Parecia mágica mesmo: tudo ficava pronto da noite
para o dia, a partir de um improviso criativo saído do amor que só as tias têm
para dar. Minhas irmãs e eu fazíamos um sucesso danado com nossos modelos
coloridos sempre muito leves, fresquinhos e que em nada nos atrapalhavam na
hora de pular o nosso carnaval ao som das velhas marchinhas de sempre. E tão diferentes dos trajes pesados, cheios de pedrarias e plumas que nossas amigas usavam e com os quais mal conseguiamm dançar.
Mas a minha melhor lembrança de fantasia não vem do
carnaval, e sim de um evento qualquer que houve na cidadezinha de Minas, quando eu tinha mais
ou menos cinco anos: lembro vagamente de minha mãe me levando à casa da moça
ruivinha e simpática que estava montando a estrutura de fios de metal e
cobrindo-a com papel crepom vermelho. Eu mesma só fui entender do que se
tratava no dia da festa, quando me vesti de morango e me encontrei, na quadra
poliesportiva da cidade, com o restante da turma: havia uma menina, a Estefânia, com uma fantasia feita a partir de saquinhos de litro de
leite, e lembro de uma outra, talvez a Jaqueline, irmã dela, vestida de espiga
de milho. Mas posso estar confundindo a pessoa e o personagem, sabe como é, já faz muito tempo...
Estava hoje na pia da cozinha, lavando os morangos
que comprei para a sobremesa, quando comentei com meu marido:
--Toda vez que vejo um morango fico triste por não
ter uma foto daquele dia.
-- Você tem a lembrança, que vale mais.
Não preciso nem fechar os olhos para rever o sol da manhã de vestir a fantasia! E de sentir a armação
balançando enquanto eu caminhava pela calçada, e a preocupação em não deixar que nada rasgasse o papel vermelho
pontilhado de bolinhas pretas. Ainda sinto a alegria que foi constatar que eu
não queria ser o leite, nem o milho, nem ninguém mais... porque estava feliz
por ser eu mesma, naquela fantasia que me caía tão bem... será que foi ali que
aprendi a gostar de ser quem eu sou? E a me sentir bem na minha própria pele? E
a não querer ser mais ninguém?
Minha garganta se fecha quando vejo minha mãe feliz entre
as pessoas, segurando-me pela mão, orgulhosa do único morango da festa. É uma gratidão que me sobe pelo estômago,
uma gratidão de mais de 40 anos por esta lembrança gasta pelo tempo, mas cuja emoção
nada é capaz de esgarçar... uma gratidão tão grande por eu ter sido sempre,
vida afora, aquele morango feliz, e por sentir-me até hoje como o único morango da festa!
Olha os meus primos aêêêê, genteeeee!!!!!
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Hermoso recuerdo, gracias por compartirlo !! Fernando
ResponderExcluirGracias a usted, Fernando, por escribirme. Espero volver a verlo por acá. Saludos!
ExcluirEu acho que a minha mãe queria que eu fosse bailarina,pois todos os anos ela só me fantasiava dessa forma...
ResponderExcluirMonica.
E você não tentou? (A única vez que quase fui bailarina deu errado e saí de palhaço... mas esta história eu conto depois). Beijos e vai aproveitar porque hoje é terça!!!
ExcluirMuita gente prefere fantasiar-se de última COCA LIGHT do deserto. Pior que encarnam essa fantasia por toda vida.
ResponderExcluirSua recordação de melhor fantasia, merece 10, nota 10.
ANTONIO CARLOS
Dez?! Valeu moleeeeeeeeque!!!
ExcluirSeu post está uma delícia, Chiquita Bacanérrima. Adorrei.
ResponderExcluirOlha o que o Fernando Zacarias, o primeiro e único porta-estandarte do mundialmente famoso Galo da Madrugada -há 35 anos ininterruptos -, afirmou: posso dizer que tenho frevo no DNA e ser porta-estandarte vem de berço", assegurou. E Zacarias está passando tudo que sabe para o neto Vinícius, de 10 anos. "Nunca pensava nisso, quando ele mais novo pediu para eu fazer uma roupa [de porta estandarte] para ele. Hoje ele é o porta-estandarte mirim do Galo e oficial do Pinto da Madrugada", explicou.
Concordo radicalmente com o Zacarias e não adianta querer gostar ou não do que entendo e sinto como carnaval e , aqui, deixo claro: belos sambas (especialmente), marchinhas e frevos e nada mais.
Na verdade, como quase em tudo na vida, somos escolhidos... e o carnaval escolheu-o e a mim, "too", senão vejamos: Meu pai era presidente de um clube de futebol no interior de Minas, bancado por uma indústria de tecidos, que resolveu fazer desfile de carnaval, também. Ele teve a feliz idéia - há mais de cinco décadas - pelo meu talento inato e explícito para a folia, de colocar-me abrindo o desfile, juntamente com uma garotinha de mesma idade, como baliza e ela de porta estandarte (equivalente, hoje, a mestre-sala e porta bandeira). Era uma fantasia bem confeccionada (olha o capricho mineiro ,aí, geeente!), estilo reizinho, com capa e tudo. Sucesso foi pouco, afinal, crianças talentosas e bonitinhas sempre cativam, né? A fotografia deste momento mágico é a minha predileta dentre as milhares que possuo em diversas situações. Tenho a impressão de que o reizinho Lúcio , nunca mais perdeu a majestade, afinal, não sou pouca merda, sou penico cheio , de fato rs...e , até hoje, possuo a mesma paixão e participo ativamente (já fui até passista em escola de samba carioca, etc.) dos festejos momescos.
Até os vinte e muitos anos, quando acabava o carnaval, chorava copiosamente. Começava , quando criança, na noite de terça-feira gorda...ao ver os adultos indo pro baile. E mais: músicas como As pastorinhas , Trem das Onze e outras pérolas... comovem-me às lagrimas.
Até agora, os ritmos e melodias do samba, frevo e marchinhas, são os que dão-me mais tesão para cantar e dançar (muiiiiito bem, sempre ouvi dizer...tenho natural facilidade no gingado, e boa disposição, modéstia à parte) em qualquer época, inclusive no carnaval.
Santé e axé!
Marcos Lúcio
Sois rei! Sois rei!!!
ExcluirBota uma foto vestida de Zulu!
ResponderExcluirÔ Marcos Lúcio,só falta vc falar que passou carnaval também em Recife,eu passei lá e adorei conheci o Galo da Madrugada,e o Pinto da Madrugada tambem,eu já conhecia Recife mas não no carnaval,só falta agora aparecer tambem o Ôvo da Madrugada,rs mas foi tudo muito legal!
ResponderExcluirNo ano que vem,vou escolher entre Recife e Salvador.
Bjs procê.
Monica.
Mônica querida!!! "marrrrrrelógico" que passei um dos melhores carnavais (são mais de 10.000...eu nasci há dez mil anos atrás...fui o muso inspirador do Raul Seixas rs) em Recife e Olinda (preferi este). E pretendo repetir a dose pois o TODOPODEROSO benevolente, ainda permite que eu caia na folia ou gandaia, como le gusta rs.
ExcluirAdooooooooooooro os frevos, principalmente do Alceu Valença.
Salvador, desculpe, não suporto axé, é pouco...
Abraçaços e beijaços procê.