Em Nova Iorque vi que realmente dominava o inglês
quando um motorista de caminhão quase me atropelou numa esquina, deu risadas lá
de cima de sua cabine e ainda abriu a porta pra me sacanear... e olha que
estava fazendo zero graus. Quando dei por mim, já tinha gritado:
-- Clown!
Por falar em palhaço, foi mais ou menos como nos
sentimos quando fomos procurar CDs no East Village, área alternativa da cidade
e que, depois da extinção da Virgin, atende às necessidades da turma que gosta
de CDs: é ali que se concentram lojas de vinil, CDs e DVDs novos e usados. Entramos
numa loja e eu perguntei, toda simpática, à mocinha coberta por tatuagens no
caixa:
-- Tem aí uma coletânea dos Carpenters?
Ela nos olhou com cara de nojo e respondeu:
-- Não temos “isso” aqui.
E eu:
-- E America?
Foi aí que o meu co-piloto sacou onde estávamos e
provocou:
-- Pergunta pra ela se eles têm Julio Iglesias!
Aí eu também me dei conta: uma loja ultra-alternativa
de roqueiros, onde pode-se encontrar do mais pesado metal ao mais interessante
dvd, daqueles que dificilmente se encontra nas grandes lojas. Eu comprei duas
raridades:
Mais adiante, entrei numa loja de piercings e olha
só o que eu encontrei:
E o vendedor logo se defendeu:
-- Isto é você quem está dizendo. Este cachimbo pode
ser usado para fumar qualquer coisa, inclusive tabaco.
Foi neste ponto da conversa que lembrei o quanto as diferenças
culturais entram em cena quando estamos em um estabelecimento comercial no
estrangeiro. Tenho um amigo que entrou numa birosca, na Bolívia, junto com o
filho de dez anos e pediu:
-- Tienes coca?
O vendedor quase caiu pra trás:
-- Claro que no!
Ele entendeu a gafe e emendou rapidinho:
-- Coca-cola!
E o vendedor:
-- Claro que sí!
Outro amigo, em Cuzco, aos pés da cidade mágica de
Machu Picchu, entrou também numa birosca e pediu coca, aquela outra mesmo. E um homem
com cara de traficante saiu com esta:
-- Aaaahhh, quieres Brizola?
Bom, mas vamos voltar a Nova Iorque. Outro amigo
pediu uma encomenda: um maço de cigarros cuja marca não existe no Brasil.
Desistiu da encomenda quando liguei pra dizer que cada maço custa nada mais,
nada menos, que 14 dólares! E este é dos baratinhos, porque alguns chegam a
mais de 20. Entendi por que é que muita gente bem-vestida se abaixa para catar
no chão a guimba que alguém deixa para trás. Sério, gente: sai até briga de
tapa nas avenidas nova-iorquinas por causa de guimba de cigarro. Olha os mais baratinhos:
Outra coisa que aprendi em minhas andanças pela
Argentina foi:
-- No haga chistes! (Não faça piadas!).
E o motivo é simples: cada cultura tem seu tipo de
humor, e o que é piada pra uns pode ser ofensa ou constrangimento para outros.
Longe do circuito comercialzão, entrei numa loja de roupas indianas onde um
senhor muito simpático, sósia do Omar Sharif, me atendeu e sugeriu o número
maior de uma bata pela qual me interessei. Em tom de brincadeira, perguntei:
-- Estou gorda?
O homem quase teve um treco e só faltou me dar a
bata (menor) de presente, na tentativa de me convencer que não foi esta sua
intenção.
É a diferença cultural também que faz com que, na
portaria do Museu de Arte Moderna, o povo guarde o guarda-chuva numa caixa... eles
ficam ali, esperando, e ninguém rouba guarda-chuva alheio! Já pensou se fosse
no Brasil?
E na igreja? As bíblias ficam lá, esperando os fiéis. De novo: ninguém rouba!
Agora vamos falar de comida que é o meu assunto preferido. Na hora de comer, provei vários dos hamburguers e waffles da cidade, minhas duas paixões. E te digo que a velha cadeia Goodburguer (foto abaixo) continua matando a pau, superando até o delicioso do “BRGR”, cujas vacas nunca comeram nem um grama de agrotóxico.
No quesito waffle, os franceses mais uma vez provaram seu valor. No Le Pain Quotidien, o waffle é uma especialidade, e parece que a manteiga derrete na boca: ela já vem na massa. Fico sem palavras só de lembrar:
O da Penélope, cafeteria que está sempre LOTADA, é uma versão também é diferente...
E eu
finalmente me livrei das panquecas. Por falar em panquecas, a dica do Ariel, amigo e comentarista, sobre o I-hop de NY, foi ótima. Corremos pra lá pra matar as saudades das melhores panquecas americanas. Olha que fofa:
Alguém aí me diz como é que este povo passa dos 40 comendo estas coisas logo de manhã? Dá um look!
