepção.
    Felicidades e boas energias.

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  3. Vou Contigo

    Bolsa Louis Vuitton é uma breguice mesmo!!!

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  4. É, Alfredo... quem sabe um dia este livro sai? Abraços!

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  5. QueriDannemann...fiquei em dúvida se comentaria ou não...é que já estive em evidência, através da sua generosidade e não quero cansar a beleza de vocês. Por outro lado o assunto é tão..tão..que sucumbi a ele.Também por conta de uma amiga artista talentosa, que possuía uma infinidade de "amigos" na rede, que convidados para um show que ela realizaria, não comparecerem, ao contrário, só foram os que não estavam adicionados, aqueles como eu: um mortal, "banal que nem pardal" rsrs...Só comentarei, então, os aspectos negativos. Para começar: em tempo algum, por falta de necessidade, tive orkut, facebook, twitter e todas estas armas (armdilhas?)
    ou mecanismos tecnológicos de comunicação à disposição de todos que podem acessá-los. Na verdade, eles estimulam, cada vez mais, as pessoas a viverem isoladas e trancafiadas em suas residências, por mais paradoxal que isso possa parecer! Solidão, depressão, síndrome do pânico são algumas das consequências desse isolamento, o que distancia ainda mais as pessoas, dificultando a formação de novas relações. Estas relações sociais cibernéticas, mediadas pela dimensão espetacular da vida , na qual, se apareço, logo existo, transforma a necessária cerebralidade ou a relfexão, em mero reflexo ou tentativa de ser famoso ou celebridade, segundo estes consumidores da aparente subjetividade alheia. Convenhamos: amizades ou relações conectadas aos computadores estão, fatalmente, desplugadas dos relacionamentos reais, e quem não sai do contato virtual não conhece o encontro real, paupável, para a fundamental troca. Respeito todos que têm todas estes "facilitadores" e deles conseguem fazer bom uso, mas continuo preferindo ser ninguendade, significando com isto, a preservação absoluta da minha intimidade, para dividi-la com gente de carne e osso e, mais importante, com afinidades eletivas e ética. O consumo, quase frenético, de teclas e imagens, suprime a insubstituível experiência interior e (quase) "tudo" fica líquido ou descartável.As redes sociais legitimam a superficialidade, através do aprisionamento na trama do espetáculo de uma intimidade artificial. Resultado? O empobrecimento, a negação da vida real e algo de vulgarização humana. Na verdade, estas relações virtuais onde menos se vê, são as que menos se sentem irromper os desejos da alma. Se cara a cara já é difícil ser sincero...então...

    Reproduzo sua opinião: "o facebook promove o que há de ruim no coração e nas idéias humanas: tenho visto gente ser caluniada, agredida, exposta e ridicularizada nas páginas desta rede, a mais “social”, para corroborar e denunciar a coisificação do humano, que se submete a situações degradantes (e não é obrigado...) para conquistar um ansiado , fantasioso e vazio "sucesso".O sonho maior ou o máximo que esta gente quer ser é: celebridade ou estrela da arquimoderna sociedade cibernética/imagética e, paradoxalmente consegue, também, no máximo, revelar suas qualidades mais "profundas": futilidade, deslealdade, mesquinharia, inveja, narcisismo e outros tais e quais pecados capitais.
    Para finalizar, oportuno se torna o psicanalista Jurandir Freire: "

    Seja como for, a intimidade continua sendo um dos raros nichos do maravilhoso, do mágico e do inédito no universo desencantado e "totalmente administrado", teorizado por Weber e Marcuse. Para alguns, isso é puro ornamento de espíritos ociosos; para outros é condição sine qua non da liberdade. Alinho-me aos últimos. Pouco coisa é tão violenta e indigna quanto fazer dos humanos, animais. Porém, existe um mundo _real_ longe ou fora das telas, no qual é possível ser alegre, amoroso, inventivo, guardando o sentido de justiça e solidariedade para com os outros.
    Abraço forte

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  6. Queridannemamm...para comprovar, mais um exemplo da "reoubada" que é ou pode ser o facebook,como no show da minha amiga que teve, também, milhares de presenças confirmadas e, na hora, escafederam-se kkkk.

