domingo, 3 de fevereiro de 2013

Final infeliz: nem sempre a culpa é da faxina

Enquanto o povo mais moderninho da Zona Sul das metrópoles jura de pés juntos que os homens de hoje cada vez mais cuidam da casa e trocam a fralda das crianças, uma pesquisa do IBGE diz que a coisa, na redundância da “verdade verdadeira” dos fatos... infelizmente não é bem assim.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), nos últimos dez anos a situação continua a mesma na esfera doméstica, com as mulheres que enfrentam a dupla jornada  (ou seja, trabalham fora e dentro de casa) se esfalfando  cerca de 22 horas e 13 minutos semanais na labuta do lar, enquanto que a rapaziada vem bem atrás, com dez horas e oito minutos.
Certamente algum macho dirá que tudo já foi pior, afinal de contas houve tempo em que eles não gastavam um minuto sequer lavando um copo, que dirá dez horas!
E se quase nada mudou para a grande maioria, pelo menos as moças que vivem nos grandes centros urbanos já conseguiram estas dez horas... e agora querem mais. Prova disso são as pesquisas britânicas de sites especializados em divórcio (sim, isso existe!) que resolveram saber por que é, afinal de contas, que os casais andam se separando. Qual não foi a surpresa dos pesquisadores ao descobrir que o amor, ao menos naquelas bandas do globo terrestre, não resiste justamente à divisão de tarefas domésticas...
Aos mais românticos, que acreditam que o amor sempre vence no final, digo que já vi uniões duradouras acabarem pelas razões mais banais: tenho uma amiga que botou fim a uma vida em comum de vinte anos porque o marido fez pouco caso de um presente de aniversário caríssimo que ela havia lhe comprado. Ele não gostou e ela se encheu.
E sei de um casamento que acabou por causa de um pãozinho francês.  Melhor dizendo, porque a mulher matou a própria fome e não pensou na fome do marido. E olha que ela já havia comido os dois pãezinhos milhares de vezes no decorrer de alguns anos, mas um dia a casa (digo, a paciência dele), caiu.
Sei também de um rapaz que saiu de casa por culpa de uma bainha...
-- O quê?! Você não costurou a bainha da minha calça?! Mas o que é que te custava fazer a porra da bainha?! Quer saber de uma coisa? Eu é que não vou mais ficar casado com uma mulher que não faz as minhas bainhas!
Estes finais épicos existem, mas a gente há de convir que não há amor feliz que acabe assim, tão de repente...

Portanto, olhos abertos para o gérmen da separação, que cresce silencioso no dia a dia das chatices que são suportadas... suportadas... suportadas... até o dia em que aquela gota d´água cai de uma torneira qualquer e extravasa o copo da paciência, trazendo ao "lar, nem sempre doce lar" o dilúvio que engole a casa inteira, a noite, o dia, o futuro, e ainda faz daquele gérmen um verdadeiro Freddy Krueger capaz de meter as unhonas em todos os sonhos de final feliz, deixando jazer pela casa os corpos da insistência, boa-vontade, cegueira consciente e até mesmo da preguiça em tomar uma atitude.
É neste momento, de tragédia total, que a palavra FIM entra para sempre no roteiro da comédia-romântica, transformando-a em uma superprodução que o vento levou, num filminho B ou, nos piores litígios frente ao juiz, num filme de terror pra lá de trash. Ai, credo!


                                                        

10 comentários:

  1. Irretocável e supimpa e real, queriDannemann. Quem teve o privilégio de ouvir a maravilha que é Gota d'água, do chique Chico Buarque (um gênio) _ quem não ouviu ou não conhece é de se lamentar profundamente _ sabe da existência deste momento (quase) comum nas relações muito próximas, até porque, como disse Caê, de perto ninguém e normal rs: "Deixe em paz meu coração, que ele é um pote até aqui de mágoas, e qualquer desatenção, faça não, pode ser a gota d'água".

    O que sei e até provas contrárias, é que as decisões tomadas -aparentemente precipitadas para os ingênuos ou românticos-conforme os exemplos do excelente post, suponho, têm tudo a ver com : "balão quando cai, a chama já pode estar apagada há tempos".

    Um dia já fui pessoa
    Pessoa que não voa
    Hoje sou balão
    E enquanto a chama não se apaga
    Também sou coração(desconheço autoria).

