Era uma loja de CDs em Copacabana, daquelas bem antiiiiiigas e modestas. Fui atraída pela bossa-nova que, em alto e bom saxofone, irradiava lá de dentro.
-- Moço, que disco é este? Quero um, por favor!
O vendedor era um senhor que já ultrapassava os 70, com uma mecha de cabelo coberto por gel cuidadosamente alisado por cima da calva, vã tentativa de disfarce, relojão dourado no pulso e um sapato tipo Vulcabrás. Imaginou?
Mas então... quando o dito-cujo me diz que o disco já está vendido, uma voz masculina se precipita repentina, altíssima, disputando com o saxofone:
-- Nããããoooo... pode vender pra ela!
O homem sorria para mim, de dentro da bermuda pelo menos um número maior e da camisa estampada. Seria um turista? Ao lado dele, uma moça bem mais jovem sorria, acompanhada por dois adolescentes.
-- Faço questão! Pode ficar com o disco!
A cerimônia foi maior que o desejo de comprar o CD:
-- Nãããão, imagiiiiiiina... é o último? Fique com ele, você viu primeiro...
O homem não se fez de rogado:
-- De maneira nenhuma! É seu! TODO SEU!
Contente da vida, e sem ver segundas intenções na situação, me deixei levar pela gratidão:
-- Aaahh, muito obrigada então! Olha, estou tão agradecida que vou lhe dar um beijo!
Neste instante, enquanto me aproximava para um beijinho do tipo "bochecha com bochecha", vi o exato momento em que o espírito do Dom Juan baixou de vez no cinquentão, que se animou todo, já abrindo os braços e se chegando com aquelas mãos "cheias de dedos" para um abraço BEM carinhoso.
Fui mais rápida, beijei uma bochecha só e tratei de me afastar rapidinho, antes que suas asas se fechassem ao meu redor.
Contente com a atenção que recebia, ele atacou outra vez:
-- Você é muito linda, viu? E esta aqui é a minha nora, e estes são os meus netos! Estou disponível! Livre como um passarinho!
Foi aí que me lembrei do Rolando Lero, personagem de sucesso do ator Rogério Cardoso na antiga "Escolinha do Professor Raimundo", e que era a encarnação do sedutor de plantão.
No entanto, o sedutor à minha frente era tão gentil... e ao mesmo tempo me pareceu tão triste dentro daquele sorriso e daquela camisa estampada... e ainda tinha o agravante de estar acompanhado pela família! Não tive coragem de cortar o exercício de sua veia galante. "Será viúvo?", pensei... e minha compaixão entrou em cena, como um perfume que tomasse o ar. Se a viuvez me parece triste demais para as esposas, me soa como tristíssima para os maridos e suas casas vazias de uma presença de mulher.
-- Netos?! Quem diria...
E encerrei a questão:
-- Muito obrigada pelo CD...
Mas ele insistiu:
-- Adoro um sax! No fim do dia você chega em casa, cansada do trabalho, coloca este disco e prepara um drink... um drink para si mesma! E relaaaaaaxa no sofá! Adoro, viu?
Pensei que dizer que era isso mesmo que eu faria com o meu marido e aquele disco que estava comprando... mas mais uma vez minha compaixão me calou. E pra encerrar de vez o colóquio, dei um aceno de despedida. Ele entendeu que seu tempo havia acabado e se afastou dizendo mais uma vez:
-- Você é muito linda, viu?
No balcão da loja, o vendedor era todo sorrisos. E eu, contente com a compra do disco e também com o elogio do outro, comentei:
-- Ele estava me paquerando, o sr. viu?
E ele:
-- Você não se ofendeu? Tem gente que se ofende...
-- Claro que não! Vou me ofender com um elogio? Ser paquerada aos 20 é normal, né? Mas ser paquerada aos 50 é um luxo!
