Vi várias filmagens de “Os Miseráveis”e também a
montagem teatral que foi, para mim, a melhor de todas as tentativas de
adaptação de um enredo impossível de ser resumido ou recontado. Mas olha...
fiquei quase duas horas e meia sem conseguir me mexer na cadeira do cinema
diante da ópera que saiu da Broadway para a telona.
Não tenho ouvido de músico e mesmo assim percebi que alguns atores
desafinaram. Aliás, quando soube que aquele gato, digo, aquele australiano chamado Roussell Crowe ia atacar de Javert, pensei cá com os meus botões:
"Mas o Gladiador além de tudo... canta?!"
Não, não canta, ou melhor, canta afinadinho com seu vozeirão, mas isso não importa porque ele dá conta do recado como o melhor Javert que já vi, inclusive faz um anti-herói que, pela primeira vez, divide o coração da plateia e faz o Jean Valjean de Hugh Jackman perder parte de seu eleitorado.
Ok, tirante Amanda Seyfried, a Cosette, e Samantha Barks, a Eponine, estas sim profissionais do gogó, a turma dos Miseráveis não ganha a vida cantando, mas mesmo assim todo mundo arrebenta. A Fantine de Anne Hathaway me levou às lágrimas quando cantou sua ária principal: merece Oscar, e o fato de desafinar só aumenta o valor de seu desempenho na atuação. No papel do pilantra Thénardier, Sacha Cohen dá um show e conquista o público que tem ojeriza aos seus filmes que beiram o nojento: eu, por exemplo, passei a respeitá-lo como ator.
"Mas o Gladiador além de tudo... canta?!"
Não, não canta, ou melhor, canta afinadinho com seu vozeirão, mas isso não importa porque ele dá conta do recado como o melhor Javert que já vi, inclusive faz um anti-herói que, pela primeira vez, divide o coração da plateia e faz o Jean Valjean de Hugh Jackman perder parte de seu eleitorado.
Ok, tirante Amanda Seyfried, a Cosette, e Samantha Barks, a Eponine, estas sim profissionais do gogó, a turma dos Miseráveis não ganha a vida cantando, mas mesmo assim todo mundo arrebenta. A Fantine de Anne Hathaway me levou às lágrimas quando cantou sua ária principal: merece Oscar, e o fato de desafinar só aumenta o valor de seu desempenho na atuação. No papel do pilantra Thénardier, Sacha Cohen dá um show e conquista o público que tem ojeriza aos seus filmes que beiram o nojento: eu, por exemplo, passei a respeitá-lo como ator.
Quando as luzes se acenderam vi que o cinema estava
lotado, inclusive de crianças e de jovens que jamais imaginei capazes de aguentar
cinco minutos de um musical, que dirá duas horas e meia de ópera. Lindamente
ambientado, cantado e narrado, o romance de Victor Hugo mostra que permanece
atual, tanto tempo depois de escrito. Fácil entender. A história contada neste filme fala de três perfis muito humanos: Javert, o homem que tanto busca ser correto que torna-se incapaz de ser generoso; Valjean, o pecador que busca a redenção e descobre a bondade e o amor; Thénardier, o mau-caráter incorrigível que no livro tem final feliz. Uma história que toca o coração do público porque trata das questões da alma,coisas que nem o tempo nem os costumes são capazes de deteriorar.
E o tipo de filme que se deve assistir pelo menos duas vezes.
ResponderExcluirAssistiria o filme, mesmo. Depois de sua percepção do mesmo, virou prazerozo compromisso á ser Cumprido.
ResponderExcluirANTONIO CARLOS
Assim como o genial Joãozinho Trinta transformou a miséria em arte, no memorável desfile da Beija Flor: Ratos e Urubus larguem minha fantasia, com muito mais poder esta produção oscarizável e impecável enche os olhos dos mais atentos e exigentes, esteticamente.Com uma série de aspirações republicanas retratadas em Os miseráveis, Victor Hugo, que era formado em direito, não desviou da carga crítica atrelada à política da época, nada generosa com aspirações da massa. Pessimista,(realista, prefiro) em parte, o musical traz pérolas como a pesada letra de I dreamed a dream: “Agora, a vida matou o sonho que sonhei”. Nesta façanha no filme, Anne Hathaway dedicou mais de oito horas à interpretação visceral e antológica da bela canção.
