A primeira mentira foi quando ela disse que era moça
muito séria e não queria saber de homem. Fiquei olhando para ela, aos vinte e poucos anos mãe solteira
de três filhos de pais diferentes, que terminava de calçar a sandalhona de salto para ir embora e,
vestida com uma roupa colante e decotada, fazia caras e bocas de mulher
braba ali na minha cozinha. Mas sabe? Se tem uma coisa que mulher não disfarça,
é que gosta (e gosta muito) de namorar.
Taí uma mentira da pior espécie, a que é gratuita: se eu não perguntei, por que ela veio dar satisfação?
Dias depois falou da reunião matinal que sempre rola
entre porteiros, diaristas e empregadas domésticas lá na portaria, quando a
onda é meter o pau nas patroas. E vi a nota de esgar em sua voz quando ela
contou, em tom de confidência:
-- As empregadas chamam as patroas de piranhas e
contam tudo o que acontece na casa delas.
Êpa! Como é que é? Parti do princípio de que ela JAMAIS me chamaria de piranha e fiz a pergunta fundamental:
-- Você fala alguma coisa daqui de casa?
-- Nããããããoooo, imagiiiiiiiina...
Será que eu também fazia parte do bloco das
piranhas? Será que minha casa estava em boca de Matildes?! Recusei-me a crer...
-- É CLARO que ela te chama de piranha – disse meu
marido, e depois todas as amigas para quem contei o lance.
Do alto de sua sabedoria de décadas, minha tia
entrou na conversa:
-- Nada é perfeito. Trocar de empregada é como
trocar de marido, a gente só muda os defeitos.
Ok, ok, o jeito era fazer vista-grossa para os papos
dela e seguir em frente. Se ela gostava de bancar a santa-do-pau-oco, o que é que
eu tinha com isso? E se ela ficava de fofoca lá embaixo, quem era eu, pra me
meter? Ninguém. Era apenas a patroa que
pagava o salário dela (e de quem ela falava mal), mas isto era um mero detalhe diante da perspectiva de ter
que encarar todo o serviço doméstico, e logo agora, que eu já estava quase me
acostumando de novo com a vida mansa.
Nãããããão... eu não podia tomar a trágica decisão de demitir a diarista só porque ela falava mal de mim lá com a turma dela, e por causa de umas histórias rocambolescas que ela contava cada vez mais, de mentiras que se amontoavam pela casa como se fossem trouxas de roupa suja e pilhas de pratos usados... Se fosse pra demitir, haveria que ser por um motivo incontestável, daqueles com prova material! Um motivo indesculpável, inafiançável, indisfarçável, daqueles que eu não pudesse relevar nem varrer para debaixo do tapete.
Nãããããão... eu não podia tomar a trágica decisão de demitir a diarista só porque ela falava mal de mim lá com a turma dela, e por causa de umas histórias rocambolescas que ela contava cada vez mais, de mentiras que se amontoavam pela casa como se fossem trouxas de roupa suja e pilhas de pratos usados... Se fosse pra demitir, haveria que ser por um motivo incontestável, daqueles com prova material! Um motivo indesculpável, inafiançável, indisfarçável, daqueles que eu não pudesse relevar nem varrer para debaixo do tapete.
Mas o problema da mentira é o seguinte: ela é sem-vergonha e se acha mais esperta que todo mundo; ela vai ficando cada vez mais cabeluda, crente que a pessoas são burras e caem em qualquer disparate. E foi assim que aconteceu: chegou o dia da festa, procurei por
todas as gavetas aquela calcinha horrorosa de lycra, bege, enooooorme, ideal
para vestidos justos e transparentes. E cadê?
Não apareceu, não teve jeito. Perguntada sobre o
paradeiro da peça, a Pinóquia me saiu com esta:
-- Semana passada a senhora disse que a sua sogra vinha para uma
visita no domingo. Será que não foi ela quem pegou?
Fernanda,
ResponderExcluirA minha intuicao funciona assim:
Se alguem faz algum comententario sobre outra pessoa comigo, tipo fofoca, com certeza esta mesma pessoa tembem ira comentar de mim para outras pessoas.
So dou ouvidos para aquelas conversas que me informam ou me ensinam alguma coisa.
E se eu tiver que dizer alguma coisa a alguem, nao mando recado.
Ninguem e perfeito, e nao e mesmo, e infelizmente nao temos como saber sobre a personalidade de todas as pessoas que entram em nossas casas .........do qual e uma falha, pois a nossa casa tem que ser preservada.
Felicidades,
Gilda Bose
Não tem jeito, a gente tem mesmo que ouvir a intuição, porque quando não ouve sempre se estrepa!
ExcluirFaço minhas as palavras da Gilda.A sua intuição não falhou, afinal, além de moça séria , ela disse que não queria saber de
ResponderExcluirhomem ??? Só acreditaria se fosse assexuada ou, na melhor das hipóteses, lésbica... o que considero tão natural quanto não ser.O perfil da "ditacuja" não casa com:"aos vinte e poucos anos mãe solteira de três filhos de pais diferentes, que terminava de calçar a sandalhona de salto para ir embora e, vestida com uma roupa colante e decotada"...tipicamente periguete/cafona que, como tal, sempre dá uma aparência de vulgaridade, conceitualmente, né?.
As amigas, o marido e a tia estão prenhes de razão, nas suas análises ou conclusões. Massssssss a pinóquia colocar a culpa na sogra, parece até piada de mau gosto e demonstrou , mais uma vez, que a perna curta da mentira acaba aparecendo...é difícil-haja paciência- descobrir quem é a menos pior das candidatas a diarista para os serviços do "lardocelar" rs.
