Quando dei por mim, estava na década de 80,
quando era ali mesmo que fazia minhas comprinhas: lembro de um moletom amarelo,
de uma capa de chuva rosa-choque e de um biquíni verde-periquito. Gostava
de roupas coloridas.
Aquela loja era perfeita ao meu orçamento curto e
ao meu estilo jovem. E lembro de como me dava por contente o bastante para não perder
tempo babando vitrines das boutiques da moda, como Toulon, Company, Moda Mania,
Smugller e outras que, se não sumiram do mapa, já não figuram entre as
preferidas da moçada da zona sul. Veja você que a tal lojona de departamentos
continua lá, cheinha da silva, e com umas roupetas bem legais, aliás.
Foi aí que lembrei do meu armário, que era modesto,
composto por duas ou três mochilas, cinco ou seis pares de sapatos e um rol
de peças que me permitia fazer mil combinações, estar sempre feliz com o que
usava e não padecer do enjoo que às vezes dá um armário muito gordo, cheio de
peças que a gente até esquece que tem, e que mesmo sem uso acabam estragando no
cabide.
Chega a ser esquisito, mas senti saudades.
Acabei comprando uma camisa amarela e saí da loja
cantando aquele samba tão lindo na voz da Gal Costa, e pensando que a ideia
de “melhorar de vida” pode ser enganosa às vezes. A gente melhora de vida e
fica mais exigente como consumidor, passa a gastar dinheiro em lojas cada vez
mais sofisticadas e claro, caras... quando vê, tornou-se consumista sem dar-se
conta, acumulando objetos sem serventia dentro de casa. E pra quê?
Naquele tempo em que não havia shopping center, lembro que minha mãe e minhas tias eram muito
felizes com suas três bolsas: a preta, a marrom e a azul marinho. Eram felizes com suas
poucas sandálias, usadas até a exaustão. Hoje está aí o “personal stylist”, e em
breve surgirá o profissional especializado em nos guiar dentro do nosso próprio armário, ajudando-nos a encontrar uma simples blusa branca ali dentro, em meio a tanta coisa. E as revistas de moda, os desfiles, a indústria que só cresce e agora trouxe, ao Rio de Janeiro, um shopping de luxo onde as bolsas custam milhares de reais. O cartão de
crédito tornou-se o melhor amigo da mulher, as lojas nos servem cafezinho, chocolates e até
champanhe, dispõem de cadeiras confortáveis e jornais para que os maridos esperem sem reclamar, mandam em casa as roupas, se estivermos com preguiça de prová-las.
Vendedoras em séquito fazem até uma cliente classe-média comum sentir-se a
rainha da Inglaterra, mas tem uma condição: tem que comprar!
Ok, ok... melhorar de vida é ótimo, comprar é bom, uma roupinha nova é uma delícia, sentir-se bonita e charmosa faz bem à saúde, mas sabe? Se a gente não abre os olhos para o furacão que nos
engolfa, se a gente não aprende a se defender da publicidade que promete
felicidade, se não somos capazes de identificar muito bem nossas reais necessidades para sentir paz e contentamento, acaba mesmo entrando nessa. Sei lá... deve ser uma tentativa doida
de tapar, com “coisas”, aquele vazio doloroso que existe no
coração, e no qual, se a gente parar pra pensar, corre o risco de chorar um dia
inteiro.
Vamos de Gal Costa neste começo de semana!
Fernanda,
ResponderExcluirAdorei ver a Gal Costa cantando ... que voz ....
Infelizmente viramos consumidores sem nos dar conta. Mas eu vou dizer uma coisa, adoraria ter a capacidade de ter poucas e boas roupas e diversificar com os acessorios (bons e claro) para durar anos .... e combinar entre si, do que um guarda roupa cheio (como voce bem descreve) que a gente ate se esquece do que tem ...... mas sabe o que eu faco ja ha algum tempo, tudo que nao uso, dou para alguem ou para alguma instituicao.
Felicidades,
Gilda Bose
Gilda, meu sonho de consumo é ser assim como você falou. E eu também tento passar pra frente tudo o que não uso, mas nem sempre é fácil ou eu consigo...