Foi aí que o homem, só porque é homem, partiu para o ataque mudando imediatamente a postura corporal, tornando-se repentino um pavão vaidoso debruçado sobre o balcão... e a fisionomia, que portava agora uma expressão à moda Rodolfo Valentino, com a sobrancelha levantada... e a voz, com um recém-adquirido tom de cantor de tango, arriscou:
-- Então quer dizer que gostas de bossa-nova. Moras por aqui?
Procurei minha compaixão dentro da bolsa, mas o frasco estava vazio.
-- Embrulha pra presente porque é para o meu marido, por favor.
E o pavão, talvez só porque seja macho, pigarreou e vestiu outra vez a roupa dos seus mais de 70 anos. Todo respeito.
sexta-feira, 18 de dezembro de 2015
sábado, 21 de novembro de 2015
Por que voltar a Buenos Aires?
Para tomar um café como este, e pagar o equivalente a R$ 40,00...
Ver uma arquitetura lindíssima, e muito verde misturando-se à paisagem...
Caminhar pela cidade e ter diversão garantida só de olhar, porque tudo é lindo!
Fazer uma consulta com meu médico preferido...
Ouvir um tangão "daqueles"...
E reencontrar velhos amigos!
A foto abaixo foi tirada em 2006, quando eu morava na Argentina e conheci o sr. Alfredo. Todos os dias, a caminho da faculdade onde estudava, eu parava por instantes para vê-lo dançar tango na rua. Um dia ele me convidou para dançar e aceitei. E eis que ele me tascou um beijo na boca!
Comer bem a qualquer hora do dia, e ser bem atendido, pagando muito menos que no Rio...
Ver uma arquitetura lindíssima, e muito verde misturando-se à paisagem...
Caminhar pela cidade e ter diversão garantida só de olhar, porque tudo é lindo!
Fazer uma consulta com meu médico preferido...
Ouvir um tangão "daqueles"...
E reencontrar velhos amigos!
A foto abaixo foi tirada em 2006, quando eu morava na Argentina e conheci o sr. Alfredo. Todos os dias, a caminho da faculdade onde estudava, eu parava por instantes para vê-lo dançar tango na rua. Um dia ele me convidou para dançar e aceitei. E eis que ele me tascou um beijo na boca!
quarta-feira, 18 de novembro de 2015
Triste lugar para uma mulher
Certas atitudes que cometemos na vida aderem-se a nós como uma segunda pele. Ou uma cicatriz. Uma sombra. São atitudes que mais tarde transformam-se em vergonha ou em arrependimento. Em lamento ou decepção íntima, daquelas que a gente tem a respeito de si mesmo. Sabe como é?
O ex-jogador Gerson, por exemplo, arrependeu-se daquele comercial de cigarros, em que pronunciou a frase fatídica: "Tem que levar vantagem em tudo, certo?". E que o marcou de modo definitivo e injusto.
Acontece com todo mundo... uma cruz às costas, na forma de arrependimento.
Foi justamente num momento em que as mulheres estão em toda parte pedindo reconhecimento aos seus direitos, gritando até pelos poros que não aceitam mais a desigualdade e a violência de uma sociedade onde até elas próprias, mulheres, não percebem seu discurso de opressão, e o reproduzem... num momento em que a lei se volta para a violência contra a mulher, seja através da Lei Maria da Penha e do Feminicídio... pois bem, foi neste momento que a ex-esposa do candidato à prefeitura do Rio, o sr. Pedro Paulo, foi à TV para defendê-lo e dizer que não, "ele nunca foi um cara agressivo".
Opa!
Vitima duas vezes de violência doméstica enquanto casada com Pedro Paulo, Alexandra, mostrou-se extremamente pouco à vontade na entrevista coletiva dada ao lado do candidato, uma tentativa desastrada de salvação de sua candidatura.
Seu mal-estar me contaminou ao vê-la naquela situação, defensora de seu algoz. Queixou-se da imprensa, que transformou a vida dele, dela e da filha de ambos em "um inferno", enquanto Pedro Paulo recorria a argumentos absurdos na tentativa de uma defesa patética. "Quem nunca teve um descontrole?", "Quem nunca teve uma briga em casa?", perguntou ele, com um sorriso entre o desesperado e o ridículo, enquanto ela mantinha a cabeça baixa, atitude que muitos enxergaram como opressão, e eu vi como constrangimento. Um constrangimento (quem sabe?) tão forte que me pareceu também semente de arrependimento...