ResponderExcluirO público -raríssimo, pois no Patropi ler clássicos é exceção_que já fez o filme do livro na sua cabeça quando leu , inevitavelmente diz: ‘Ah, não imaginava a personagem desta forma, ou falta aqui este diálogo.’ E são aspectos que têm de faltar, porque não se consegue pegar um livro e pô-lo tal e qual em filme, marrelógico, e nem teria porque, afinal, cinema é cinema e filme é filme...cada qual no seu quadrado.
Jean Valjean é o personagem vivido por um Hugh Jackman que está irreconhecível, pois o ator passou por uma dieta de água, ficando 36 horas sem tomar líquido no intuito de adquirir a aparência envelhecida e os olhos ressecados. O sacrifício deu certo, e o personagem maltrapilho, preso há 20 anos por roubar um pão, assusta para logo mais se tornar o centro da história e do afeto do público e carregar o filme nas costas...sem desmerecer os demais.
Os miseráveis já é o quarto musical mais visto dos últimos 40 anos.Estilizado, o drama cantado abraça uma narrativa derivada do teatro. E não seria de estranhar a coroação de um longa embebido do charme do DNA francês.
O pitaquista-mor descobriu, através do Nuno Santa Clara que
Eugène François Vidocq, foi uma figura ímpar em França e sua vida deu vários livros e vários filmes, distinguindo-se entre eles a figura de Jean de Valjean, incluída em “Os Miseráveis”, de Vitor Hugo.
Depois de uma adolescência turbulenta, Vidocq viu-se metido nas guerras da Revolução Francesa, mas distinguiu-se mais como duelista e desordeiro do que como combatente.
Abandonando a carreira militar, ingressou forte e feio no crime, acabando por ser condenado a oito anos de trabalhos forçados. Tentou se evadir, por mais de uma vez, e acabou por fazer um acordo algo insólito, para a época: trabalhar como informador e espião para a polícia francesa.
Profundo conhecedor do meio, a sua nova vida foi um sucesso(...).
É hoje considerado como o pai da moderna criminologia, até pelo seu lado científico. Atribui-se-lhe mesmo a fonte de inspiração para Sherlock Holmes.
Como foi isto possível? Pelo conhecimento do meio e da mentalidade dos criminosos. Não tinha ele sido um deles?
Um dos princípios da Justiça é o da recuperação do criminoso, mais do que a punição cega, que destrói por completo o cidadão.
E mesmo em termos bíblicos, foi Jesus Cristo que disse que havia mais alegria no Céu por um pecador arrependido do que por noventa e nove justos que lá entrassem…
Assim, se algum prevaricador for nomeado para altos cargos do Estado, não desesperem: ele, melhor que ninguém, conhece todas as golpadas. E se, como Vidocq, entrar na senda do Bem, será tremendamente eficaz, como aquele francês ilustre.
E até haverá grande alegria no Céu, por mais um arrependido.
Santé e axé
Marcos Lúcio
A pergunta que não quer calar: por anda anda a Gilda??? Tomara que esteja em Paris e feliz. O C.P.F.A.S está sentindo falta da estimada diretora.Aguardo notícias.
ResponderExcluirAbração pra ela.
Marcos Lúcio
ResponderExcluirO melhor filme de temática espírita que assisti nos últimos tempos! Temas como amor ao próximo (caridade), perdão (forma de caridade), reforma íntima (evolução moral), imortalidade da alma, lei de causa e efeito (ou ação e reação, ou seja, o Bem resulta em Bem e o mal resulta em mal, para quem os faz) são tratados de forma magnífica.O filme, com muita arte, ressalta mais a dramaticidade das canções do que seu aspecto técnico e tem um final esplêndido...e, claro, uma história sempre atual, clássica, pelo menos enquanto sobre a terra houver ignorância, injustiça, redenção, esperança, amor e miséria. O dilema proposto por Victor Hugo entre prezar pelo próprio bem ou lutar pelo bem de todos permanece, ainda e em parte, incrivelmente atual , não obstante o cínico pensamento único e estúpido neoliberal que coloca o individualismo egóico e supercompetitivo em primeiro lugar...os resultados estão aí - catastróficos - para quem ainda tem um lampejo de humanismo e/ou consciência.
Celso.