    A seguir, copiado do
    Jornal do Brasil

    O hino nacional encerrou nesta terça-feira o protesto “Todos contra a corrupção”, que contou com mais de duas mil pessoas no Rio de Janeiro. A marcha, que começou às 18h na Cinelândia, foi organizada e divulgada pela internet.

    Na página do evento no Facebook, a manifestação chegou a ter 35 mil pessoas confirmadas(e só compareceram 2.000 "gatos pingados" rsrs...).

    E ainda há quem acredite em Facebookkkkkkkkkk
    Abração procê!

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  7. Marcos Lucio... como sempre seu comentário foi ótimo! Abraços.

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  8. Acho que ocorre uma verdadeira competição, de uns querendo mostrar que suas vidas são mais maravilhosas do que a dos outros. As pessoas colocam fotos de bebês, para onde viajaram, a foto do animal de estimação, etc ... eu não sou contra nada disso. O que me pergunto é: O que se pretende com isso? Qual a mensagem que querem passar com este comportamento? Há alguns dias postei um assunto que Li no jornal londrino The Guardian sobre chefes psicopatas e sua influência no ambiente de trabalho. Um amigo postou algo, dando a entender que gostou.
    Outra pessoa postou outra mensagem, com aquelas baboseiras de arquivos power point da internet tipo Deus é bom e o diabo é ruim.... de uma profundida rasteira.... um monte de pessoas comentaram em seguida, que aquilo era maravilhoso...Acho que as pessoas estão cada vez mais frívolas, superficiais e fáceis de entreter. Elas simplesmente não querem mais pensar, pois o pensamento também foi commoditizado. Pessoas autênticas hoje em dia são raras....

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  9. Fernanda,eu tenho facebook,mas por mim o futuro dele,pode ir longe ou não,pois é uma rede que eu não curto muito. Na verdade o que gosto mesmo,é de encher o saco dos blogueiros/as,assim como estou fazendo com vc agora rs bjs.

    Monica.

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  10. O Face é meio chatinho de mexer, cheio de opções e sofistico-frescuras etc e tal. O twitter é mais simples, útil e engraçado. Tem hora que a tela fica uma salada tragicômica: 'tsunami de esgoto', 'marcha das vadias', 'gol!'.

    Perfeito, Fernanda.

    Concordo com tudo e principalmente com: "promover o que há de ruim no coração e nas idéias humanas: tenho visto gente ser caluniada, agredida, exposta e ridicularizada nas páginas"

    E o Google respondeu ao deputado Jean que a página do Orkut criada pra incitar assassinato não tem nada demais, não.

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  11. Para mim, facebook, somente separado: uma face, de preferência bastante interessante para beijar e ver, e um fundamental book, formativo, intelelectivo, literário ou póético - para manter-me longe das vulgaridades, idiotices, infantilidades, exibicionismos baratos, futilidades (há exceções, claro), que infestam as redes soxiais no universo cibernético, quase sempre (e-mails e pesquisas bastam-me). Não sou melhor do que ninguém massssssssss, tô fora de facebook, orkut, twitter e tv, e etecéteras...Aos curtidores, bom proveito!!!
    Sérgio Luiz

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  12. Fernanda,

    Pensei que eu fosse a unica que nao gosta do Facebook, fiquei feliz em saber que nao sou. Tambem cai na armadilha ..... para ver algumas fotos de familia tive que me inscrever, e comecaram as surpresas .....um monte de gente que nao conheco querendo seu meu amigo virtual....conclusao a meses que nao entro no site, pois achei uma chatisse. Gosto mesmo e de uma conversa cara a cara or "face to face".
    Realmente tem muita gente deslumbrada ....
    Enfim, gostei muito da sua cronica.
    Abraco
    Gilda Bose

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