Esta lamentável situação nos mostra que a revelação da história foi um estrago tão grande, que a equipe de especialistas convocada para lidar com crises não deu cabo do problema.
Mostra ainda que o prefeito, que insiste na candidatura de Pedro Paulo, considera aceitável este tipo de comportamento. E pior: desrespeita as mulheres, ao tentar fazer com que nós votemos em um candidato que bate e xinga mulher.
E mostra que o movimento de libertação da mulher está mesmo apenas no começo. A atitude de Alexandra comprovou isso. Triste.
O ex-jogador Gerson, por exemplo, arrependeu-se daquele comercial de cigarros, em que pronunciou a frase fatídica: "Tem que levar vantagem em tudo, certo?". E que o marcou de modo definitivo e injusto.
Acontece com todo mundo... uma cruz às costas, na forma de arrependimento.
Foi justamente num momento em que as mulheres estão em toda parte pedindo reconhecimento aos seus direitos, gritando até pelos poros que não aceitam mais a desigualdade e a violência de uma sociedade onde até elas próprias, mulheres, não percebem seu discurso de opressão, e o reproduzem... num momento em que a lei se volta para a violência contra a mulher, seja através da Lei Maria da Penha e do Feminicídio... pois bem, foi neste momento que a ex-esposa do candidato à prefeitura do Rio, o sr. Pedro Paulo, foi à TV para defendê-lo e dizer que não, "ele nunca foi um cara agressivo".
Opa!
Vitima duas vezes de violência doméstica enquanto casada com Pedro Paulo, Alexandra, mostrou-se extremamente pouco à vontade na entrevista coletiva dada ao lado do candidato, uma tentativa desastrada de salvação de sua candidatura.
Seu mal-estar me contaminou ao vê-la naquela situação, defensora de seu algoz. Queixou-se da imprensa, que transformou a vida dele, dela e da filha de ambos em "um inferno", enquanto Pedro Paulo recorria a argumentos absurdos na tentativa de uma defesa patética. "Quem nunca teve um descontrole?", "Quem nunca teve uma briga em casa?", perguntou ele, com um sorriso entre o desesperado e o ridículo, enquanto ela mantinha a cabeça baixa, atitude que muitos enxergaram como opressão, e eu vi como constrangimento. Um constrangimento (quem sabe?) tão forte que me pareceu também semente de arrependimento...
Esta lamentável situação nos mostra que a revelação da história foi um estrago tão grande, que a equipe de especialistas convocada para lidar com crises não deu cabo do problema.
Mostra ainda que o prefeito, que insiste na candidatura de Pedro Paulo, considera aceitável este tipo de comportamento. E pior: desrespeita as mulheres, ao tentar fazer com que nós votemos em um candidato que bate e xinga mulher.
E mostra que o movimento de libertação da mulher está mesmo apenas no começo. A atitude de Alexandra comprovou isso. Triste.
segunda-feira, 2 de novembro de 2015
O silêncio da dona Marisa
Olha, vou contar uma coisa pra vocês: se eu fosse dona de um jornal importante, ou editora-chefe de uma grande revista, colocaria meus repórteres para trabalhar e mostrar a todo mundo o que pensa a dona Marisa. É, a dona Marisa Letícia, mulher do Lula, que entrou para a história por ter costurado a primeira bandeira do Partido dos Trabalhadores.
"Galega", como é chamada pelo marido, virou mulher invisível: se como Primeira-Dama já não tinha visibilidade, agora como "ex" parece ter saído definitivamente de circulação.
Dona Marisa não aparece... nem mesmo à época do falatório de que o marido teria um caso com a antiga secretária de gabinete, a Rosemary Noronha, que deu a volta ao mundo com ele em missões oficiais, dona Marisa apareceu. E nem para brigar pelos filhos, ou com eles, acusados de envolvimento com propina e corrupção, ela saiu das sombras.