Santé e axé!
Marcos Lúcio
Tá difícil...
ExcluirA sua sogra certamente ficou chateada,com essa história pra lá de desagradável...
ResponderExcluirMonica.
Nem contei pra ela, Monica...
ExcluirNo episódio anterior da saga: FERNANDA E AS DIARISTAS( a outrora amada, que lhe abandonou e as candidatas ao posto vacante), considerei a hipótese da talentosa e aguerrida blogueira estar em processo de atualização e limpeza kármica.
ResponderExcluirO episódio de hoje, acrescenta elenentos de negação de desejo, intriga e furto, encenados pela recente ex-diarista, cujo desempenho era de beleza apolínea. Engano. A verdadeira face da inquestionável profissional de faxina, desvelou-se após o furto de peça íntima com apelo sedutor de gosto duvidoso e concomitante insinuação de imputar crine , á sogra da blogueira, que lhe visitara antes da descoberta do furto. Decidida, nossa blogueira preferida demitiu sua quase perfeita colaboradora, mergulhando, outra vez, no inferno quase Dantesco, de vassouras, flanelas, aspirador de pó...em trágico e solitário exercício de manter limpa, a casa que co-habita com o Prííncipe Eleito. Mais uma prova à ser superada pelo destemido casal.
Construo uma segunda hipótese e uma sugestão:
Hipótese: em vidas passadas,nossa blogueira infringia severos castigos de toda ordem aos empregados(as) que lhe serviam, isso, provavelmente, no período Vitoriano, do qual manteve o nome: D Fernanda.
Sugestão: marcar algumas sessões de TVP( não vale comigo, pois, de certa forma, somos íntimos)
Conclusão: é tudo bricadeirinha, tá legal?
Boa noite e boa sorte no próximo episódio. Até lá.
ANTONIO CARLOS
ADORRRRRRREI!!!!!!!!!!!!!! Além de poeta, nosso Antonio Carlos, o pitaqueiro-assistente-mor (eleito democraticamente) tem talento inegável para as histórias de reis, rainhas, príncipes (o co-piloto) e princesas reais (eu, desde priscas eras, como diz o Marcos Lúcio), além de seres mitológicos (no caso, as "peças" que têm se candidatado ao cargo). Pode aguardar porque em breve por certo haverá um novo capítulo da saga. Quanto à nossa intimidade, concordo, ela de certa forma já existe mesmo, por isso trate de me indicar um substituto... se bem que talvez um Pai-de-santo seja melhor.
ExcluirTambém adorei as hipóteses "antoniocarlistas", posto que, além de divertidas e inteligentes são ...prá lá de divertidas. Ele bateu um bolão, né???Até a próxima saga de Dona Beja e suas mucamas rsrs...
ExcluirPara os que (se) desconhecem a histórica e mítica personagem, garimpei este diamante existencial, que tenho como como exemplo.
Das estórias de Dona Beija (lá em Araxá) uma das mais conhecidas é esta: certas senhoras incomodadas com a presença daquela mulher "perdida" que tinha hábitos pouco convencionais, mandaram-lhe um dia uma estranha caixa como se fosse um presente. Ao abri-la Dona Beja notou que o conteúdo era um monte estrume. Evidentemente ficou chocada. Mas resolveu dar uma resposta inversamente proporcional à ofensa. Mandou colher rosas, botou-os dentro de uma caixa e despachou-as para as referidas senhoras , com um bilhete: "Cada um dá o que tem".
Dona Beja viveu em Araxá no século XIX. Naquela casa colonial, que hoje é museu, estão roupas, móveis, utensílios de cozinha e fotos de sua lendária figura. As aventuras e desventuras da bela Ana Jacinta viraram novela de televisão, Dona Beja virou Maitê Proença. Assim o público reviveu a paixão da linda jovem pelo fazendeiro Manuel Sampaio e o famigerado sequestro de que foi vítima pelo ouvidor do rei Joaquim Inácio Silveira da Motta.
Mas o que em geral não se sabe é que o mapa de Minas foi alterado por causa dessa paixão. Diz o historiador Pedro Divino Rosa que o raptor da jovem, para escapar da condenação por sequestro de menor e outras falcatruas, facilitou a negociação para que o território que pertencia a Goiás, conhecido como Farinha Podre, voltasse à capitania mineira.
Se Dona Beja é uma lembrança preciosa da memória dos mineiros, é bom que se saiba que um dos maiores diamantes do mundo foi descoberto em Estrela do Sul, cidade da região do Paranaíba. Corria o ano de 1853 e quem o encontrou foi uma escrava. Tinha 261,38 quilates e a forma de uma almofada. Passou pelas mãos de franceses, de holandeses e pertenceu até ao lendário e riquíssimo Marajá de Baroda.
Santé e axé!!!
Marcos Lúcio
Dona Beja era das nossas... garanto que se fosse a Paris, ia querer entrar para o nosso clube.
ExcluirLegal, ter gostado da bricadeirinha.
ResponderExcluirAbraço,
ANTONIO CARLOS
Gostei muito, pode contar outras sempre que quiser!
ExcluirCuidado pra ela não te colocar na justiça do trabalho...
ResponderExcluirSERGO NATUREZA - BA
Já pensei nisso...
ExcluirEm tempo: infligia e não, infringia. Desatento, feri de morte, o Português( o idioma, claro)
ResponderExcluirANTONIO CARLOS
Ja tentou um do sexo masculino?
ResponderExcluirFeliz Dia da Mulher! (La em casa todo o dia e Dia da Mulher...)
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