Quer saber de uma coisa? NY é um parque de diversões adulto tanto
quanto Amsterdam, e a gente se diverte só de sair andando sem rumo. Onde mais é
possível dar de cara com uma senhora como esta, às dez horas da manhã e sob um
frio de lascar?
E da mulherada, vc nao vai falar nada?
ResponderExcluirDa mulherada? Vou ver se consigo bolar alguma coisa.
ResponderExcluirAntes clown do que caw...
ResponderExcluirCigarro a $14 eh coisa do Mayor Mike, ex-fumante chato. O cara, querendo "ajudar" e "salvar vidas", alem de ter conseguido proibir o fumo em varios locais publicos como parques e praias (com o que concordo em parte: cigarro nao eh algo saudavel mas nao eh algo ilegal, muito pelo contrario. Voce compra em varios locais e paga UMA TONELADA de impostos! Logo, sou a favor da LIMITACAO de area para fumantes mas proibir, simplesmente, vai contra o direito que o fumante tem de fumar. Eh o caso de contentar gregos e troianos. O Mike soh pensou em um lado...), ele proibiu o fumo em bares e restaurantes ou seja, se intrometeu na iniciativa privada e se intrometeu tal qual nos parques/praias: entre resolver o problema contentando gregos e troianos, novamente optou por um lado, esquecendo o outro. Eu defendi, em audiencia publica, a liberdade dos proprietarios em optar entre permitir ou nao o fumo, colocando um aviso na entrada. Assim, entra quem quer, sabendo que a casa tem uma regra e pronto. Defendi tambem a contratacao de empregados fumantes para locais onde o fumo fosse permitido, para evitar possiveis acoes. Fui derrotado mas um monte de pessoas que estavam la bateram palmas.
Politicos demagogos buscam por atitudes "politicamente corretas" para garimpar votos. O Mike faz parte dessa classe.
Passei a ser contra ele quando ele conseguiu que os "vereadores" aprovassem um terceiro mandato, que ele - claro - levou. A questao eh que, antes, o prefeito tinha o direito de concorrer a reeleicao apenas uma vez e isso foi decidido num plebiscito ou seja, quem decidiu isso nao foram os vereadores mas sim o povo; os eleitores. Dai, quando ele conseguiu a aprovacao do terceiro mandato sem que isso fosse decidido pelos eleitores, passei a ser contra a permanencia do "King Mike III". Milhonario safado!
Bom... Um pouco de informacao sobre NY, cidade onde pessoas nao roubam Biblias e guarda chuvas, onde pessoas perdem empregos e, junto, casa, carro, tudo e passam a viver nas ruas, por caridade. Voce pode ver isso pelas roupas (e oculos) do novo homeless. Uma pena!
Sim, Ariel, os homeless estão por toda parte. Vi vários deles, inclusive uma dupla de mãe e filha, no metrô, que me deixou realmente desconcertada: os pedintes de NY são aqueles que, como nós, tiveram acesso a uma vida normal... mas são gente que perdeu tudo e foi parar nas ruas. Ao vê-los, nos damos conta de que esta situação pode acontecer com qualquer pessoa. E pode mesmo. É diferente da maneira como enxergamos os miseráveis no Brasil, que já nasceram nesta condição tão triste e absurda, que é a carência de tudo -- uma realidade distante da nossa e que, talvez por isso mesmo, não provoque a empatia das classes mais favorecidas.
ExcluirPôxa! O preço do cigarro é pra lascar o bolso...
ResponderExcluirMonica.
Only yesterday...
ResponderExcluirSERGIO NATUREZA - BA
No Brasil, também encontramos, em menor escala, claro, homelass.
ResponderExcluirAlguns casos ganham a mídia, como o de uma Professora de Línguas e ex_ Secretária Executiva, que vivia nas ruas de Copacabana. Há diversos casos de homens que, após desilusão amorosa, geralmente, envolvendo traição, mergulham em depressão, alcoolismo, perda de auto-estima e sarjeta. Creia, fatos dessa natureza, ainda ocorrem hoje, em pleno século 21.
Abraço.
ANTONIO CARLOS
Sim, nós temos. Seu comentário me lembra um senhor que conheci uma vez, e sobre o qual já falei e voltarei a falar em breve. Abraços!
ExcluirSabado tem neve.
ResponderExcluirDeus me livre!!!!
ExcluirNao vai livrar nao... Ta chegando!!!
ExcluirAriel, meu fiel escudeiro... já estou no Rio, suando horrores no calorão carioca. Mas guardei o endereço do restaurante dos seus amigos, onde, se Deus quiser, almoçarei no próximo ano, quando lá voltar. Agradeço muitíssimo a gentileza de você ter falado com eles a respeito de nós, os amigos brasileiros, mas estávamos com tudo já programado antes, e não tive como furar nada com ninguém. Espero que vc não fique chateado comigo, nem se sinta desprestigiado... eu ficaria péssima! Aguarde que o papo sobre NY ainda não acabou. Abração!
ExcluirNa fuga da neve havia um cachorro quente...
ExcluirDois!
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