Meia hora de conversa com dona Marisa, mulher que já liderou passeata de protesto nos anos 80 para tirar o marido da prisão, mas que, hoje, não aparece para protestar contra nada... e se eu só tivesse cinco minutos com ela, a pergunta seria simples: tanto silêncio por quê?
Entrevista oportunista em maio de 2003, início do primeiro mandato de Lula. A dita "presença de Marisa", no entanto, não se confirmou como Primeira-Dama, já que esteve sempre apagada e à sombra do marido.
Doze anos e tantos escândalos depois, dona Marisa continua devendo sua presença ao Brasil.
"Galega", como é chamada pelo marido, virou mulher invisível: se como Primeira-Dama já não tinha visibilidade, agora como "ex" parece ter saído definitivamente de circulação.
Dona Marisa não aparece... nem mesmo à época do falatório de que o marido teria um caso com a antiga secretária de gabinete, a Rosemary Noronha, que deu a volta ao mundo com ele em missões oficiais, dona Marisa apareceu. E nem para brigar pelos filhos, ou com eles, acusados de envolvimento com propina e corrupção, ela saiu das sombras.
Meia hora de conversa com dona Marisa, mulher que já liderou passeata de protesto nos anos 80 para tirar o marido da prisão, mas que, hoje, não aparece para protestar contra nada... e se eu só tivesse cinco minutos com ela, a pergunta seria simples: tanto silêncio por quê?
Entrevista oportunista em maio de 2003, início do primeiro mandato de Lula. A dita "presença de Marisa", no entanto, não se confirmou como Primeira-Dama, já que esteve sempre apagada e à sombra do marido.
Doze anos e tantos escândalos depois, dona Marisa continua devendo sua presença ao Brasil.
sexta-feira, 23 de outubro de 2015
Brasil, reforma urgente!
Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil, indicado pelo PT e condenado no mensalão, depois de todo o fuzuê de ter fugido do Brasil utilizando passaporte do irmão morto e ter feito de palhaços as autoridades italianas e brasileiras, finalmente vai para a Papuda. No entanto, no meio do ano que vem, segundo especialistas, poderá ir para o regime semi-aberto. E note bem: depois de cumprir menos de dois anos de regime fechado.
É por essas e outras que Claudia Cruz, mulher do deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos deputados, e que gastou US$ 60 mil em aulas de tênis com o dinheiro do petrolão, almoça na maior alegria no Fasano mostrando que não está nem aí com a justiça brasileira e com as notícias na imprensa.
Enquanto isso, o sistema carcerário brasileiro está abarrotado de ladrões de galinha, em sua enorme maioria negros e analfabetos e que não podem pagar um advogado. Muitíssimos, aliás, com a pena já vencida. Tristíssima realidade a do Brasil, este país de desigualdades e que infelizmente alimenta a corrupção do branco que pôde pagar para estudar.
As leis contra a corrupção necessitam ser mais severas, porque estamos aprendendo com o mensalão e com o petrolão que a corrupção vale a pena, que os ganhos são muito altos e que os riscos (punição) são muito baixos. No Brasil, corrupção virou um ótimo negócio dependendo de quem você é e para quem você trabalha.
É por essas e outras que Claudia Cruz, mulher do deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos deputados, e que gastou US$ 60 mil em aulas de tênis com o dinheiro do petrolão, almoça na maior alegria no Fasano mostrando que não está nem aí com a justiça brasileira e com as notícias na imprensa.
Enquanto isso, o sistema carcerário brasileiro está abarrotado de ladrões de galinha, em sua enorme maioria negros e analfabetos e que não podem pagar um advogado. Muitíssimos, aliás, com a pena já vencida. Tristíssima realidade a do Brasil, este país de desigualdades e que infelizmente alimenta a corrupção do branco que pôde pagar para estudar.
