Pois vou lhe dizer uma tática que nem os chineses, que, segundo reza a lenda, são experts neste quesito, poderiam pensar: é o perfeccionismo.
Se já é uma tortura sem fim quando apontamos para
alguém as flechas do nosso perfeccionismo, eu diria que é mesmo tétrico quando
elas saem do nosso arco para, como se fossem um bumerangue, traçar uma rota rumo
a nós mesmos......
E tem gente que se gaba, dizendo “sou muito exigente
com tudo o que faço, quero dar sempre o meu melhor”. Como se isso fosse
garantia de competência ou de comprometimento. Tá bom, cara-pálida... mas
comprometimento com quê? Com a auto-sacanagem?
E dá-lhe porrete nas mãos e cilícios nas pernas,
porque o tal “melhor” que se busca incessantemente nunca chega, e o que vem é
o castigo, em seu lugar.
Já cometi este crime contra mim mesma, e
infelizmente durante muitos anos, mas graças ao bom Pai celeste um dia tive um
estalo e enxerguei o horror ao qual me submetia: o horror da cobrança, da insatisfação, da desvalorização, do nível
cada vez mais alto ser atingido, da obrigação de estar sempre superando... e
superando quem? A mim mesma ora pois, e a quem mais?
O pior de tudo é isso: se ainda fosse superar o vizinho, o colega, o sei lá quem... mas não... os perfeccionistas são tão cruéis quanto exigentes, e por isso escolhem a dedo o oponente ideal e cometem a covardia insana de competir consigo. É assim que o ser humano faz de
si o seu maior rival. E é assim, vestindo a toga para julgar-se o tempo
inteiro, que ele também transforma-se em seu grande inimigo. É a disputa dele
com ele... quer tirania maior?
Mudar não é fácil: é uma trabalho de todo dia, um exercício permanente, um "só por hoje" que talvez nunca acabe. O desejo de perfeição é tão agarrado aos ossos de um perfeccionista que livrar-se deste comportamento automàtico talvez seja tão duro quanto dominar a dependência química. Não estou exagerando, e quem carrega este peso há de concordar. Mas tudo começa com a consciência de que viver assim é um martírio.
Mudar não é fácil: é uma trabalho de todo dia, um exercício permanente, um "só por hoje" que talvez nunca acabe. O desejo de perfeição é tão agarrado aos ossos de um perfeccionista que livrar-se deste comportamento automàtico talvez seja tão duro quanto dominar a dependência química. Não estou exagerando, e quem carrega este peso há de concordar. Mas tudo começa com a consciência de que viver assim é um martírio.
Quando a gente está consciente de
que dá, mesmo, o melhor no que faz, e que o resultado reflete o máximo do nosso
comprometimento, mesmo que não seja o ideal, o esperado ou o desejado... quando
a gente aceita os limites da situação, da vontade, da capacidade e até mesmo a
influência do acaso, que sempre pode puxar a sardinha para uma brasa ou
outra... então... é porque estamos livres das correntes que um dia pusemos em
nossos tornozelos... e estamos livres do algoz que já fomos, e que felizmente
foi vencido. E agora podemos, afinal, viver em paz.
Minha amiga Rosangela conta que quando viveu nos
Estados Unidos, onde fez sua residência em Medicina, sofreu tremendamente por
causa do seu inglês cheio de erros. Estava sempre com medo de ter que falar com
alguém, e suas horas no hospital eram dolorosas por conta do esforço em não ser
notada... para que não precisasse falar.
Até que um dia viu, na televisão, o famoso Osho, o
filósofo e líder espiritual indiano, adorado por multidões mundo afora,
dizendo-se muito feliz. E, todo sorridente, Osho dizia:
-- Me are happy now!
Depois do choque, os sinos da libertação tocaram no
coração e nos ouvidos da Rosangela, que dali pra frente soltou a língua na
maior despreocupação e guiada por um raciocínio simples:
-- Se o Osho pode falar errado, por que é que eu não
posso?!
E eu, que já aposentei o cilício, deixei de lado
meu porrete e consigo ser feliz mesmo não tirando nota dez em tudo, só poderia dar UMA resposta ao ouvir esta história:
-- Me are happy now…
too!
Ta errado. O correto eh "Me are happy now...two" ou seja, voce + ela! :-))
ResponderExcluirSer otimo em algumas coisas ou bom em muitas pode ser uma questao de estilo e personalidade, o problema existe quando nos sentimos limitados enquanto nao alcancamos o nivel desejado.
ResponderExcluirFernanda,
ResponderExcluirLendo o seu post me lembrei de uma frase do livro Disciplina do Amor de Lygia Fagundes Telles: " ......Quem me detesta tanto assim para me atacar ate em sonho? Quis saber e neste instante vi minha imagem refletida no espelho".
E outra coisa que carrego sempre comigo: Ninguem nasce sabendo nada, tudo se aprende nesta vida, portanto nao devemos ter vergonha de perguntar (quando nao se sabe) ou falar errado quando esta aprendendo outro idioma, e quem critica ou debocha e mais ignorante ainda, (na minha opiniao).
