sexta-feira, 26 de abril de 2013

Auto-biografia em Cinco Pequenos Capítulos


                                                                    I

Eu caminho pela rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Eu caio dentro dele.
Eu estou perdido... estou desamparado.
Não é culpa minha.
Leva um tempão para encontrar a saída.

II

Caminho pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Finjo que não o vejo.
Caio dentro de novo.
Não posso crer que esteja no mesmo lugar.
Mas não é culpa minha.
Ainda leva muito tempo para sair.

III

Eu caminho pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Eu vejo que ele está lá.
Eu ainda caio... é um hábito.
Meus olhos estão abertos.
Eu sei onde estou.
É culpa minha.
Saio imediatamente.

IV

Eu caminho pela mesma rua.
Há um buraco fundo na calçada.
Eu passo ao redor.

V

Eu caminho por outra rua.

(Portia Nelson)

 

11 comentários:

  1. Uma vez eu caí num buraco, mas era piqueno

    ResponderExcluir
  2. Fernanda,

    Ja conhecia essa historia, e gosto muito, e sao raras as pessoas que nao comentem os mesmos erros ate que um dia ela resolve mudar de rua ...... ou de direcao .....

    Felicidades,

    Gilda Bose

    ResponderExcluir
  3. Gratíssima e bem-vinda surpresa. Não a conhecia... e como dá conta do recado, hein? Realmente a maioria absoluta ,só depois de dar com os burros n'água pela pentelhésima vez é que acorda da letargia da acomodação .

    Mudar de hábito é quase um sacrilégio, para muita gente, ainda que se encontre em situação desvantajosa ou de infelicidade.Mesmo em teias ou redes sufocantes o povo não as larga. Parece temer cair no vazio.Paradoxal, posto que na vida dos humanos tudo é absolutamente impermanência , insegurança, além do que somos provisórios...temos nossos prazos de validade.

    Obtive esclarecimento-em fontes fidedignas rsrs- de que, em anos de evolução, nossa mente foi treinada para evitar qualquer esforço que pareça desnecessário.O cérebro é bem conservador para mudanças. Ele não quer gastar esforços para aprender a mesma coisa de uma forma diferente, pois prefere usar esse esforço para aprender coisas novas. O normal é nos fixarmos aos hábitos que já estão aprendidos e incorporados, pois temos uma baita dificuldade de nos desprender deles.

    Só quando se percebe uma real vantagem, e se consegue um comando da emoção, mantendo a concentração e vigilância, é que se toma as rédeas para assumir a direção da fundamental mudança, para "outros outonos plenos de paz e de luz".
    Santé e axé!
    Marcos Lúcio

    ResponderExcluir
  4. Diversos, em tamanho e profundidade, são os buracos e pedras em nossa caminhada, a maioria, gestada em nós mesmos. Desatentos ou com atenção condicionada, podemos amar os mesmos carrascos, em rostos e corpos diferentes, em tempo que , não raro, tem a duração da própria existência. Repetir, compulsiva e compulsoriamente os mesmos fracasos, paradoxalmente, é confortador. A dor que se repete á exaustão, é confortada com os mecanismos psico-espirituais já conhecidos. Inaugurar uma nova dor, original, única, nos exigiria olhar e passos, também inaugurais. Poucos trapezistas arriscam-se. Mais dolorasamente fácil, amar Cecília, Clara, Claudia, quem sabe, Thaís, que, em verdade, são, Tereza, repetindo-se, no mal que, quase suplicamos, que façam-no.
    Asim, podemos fazê-lo em todas dimensões do que vivemos. Novas dores parece-me o melhor caminho para , quem sabe, ali na frente, desvelarmos e vivermos a felicidade não alucinada.Avida é tão rara, tão cara, o tempo não para, advertiu-nos o POETA.
    ANTONIO CARLOS

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Nós estamos aqui pra aprender com os fracassos e melhorar como pessoas. E, claro, alcançar a felicidade...

      Excluir
  5. Marcos Lúcio,está de-ci-di-do,eu vou ao Rio de Janeiro na final da copa do mundo que será no Maraca.E quero levar dois dedos de prosa com vc.Imagina se vou perder essa oportunidade,de bater um papo legal regado a cultura!rs
    Em tempo Fernanda,estou sentindo falta do Alfredo e do Ariel Galvão... Bjs.

    Monica.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu quero ir também!!! Vcs deixam? Monica, eu também sinto falta do Ariel e do Alfredo... e do Mauro Pires Amorim, que sumiu faz tempo.

      Excluir
    2. Mônica, querida...´muito obrigado pela consideração mas não se esqueça: de longe a paisagem é sempre mais interessante pois nossa imaginação ajuda, né?Não tô com essa bola toda não(aliás, sobre futebol, possuo ignorância maracanânica...minhas referências ainda são Pelé, Garrincha e Rivelino kkkk). Marrelógico que depois ou antes do jogo podemos e devemos nos encontrar sim!!!Desde já apetece-me(aprendi com uma amiga portuguesa) a déia . E a querida blogueira será benvindíssima também, afinal, como mineiros de boa cepa (ela e eu), adoramos mais que dedinhos de prosa.Somos das mãozinhas e pezinhos de prosa kkkk.Lembro que, de perto, como disse sabiamente o Caê...ninguém é normal e você verá que não passo de um cidadão banal que nem pardal...porém com boa auto-estima , desapegado (estamos em trânsito, nada é nosso), autogozativo e consciente de que não sou pouca bosta mesmo: sou penico tranbordante e, agora, com a pequena evolução, rodeado de moscas varejeiras kkkk.Mas, repito: adoooorei a possibilidade e seu comentário gentil, generoso e divertido.Quando vier, então, e com antecedência, marque com a Fernanda, pois ela tem facilidade em localizar-me, "certim"???
      Abraçaço "procê" + saúde e sorte e excelente finde!
      M.L.

      Excluir
    3. Marrelógico que deixamos vc ir também.
      É verdade fernanda,o Mauro Pires Amorim,também está entre os outros dois sumidos.

      Monica.

      Excluir
  6. "Certim"Marcos Lúcio,tá combinado então.

    Bj.procê.

    Monica.

    ResponderExcluir

Dicas para facilitar:
- Escreva seu nome e seu comentário;
- Selecione seu perfil:----> "anônimo";
- Clique em "Postar comentário";
Obrigada!!!!!