As leis contra a corrupção necessitam ser mais severas, porque estamos aprendendo com o mensalão e com o petrolão que a corrupção vale a pena, que os ganhos são muito altos e que os riscos (punição) são muito baixos. No Brasil, corrupção virou um ótimo negócio dependendo de quem você é e para quem você trabalha.
quarta-feira, 21 de outubro de 2015
Yoná Magalhães e o passado
Eu trabalhava na Folha de S. Paulo e fazia uma coluna com pessoas famosas, que me enviavam uma foto antiga sua e me contavam a história daquele flash. Fazia muito sucesso a tal coluna, e um dia liguei para a Yoná, pessoa que sempre admirei e que reconhecidamente foi a vida inteira uma mulher lindíssima.
Muito calma, ela me atendeu do outro lado da linha, ouviu o convite e recusou. Disse que não, não tinha nenhuma foto de sua juventude, nada do seu passado. Não havia guardado absolutamente nada. Percebeu que fiquei sem palavras e explicou:
-- Não quis ficar olhando aquelas fotos e me sentir triste com a passagem do tempo. A vida é para ser vivida e celebrada, sabe? Não é pra gente se sentir como se estivesse perdendo alguma coisa. Então joguei tudo fora. Preferi não olhar para trás. Agradeço muito, mas é por isso que não posso participar da sua coluna. Tá bom?
Meses depois, atravessando a rua no Jardim Botânico, no Rio, eu a vi, de cara lavada e roupa de ginástica, lindíssima. E algum tempo mais adiante, em uma festa de lançamento de novela, radiante, ao lado do ator Flavio Migliaccio. Observei de longe, pasma, o quanto a idade não havia afetado em nada a beleza de Yoná,uma mulher que sempre foi tão bonita por fora e, como pude ver, naquele papo tão rápido, ao telefone, por dentro também.
Clique no link para ver a foto do UOL da tal festa da novela:
segunda-feira, 19 de outubro de 2015
segunda-feira, 5 de outubro de 2015
Nada a declarar
Acontece com você? De repente, nada a declarar. O dia nasce e morre, o relógio anda, a vida segue... quatro semanas voam até que fecha o mês e tenho outra vez que pagar a analista... e no entanto... nada.
As horas ficam para trás como corrente paisagem do outro lado da janela, borrão de tinta, porque meu carro imaginário também voa, e voa alto.
Será a idade? Melancolia ou sossego, sei lá, quem sabe? Ou o silêncio, meu inquilino há meses, e que com cisma de ficar, planta sementes, finca raízes, quase faz flores no olhar que é todo cores?
Não sei, não sei. Queria te dizer tanta beleza, queria escrever, rimar, falar alguma coisa que valesse o simples ato de falar... e é só silêncio.
Não queira mal a este locutor, que sem palavras te busca o ouvido imaginário da alma leve. A minha alma é que descansa, neste silêncio espesso, sem fundo ou borda para uma fuga ágil.
Este silêncio é tanto, que há de ser breve.
As horas ficam para trás como corrente paisagem do outro lado da janela, borrão de tinta, porque meu carro imaginário também voa, e voa alto.
Será a idade? Melancolia ou sossego, sei lá, quem sabe? Ou o silêncio, meu inquilino há meses, e que com cisma de ficar, planta sementes, finca raízes, quase faz flores no olhar que é todo cores?
Não sei, não sei. Queria te dizer tanta beleza, queria escrever, rimar, falar alguma coisa que valesse o simples ato de falar... e é só silêncio.
Não queira mal a este locutor, que sem palavras te busca o ouvido imaginário da alma leve. A minha alma é que descansa, neste silêncio espesso, sem fundo ou borda para uma fuga ágil.
Este silêncio é tanto, que há de ser breve.
terça-feira, 18 de agosto de 2015
A feliz mulherzinha "das antigas"
Meu marido sempre diz que deve ser muito chato ser mulher, porque as demandas são muitas. Eu, particularmente, sou muito feliz com o gênero que Deus me deu, mas concordo que as demandas são exageradas mesmo. No fundo, acho que tudo se resume a ser uma boa administradora para que as coisas funcionem bem no trabalho, em casa, no corpo e na cabeça... e principalmente no coração.