Felicidades,
Gilda Bose
Gilda, me amarro na dona Lygia, pessoa que entrevistei e vi, com meus olhos, que é mesmo alguém que vale a pena ler e conhecer. (Gosto muito do livro "Antes do baile verde", já leu?). Adorei a frase. bjos
ExcluirEste pitaco será mais tentativa despretensiosa de que não tenho medo de errar e adoooooooro quando sou corrigido por alguém embasado e que faz a gentileza de citar as fontes bibliográficas.
ResponderExcluirCogito que esta questão, tão brilhantemente apresentada pela queriDannemann, do medo de errar tem um pezinho, ou uma mãozinha?! no narcisismo. Ato contínuo, vou pegar um atalho, ou colocar mais pimenta.
No narcisismo saudável, que faz parte do nosso desenvolvimento desde criança, quando fomos estimulados ou admirados pelos nossos cuidadores, está a semente de uma boa autoestima. No narcisismo doentio isto não aconteceu ou não foi percebido assim, e, então, surge a semente da baixa autoestima.
Quando um indivíduo adoece na sua autoestima, ou ele está muito inflado e o outro não consegue atingir as suas expectativas irrealistas ou murcho a ponto da pessoa achar-se desvalorizada. A questão, aqui, é exclusivamente da personalidade primária, ao meu ver.
No narcisismo saudável, a pessoa conhece as suas qualidades e defeitos, as suas forças e fraquezas e portanto respeita os seus limites e o limite dos outros. No transtorno de personalidade narcisista, essa fronteira desaparece e a pessoa trata o mundo a partir de seu umbigo, do seu mundico.
Um outro tipo de narcisista, é o que se esforça para defender sua fraca auto-estima através da fantasia, numa tentativa de processar informações, emoções e pânicos, não solucionados durante a infância, com o objetivo de criar um tipo de maquiagem do que faltou .Sua imensa mancha na alma (ferida narcísica), não pode ser mostrada nem mesmo em sua forma de pensar.
As fantasias e as expectativas irrealistas surgem cedo na vida dessas pessoas.Em geral, são rígidas e têm uma forte necessidade de acertar sempre. A auto estima dessas pessoas melhora só quando conseguem o que desejam.Pessoas com traços severos de narcisismo patológico, vivem em busca de um amor ideal (inexiste) que possa cuidar de seu fraco senso de self . Distorcem a própria imagem na fantasia de que são superiores aos demais.São hipersensíveis às criticas e podem, tanto revidar o ataque às outras pessoas, até com extrema agressividade, como também, pular fora (sair de fininho, como se diz "porraí"rs), mas sempre estarão ressentidos.Não toleram o stress emocional e assim, tendem a projetá-lo sobre os demais, atribuindo-lhes maldade. NÃO racionalizam sua própria contribuição ou participação nos problemas e mantém a fantasia interna de que são ótimos e que as coisas que fazem estão absolutamente certas. A combinação das defesas utilizadas por esse tipo de individuo infeliz, distorcem a realidade dos sentidos e faz com que falhe, quase sempre, em relacionar-se com os demais.
Se resolverem aceitar sua patologia, aprenderão a serem mais realistas com seus sentimentos, vão construir uma auto-estima mais honesta e poderão crescer, isto significando, inclusive, ficar vulnerável e enfrentar estados emocionais desconfortáveis.
Na medida em que essas habilidades forem aprendidas, eles poderão amadurecer e conquistar mais satisfação e construir relações mais equilibradas com os demais.
O terceiro tipo narcísico considero o melhor: não tá nem aí para aplausos ou vaias a partir do momento que enfrenta ou se predispõe a fazer algo e com a consciência de que estará dando o seu melhor, em que pesem as naturais limitações e capacitações daquele momento. Mas só funciona com autoconhecimento e auto-estima, claro!. Neste caso, quase sempre recebe aplausos rs. Se forem vaias, o que raramente acontece, ele vai pensar que o público não está à sua altura rs.
Como errar e perder estão "próximos" e são constituintes necessários da existência,logicamente, não dá pra aprender e ganhar, sem errar.
Na lista de intenções para 2013 sugiro o que há de mais relevante, após a saúde: “Quero aprender a perder e ganhar aprendizados com os erros em 2013″.
Santé e axé!!!
Marcos Lúcio
Geeeeeeeentem... o pitaqueiro também entende de Freud!
ExcluirNa verdade, graças a ele e tantos outros grandes pensadores, o singelo pitaquista-mor kkk, acabou se entendendo na medida do possível e no possível da medida e, claro, isto facilitou deveras o entendimento dos demais e não só do entorno. A nossa "anormalidade" é demasiado humana, né?
ExcluirComo somos, tooodos, imperfeitos,ainda estou loooooooonge de estar completo, porém já me considero inteiro ...o que tem dado pro gasto kkk. Idade para tanto, existe de sobrakkkk. Foi com muita luta e leitura que consegui fazer meu penico encher. Por esta e "outrastantas' que afirmo categoricamente: não sou pouca bosta, sou penico transbordante kkkkkk.
