terça-feira, 30 de abril de 2013

Que me transformo

Acende a luz, amor, que já não tarda,

Ver-me selvagem, e tanto, que já ouso
Tirar a roupa e me livrar até dos pelos
Pra, como índia, me fartar do teu desvelo
Sem que haja entre nós dois nem uma linha,
Um fio só, que nos separe alma e corpo.


Abre a janela, amor, eu quero a luz
Pra que me vejas, toda, enquanto pouso,
Em cada fio, um a um, dos teus cabelos...


E abre os braços, pra que eu, como avezinha,
Possa voar sobre o teu corpo posto em cruz.


Depois de tudo, amor, abre teu peito:
Que eu, que já fui ave e já fui índia,
Só quero ser o teu amor-perfeito.

(Fernanda Dannemann)

10 comentários:

  1. Fernanda,

    Esta poesia me tocou ....linda ! Parabens!
    Felicidades,

    Gilda Bose

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  2. Isso é que é transformar!

    Monica.

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  3. Poema de rara beleza. O SER- AMADO te amará, no mínimo, por muitas e muitas vidas.

    O AMOR, de fato, é o que vale a pena. Trocado com quem o mereça, claro.

    ANTONIO CARLOS

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    1. Vindas de você, que é poeta, estas palavras me alegraram a alma!

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  4. Mais um belo, inspirado e sensual cometimento (como le gusta...), queriDannemann. Parabéns!

    Como não sei porque cargas d'água fiz um "linque" sincrônico com Tatuagem, do Chico, suponho oportuno repetir e compartilhar - para quem ainda não conhece ou esqueceu- esta diamantina poesia buarqueana.Bethânia interpretando isto, é inadjetivável...pra "bolar no santo" rsrs.

    Tatuagem
    Chico Buarque

    Quero ficar no teu corpo
    Feito tatuagem
    Que é pra te dar coragem
    Prá seguir viagem
    Quando a noite vem...

    E também pra me perpetuar
    Em tua escrava
    Que você pega, esfrega
    Nega, mas não lava...

    Quero brincar no teu corpo
    Feito bailarina
    Que logo se alucina
    Salta e te ilumina
    Quando a noite vem...

    E nos músculos exaustos
    Do teu braço
    Repousar frouxa, murcha
    Farta, morta de cansaço...

    Quero pesar feito cruz
    Nas tuas costas
    Que te retalha em postas
    Mas no fundo gostas
    Quando a noite vem...

    Quero ser a cicatriz
    Risonha e corrosiva
    Marcada a frio
    Ferro e fogo
    Em carne viva...

    Corações de mãe, arpões
    Sereias e serpentes
    Que te rabiscam
    O corpo todo
    Mas não sentes...

    Santé e axé!!
    Marcos Lùcio

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    1. Se o poema te fez lembrar de "Tatuagem"... nem sei o que dizer, de tão feliz que fiquei!

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