Vejo por aí que em seu afã de independência, muitas mulheres se descuidam do amor. Deixam para depois, escolhem excessivamente o parceiro ou exigem demais dele; não se dedicam o bastante ao relacionamento ou simplesmente optam pela vida sem grandes sentimentos ou sobressaltos, preferindo a superficialidade dos namorinhos ocasionais para garantir sua liberdade (a tão duras penas conquistada, afinal!).
Mas fico pensando... quem foi que disse que o coração aprisiona? Por que ver no homem a figura de um carcereiro? O amor liberta! Não tenho vergonha de dizer que o amor tem lugar de honra na minha lista de prioridades, ainda que algumas amigas riam de mim e me considerem "mulherzinha das antigas", coisa menor...
Não tenho pudores em assumir que um relacionamento feliz é tão importante e necessário, para mim, quanto a consciência tranquila, a saúde e a independência financeira. E percebo que, no esgar do seu deboche, algumas mulheres concordam comigo, mas padecem da obrigação de bancar as autossuficientes.
Meu recado vai para elas: dêem-se uma chance. Uma pequena oportunidade, que seja, para que o amor seja um prato a mais, entre tantos, que vocês equilibram com cuidado em suas varinhas. Porque não há nada melhor no mundo do que desfrutar de um amor verdadeiro, daqueles que nos abrem para a vida e nos libertam de preconceitos herdados, que carregamos, a duríssimas penas, sem nem saber o porquê.
Vejo por aí que em seu afã de independência, muitas mulheres se descuidam do amor. Deixam para depois, escolhem excessivamente o parceiro ou exigem demais dele; não se dedicam o bastante ao relacionamento ou simplesmente optam pela vida sem grandes sentimentos ou sobressaltos, preferindo a superficialidade dos namorinhos ocasionais para garantir sua liberdade (a tão duras penas conquistada, afinal!).
Mas fico pensando... quem foi que disse que o coração aprisiona? Por que ver no homem a figura de um carcereiro? O amor liberta! Não tenho vergonha de dizer que o amor tem lugar de honra na minha lista de prioridades, ainda que algumas amigas riam de mim e me considerem "mulherzinha das antigas", coisa menor...
Não tenho pudores em assumir que um relacionamento feliz é tão importante e necessário, para mim, quanto a consciência tranquila, a saúde e a independência financeira. E percebo que, no esgar do seu deboche, algumas mulheres concordam comigo, mas padecem da obrigação de bancar as autossuficientes.
Meu recado vai para elas: dêem-se uma chance. Uma pequena oportunidade, que seja, para que o amor seja um prato a mais, entre tantos, que vocês equilibram com cuidado em suas varinhas. Porque não há nada melhor no mundo do que desfrutar de um amor verdadeiro, daqueles que nos abrem para a vida e nos libertam de preconceitos herdados, que carregamos, a duríssimas penas, sem nem saber o porquê.
sexta-feira, 31 de julho de 2015
Dois museus imperdíveis em NY
O Metropolitan... é o Metropolitan, e ponto final. O que dizer daquele que talvez seja o museu mais popular no imaginário dos turistas, que já não tenha sido dito? O Met está sempre lotado. Imenso, me faz pensar no Louvre, em Paris, pois ambos têm em comum o fato de que o visitante necessita voltar muitas vezes se deseja ver tudo. A gente se perde lá dentro, seja nos corredores ou na oferta de obras de arte, coisas de todos os tipos e de todos os cantos do mundo.
Foi ali que eu vi, por exemplo, o São João Batista mais impressionante da minha vida, esculpido por Rodin, o mestre francês da escultura.
E vi também, pela primeira vez na vida, um quadro "dele"... (e fiquei petrificada)
Não muito longe, do outro lado do Central Park, temos outro museu imperdível: O Museu de História Natural, que é sensacional...
