segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Pai bandido

Na sucessão dos escândalos financeiros no país, detenho os olhos nas fotos de um certo ex-diretor de estatal, justamente um ex-diretor acusado de falcatruas tantas que, como o mundo inteiro já sabe, a dita estatal, vítima de outros senhores como este que estou citando, e que já foi das maiores empresas do mundo, hoje não tem dinheiro para tocar seus investimentos. Na fotografia, este ex-diretor veste roupas de grife e vai cercado de policiais, portando no rosto um sorrisinho meio de lado. De que será que ele ri? De sarcasmo ou de vergonha?

Fiquei aqui pensando neste homem, e nos outros que, como ele, já foram respeitáveis homens de negócios, respeitáveis homens de família, cheios de pompa, cheios de luxo, cheios de vontades, de cerimônias, de salamaleques e de poder... e que agora estão nus frente ao mundo inteiro, vestindo apenas o mau-caratismo que têm, e que tornou-se indisfarçável, porque por mais que o mau-caráter se julgue mais inteligente que os demais, sempre chega o dia em que a casa cai.

Penso nos filhos destes homens, que já fizeram o papel de "respeitáveis" um dia, e que agora tornaram-se piada na boca do Brasil inteiro, porque brasileiro faz piada de tudo... e como o Carnaval está aí, tornaram-se também máscaras de folia, refrão de marchinhas. Então é esta a herança que hão de deixar aos descendentes?  Quando avidamente armavam suas negociatas não pensavam nisso? Ou as falcatruas eram justamente em nome do "amor paternal" e a proteção à família era desculpa para suas atitudes, envolvendo inclusive os filhos e as mulheres em suas armações?

Longe de mim bancar a juíza. Mas penso em como deve ser ver o pai estampado no jornal e apontado como tendo enriquecido ilicitamente, como tendo lesado os cofres públicos, seu nome ridicularizado... não há dinheiro no mundo que valha esta dor. Pagar um psicanalista em Paris, para aprender a viver com a verdade que o pai era ladrão e prejudicou muita gente? Eis uma herança triste de se receber e aceitar...
Valioso mesmo é o respeito genuíno por um pai honesto, que mesmo pobre de tudo, seja rico de bons exemplos para dar. No final das contas, esta certeza é que faz a vida da gente seguir nos trilhos.

2 comentários:

  1. Fernanda,

    Muito bom seu post ..... mas na minha opiniao esse tipo de ser humano nao tem a consciencia que voce, eu e muita gente tem ......... lezar, levar vantagens, roubar ....para eles e natural .......o sorrisinho no canto da boca e sarcarmos ... nao tenha duvida ..... e quanto o dinheiro esta muito bem guardado na Suissa e em outras partes do mundo .....deveria ser devolvido .....nao adianta prender ..... devolve o dinheiro e caso encerrado......e ponto final.

    Felicidades,

    Gilda Bose

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  2. Realmente, só os filhos sofrem, neste caso, se não estou equivocado , "comme d'habitude". O sorrisinho meio de lado, leva-me a crer que se trata de mais um psicopata, como tantos soltos por aí, alimentados/desejados por este desumano "CAPETAlismo" rsrs predador, extremamente competitivo e excludente.

    Não é preciso ser um "serial killer" para ganhar o título de psicopata. E, sem se dar conta disso (em alguns casos, acredito que sabem muito bem o que estão fazendo, perversamente), algumas carreiras e ambientes profissionais, "around the world", estão favorecendo/incentivando/priorizando a ascensão profissional de pessoas com traços deste tipo de desvio de personalidade.

    É o que o psicólogo Kevin Dutton, da Universidade de Cambridge, e mais um time de especialistas defendem há alguns anos. Mas em seu mais recente livro “The wisdom of psicopaths”, Dutton vai além e lista as profissões onde pessoas com tendências psicopatas são mais prevalentes – e o que os (ditos) normais podem aprender com elas.

    Segundo ele, os executivos lideram a lista de pessoas com mais chances de ter traços psicopatas. A afirmação não é gratuita. Junto com um grupo de cientistas, o psicólogo Paul Babiak descobriu que 3,9% dos profissionais que ocupam um cargo em nível executivo apresentam traços psicopatas. Na sociedade como um todo, pessoas com estas tendências representam 1%.

    Mas eles não são os únicos. Na lista elaborada por Dutton aparecem profissionais como advogados, vendedores, cirurgiões, jornalistas e até membros do clero. O que essas carreiras têm em comum? Quase todas exigem um comportamento mais objetivo, frio e, em alguns casos, persuasivo na sua rotina profissional.

    Ao mesmo tempo, pessoas com traços psicopatas tendem a ser insensíveis, narcisistas, antissociais, impulsivas, detentoras de um charme superficial, senso de grandiosidade e zero sentimento de empatia ou remorso.

    A combinação destes fatores favorece empresas e carreiras com o neoliberalismo na veia “que mantém um ritmo de trabalho rápido, têm equipes enxutas e vivem sob constante mudança muito atrativas para pessoas com esses traços”, como afirmou Babiak, que também é autor do livro “Snakes in Suits: When Psychopaths Go To Work” (Editora Harper),
    Santé e axé!

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