ExcluirRealmente iniciar a semana com este video maravilhoso apresentando a maior cantora popular viva do Brasil (vi-a, recentemente, em show excepcional), é um presentaço. Adorrei. Merci, queriDannemann.
ResponderExcluirQuanto ao assunto do post, acredito nisto: diga-me o quanto consomes e, pior, o quanto tens necessidade compulsiva de consumir...e te direi quem és: vazio ou raso ou alienado ou eterno insatisfeito.
Consumista compulsivo é um indivíduo que procura a sua realização pessoal -erroneamente- através do consumo exacerbado de bens, produtos e serviços. É uma vítima dos media . Está sempre infeliz. A maioria transfere os seus sentimentos em relação à estética ou embalagem do produto em si. Logicamente, ao comprar quase tudo o que vê... a vontade de comprar, em vez de diminuir como seria de esperar, aumenta ainda mais. Se não tem recursos para comprar, fica revoltado, depressivo e pode se tornar um perigo para a sociedade. A compulsão consumista é uma doença diagnosticada e precisa ser curada, para que o indivíduo reencontre o verdadeiro caminho da felicidade.
A rainha do lar:TV, exerce a maior e mais avassaladora/nefasta influência aumentando "necessidades" e poder de vendas. Como se não bastasse, esta maldita soberana dos lares rs possui poder doutrinador e é um modelo(?!) de identificação de hábitos, costumes e comportamentos, ainda mais com a baixa escolaridade do povo.Cruzes!!! Dela não fui, nem sou súdito rs...ignoro-a.
O consumismo é a característica da sociedade contemporânea que produz os impactos mais preocupantes no meio ambiente, tais como a poluição de recursos naturais e desaparecimento de espécies animais e vegetais, bem como, alterações climáticas.Lamentável, para não dizer trágico.
Santé e axé!
Marcos Lúcio
Ô Marcos Lúcio,não me chamas de consumista compulsiva.rs
ExcluirEu só faço colocar os meus cartões na bolsa,e saio a comprar tudo que estou precisando naquele momento...Só isso. rs Bjs.
Monica.
Mônica, querida...quem sou eu para julgar seja quem for, menos ainda você, marrelógico.Nem sabia desta sua especial peculiaridade rs. Mas como você só compra o que está precisando naquele momento, espero que os infinitos outros momentos sejam bem aproveitados, tanto quanto aqueles maravilhosos do carnaval de Recife, né? Carpe diem!!!
ExcluirBeijão procê.
Valeu Marcos Lúcio,outro beijão procê.
ExcluirMonica.
Seja começo ou fim de semana,ver a Gal Costa cantar é uma delícia!
ResponderExcluirEntre as milhares de invenções das ultimas décadas,eu dou nota MIL para computador e cartão de crédito...
Monica.
Leitura no razo, evidencia que o consumismo compulsivo de coisas e pessoas, caracteriza transtorno psicológico grave, que, quando não tratado COM profissional competente(PSICOTERAPEUTA), pode ter consequências desastrosas, uma delas, o suicídio, motivado pelo enredamento em dívidas crescentes, que tornam-se monstros devoradores da pessoa acometida por tal Neurose. Óbvio o estimulo ao consumismo desvairado promovido mpor todas as mídias, pelas instituiçõrs financeiras, vitrines, etc. Estar atento ao início desse processo psicopatológico, certamente, possibilita seu estancamento.
ResponderExcluirANTONIO CARLOS
Antonio Carlos,desde que a pessoa tenha consciêcia de comprar só o necessário,e ficar atento ao limite que pode gastar,não precisa se preocupar com Psicoterapeuta. Bjs.
ExcluirMonica.
Claro, Monica. Psicoterapia, recomenda-se para compradores compulsivos.
ResponderExcluirBeijo,
ANTONIO CARLOS
Nova profissao: "Closetecario" gostei!
ResponderExcluirola! Vim fazer uma visita e dizer que seu espaço esta muito lindo!
ResponderExcluirParabéns,forte abraço... de camiseta
Camiseta... gostei do seu codinome! Seja bem-vinda e volte sempre. Abraços!
Excluir