Conta a história do planeta e do homem, percorre o tempo desde um passado muito longínquo para chegar aos dias atuais, fala dos dinossauros aos índios brasileiros (passando por populações que a gente nunca imaginou). O mundo animal, vegetal e mineral estão lá, em pessoa, num espetáculo que gente de todas as idades fica embasbacada. É um passeio imperdível que merece ser repetido mais de uma vez, se possível.
E vi também, pela primeira vez na vida, um quadro "dele"... (e fiquei petrificada)
Não muito longe, do outro lado do Central Park, temos outro museu imperdível: O Museu de História Natural, que é sensacional...
Conta a história do planeta e do homem, percorre o tempo desde um passado muito longínquo para chegar aos dias atuais, fala dos dinossauros aos índios brasileiros (passando por populações que a gente nunca imaginou). O mundo animal, vegetal e mineral estão lá, em pessoa, num espetáculo que gente de todas as idades fica embasbacada. É um passeio imperdível que merece ser repetido mais de uma vez, se possível.
quarta-feira, 29 de julho de 2015
Guggenheim, meu queridinho
Em NY, o meu museu do coração é o Guggenheim. E as imagens falam mais que mil palavras (ainda que sejam imagens feitas da minha câmera nada profissional).
Independente da exposição que esteja em cartaz, o museu fala por si. Não entendo bulhufas de arquitetura, embora seja apreciadora inveterada do assunto. Imagino, cá com meus botões, que o (mago) arquiteto catalão Antoni Gaudí, meu amigo de alma, também iria curtir este prédio cheio de curvas e reentrâncias, um museu que chega a ser "interativo" com o público porque, à medida que a gente caminha por sua rampa curva, pode ver as obras espalhadas... e as outras pessoas misturando-se ao quadro que se forma. Eu diria que é uma sensação quase mágica, através da qual nos misturamos à arte de maneira muito natural.
Tudo isso além de um café delicioso (que oferece sanduíches deliciosos, e onde vi as duas Coca-colas mais charmosas da minha vida) e duas lojas bacanérrimas, pra gente se divertir vendo objetos de arte curiosos ou engraçados, pra comprar coisas legais a preços módicos ou sonhar com os colares, brincos e anéis maravilhosos e caríssimos, feitos por artistas muito descolados e famosos da cidade.
O Guggenheim é uma "experiência".
Independente da exposição que esteja em cartaz, o museu fala por si. Não entendo bulhufas de arquitetura, embora seja apreciadora inveterada do assunto. Imagino, cá com meus botões, que o (mago) arquiteto catalão Antoni Gaudí, meu amigo de alma, também iria curtir este prédio cheio de curvas e reentrâncias, um museu que chega a ser "interativo" com o público porque, à medida que a gente caminha por sua rampa curva, pode ver as obras espalhadas... e as outras pessoas misturando-se ao quadro que se forma. Eu diria que é uma sensação quase mágica, através da qual nos misturamos à arte de maneira muito natural.
Tudo isso além de um café delicioso (que oferece sanduíches deliciosos, e onde vi as duas Coca-colas mais charmosas da minha vida) e duas lojas bacanérrimas, pra gente se divertir vendo objetos de arte curiosos ou engraçados, pra comprar coisas legais a preços módicos ou sonhar com os colares, brincos e anéis maravilhosos e caríssimos, feitos por artistas muito descolados e famosos da cidade.
O Guggenheim é uma "experiência".
segunda-feira, 27 de julho de 2015
Meu encontro com Klimt
Nova Iorque tem museus de todos os tipos e para todos os gostos, mas foi virando uma esquina que meu co-piloto viu, em um prédio acima de qualquer suspeita, o nome fatal:
Klimt
Pára tudo! Klimt? Gustav Klimt? Onde, homem de Deus? Quede o museu? Quede a exposição do meu pintor austríaco preferido?
Era um prédio comum, igual a todos os outros da área, e uma entrada tímida. Estávamos no Neue Galerie Museum for German and Austrian Art. Anote aí no seu caderninho, porque vale a pena conhecer, meu bem... fica pertinho do Guggenheim.