Beijão procê!!!
Me was happy yesterday!
ResponderExcluirNo Cirque du Soleil aqui em Orlando, assistindo La Nouba com a cara metade, comemorando 31 anos de cumplicidade, companheirismo, amor. Nada como compartilhar isso!
Me two was very happy! Happy together!!
Congratulations!!! We are happy with you!!!
ExcluirO mais mórbido perfeccionista, é aquele(a) que verborreia sobre tudo e qualquer assunto com humildade arrogantemente pretensiosa. Lido com o tipo, há anos, profissionalmente, claro. Nas relações mundanas, deles, mantenho distanciamento estratégico, pois percebo-os como predadores emocionais perigosos.
ResponderExcluirAbraço e boa noite.
ANTONIO CARLOS
É o famoso "pedante": Deus nos livre!
ExcluirFernanda, nao li o livro mais sei do que se trata, quando eu ler eu te conto, bjs
ResponderExcluirGilda
Leia, é muito bom. Li há muitos anos e preciso ler de novo, é um plano que estou sempre adiando... por causa da pilha de livros que só cresce aqui em casa.
ExcluirAi understood!
ResponderExcluirSergio Natureza - BA
Oquei!
ExcluirA noção de democracia da melhor blogueira do Brasil ao publicar opiniões, conceitos, achismos , informações e pitacos a até alguns preconceitos embrulhados para , dos seus seguidores, é admirável... em que pese a salutar escolha de não permitir comentários ofensivos à sua pessoa e comentaristas.
ResponderExcluirÉ lamentável verificar que o brasileiro, em geral, e, graças a Deus não aqui, desconhece a forma de discordar de uma opinião, de forma assertiva, civilizada e respeitosa ao pensamento alheio.
Aproveita-se da inernet para, numa atitude covarde e histriônica, destilar contra os blogueiros e outros comentaristas uma série de recalques, frustrações e ressentimentos pessoais.
Para legitimar suas posições, valem-se de argumentos pretensamente religiosos, morais, psicológicos, éticos, científicos, etc., e não sabendo diferenciar a moral da Ética, tampouco sabendo utilizá-las como parâmetros para uma vida ordeira ou civilizada ou pacífica.
Estes infelizes que , repito, não aparecem aqui-ou você os filtra, ainda bem!- são, menoristas intelectuais, apenas reproduzem bovinamente, de forma completamente acrítica, o que lhes foi passado pelos sistemas de poder ou aproveitam do que "estudaram" (se forem os mal resolvidos ou perversos profissionais do ramo do psiquismo ou da psique, pior ainda), para menoscabar, debochar e outras mesquinharias assim... com a nítida proposta de colocar o foco, ou chamar a atenção sobre suas pretensiosas e imaturas "superioridades". Causam-me pena. Desta forma, estes pretensos "bãm.bãm-bãs" atuam no proscênio rasteiro das ofensas e difamações de quem supera ou difere das suas opiniões.
Como não vemos isto aqui, e, também por isto, e pelas atitudes altruístas-inclusive destacando texto de um honorável ou sábio pitaqueiro-, é que há tempos gostaria de parabenizá-la e agradecê-la por este belo e relevante trabalho que a tantos proporciona prazer e aprendizados com reflexão.
Afetuosamente
Seu fã e admirador.
Danilo
Danilo, meu fofo... adorro minha alcunha de "melhor blogueira do Brasil"... e quando leio estas palavras já sei, de imediato, que é você quem fala do outro lado da linha. (Já consigo identificar "meu povo" nas primeiras palavras. Olha, a internet pode fazer maravilhas, mas também pode ser terrível. O Face, por exemplo, todo mundo que me conhece sabe que considero obra do coisa-ruim, e justamente por propagar a futilidade, a mentira, a invasão, a maledicência. Mas vejo que outros blogs seguem este mesmo caminho, inclusive para não perder leitores (que ali vão somente para dar vazão à sua agressividade). Aqui no Alma isso não rola. Minha casa só tem as portas abertas para quem vem de bom coração. Se algum coisa horrorosa aparece com palavras ofensivas, eu ignoro. E isso acaba fazendo uma seleção natural, sabe como? Fico feliz demais com as suas palavras, porque este blog, para mim, já virou uma alegria tão grande que faço mesmo tudo para que ele seja o mesmo para aqueles que aqui aparecem.
ExcluirUm beijão!
Desculpe a pressa... faltou o complemento em: alguns preconceitos embrulhados para presente.
ExcluirA melhor blogueira além de tudo, principalmente o talento , é cuidadosa, gentil e carinhosa, melhor digitando: acolhedora. Sinto-me tão bem e tão soltinho no CAFOFODAFEFAFOFA...que não dá vontade de sair daqui...a não ser que você se canse de mim e me expulse risos.
Com afeto,
Danilo
Jamais! O CAFOFODAFEFAFOFA nunca seria o mesmo sem a turma do Clube Parisiense da Alegria, da Felicidade e da Sorte, do qual o sr. também é vice-presidente!
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