    Santé e axé!
    Marcos Lúcio

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  2. Trocar fralda é uma das coisas mais maravilhosas que eu fiz nesta vida. Nenhum minuto de convivência com uma criança é mal gasto. E lavar louça também não é o fim do mundo. Chato é a convivência obrigatória no mesmo espaço a que o casamento obriga. Não há santo que resista... cada um no seu quadrado.

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  3. O problema do casamento e o "ate que a morte os separe!". Nao da pra ser feliz numa prisao.

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  4. O rapaz da bainha,confundiu esposa com costureira...
    E a esposa que deu de cara com o marido transando com a secretária dentro da sala de trabalho. Até hoje ela (a esposa)lamenta naquele momento não está com uma faca em mãos,pois assim teria arrancado fora o brinquedo da traição. Só exigir o divórcio foi muito pouco.

    Monica.

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  5. Se o rapaz da bainha confundiu esposa com costueira, entao minha mulher me confunde com o motorista, zelador, pedreiro, entregador de pizza, faxineiro, encanador, banqueiro...

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  6. Muitos homens já encaram com leveza a divisão de tarefas domésticas, incluindo cuidados com a prole, quando existe. Todavia, esses muitos, ainda somos poucos.
    O fim das relações estáveis ocorre, penso, pelo desgaste inevitável de coabitar o mesmo espaço. Com raríssimas ecxeções, casamentos de muitos anos, não passa de acomodação.
    Um exemplo que presenciei na adolescência: Sou do Bairro do Grajaú, no Rio, onde vivi meus primeiros vinte e três anos. Pois bem, tenho amigos desde o tempo de escolinha, sendo que , com dois, estudei do Ensino fundamental à Faculdade, fazendo alguns estágios e pós, também juntos. A mãe de um desses amigos, estaca casada com o pai do mesmo( Jornalista conceituado, poeta, autor de letras de músicas de sucesso á época) há vinte e seis anos, quando, sem mais nem porque(aparente) o mesmo arrumou uma bolsa de roupas e anunciou que estava saindo de casa prá sempre, sublinhou. Eu, que tinha total intimidade na casa, como se , filho também fosse, sabia pelas palavras dessa mulher, importantíssima em minha vida, que não mantinha vida sexual com o marido, há dezoito anos. ainda assim, caso o marido não partisse, ficariam na mesma casa até que a morte os separasse. Á propósito, ambos estão mortos desde final dos anos 1990 e início dos anos 2000. Ela morreu primeiro. Ele viveu por alguns anos com mulher trinta anos mais nova, com quem teve uma filha.

    ANTONIO CARLOS.

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  7. Ainda não tive tempo para comprovar, e apesar da inexperiência nesta área, ainda penso que o ideal seria cada qual ter o seu moquiço (o Migliaccio concorda) e só encontrar quando ambos estivessem a fim , como acontece na fase do namoro. Os (ex) casados que conheço dizem ser o melhor e mais feliz período.

    Li e repasso:"Não concordo com isso, o problema é que os parceiros quando se casam acham que amam, o que acontece é que estão apaixonados e a paixão com a convivência e a descoberta dos defeitos uns dos outros, a rotina, a chegada dos filhos, os problemas financeiros, a difícil adaptação com os parentes dos mesmos ... a paixão vai acabando , ou esfriando, acaba também aquele encantamento , a admiração, e isso é o mais comum (dizem que casamento é como submarino...até bóia, mas é feito para afundar hehehe).Quem casa, quase sempre, acha que é como se tivéssemos entrado numa loja e adquirido uma mercadoria, que se der defeito ou você troca ou não usa mais, e o pior:que somos donos, proprietários. Quando entendermos que não somos donos de ninguém, que podemos aceitar e conviver com as diferenças, que não há segurança, que somos pessoas livres, que precisamos dessa liberdade, mesmo casados, que não podemos e nem devemos abandonar os amigos (os verdadeiros são para sempre e são eles que vão nos consolar no xororô da separação), que nunca conseguiremos mudar uma pessoa e que ela não nos mudará também, que se a conhecemos daquela forma precisamos aprender a respeitar essa pessoa e seus defeitos e diferenças(fora aquelas manias piores que não observamos, antes, pois a paixão é cega, surda, muda e burra). O amor vem junto com esse entendimento: de amar, incluindo o que menos gostamos,ou seja, os "defeitos" ...desde que não sejam por mau caratismo, ou por falta de ética, claro!

    Abraços afetuosos para blogueira "number one".
    Danilo

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    1. O cuidado é: amar sem virar carcereiro ou prisioneiro. beijos da "Number One" (adoooorrrrrro este apelido!).

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