Estávamos de bermuda e camiseta, sabe como é... dois turistas turistando em NY. O povo que entrava era do mais alto naipe, todo mundo de terno, um chiquê danado. Mas não consegui deixar para amanhã.
Entrei. E levei um choque quando vi o retrato dourado de Adele Bloch-Bauer, que sempre imaginei pequenininho, mas que é enorme... e realmente uma obra-prima. Sentada diante do quadro, perdi a noção do tempo...
Embora contasse com apenas seis quadros de Klimt, a exposição mostrava objetos pessoais, como um caderninho de anotações aberto, e muitas fotografias do artista rebelde da art-nouveau, que retratava mulheres esplendorosas e paisagens com ares de impressionismo; um revolucionário que protestava contra a tradição nas artes e que deu ares modernos a Judith, personagem bíblico, sendo justamente ela uma de suas obras-primas.
Ver de perto o caderninho de anotações de Klimt, alguns de seus rabiscos sem nexo... vou te contar: foram os 44 dólares mais bem gastos da viagem.
Klimt
Pára tudo! Klimt? Gustav Klimt? Onde, homem de Deus? Quede o museu? Quede a exposição do meu pintor austríaco preferido?
Era um prédio comum, igual a todos os outros da área, e uma entrada tímida. Estávamos no Neue Galerie Museum for German and Austrian Art. Anote aí no seu caderninho, porque vale a pena conhecer, meu bem... fica pertinho do Guggenheim.
Estávamos de bermuda e camiseta, sabe como é... dois turistas turistando em NY. O povo que entrava era do mais alto naipe, todo mundo de terno, um chiquê danado. Mas não consegui deixar para amanhã.
Embora contasse com apenas seis quadros de Klimt, a exposição mostrava objetos pessoais, como um caderninho de anotações aberto, e muitas fotografias do artista rebelde da art-nouveau, que retratava mulheres esplendorosas e paisagens com ares de impressionismo; um revolucionário que protestava contra a tradição nas artes e que deu ares modernos a Judith, personagem bíblico, sendo justamente ela uma de suas obras-primas.
Ver de perto o caderninho de anotações de Klimt, alguns de seus rabiscos sem nexo... vou te contar: foram os 44 dólares mais bem gastos da viagem.
terça-feira, 14 de julho de 2015
Uma tarde no Whitney Museum of American Art
Confesso que não sou o tipo de pessoa que passa um dia inteiro dentro de um museu... as ruas da cidade me interessam mais. Mas também não sou imune ao encantamento que eles provocam na gente, às histórias que eles contam. Assim sendo, os museus sempre fazem parte do meu roteiro. Desta vez conheci o Whitney Museum of American Art, criado pela riquíssima Gertrude Vanderbilt Whitney nos anos 30 e que recentemente ganhou esta nova sede, por si só uma obra de arte.
O Whitney foi criado para expor arte contemporânea, e foi ali que pude ver um quadro do meu querido Pollock e, pela primeira vez ao vivo de Wahol. A ideia, pelo que entendi, é contar a história americana. Na exposição "America is hard to see" (É difícil ver a América) estão as questões raciais, o feminismo e a imigração, a tecnologia, o capitalismo e a massificação, a glamourização do cinema, a ditadura da estética, a guerra... e, do lado de fora dos mirantes de vidro, a Nova Iorque em constante mutação: esta talvez a maior obra em exposição no museu.
O Whitney foi criado para expor arte contemporânea, e foi ali que pude ver um quadro do meu querido Pollock e, pela primeira vez ao vivo de Wahol. A ideia, pelo que entendi, é contar a história americana. Na exposição "America is hard to see" (É difícil ver a América) estão as questões raciais, o feminismo e a imigração, a tecnologia, o capitalismo e a massificação, a glamourização do cinema, a ditadura da estética, a guerra... e, do lado de fora dos mirantes de vidro, a Nova Iorque em constante mutação: esta talvez a maior obra em exposição no museu.
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